quinta-feira, 29 de setembro de 2016

De Tim Burton, O Lar das Crianças Peculiares (3D)


O renomado diretor Tim Burton volta às telas de todo o mundo com a adaptação dos livros de Ransom Riggs ''O Lar das Crianças Peculiares'', estreia desta quinta-feira (29) que conta com distribuição da Fox Film do Brasil. A trama é extremamente interessante, envolvente e o espectador não demora muito a reconhecer o dedo exótico e mágico de Tim.

O Lar das Crianças Peculiares traz ao público a jornada vivenciada pelo jovem Jake Portman (Asa Butterfield) ao ir visitar uma ilha localizada no País de Gales com o pai, Franklin (Chris O'Dowd). Jake busca informações sobre o passado de seu amado avô Abraham (Terence Stamp) e acredita que indo conhecer o orfanato em que o avô vivera, quando adolescente, poderá desvendar alguns dos mistérios de uma tragédia recente. Ali, o rapaz se depara a um abrigo em ruínas que, aparentemente, não acomoda nenhum residente, contudo, o lugar esconde um segredo. Há muito tempo atrás, uma fenda no tempo foi criada para que um grupo de crianças com poderes sobrenaturais fossem protegidas dos terríveis etéreos. A responsável pela fenda é a guardiã Peregrine (Eva Green), uma das muitas protetoras de crianças especiais que existem espalhadas pelo mundo.



 A trama adapta a essência dos livros com muita eficácia, todavia, une os acontecimentos do primeiro e do segundo livro (O Orfanato da Senhorita Peregrine Para Crianças Peculiares, Sra. Peregrine, Vol 01 e A Cidade dos Etéreos, Vol 02), o que de certa forma adiciona mais conteúdo para a história e a deixa com introdução, meio e fim - algo que não ocorre no primeiro livro.

O roteiro é da sempre maravilhosa Jane Goldman (X-men Primeira Classe e KickAss) e, apesar de caminhar por caminhos sempre certos, traz boas alternativas para a história. O ponto crítico dele acontece quando tenta-se explicar as fendas no tempo, pois é possível se confundir um pouco. Mas a narrativa não decai. Os personagens tem uma apresentação ótima e seguem bem o seu rumo. O roteiro consegue deixar muito claro como o preconceito e o julgamento com 'o que não conhecemos ou não entendemos' é algo nocivo para a vida em sociedade.

 A relação entre avô e neto é trabalhada de um jeito sensível e bem desenvolto em tela. É comovente ver Jake afirmando seus sentimentos por Abraham em uma das cenas finais do longa. As histórias de Abraham, aliás, eram muito desacreditadas por seu filho, Franklin, mas, claro, para o neto Jake faziam todo o sentido possível. Finalmente, quando Jake conhece a senhora Peregrine e as crianças peculiares o espectador é apresentado a um mundo excêntrico e muito atraente. 

A senhora Peregrine, como guardiã, pode se transformar em um falcão, temos ainda os gêmeos mascarados (Joseph e Thomas Odwell) que ao se revelarem podem petrificar as pessoas, a menina com força de cem homens Bronwyn (Pixie Davies), a jovem Emma Bloom (Ella Purnell) que usa sapatos de chumbo para não flutuar, Enoch O'Conner (Finlay MacMillan), um garoto que pode fazer bonecos se mexerem, a moça que tem o poder de controlar o fogo, Olive (Lauren McCrostie), a pequena Claire (Raffiella Chapman) e seu cabelo que esconde algo aterrorizante, o garoto invisivel Millard (Cameron King), o jovenzinho amigo das abelhas, Hugo (Milo Parker), um fashionista que prevê o futuro (Hayden Keeler-Stone) e a garota que controla as plantas Fiona (Georgia Pemberton). Peregrine protege o grupo do vilão Barron, um Samuel L. Jackson poderoso e camaleão, que está no encalço de todas as crianças peculiares que existem para fazer experimentos que o deixem ainda mais forte. Temos ainda a participação das magnânimas Judi Dench, Allison Janney e Kim Dickens e do ator Rupert Everett (quase irreconhecível).
 
O Diretor Tim Burton e o protagonista do longa, Asa ButterField (Jake)
 A direção de Tim volta a sua grandeza aqui e ele consegue trazer sua marca para a história. Sua delicadeza estranha, seus planos amplos, mas detalhistas e, com certeza, tempo para os atores se mostrarem bem. Asa vem se destacando em quase todos os filmes que protagonizou nos últimos anos. Eva Green está espetacular e faz você não tirar o olho dela quando a mesma está em cena ( por algum motivo ela me lembrou a Anne Hathaway, mas não sei o porquê). Terence Stamp é também muito digno e seu tempo em cena é sempre significante. Todas as crianças são ótimas, contudo, Ella Purnell (Não Me Abandone Jamas) faz você ficar vidrado nela e a pequena Pixie DAvies lembra muito a espevitada Shirley Temple.

 A edição tem um corte no ponto e o ritmo do filme não desanima. A fotografia é emblemática e forte e os detalhes de figurino, design, cenários são fascinantes, como em todos os filmes de Tim. A banda Florence and The Machine entra para a trilha sonora de Michael Higham e Mattew Margeson com a canção ''Wish That You Were Here''.


   Trailer

  
Ficha Técnica: Miss Peregrine's Home For Peculiar Children, 2016. Direção: Tim Burton. Roteiro: Jane Goldman - adaptado dos livros de Ransom Riggs. Elenco: Asa Butterfield, Eva Green, Samuel L. Jackson, Judi Dench, Rupert Everett, Allison Janney,  Chris O'Dowd, Kim Dickens, Terecence Stamp,  Ella Purnell, Finlay MacMillan, Georgia Pemberton, Lauren McCrostie, Hayden Keeler-Stone, Milo Parker, Pixie Davies,Raffiella Chapman, Joseph Odwell e Thomas Odwell. Nacionalidade: Eua, Bélgica e Reino Unido. Gênero: Fantasia, Aventura. Trilha Sonora Original: Matthew Margeson e Michael Higham. Fotografia: Bruno Delbonnel.  Figurino: Coleen Atwood. Edição: Chris Lebenzon. Distribuidor: Fox Film do Brasil. Duração: 02h07min.
Para quem curte os universos de Harry Potter, As Crônicas de Nárnia e produções que envolvam 'viagem no tempo' é uma boa pedida. E aos fãs do diretor, só tenho uma coisa a dizer,  não percam!

(Dispense o 3D)

 Avaliação: Três pequenas garotas com força de cem homens (3/5).
 HOJE NOS CINEMAS!

Não recomendado para menores de 12 anos

Visite também:
http://www.peregrinesmovie.com/peculiaris/intl/br/

See Ya!
B-

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Sete Homens e Um Destino (2016)


Tá afim de ver um filme divertido? Esse filme pode se passar no faroeste e ainda ter o excepcional Denzel Washington liderando um grupo de homens ainda mais excepcionais que ele? Então, brasileiras e brasileiros, anotem ai: hoje chega aos cinemas 'Sete Homens e Um Destino', novo longa do diretor Antoine Fuqua (Nocaute) que é um remake de um filme clássico dos anos 60, que tinha até Charles Bronson no elenco, e que, por sinal, também fora baseado em outra película, Os Sete Samurais (1954). A produção não é lá uma Brastemp, mas entretêm por suas duas horas de duração.

A trama é simples e, apesar de um pouco distinta da original, têm quase o mesmo desenho.

O poderoso Bartholomew Bogue (Peter Sarsgaard) vive saqueando um pequeno vilarejo e assustando os habitantes do lugar com muita crueldade e frieza. Cansada das maldades de Bogue, Emma (Haley Bennett) sai a procura de ajuda. Não demora muito e ela conhece o caçador de recompensas Sam Chisolm (Denzel Washington). A moça decide então pagar a Chisolm uma boa quantia para que ele resgate o vilarejo das mãos de Bogue, mas para isso Chisolm terá de reunir um grupo de pistoleiros que saibam dar conta do recado. O caçador de recompensas consegue chamar para este magnifico grupo: o esperto Josh Faraday (o garoto do momento Chris Pratt), a dupla Goodnight Robicheaux (Ethan Hawke) e Billy Rocks (Byung-hun Lee), o cheio de malandragem Vasquez (Manuel Garcia Rulfo), um índio pele vermelha (Martin Sensmeier) e o caçador de índios loucura pesada  Jack Horne (o excelente Vicent D'Onofrio).


Galerinha da pipoca, para quem viu o antigo 'Sete Homens e Um Destino', de John Sturges sabe que é difícil fazer um filme com aquele tom hoje em dia. Com astros do mesmo nivel, talvez, mas com a mesma pegada impossível. Então nem tentemos comparar.

O desenho daquele trazia a defesa de um vilarejo mexicano explorado por um bandido e sua gangue. Mulheres quase nem foram vistas durante o filme. Aliás, é quase depois de uma hora que a primeira aparece e sua função ali é só ser 'par romântico'. Há uma explicação 'ok' do porquê disso e de onde elas estão, mas mesmo assim, fica bem no escuro. A presença marcante dos sete personagens principais, contudo, é realmente inigualável e o que chama atenção. Assim, o que cada um traz para o filme o faz um clássico. O personagem de Yul Brynner lidera um grupo simplesmente imbatível e até para escolher seu favorito é difícil. A fofura de Bernardo (Charles Bronson) com as crianças, todavia, me ganha.

Aqui, claramente, vemos que houve uma preocupação em mostrar diversidade (índios, negros, mulheres) e, apesar dos sete homens serem novos personagens, fica fácil ver quem cada um representa na história. O vilão do filme, interpretado por Sarsgaard, aparece logo nas cenas iniciais e dá um show. Outra cena sua que ficou fenomenal é quando Bogue descobre que os habitantes da vila contrataram pistoleiros para lutarem contra ele. Denzel e Ethan, atuam juntos pela segunda vez e novamente com o mesmo diretor. A química entre eles é insubstituível, mas Pratt também entra em campo e forma um bom trio. Byung-hun Lee é um ator super intenso. Tanto quanto Martin Sensmeier. Este último que interpreta um pele vermelha e tem de lutar contra outro índio - o que me lembrou muito Scorpion e Sub-Zero (Mortal Kombat), mas não de um jeito legal (essa cena poderia ser excluída, aliás). Manuel Garcia Rulfo, claro, é o 'chicano' da vez que sempre tem uma boa piada, porém de todos eles quem realmente rouba a cena é o m a r a v i l h o s o Vicent D'Onofrio (pulei muito nas cenas dele haha). Cam Gigandet e Matt Boomer também aparecem bem.

Vicent D'Onofrio faz um dos melhores personagens de sua carreira encarnando o loucaço Jack Horne

O roteiro repete algumas das falas clássicas, o que é muito bom, mas não surpreende tanto e em muitas cenas o espectador sabe exatamente o que vai rolar nos minutos à frente. A direção de Fuqua também é tendenciosa e não vai além do que se espera dele.

A fotografia de 'The Magnificent Seven' de agora se diferencia muito da apresentada no filme de Sturges, mas ambas são extremamente belas. Enfoques grandes e rústicos são ampliados na de agora, o que deixa as paisagens ainda mais primorosas. A cena antes da luta final, em que o personagem de Denzel aparece na escuridão, consegue mostrar também a tensão precisa do que estava por vir. A diferença real entre os dois filmes está em como Hollywood hoje têm a capacidade de engrandecer tudo e antigamente eles conseguiam ser grandes sendo pequenos, se é que me entendem.

A trilha sonora é de James Horner que também trabalhou com Fuqua em Nocaute, mas leva uma pincelada de Simon Franglen, pois Horner faleceu em junho deste ano.

Trailer

Ficha Técnica: The Magnificent Seven, 2016. Direção: Antoine Fuqua. Roteiro: Richard Wenk e Nic Pizzolatto - baseado no roteiro de 'Os Sete Samurais (1954)' de Akira Kurosawa, Shinobu Hashimoto e Hideo Oguni. Elenco: Denzel Washington, Chris Pratt, Ethan Hawke, Byung-hun Lee, Vicent D'Onofrio, Manuel Garcia Rulfo,  Martin Sensmeier, Haley Bennett, Peter Sarsgaard, Matt Boomer, Cam Gigandet, Luke Grimes. Nacionalidade: EUA. Gênero: Faroeste, Ação, Aventura. Trilha Sonora Original: Simon Franglen e James Horner. Fotografia: Mauro Fiore. Edição: John Refoua. Figurino: Sharen Davis. Distribuidora: Sony Pictures do Brasil. Duração: 02h13min.
Indico mega, indico muito.

Avaliação: Três pistolas de prata (3/5).


HOJE NOS CINEMAS!











See Ya!
B-

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

De Todd Phillips, Cães de Guerra


Os norte-americanos são um povo vi-dra-do em segurança militar (característica básica que mantém o american dream vivo). Mas foi na era do governo de George W. Bush que a equipe do Departamento de Defesa Nacional bateu o recorde em aparecer no 'quadro de funcionários do mês'. Aliás, naquele momento o mundo inteiro viu o quanto um modelo de defesa nacional tinha potencial para movimentar um mercado econômico, ou seja, virar um plano de negócios (e deveras lucrativo). 

Enquanto a nação se dividia entre 'pró e contra' a guerra do Iraque, dois jovens de vinte em poucos anos, Efraim Divoreli e David Packouz, iniciavam uma parceria com o intuito de ganhar muita, mas muita grana de toda aquela sangria  e servirem de 'ferramentas' cruciais para abastecer o poder bélico dos soldados em missão no Afeganistão. 

Divoreli e Packouz eram amigos de infância. Se conheceram na sinagoga ainda pequenos e na adolescência começaram a compreender os benefícios da tão polêmica marijuana. Se separaram por alguns anos quando Divoreli foi mandado pela família para trabalhar na loja de armas do tio, em Los Angeles, e se reencontraram logo após o rapaz já ser expert no assunto. Packouz, por outro lado, estava levando a vida como massoterapeuta em Miami e o dinheiro parecia não ser o suficiente. Assistindo a situação, Divoreli acaba chamando o amigo para trabalhar com ele em sua pequena empresa, a AYE Inc. Ali, Divoreli fornecia poder bélico para todo o país e descobriu um meio de ganhar muito dinheiro fornecendo armas para quem mais usava: o Departamento de Defesa. Assim, com a entrada de Packouz no jogo, a dupla começa a insistir em licitações do governo e conseguem ganhar um contrato de US$ 300 milhões. 

 Toda essa história foi contada no artigo (que depois virou livro) de Guy Lawson para a revista Rolling Stone e agora chega aos cinemas pela ótica do diretor da trilogia ''Se Beber Não Case'', Todd Phillips.

O filme é estrelado por Miles Teller como Packouz e Jonah Hill como Divoreli e ainda têm Bradley Cooper e Ana de Armas, no elenco.
                                    Os verdadeiros ''cães de guerra'', David Packouz e Efraim Diveroli
Milhares de 'ajustes cinematográficos' são incrementados ao enredo para dar aquele ar de cinema Hollywodiano, claro, mas o roteiro do trio Stephen Chin, Todd Phillips e Jason Smilovic constrói muito bem a história real dos garotos e o plano de fundo da guerra. Consegue ser critico, reflexivo, 'politicamente correto' e super cômico.

O personagem de Miles, Packouz, é o narrador constante dos acontecimentos e o temos muito mais em tela que Jonah Hill, porém mesmo atuando bem, é o Diveroli de Jonah que rouba toda a atenção para si e sai causando durante a película.

Jonah, na verdade, é quem faz o filme acontecer. Seu personagem movimenta o jogo e traz vivacidade a trama. As características que insere em Diveroli o fazem um típico judeu fanfarrão que é tremendamente sagaz e cômico. Jonah ainda faz uma risada diferenciada - que pode parecer inútil - mas é hilária. Miles seria a faceta moral da história. Um protagonista com cara de bom moço que depois assume seus pecados e se redime. Inclusive, David Packouz topou aparecer no filme - se lembre disto quando ver um jovem careca cantando para um grupo de idosos logo nas cenas iniciais.

Bradley Cooper interpreta Henry Girard um dos parceiros de negócios da dupla Packouz e Diveroli. Henry usa os dois para se livrar de problemas e movimenta o palco com muito mistério. A atriz Ana de Armas (Bata Antes de Entrar) vive a esposa e mãe da filha de Packouz. Sua função ali é, com certeza, questionar a moralidade das ações de Packouz e convence.

O ator Jonah Hill bate um lero com Miles Teller, enquanto o diretor Todd Phillips os observa
 A direção de Todd é jovial, embasada e seu trabalho se reconhece facilmente. Isto ainda facilita a mudança de tons e o manejo de seus planos no filme. Sua experiência em comédias traz agilidade ao universo dramático e o deixa interessante.

A edição de Jeff Groth é similar a que vemos em filmes de Todd, este último que costuma trabalhar com narrativas não lineares. A fotografia de Lawrence Sher tem o auxilio da mudança drástica de cenários e parece até fazer da Albânia a Filadélfia de Rocky Balboa, ainda mais com o figurino que Michael Kaplan investe em Miles quando ele está lá supervisionando as operações da AEY Inc.

A seleção de músicas que Cliff Martinez nos faz ouvir é empolgadíssima e vai te fazer cantar em vários momentos, além de embalar com muita precisão muitas das cenas.

Ps: a película Scarface, de Brian de Palma, ganha citações aqui
Trailer


Ficha Técnica: War Dogs, 2016. Direção: Todd Phillips. Roteiro: Stephen Chin, Todd Phillips e Jason Smilovic - baseado no artigo de Guy Lawson para as Revista Rolling Stone 'Arms and The Dudes''. Elenco: Jonah Hill, Miles Teller, Bradley Cooper, Ana De Armas, David Packouz, Patrick St. Esprit, Kevin Pollak, Barry Livingston, Eddie Jemisom, Wallace Langham, Shaun Toub,  JB Blanc, Gabriel Spahiu, Vincent Teixeira. Gênero: Drama, Guerra, Comédia. Nacionalidade: EUA. Trilha Sonora Original: Cliff Martinez. Figurino: Michael Kaplan. Edição: Jeff Groth. Fotografia: Lawrence Sher. Distribuidora: Warner Bros. Pictures. Duração: 01h54min.
Boa pedida!

Avaliação: Três granadas e meia caixa de munição no saco plástico  (3,5/5).


08 de Setembro, nos cinemas!

See Ya!
B-


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http://www.caesdeguerrafilme.com.br/