Uma coisa que vocês precisam saber: não sou muito fã do estilo das séries inglesas. Embora goste de algumas, elas nunca figuram na minha lista de preferidas. Mas isso mudou quando, depois de ver algumas indicações na internet, decidi ver o piloto de My Mad Fat Diary. É uma daquelas séries para rir e chorar ao mesmo tempo, sabe? Mesmo estando em final de semestre na faculdade (sim, final...) e tendo um bocado de trabalhos para fazer vi todos os 6 episódios da primeira temporada em dois dias! E aposto que você também vai querer DEVORAR os episódios.
Produzida pelo canal E4 (o mesmo de Skins e Misfts), a série se passa no ano de 1996 e conta a história de Rachel “Rae” Earl (Sharon Rooney), que acaba de sair de uma temporada de quatro meses em um hospital psiquiátrico. Rae é uma menina gordinha, que teve depressão e por isso começou a se cortar. Mas depois de um tempo de terapia, medicação e com o apoio da sua (nova?) melhor amiga, Tix (Sophie Wright), ela fica pronta para lidar com sua mãe desajustada (que agora está abrigando um namorado imigrante ilegal) e enfrentar o mundo novamente...
Logo quando sai ela reencontra sua (ex?) melhor amiga, Chloe (Jodie Comer), que apresenta Rae aos seus novos amigos: a “guangue” composta por Archie (Dan Cohen), Finn (Nico Mirallegro), Chop (Jordan Murphy) e Izzy (Ciara Baxendale). Agora Rae tem que lutar para manter sua sanidade enquanto lida com os conflitos típicos da adolescência.
O primeiro motivo do porque você TEM que assistir MMFD é a protagonista. A Rae é HILÁRIA. Mesmo sendo um pouco revoltada e exagerada às vezes, ela faz rir simplesmente pelo seu modo de agir, sempre secretamente freaking out e tendo pensamentos... hm... luxuriosos sobre meninos! Uma coisa legal é que a série tem uns “desenhos” para demonstrar alguns pensamentos da Rae como se ela os tivesse escrito em seu diário. Ela também é autêntica e uma grande amiga, conquistando assim rapidamente a confiança de seus novos amigos.
A
série vai além da diversão. Não tenho domínio sobre o assunto, mas
senti que o tema “distúrbios mentais”, delicado como é e tão pouco
discutido, foi muito bem trabalhado. E tratado com respeito. O modo como
eles encontraram para mostrar como são as crises de Rae e Tix, consegue
transportar o telespectador para a mente delas, fazendo com que
entendamos como se sente alguém com esses problemas. Um personagem
bacana que é inserido nesse contexto é Kester (Ian Hurt), o psiquiatra
de Rae. Ele é o primeiro a mostrar que está genuinamente interessado no que ela tem a dizer e que não há problema em ser quem ela é - inclusive
admitindo suas fraquezas - e assim ele conquista aos poucos a sua
confiança. Sempre com questões muito coerentes sobre quais nós mesmos
podemos refletir.
Quantos aos demais personagens, todos têm o seu tempo na tela e são bem construídos, embora alguns tenham menos espaço que outros. Chloe te deixa sempre na dúvida se realmente é amiga de Rae ou se é mais falsa que nota de três reais. Archie é o primeiro menino (com excessão do médico dela) que desperta o interesse de Rae, mas ele esconde um segredo que a frustra. Finn não aprece muito no começo, mas logo ganha mais importância. Ele e Rae parecem se detestar a primeira vista, mas as coisas mudam ao longo dos episódios. Chop é o reponsável pelas festas e diversões e Izzy é uma menina meiga e bobinha, mas eles não tem lá muita importância na temporada além de completar o núcleo de amigos.
Alguns temas que são muito explorados nas demais produções adolescentes são pouco debatidos em MMFD, embora estejam presentes. Isso não é um ponto negativo, pois assim a trama evita cair no lugar comum. E acaba se destacando. De qualquer forma, senti que o universo adolescente dos anos 90 - que aparentemente continua muito semelhante, devo dizer - foi muito bem retratado.
Então é isso. Se estiverem procurando uma série adolescente para assistir
Ps 2: muito legal o modo como a série lida com os “body issues” da Rae, que é um grande problema na vida dela. Afinal, somos muito mais do que nossa aparência e - por mais batido que seja dizer isso - o que importa é o que temos dentro de nós.
Ps 3: a história é baseada na adolescência da criadora da série (e em um livro de mesmo nome), que hoje é escritora e locutora de rádio.Será que a Rachel Earl da vida real é tão legal quanto a Rae Earl da série?
Ps 4: A trilha sonora é MUITO boa. Vai desde Macarena (haha) até Eels e Oasis.