''Nunca se renda. Nunca desista de lutar''.As mulheres lutaram muito, durante toda a história mundial, para terem um papel relevante na sociedade. A briga constante por direitos humanos e por mais representação no poder público é inegável e algo de extrema necessidade para o seu empoderamento. Afinal, além daquele espaço em que o fogão e a tábua de passar roupa se encontram, a mulher também pode e deve se encaixar em muitos outros. Nesta luta por representatividade, um dos movimentos mais cruciais em defesa dos direitos da mulher foi a luta pelo voto. No Brasil, essa vitória só chegou com o decreto de Vargas em 32, mas na Inglaterra mulheres já lutavam por seus direitos ao sufrágio em 1897 e tal poder só chegou a ser conquistado por volta de 1918. Mães, trabalhadoras, acadêmicas e mulheres da alta sociedade, todas se unirão por um único motivo: serem representadas e terem voz. Um pouco desta luta é mostrada no simbólico ''As Sufragistas'', que entra em cartaz nesta quinta-feira (24). O longa tem direção de Sarah Gravon, roteiro de Abi Morgan, produção de Teresa Moneo e Rose Garnett e conta com um baita elenco que tem como protagonista a excelente atriz Carey Mulligan (Educação), no papel de Maud Watts, e as ótimas participações de Helena Boham-Carter, Meryl Streep, Romola Garai, Anne-Marie Duff e Brendan Gleeson.
Sinopse:
Sufragistas em dia de Protesto
No início do século XX, após décadas de manifestações pacíficas, as mulheres ainda não possuem o direito de voto no Reino Unido. Um grupo militante decide coordenar atos de insubordinação, quebrando vidraças e explodindo caixas de correio, para chamar a atenção dos políticos locais à causa. Maud Watts (Carey Mulligan), sem formação política, descobre o movimento e passa a cooperar com as novas feministas. Ela enfrenta grande pressão da polícia e dos familiares para voltar ao lar e se sujeitar à opressão masculina, mas decide que o combate pela igualdade de direitos merece alguns sacrifícios.
O enredo é permeado de personagens fortes e audaciosas. Muitas delas inspiradas em mulheres reais do movimento, este que foi a grande causa da vida de muitas. Maud Watts, personagem de Mulligan, por exemplo, é baseada em trabalhadoras que se uniram por não aguentarem mais a exploração e assédio de seus patrões. Instigada pela colega Violet Miller (Anne-Marie Duff), Watts passa a se encontrar com o grupo e a conhecer mais o que estas senhoras pleiteiam. O que deixa seu marido (Ben Wishaw) intensamente insatisfeito, pois não tarda muito e a policia a prende junto com outras sufragistas. Durante os encontros, Watts conhece também a farmacêutica Edith Ellyn, vivida pela magnânima Helena Boham-Carter. Edith é casada com Hugh (Finbar Lynch), que é um grande apoiador da causa e de sua esposa. Ambos também tem grande responsabilidade pela proteção da líder desta marcha sem fim que é a Sra. Emmeline Pankhurst (Meryl Streep).
Pankhurst, uma das sufragistas mais famosas do movimento, costumava discursar para estas mulheres e as incentivarem a continuar lutando, mesmo com a perseguição desenfreada dos policiais. No longa, um destes perseguidores é o inspetor Arthur Steed (Brendan Gleeson) que está sempre no encalço delas. Alguns dos conselhos que esta líder propagava eram: agir com violência nos protestos - pois acreditava que esta era a única língua conhecida pelos homens - e também fazer greve de fome, principalmente, se elas estivessem presas. Emily Wilding Davinson, vivida por Natalie Press, foi uma destas sufragistas que seguiu a risca muitos destes conselhos, mas infelizmente ao participar de um ato de protesto, durante uma corrida de cavalos, sofreu um grave acidente e veio a óbito em 1913. Alguns tomaram como suicídio, mas muitos indicios dizem o contrário.
O parlamento inglês, como mostrado, fez destas mulheres gato e sapato. Permitia que elas tivessem espaço para relatarem seus desejos, mas no fim era apenas uma ilusão temporária. O que fez com que muitas continuassem se revoltando por melhores leis e mais representatividade - algo conquistado anos mais tarde, em 1918.
Meryl Streep como Emmeline Pankhurst e a própria. |
A condução de Gravon é de acordo com o que Morgan especifica no roteiro: mulheres que servem uma causa e que preferem ser rebeldes do que escravos. E ela tira isto muito bem das atrizes. O drama é bem dosado, mas pode te deixar sensível em algumas partes. A trilha sonora de Alexandre Desplat nos traz um tom digno e essencial para a grande batalha. A fotografia de Eduard Grau é puxada para tons mais sofridos e o figurino de Jane Petrie fundamenta isto muito bem. Além de ter a edição contida e precisa de Barney Pilling.
Como um todo, é um filme que merece público. Que é destinado a um certo público, mas que também pode ser visto por todo e qualquer público - exceto menores de 14 anos.
Trailer
Ficha Técnica: Suffragette, 2015. Direção: Sarah Gravon. Roteiro: Abi Morgan. Elenco: Meryl Streep, Helena Boham-Carter, Carey Mulligan, Anne-Marie Duff, Geoff Bell, Grace Stotor, Romola Garai, Ben Wishaw, Brendan Gleeson, Adam Michael Dodd, Natalie Press, Finbar Lynch. Trilha Sonora: Alexandre Desplat. Figurino: Jane Petrie. Edição: Barney Pilling. Fotografia: Eduard Grau. Nacionalidade: Reino Unido. Gênero: Drama, Biografia, História. Distribuição: Universal Pictures. Duração: 0146min.
Para fechar, só queria lembrar que tivemos um ano repleto de grandes filmes e séries com mulheres à sua frente (Jessica Jones, Furiosa (mad Max), Rey (Star Wars), Super Girl) e isso deu muita força pela luta por igualdade de gêneros. Foi um grande passo, mas não foi uma grande vitória, pois as mulheres ainda lutam por muitas causas essenciais à sua vida. O ''Vote For Women'' do passado hoje é liderado pelo movimento de empoderamento da mulher e luta por diversos direitos desde o aborto seguro, a direto de usar a roupa que quiser ou ainda ao seu estabelecimento como trabalhadora competente que merece respeito e um salário digno.
Avaliação: Quatro rebeldes cheias de garra para lutar! (4/5, ótimo)
24 de Dezembro, nos Cinemas!
See Ya!
B-