Filho de Saul


Ganhador do Festival de Cannes em 2015 e de milhares de outros festivais, além do recente Globo de Ouro de 2016 por ''Melhor Filme em Língua Estrangeira'', o húngaro, Filho de Saul, lançamento desta quinta (04) que tem distribuição da Sony Pictures, mostra o tocante drama de um pai para enterrar seu filho de forma digna e respeitosa. A película tem direção de László Nemes e dá foco a Segunda Guerra Mundial de um outro ponto de vista, mais um dos milhares que existem.
Sinopse
1944, campo de concentração de Auschwitz, durante a Segunda Guerra Mundial. Saul (Géza Röhrig) é um judeu obrigado a trabalhar para os nazistas, sendo um dos responsáveis em limpar as câmaras de gás após dezenas de outros judeus serem mortos. Em meio à tensão do momento e às dificuldades inerentes desta tarefa, ele reconhece entre os mortos o corpo de seu próprio filho.
A película se inicia totalmente fora de foco e aos poucos ganha uma boa definição. Um homem caminha pela grama meio a pessoas chorando e saindo de automóveis de médio porte. Há roupas e objetos por todos os lados, mas a câmera persiste na caminhada daquele homem. Logo adentramos, junto com ele, em um local mais sombrio e grotesco e vemos milhares de homens com roupas parecidas as dele. Com um X enorme nas costas. Brevemente, alguém o chama e então sabemos que seu nome é Saul. Saul Ausländer (Géza Röhrig).

Saul parece estar iniciando seu turno de trabalho nas tenebrosas câmaras de gás que davam fim a vida de judeus na Europa. Não demora muito e ele reconhece um corpo. A partir deste momento, o homem perambula de um lado ao outro, feito uma barata tonta, sem saber o que fazer, mas de uma coisa tem certeza. Precisa retira-lo dali e enterrá-lo, segundo manda as tradições judias, ou pelo menos da forma que sua cabeça imagina que deva acontecer, com a presença de um Rabino. Saul começa a buscar pelo sacerdote judeu, mas muitas das coisas que ocorrem ali ficam sem explicação ao espectador. Algo proposital.

Afinal, de quem é o corpo ? a aflição do lado de cá cresce, mas, em seguida, o mistério termina, pois Saul revela a um amigo o segredo de que houvera tido um filho fora do casamento. Logo, todas as cortinas caem.



A trama comove por seu timbre forte. Somos postos a ver encenações tão cruéis quanto as que ocorreram na realidade. E muitos corações se partiram, se quebraram e nunca mais serão os mesmos. Milhares e milhares de pessoas sofreram um julgamento injusto e foram mortas por ser de uma religião. Meio a isso, surge este homem desolado e sem esperanças com uma decisão concreta de honrar o filho, mesmo que isso vá contra o seu trabalho e adiante sua hora. A busca pelo Rabino o faz atropelar tarefas, mudar de locais destinados e até correr perigo e prejudicar os demais colegas de aprisionamento. Estes últimos que tramam uma fuga repentina após saberem que os comandos foram ordenados a se livrar de alguns prisioneiros. Saul não dá a minima também para isto. Toda a sua vida agora depende de um ritual. Um ritual que talvez ele nem saiba como fazer e que esteja planejando fazer de modo equivocado. Mas onde há culpa, sempre haverá remorso e ele teima em perseguir sua vontade e cumpri-la.

O trabalho de László é delicadíssimo e cheio de detalhes. Seu manejo do elenco consegue separar e expor toda uma dor conjunta mixada a fúria adormecida dos prisioneiros daquele comando. Géza Röhrig, que interpreta Saul, consegue passar emoções mais rasas e mais profundas, em muitos instantes, e fez um pai desesperado, até seu último minuto, em tela, de forma bastante convicta.

A fotografia de Mátyás Erdély faz excelente uso do tons mais sombrios para mostrar a dor a seriedade da situção e a trilha de László Melis faz o ritmo do filme não parecer morto. (Quase todo mundo da equipe se chama László, não sei se perceberam).


Trailer


Ficha técnica: Saul fia, 2015. Direção: László Nemes. Roteiro: Lászlo Nemes e Clara Royer. Elenco: Géza Röhrig, Levente Molnár, Urs Rechn, Sándor Zsótér. Gênero: Drama. Nacionalidade: Hungria. Trilha Sonora: László Melis. Distribuição: Sony Pictures. Duração: 01h47min.


Avaliação: Quatro bilhões de anos e todos nós ainda lembraremos deste período triste da história mundial. (4/5 - Ótimo, não esqueça de levar lenços, principalmente se você for uma manteiga derretida).

04 de Fevereiro, nos cinemas!

See Ya!
B-

Escrito por Bárbara Kruczyński

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