Chappie



Nesta quinta-feira, o diretor e roteirista Neil Blomkamp volta ao olho público com a estreia de mais um longa de ficção cientifica. O projeto, com cara e corpo de blockbuster, CHAPPIE. O filme mostra como a Africa do Sul tirou seus policiais das ruas para creditar a segurança nas mãos da Inteligência Artificial de robôs criados pelo engenheiro Deon Wilson, vivido pelo ator Dev Patel de Quem Quer Ser um Milionário?. Participam também da produção os atores Hugh Jackman, Sharlto Copley e Sigourney Weaver. 

Em um futuro próximo, o engenheiro Deon Wilson (Patel) cria um projeto de Inteligência Artificial robótica para atender o policiamento na região da Africa do Sul. Com o sucesso do programa, ele apresenta a sua então chefe, Michelle Bradley (Sigourney Weaver), um sistema de consciência, sem custo adicional, que vinha elaborando para implantar nos robôs, no entanto, interessada somente no sucesso do primeiro projeto, ela o orienta a não continuar e se concentrar somente em estabilizar o trabalho já feito. Deon, insatisfeito com a negativa de sua superior, concebe o robô Chappie a partir de um maquinário antigo e sem futuro que possui consciência e sentimentos próprios, mas perde o controle do mesmo quando um grupo de gângsters sequestra o protótipo recém-nascido e decide adicioná-lo a família. 






















Sharlto Copley vem trabalhando com Neill desde quando este ainda produzia curtas. E a parceria entre os dois renderam ainda três longas. Em dois deles, Distrito 9 e agora Chappie, Sharlto interpreta o protagonista. Aqui o ator tem de captar a essência dos movimentos do robô e nos mostrar como uma máquina com corpo adulto representaria um bebê. Pois sua consciência, na verdade, está em fase de crescimento e, apesar de ter uma evolução célere, não tem maturidade alguma, o que o deixa suscetível a corrupção. Os efeitos especiais ajudam bastante nesta etapa e se mantem fiel ao que já foi utilizado pelo diretor anteriormente.

Dev Patel tem nas mãos um personagem até interessante, mas consegue modela-lo como um mágico que transforma fumaça em emoções artificiais. Entre os mafiosos estão Yolandi e Ninja, os atores e músicos, na vida real, usam seus nomes e visuais verdadeiros. Eles 'interpretam pais de primeira viagem' e tomam conta de Chappie da forma mais anormal possível. Ambos, são tão ou mais contraditórios que a situação toda e trazem uma atuação simplória. Em contraste a isto, o engenheiro e ex-policial Vicent Moore (um Hugh Jackman  chato e de mullet), começa a perseguir Deon com inveja do sucesso do colega. Moore quer prejudicá-lo para conseguir que a ambiciosa Bradley (Weaver) ponha o seu robô parrudo e aterrorizante nas ruas, ao invés da versão econômica que Deon produziu e patentou.

Sinceramente, não vi o mesmo diretor que nos deu Distrito 9 em Chappie. Neill não salienta uma opinião coerente neste último trabalho. Mostra mais um blockbuster habitual das produções hollywoodianas. Os personagens são muito crus e contraditórios. Muito superficiais. Caem no clichê como a direção. Nem suas estranhezas os salvam.

Fotografia também não acrescenta. Revela o feio e o belo, contudo, prefere colorir o ambiente mais confuso que há no filme (o núcleo dos mafiosos). A trilha do famoso Hans Zimmer não consegue impor ritmo por causa da bagunça do contexto e este vacilo a prejudica.

Em suma, a trama cria muitas expectativas, tanto pelo seu trailer quanto pelos envolvidos na película, mas entrega uma confusão de temas mal explorados. Isto devido a condução do projeto tentar abordar tantos assuntos conturbados por um caminho tortuoso. Famoso por apontar as feridas das desigualdades sociais e do separatismo, Neill coloca em questão aqui a segurança nacional do futuro, o modo como a inteligência artificial pode ou não contribuir com isso, o papel dos mafiosos e suas famílias disfuncionais, a inveja do trabalho alheio e a ganância pessoal e das grandes corporações. Tal tentativa não seria tão falha se tivesse a oportunidade de mostrar menos exagero e contradição. Afinal, nas regras gerais da etiqueta ''o menos é sempre é mais''.


                                                                           Trailer


Ficha TécnicaChappie, 2015. Direção: Neill Blomkamp. Roteiro:  Neill Blomkamp e Terry Tatchell.  Elenco: Hugh Jackman, Sharlto Copley, Sigourney Weaver, Dev Patel, Ninja,  Yo-Landi Visser, Jose Pablo Cantillo.  Trilha Sonora: Hans Zimmer. Fotografia: Trent Opaloch . Nacionalidade: EUA, México. Gênero: Ação, Sci-Fi, Policial. Distribuidora: Sony Pictures. Duração: 1h54min

Avaliação: Dois pulos de insatisfação.

CHAPPIE entra em cartaz amanhã, 16 de abril!



See Ya-
B.


Escrito por Bárbara Kruczyński

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