Adiado diversas vezes devido à pandemia de COVID-19, Godzilla vs. Kong finalmente foi lançado em 2021, tanto nas salas de cinema quanto na HBOMAX (apenas em solo Estadunidense). No longa, o outrora aliado da Humanidade, Godzilla, mostra-se inexplicavelmente hostil e ataca instalações da companhia Apex Cibernética. Uma equipe científica encabeçada pelo geólogo Nathan Lind (Alexander Skarsgård) e pela antropóloga Ilene Andrews (Rebecca Hall), recorre a Kong para tentar deter a fúria de Godzilla. Paralelamente a isso, o paranoico funcionário da Apex e especialista em monstros gigantes, Bernie Hayes (Brian Tyree Henry), a jovem-prodígio Madison (Millie Bobby Brown) e seu amigo Josh (Julian Dennison), investigam a verdade por trás dos ataques de Godzilla, assim como as intenções secretas da Apex, que podem ser ainda mais perigosas do que o próprio poder das criaturas.
Levemente inspirado no filme King Kong vs. Godzilla, de 1962, a versão atualizada do confronto entre titãs dá continuidade tanto a Kong: Ilha da Caveira quanto a Godzilla II: Rei dos Monstros. A mitologia do MonsterVerso segue sendo expandida, adentrando temas já apresentados nos longas anteriores, como, por exemplo o reino pré-histórico subterrâneo inexplorado pela Humanidade, chamado carinhosamente de Terra Oca (não confundir com Terra Plana, por favor). Este mundo secreto nas profundezas do planeta é uma das grandes novidades e acaba sendo palco de alguns dos momentos mais memoráveis do longa. Outro cenário icônico do filme é Hong Kong. Com prédios imponentes cravejados de luzes neon, a metrópole se torna um ringue futurista quando os monstrões que dão nome à obra finalmente se encontram por lá. As grandiosas cenas de luta, não apenas entre os protagonistas, mas também envolvendo outras criaturas, são muito bem coreografadas e não ficam devendo em nada às vistas nos capítulos anteriores da saga. Os efeitos visuais criam ambientes virtuais críveis que conseguem manter o senso de escala e realismo (ilusão sustentada muito mais pela estética dos efeitos do que pela qualidade do roteiro).
Trailer
Ficha Técnica
Título original e ano: Godzilla vs. Kong, 2021. Direção: Adam Wingard. Roteiro: Eric Pearson e Max Borenstein com argumentos de Terry Rossio, Michael Dougherty e Zach Shields. Elenco: Alexander Skarsgård, Rebecca Hall, Julian Dennison, Brian Tyree Henry, Millie Bobby Brown, Kyle Chandler, Demián Bichir, Lance Reddick. Gênero: Ação, Scifi, Thriller. Nacionalidade: EUA. Trilha Sonora Original: Junkie XL. Fotografia: Ben Seresin. Edição: Josh Schaeffer. Distribuidora: Warner Bros Pictures do Brasil. Duração: 01h53min.
A parte boa do crescente desprendimento da saga em relação a amarras realistas é bem mais profunda do que aparenta. Este espírito de aventura fantasiosa foi por décadas a base do universo cinematográfico de monstros gigantes produzidos pelo estúdio japonês Toho. Enquanto o primeiro filme de Godzilla, lançado em 1954, serviu como uma introdução séria e fúnebre do lagartão atômico (originalmente, uma alegoria que simbolizava os horrores do holocausto nuclear) os capítulos subsequentes a ele se tornaram aventuras episódicas cada vez mais mirabolantes e até mesmo engraçadas. Talvez o MonsterVerso esteja seguindo o caminho de suas raízes clássicas, não apenas em estrutura e temática, mas também em seu legado espiritual. A esperança para o futuro (ainda incerto) da franquia é que esta “emancipação” também se reflita na liberdade criativa para cineastas na cadeira de direção, já que a Legendary Pictures parece vir evitando algum tom mais autoral nos últimos filmes, de modo que a longa jornada de Adam Wingard até Godzilla vs. Kong, infelizmente, resultou num filme que não tem muito da identidade de seu diretor.
Com certeza é uma experiência bastante divertida acompanhar o “enfarofamento” desta franquia. Pode não ser uma culinária muito refinada, nem agradar a todos os paladares. Mas, pra quem gosta, este entretenimento ultraprocessado com certeza é uma delícia! A fórmula funcionava há 60 anos e continua funcionando hoje. Alguns clássicos não saem de moda.
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