O ESTADO DAS COISAS
Censura é uma palavra com origem no latim que significa proibir. Além disso, censura também pode ser sinônimo de repreensão ou reprimenda. E é uma horrenda forma de restrição da liberdade de expressão, como a arte. Desta maneira, criminaliza certas ações de comunicação ou até se coloca como a tentativa de exercer essa comunicação.
Durante o regime militar no Brasil, no ano de 1964, a repressão à produção cultural perseguiu qualquer ideia que pudesse ser interpretada como contrária às do governo, os militares prenderam, mataram, sequestraram, torturaram e exilaram artistas, jornalistas e intelectuais. Toda essa opressão parece não ter ficado para trás. A classe artística vem sendo resiliente até mesmo nos dias de hoje, em que a ditadura não existe mais, todavia, seus resquícios se deflagram no comportamento dos governantes e de uma parcela da sociedade. O documentário Quem Tem Medo?, de Ricardo Alves Jr, Dellani Lima e Henrique Zanoni, apresenta entrevistas com artistas e performances de muitos deles que sofreram censura, além de ataques de Deputados e Senadores, como Wagner Schwartz (SP), Renata Carvalho (SP), Maikon K (PR), José Neto Barbosa (RN), em seus discursos e declarações públicas ou até mesmo críticas de grupos contrários ao papel da arte.
Algumas das montagens que receberam duras censuras foram a de “Caranguejo Overdrive” (Aquela Cia de Teatro, RJ) e “RES PUBLICA 2023 (A Motosserra Perfumada, SP), mas talvez um dos casos mais famosos tenha sido o de uma “Criança e um homem nu no museu de arte contemporânea”, em 2017. O caso virou manchete e foi publicada em diversos veículos de comunicação, aliás. Por qual motivo? Durante uma performance de nudez do artista Wagner Schwartz, uma criança interagiu tocando uma parte do corpo do expositor. Foi feito um registro visual durante a sessão que sucedeu uma publicação nas redes sociais, com intuito de mostrar a beleza que se passa do lado de dentro da galeria, sobre a possibilidade de conhecer e reconhecer o corpo humano, já que a apresentação não possuía conotação erótica. Essa vontade de divulgar o trabalho foi totalmente distorcida, já que muitos usuários começaram a compartilhar a imagem dando um outro contexto, o que acabou gerando reações até mesmo daqueles que se dizem lideres e alguma vez, ou várias, já defenderam a tortura. Como resultado, o documentário, ao mostrar a intenção do artista e a reação, reforça aquele velho ditado popular “maldade está nos olhos de quem vê”.
Trailer
Ficha Técnica
Título original e ano: Quem Tem Medo, 2022. Direção: Ricardo Alves Jr., Dellani Lima e Henrique Zanoni. Gênero: Documentário. Nacionalidade: Brasil. Produção: Multiverso Produções. Duração: 71min.
O corpo travesti, por conta de um preconceito datado da sociedade, é rejeitado duas vezes. Seja quando aquele individuo não se identifica com o gênero que nasceu ou ainda quando inicia um processo de transformação para se tornar quem se é. Pensando pelo viés da ótica cristã, que tem em mente o retorno de seu salvador, indaga-se ''mas e se Jesus voltasse nos dias de hoje como uma travesti? Ela seria rejeitada, censurada e violada?'' Foi este um dos questionamentos tragos pela obra de Natalia Mallo, trabalho que tomou por base o discurso religioso, as falas de aceitação e etc, para refletir sobre as relações entre arte e sociedade. Logo na estreia, a peça causou confusão entre os mais devotos seguidores da igreja, por conseguinte, foi alvo de censura e chegou a ter sessões vetadas pela Justiça, sendo acusada de desrespeito à religião e ao sagrado.
Há um jogo de contraposição de ideias no documentário que o fortalecem. De um lado temos estes artistas e seus trabalhos que instigam e do outro os pensamentos desrespeitosos e antidemocráticos de parlamentares que se mostram contra os direitos humanos e a liberdade de expressão. Em suma, o espectador assume a posição não de julgar um ou outro, mas de tentar compreender as raízes da escuridão que vem recebendo luz nos últimos anos neste país, muito devido a subida ao poder de homens e mulheres religiosos e conservadores que impregnam o espaço político com seus dogmas de forma equivocada.
Vinheta do É Tudo Verdade
27º Festival Internacional de Documentários
Serviço:
Sessões
Os filmes ficam disponíveis até o limite de visionamentos ou 24 horas.
COMO ASSISTIR AOS FILMES:
É TUDO VERDADE PLAY
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3. Aperte o play e boa sessão!
ITAÚ CULTURAL PLAY:
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A Plataforma Itaú Play abrigará a Competição Brasileira de Curtas-metragens de 01 a 10 de abril.
SESC DIGITAL:
Entre no site do Sesc Digital pelo endereço
sescsp.org.br/etudoverdade e acompanhe a programação.
Não é necessário fazer cadastro.
A Plataforma Sesc Digital abrigará a Competição Internacional de Curtas-Metragens de 01 a 05 de abril. Com limite de 2000 visionamentos por título, exceto “Como se mede um ano?” 1000 visionamentos.
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