quinta-feira, 27 de outubro de 2016

A Garota no Trem


Eu tinha esse amigo que sempre me contava boas histórias de um jeito ótimo. Sabe qual era a tática dele? conseguia me dar perspectivas diferentes de uma mesma situação. Ele me fazia girar dentro do enredo, me dava pistas que eu nem sabia o porquê e ainda me deixava constrangida em algumas partes, pois me provocava e me instigava a prestar a atenção. Isso não só deixava a jornada daqueles personagens interessantes como, muitas vezes, me fazia odiar a história (até certo ponto) e depois começar a idolatrá-la solenemente. 

Na adaptação que o diretor Tate Taylor (Histórias Cruzadas) faz do livro homônimo de Paula Hawkins, encontrei os mesmos trejeitos de narração que aquele amigo de outrora possuia. Aliás, Tate trabalha o roteiro, super embasado de Erin Cressida Wilson (Homens Mulheres e Filhos), de uma forma que eleva a essência do livro e diria até que o melhora.

Ali, somos apresentados a personagens que vivem na Inglaterra. No filme, acompanhamos o mesmo enredo, mas situado em Nova York. E a trama segue os acontecimentos da vida de Rachel (Emily Blunt), após o seu divórcio do executivo Tom (Justin Theroux), e vai se dividindo em camadas. A primeira delas diz respeito a Rachel. As outras envolvem as vidas dos personagens que esta começa a acompanhar da janela do trem.


Todo dia Rachel embarca para Manhattan. Durante aquele período ali sentada, vê sempre os mesmos rostos e está sempre com seu caderno de anotações. Sua separação do marido a deixou cheia de marcas profundas e ela não aceitou bem o novo rumo que tem de tomar sozinha. Assim, altamente transtornada e alterada pelo uso abusivo de álcool, só o que faz a moça é perseguir o ex-companheiro e sua nova família.

Tom se casou novamente e gerou uma filha com agente imobiliária Anna (Rebbeca Ferguson). Aliás, o acontecimento impacta muito o psicológico de Rachel, pois ela é, aparentemente, estéril e aquela nova vida de Tom era exatamente o que ela desejava para eles. Vemos então pedaços do que fora a vida dos dois juntos ( a trama é narrada com nuances do presente e retornos contínuos ao passado, o que pode confundir em caso de distração). Com tais imagens somos levados a crer que há um culpado no fim daquele casamento. E é Rachel. No que saímos da perspectiva da jornada dela, a própria nos guia pela vida de seus ex-vizinhos. Afinal, a mulher está tão desesperada em saber o que acontece na vida alheia que começa a projetar nos outros o que ela acha ser uma vida ideal. E da janela do trem ela vê isto no casal Megan (Haley Bennett) e Scott (Luke Evans). Jovens, belos e, evidentemente, muito apaixonados. Contudo, a protagonista feminina dos contos de fada de Rachel, Megan, desaparece e ela vai em busca de uma solução para esse mistério.Nessa caminhada, faz uma autoanálise que desconstrói o rumo tomado pela película até então.


A principio, é possível que grande parte do público estranhe a trama. Afinal, ela é daquelas que pode levar ao engano. já que prefere revelar perspectivas diferentes somente quando chegamos a reviravolta do enredo. Revelações que os realizadores não dão de graça ao espectador. Ou seja, por algum tempo do filme, caminhamos com um pensamento e isto pode ser que se alterne do meio para o fim da película. De qualquer forma, a trajetória de Rachel se liga a de outras mulheres, o que nos permite refletir analiticamente em como a mensagem da trama se trata dos diversos tipos de abuso emocional sofrido por aquelas personagens.

Algo que: ou você se identifica ou você prefere deixar passar em branco. O que não recomendo. Pois o tema levanta tantos maravilhosos debates e só isso já vale o ingresso para ''A Garota no Trem''. Sim, pode ser que agonia e ódio te acompanhem por grande parte daquelas horas na sala de cinema, contudo, a reflexão que ela traz é muito gratificante. Vai por mim. (E se você não leu o livro, que tem ainda mais detalhes, leia).


O roteiro de Erin Cressida Wilson conseguiu caminhar bem e como adaptação traz elementos que são melhores explicados do que no livro e suas alterações não estragam em nada o que fora imaginado. Pelo contrário, complementa.

Tate Taylor é um diretor que adora emocionar. Fez isto muito bem em seus últimos filmes como no empolgante ''Get on Up: A História de James Brown'', porém a liderança dele aqui não nos afeta tanto. Sua proposta, todavia, instiga os atores a serem ambíguos e empregarem interpretações altamente complexas. E isto o elenco entrega com paixão e vigor.

Emily é sim o grande destaque, pois consegue nos confundir e nos fazer com que odiemos sua Rachel desequilibrada, mas também nos faz perceber o quanto ela consegue ser camaleoa dentro de uma mesma trama. Alisson Janney também ganha um bom tempo em tela e suas cenas mostram seu talento anormal de um jeito magnifico. Sua interpretação da detetive Riley traz muito bem o aspecto ético e moral e é através disto que começamos a julgar alguns dos atos de Rachel. Rebecca Ferguson e Haley Bennett interpretam personagens que só conhecendo a fundo para sentir compaixão por elas. Justin Theroux é um rei durante suas cenas. Cremos nele sempre e em Rachel quase nunca. Edgar Ramirez tem cara de bom moço e vai fazer você se perguntar se ele é realmente um bom moço. Luke Evans não cresce em tela e soa mais do mesmo. Laura Prepon, que interpreta a colega de quarto de Rachel, têm pouquíssimas cenas e é super adequada ao que lhe foi pedido. Tanto quanto Lisa Kudrow.

A edição da dupla Andrew Buckland e Michael McCusker faz cortes propositais que afirmam o tom de suspense da trama. O que se afirma ainda mais com a trilha no compasso certo de Danny Elfman. A fotografia do longa abrilhanta dias frios e melancólicos e empodera o mistério empregado.

Trailer



Ficha Técnica: The Girl on the Train, 2016. Direção: Tate Taylor. Roteiro: Erin Cressida Wilson. Elenco: Emily Blunt, Luke Evans, Alisson Janney, Laura Prepon, Rebbeca Ferguson, Haley Bennett, Edgar Ramirez, Liza Kudrow. Nacionalidade: EUA. Gênero: Suspense, Drama. Trilha Sonora Original: Danny Elfman. Fotografia: Charolotte Bruus Christensen. Edição: Andrew Buckland e Michael McCusker. Distribuidor: Universal Pictures do Brasil. Duração: 01h52min.

 Pode ser muito melhor do que você imagina.

Avaliação: Três tickets de trem com direito a café, bom papo e terapia (3/5).

Hoje nos Cinemas!












See Ya!
B-

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

O Shaolin do Sertão

Foto: Divulgação
Mais forte que coice de mula, mais esperto que um calango e mais inteligente que um pirarucu "brabo"... seria o Chapolin Colorado? Não! É o “Shaolin do Sertão”, filme nacional que chega aos cinemas do país nesta quinta-feira, 20 de outubro.

O longa conta a história de Aluísio Liduíno (Edmilson Filho), um cearense de Quixadá que é fissurado por artes marciais e almeja ser um monge Shaolin. Na trajetória para alcançar seu sonho e acompanhado por seu mais fiel amigo, Piolho (Igor Jansen), Aluísio vai enfrentar a descrença popular e lutar para defender a própria honra e a da cidade que está ameaçada pelo lutador Toni Tora Pleura (Fábio Goulart).

Foto: Divulgação
Apoiado por Rossivaldo (Frank Menezes), candidato a prefeito da cidade, Li sai em peregrinação junto com Piolho para encontrar o Chinês (Falcão) e receber seus conhecimentos milenares nas artes secretas do Kung Fu.

Pois bem, o filme é divertido e eu gostei dele. Há momentos muito engraçados e cheios de clichês, mas eles funcionam (ao menos na maior parte do tempo). Esta é uma boa oportunidade de se conhecer um número grande de expressões e gírias cearenses e rir a veras com elas. A história se passa em 1982 e é possível perceber a caracterização dos personagens, dos locais e, principalmente, os costumes do povo, o que me fez gostar bastante da ambientação. Inclusive, há um momento divertidíssimo no meio da praça com apenas uma televisão para toda vizinhança assistir [bem coisa de interior da época] que me agradou bastante.

A trilha sonora tem músicas tão boas e agradáveis para quem curte canções brasileiras, que chega a ser uma massagem aos ouvidos. Boa parte delas são ótimas.

Foto: Divulgação
O elenco tem dois pontos que destaco: Não gostei do Seu Zé (Dedé Santana). É quase como se ele tivesse sido escolhido só para cumprir tabela. Apesar dele pai de Anésia Shirley (Bruna Hamú), interesse amoroso de Aluísio, fiquei com a impressão de que ninguém sentiria falta caso ele não aparecesse. Em compensação, a Dona Zefa (Fafy Siqueira) está incrível. A participação dela é especial, mas ela deixa sua marca. Ainda estão no elenco Marcos Veras, Cláudio Jaborandy, Luís Guilherme, Karla Kerenina, Tirulipa, Camila Uckers e muitos outros.

A direção de Halder Gomes (Cine Holliúdy) apresenta um filme com cara de Brasil: cômico, com um povo que faz piada de tudo, que tem político corrupto que tenta comprar voto... gostei de como o diretor trabalhou algumas cenas, a atenção para os detalhes mas também me incomodou muito alguns cortes feitos com esmaecimento em preto. Boa parte desses cortes não acrescentou nada e serviu apenas para arrastar o filme por mais tempo do que ele deveria ter. No geral, essa decisão acabou fazendo O Shaolin do Sertão ser um filme que vai morrendo do meio do segundo ato para o terceiro e chega a ser sofrido assistir o restante de tão repetitivo que fica.

Foto: Divulgação
A fotografia é, sem dúvida, uma das coisas de maior destaque no filme. As externas, a paleta de cores, as paisagens, a interação com o cenário. Enfim... *-*

Em resumo: O filme é bom e vale a pena assistir. Vai te arrancar risadas no início e até a metade, mas pode te cansar por repetição e acabar te fazendo dormir na sala do cinema. A Fafy Siqueira está incrível, assim como o Edimilson Filho e até do Falcão eu gostei. A música é boa e merece atenção. Ou seja, se você estiver perto do cinema com a família, cabe o programa.

Trailer


Ficha Técnica: O Shaolin do Sertão, 2016. Direção: Halder Gomes. Roteiro: L. G. Bayão. Elenco: Edmilson Filho, Jansen,Falcão, Marcos Veras, Dedé Santana, Fafy Siqueira, Frank Menezes, Bruna Hamú, Cláudio Jaborandy,Tirulipa, Fábio Goulart. Nacionalidade:Brasil. Gênero: Comédia, Artes Marciais. Trilha Sonora Original: Herlon Robson. Fotografia: Carina Sanginitto. Direção de Arte: Juliana Ribeiro. Montagem: Helgi Thor.Distribuidor: Downtonw Filmes e Paris Filmes.Duração: 01h40min

Nota: 2/5
Te vejo em breve. ;D







Ouija - A Origem do Mal é de arrepiar a epiderme!



Na Los Angeles dos anos 60, a viúva Alice Zander (Elizabeth Reaser) e suas duas filhas, Paulina (Annalise Basso) e Doris (Lulu Wilson), começam a ganhar dinheiro em um negócio que envolve contato com espíritos. A princípio, tudo não passa de um belo golpe, porém quando o trio decide usar o famoso tabuleiro 'Ouija', para ajudar nas sessões, a pequena Doris é possuída por um ser maligno que diz ser o espírito do seu falecido pai e coisas terríveis começam a ser reveladas sobre a casa em que vivem. 

A película tem direção de Mike Flanagan e roteiro do próprio com colaboração de Jeff Howard.

O terror deve chegar hoje aos cinemas nacionais e traz ainda Henry Thomas, Doug Jones e Parker Mack, em seu elenco. 



A produção vem contar a origem do mal na casa da familia Zander e é um pre-quel para o filme lançado em 2014 ''Ouija: O Jogo dos Espiritos''. Além destes dois existem mais sete que são ligadas a jogos com Ouija( e este foi a primeira que vi).
O longa realmente convence e envolve. Dá uns sustinhos básicos,  provoca agonia e sério, várias vezes, eu me arrepiei. A pequena Lulu Wilson, que interpreta Doris, atrai a atenção por todo o filme. Principalmente, pela transformação que alcança, de mocinha para vilã. A personagem de Annalise também vive momentos distintos durante a trama e a ruiva não faz feio. A experiente Elizabeth Reaser dá o seu melhor e nos conquista. 

Henry Thomas vive o padre Tom. A primeira pessoa a ficar preocupada com as atitudes de Doris. É ainda sua investigação precisa que revela o teor dos acontecimentos ocorridos na casa da família. Parker Mack vive o interesse amoroso de Paulina e só assistindo para saber o que acontece com o rapaz. O final tem um bom desfecho, apesar de, inserir um retorno inesperado.


O diretor, Mike Flanagan, tem uma filmografia basicamente restrita a filmes de terror. E sua boa condução da película se mostra afiada e certeira. Flanagan se triplica aqui, pois é ainda um dos roteiristas do longa e foi também responsável por editá-lo. O que pode ter dado ainda mais  identidade ao projeto.

Os efeitos visuais pecam em algumas horas do filme, mas nada que diminua o valor do que se vê. A fotografia de Fimognari não se prende na escuridão e alterna, aos poucos, os momentos em que os personagens necessitam de luz.

A figurinista da produção é outra que está de parabéns. Lynn Falconner conseguiu trazer de volta os anos 60 sem repetir looks e apresentar estilos muito originais. A  assinatura da trilha fica com The Newton Brothers.

Em suma, Ouija - A Origem do Mal atinge em cheio e é sim um bom terror.

Trailer


Ficha Técnica: Ouija, Origin of Evil, 2016. Direção: Mike Flanagan. Roteiro Mike Flanagan e Jeff Howard. Elenco: Annalise Basso, Lulu Wilson, Elizabeth Reaser, Henry Thomas, Doug Jones e Parker Mack. Nacionalidade: Eua. Gênero: Terror. Trilha Sonora Original: The Newton Brothers. Edição: Mike Flanagan. Fotografia: Michael Fimognari. Figurino: Lynn Falconner. Distribuição: Universal Pitcures do Brasil. Duração: 01h30min.

Turma que curte Halloween, esse aqui vocês devem ver com certeza. Aproveitem para segurar a mão do coleguinha que se assusta fácil. 

 Avaliação: Três gritos horripilantes (3/5).


See Ya !!
B-

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Inferno


O professor Robert Langdon volta aos cinemas em mais uma das aventuras criadas por Dan Brown em ''Inferno'', longa com direção de Ron Howard e roteiro de David Koepp.

Nesta nova empreitada, Langdon, vivido novamente pelo ator consagrado Tom Hanks, desperta em um hospital em Florença, Itália, após se ferir com um tiro de raspão. Por acaso, a médica Sienna Brooks (Felicity Jones), que trabalha na clinica, o reconhece e decide tratá-lo. O professor está, além de grogue, sem memória do que ocorrera nos últimos dias antes de se machucar. Não entende, inclusive, nem o que está fazendo em Florença e fica ainda mais perplexo quando é atacado por uma policial. Contudo, Sienna o ajuda a escapar do local e assegura que seu ferimento seja cuidado. Ao rever seus pertences, Langdon percebe que em há em seu paletó um frasco lacrado, que pode ser aberto apenas com sua impressão digital. Nele, há um estranho artefato que dá início a uma busca incessante através do universo de Dante Alighieri, autor de "A Divina Comédia", de forma a que possa entender não apenas o que lhe aconteceu, mas também o porquê de ser perseguido.

O filme têm ainda no elenco Ben Foster, Sidse Babett Knudsen, Irrfan Khan e Omar Sy.


Inferno é a terceira adaptação baseada nos livros de Dan Brown, mas, na verdade, o quarto livro da série. O roteirista é o mesmo de Anjos e Demônios, filme antecessor a este, e consegue seguir a linha de pensamento do personagem perfeitamente. Apresenta sua nerdice, seu humor sagaz e sua personalidade distinta. Somos apresentados a novos personagens e a todo momento você se pergunta se Langdon está sendo ou não enganado pelas pessoas que parecem ajudá-lo. 

Na trama, adentramos, resumidamente, ainda uma outra história. A apresentada em 'A Divina Comédia' de Dante Aglieri, pois todo o mistério que Langdon precisa desvendar está conectado ao livro de Dante e sua perspectiva de um inferno real e a destruição dele.

O elenco do filme é satisfátorio e Tom Hanks volta ainda melhor que nos outros filmes da série, ou pelo menos mantêm o caminho traçado pelos anteriores. O destaque do filme vai para a participação de Irrfan Khan. Em suas poucas cenas, o ator consegue ir além do lhe é pedido e traz muita irreverência a produção. Omar Sy e Sidse Babett Knudsen também vão bem. Tanto quanto Felicity Jones. Ben Foster continua a nos maravilhar com personagens misteriosos e enigmáticos, além de beleza sem igual. 

 Howard dirige pela terceira vez Tom Hanks e este personagem tão carismático criado por Dan Brown. Sua visão não é muito diferente da vista no passado, mas nem por isso é ruim.

A trilha de Hans Zimmer se faz presente em todos os momentos, mas lá pro fim é retumbante e empolga. A fotografia vai no rumo dos mistérios e está sempre adornada de tons escuros e a edição consegue ser clara e no ponto certo.

Contudo, o filme não é maravilhoso, é apenas bom. A linha de desenho de alguns personagens deixa claro que eles estão no jogo para enganar e o espectador pode perceber tão naturalmente que fica estranho considerar o professor um homem inteligente e questionador.
O diretor Ron Howard e o ator Tom Hanks

Os fãs do personagem (não do livro) vão encontrá-lo exatamente como ele é: instigante.  E naquele estilo do ''veja mesmo que prefira o livro'', Inferno pode ser uma boa pedida.
                                                                             Trailer

Ficha Técnica: 
Inferno,2016. Direção: Ron Howard. Roteiro: David Koepp - adaptado do livro homônimo de Dan Brown. Elenco: Tom Hanks, Felicity Jones, Ben Foster, Sidse Babett Knudsen, Irrfan Khan, Omar Sy, Xavier Laurent, Björn Freiberg, Ida Darvish, Ana Ularu, Kata Sarbó, Wolfgang Stegemann, Attila Árpa, Jon Donahue, Christian Stelluci. Nacionalidade: EUA. Gênero: Suspense, policial. Trilha Sonora Original: Hans Zimmer. Fotografia: Salvatore Totino. Edição: Tom Elkins e Daniel P. Hanley. Distribuidor: Sony Pictures. Duração: 02h02min.
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Avaliação: Três objetos roubados na cara dura, mas com devolução marcada (3/5) - Bom.


Não recomendado para menores de 14 anos

Em exibição nos cinemas!

See Ya!
B-

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Kubo e as Cordas Mágicas


Kubo e as Cordas Mágicas é um longa de animação entregue ao público após anos e anos e anos de trabalho dobrado dos estúdios LAIKA, o mesmo responsável pelas animações em Stop-Motion “Coraline”, “Paranorman” e “Os Boxtrolls”.


Com direção de Travis Knight e roteiro do trio Marc Haimes, Chris Butler e Shannon Tindle, a produção viaja ao Japão antigo para contar a simbólica jornada do menino Kubo (voz original de Art Parkinson) meio as descobertas de sua origem. 

Kubo leva uma vida normal e tranquila em uma pequena vila no Japão com sua mãe. Todos os dias ele costuma ir ao povoado e brincar de contar histórias com a ajuda de origamis, mas sua progenitora sempre o pede para retornar antes que escureça. O que um dia sai do controle do menino e um espírito vingativo do passado o encontra. O acontecimento transforma completamente a pacata vida do garoto, pois o espírito faz com que todos os tipos de deuses e monstros iniciem uma perseguição furiosa por Kubo. Assim, o jovem acaba descobrindo que para sobreviver terá de encontrar uma armadura mágica que foi usada pelo seu falecido pai, um lendário guerreiro samurai.

A animação conta com as vozes dos atores Ralph FiennesRooney Mara, Meyrick Murphy, Brenda Vaccaro, Cary-Hiroyuki Tagawa, George Takei, Charlize Theron e Matthew McConaughey.




Ao iniciar da película vemos a mãe de Kubo lutar por sua vida em um pequeno barquinho. Com muita determinação ela chega a uma ilha e lá descobrimos que carrega o pequeno Kubo escondido entre as mantas. Anos se passam e apresenta-se ao espectador o dia a dia de Kubo contando histórias no povoado ali perto. Sua mãe, que outrora parecia tão viva e forte, agora passa seus dias como um fantasma. O pequeno garoto é a unica coisa que lhe dá ânimo e sanidade. Mas algo sinistro acontece e separa os dois, além de deixar a todos na vila muito atordoados. 

Há muito as irmãs da mãe de Kubo, Dia e Noite, o procuram para que ele adentre o clã da família. Seu avô, o Rei Lua, teve uma briga sangrenta com o pai de Kubo e por isto a mãe do garoto precisou fugir. Ao longo de sua jornada, Kubo encontra dois amigos um besouro e um macaco, que mal sabe eles está ali para protegê-lo.
Kubo e os amigos protetores

Kubo e as Cordas Mágicas é simbólico e traz a filosofia oriental muito bem desenvolta pela trama. Envolve a natureza e o meio espiritual de uma forma mística, mas muito apropriada ao filme. Por exemplo, a mãe de Kubo, até certa parte do filme é sua protetora e depois ele encontra uma macaca e um besouro que farão este papel. 

Na cultura oriental, ambos têm forte simbolismo. O besouro rinoceronte, por exemplo, tem o nome de Kabuto, que em bom português quer dizer 'capacete' e refere-se ao capacete de um samurai, já o macaco é visto como proteção contra infortúnios, além de trazer sorte.

 Ambos os personagens estão ligados a Kubo de uma forma muito profunda e a simbologia representa isto naturalmente. Há, inclusive, uma dica clara sobre a real personalidade de um dos protetores, pois ele ou ela tem uma cicatriz que remete a mãe do garoto.


Kubo sozinho têm 48 milhões de expressões faciais
Um filme trabalhoso m stop-motion que gerou um resultado muito positivo. Direção e roteiro conseguem caminhar juntos e toda a arte por trás da história consegue deixar tudo ainda mais belo, apesar das tantas tragédias vividas por Kubo.

 A trilha é do fantástico Dario Marianelli. Que consegue desenvolver toda uma seleção de músicas distintas, independentemente das poucas cordas que o instrumento de Kubo possua. Ao final dos créditos se ouve a linda voz de Regina Spektor com uma versão de ''While My Guitar Gently Weeps'' dos Beatles, enquanto vemos um pouco do trabalho de se criar um esqueleto e se operá-lo com máquinas. Aliás, as técnicas da LAIKA no stop-motion são magnânimas. Usam animação híbrida (bonecos e imagens criadas em computador) e testam esses efeitos manualmente.


Imperdível e altamente indicado.

Trailer

Ficha Técnica: Kubo and The Two Strings, 2016. Direção: Travis Knight. Roteiro: Marc Haimes, Chris Butler e Shannon Tindle. Vozes originais: Charlize Theron, Art Parkinson, Ralph Fiennes, Rooney Mara, Meyrick Murphy, Brenda Vaccaro, Cary-Hiroyuki Tagawa, George Takei e Matthew McConaughey. Nacionalidade: Eua. Gênero: Animação. Trilha Sonora Original: Dario Marianelli. Edição: Christopher Murrie. Efeitos Especiais: Patrick Weinberg. Departamento de animação: Daniel Alderson. Artista conceitual: Ean McNamara.  Artista de Storyboard: Vera Brosgol. Distribuidor: Universal Pictures do Brasil. Duração: 01h42min.

Um filme mais maduro do que muito adulto inseguro e com uma mensagem pra lá de filosófica.

 Avaliação: Quatro cordas mágicas e meia (4,5/5) Excelente.

Não recomendado para menores de 10 anos

13 de Outubro nos Cinemas!

See Ya!
B-

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

12 Horas Para Sobreviver: O Ano da Eleição


Entra hoje em cartaz a produção ''12 Horas Para Sobreviver: O Ano da Eleição', com roteiro e direção de James DeMonaco, a película critica não só a paranoia sobre segurança nacional que os norte-americanos têm como também faz refletir sobre os atos racistas que o pais viveu nos últimos anos.

Imagine este cenário: você é norte-americano e uma vez ao ano está livre para matar quem quiser, sem sofrer qualquer consequência sobre seus atos.Um Halloween para adultos. Este dia é o chamado ''momento da purificação''. Uma data estabelecida para fazer renascer uma nação meio ao caos. Assim que este mundo sai do hipotético e se torna realidade, os mais fortes utilizam de seu status para massacrar os mais fracos e o lunáticos têm a chance de liberarem toda a sua vilania. 

Uma das vitimas deste sistema é a norte-americana Charlene Roan (Elizabeth Mitchell), que ainda adolescente, viu toda a sua família ser trucidada e não pôde levar a justiça o culpado por aqueles crimes. Agora crescida e Senadora da República, Roan luta bravamente para ser eleita presidente e assim conseguir banir esta data trágica.

Contudo, as pesquisas indicam que ela e o adversário estão empatados e para completar o dia purificação se aproxima. Os inimigos da senadora tramam fervorosamente usar isto para para tira-la do caminho e eliminar suas chances de ganhar as eleições. Afinal, eles fazem parte da oposição e mantêm opiniões fortes a favor da lei que sustenta o ''purge day''. Uma data altamente conveniente à eles por n razões.  A senadora monta então um cerco de proteção liderado pelo policial Barnes (Frank Grillo), porém, alguém da equipe a trai. Barnes e Roan, todavia, fogem e encontram no comerciante Joe (Mykelti Williamson ), seu assistente Marcos (Joseph Julian Soria) e na amiga deles Laney (Betty Gabriel) a ajuda que precisam para tentarem sobreviver a este dia infernal.


O impressionante do roteiro é que ele argumenta muito bem cada critica que faz. Desde envolver a religião com a política e apontar a periculosidade desta união, a dar ênfase em como os brancos se acham superiores aos negros e em como os negros também se mantêm separados dos brancos. Traz um choque de ideias muito relevante e que diz muito sobre crise racial e social que os Estados Unidos sofre no atual momento.  

Ademais, fala das questões dos imigrantes, dos turistas fascinados pelo american way of life, do poder que o capital encontra durante esse período de insanidade civil para lucrar e se manter. E, apesar do destino de alguns personagens ser previsível, o filme consegue acender uma luz na escuridão e apresentar elementos que surpreendem.


O longa consegue ainda unir diversos tons ( terror, suspense, ação, drama politico) e não se perder. Têm um ritmo bom e um corte preciso. A direção de DeMonaco amplia o suspense da trama e faz com que o espectador siga aquele grupo e torça por sua vitória.

A fotografia de Jouffret vem cheia de tons escuros e aterrorizantes e a trilha de Nathan Whitehead é estremamente empolgante.




Trailer

Ficha Técnica: The Purge - Election Year, 2016. Direção e Roteiro: James DeMonaco. Elenco: Elizabeth Mitchell, Frank Grillo, Edwin Hodge, Betty Gabriel, Mykelti Williamson, Joseph Julian Soria, Brittany Mirabile. Nacionalidade: Eua. Gênero: Suspense, Terror. Fotografia: Jacques Jouffret. Trilha Sonora Original: Nathan Whitehead. Edição: Todd. E. Miller. Distribuidor: Universal Pictures do Brasil. Duração: 01h49min.

Avaliação: Três presidentes altamente despirocados e meia cabeça no chão (3,5/5) - Bom.

06 de Outubro, nos cinemas!

See Ya!
B-

No Fim do Túnel

Abre-se a tela. Ouvem-se gritos.  No fundo uma voz de criança se distingue e responde a mãe o seu paradeiro. Aparentemente, chove e, instantaneamente, os olhos de quem assiste suplicam por claridade, porém esta é nula. Mais que isso, a situação não apresenta nenhum tipo de estabilidade. O que cria tensão. Dali se é levado a conhecer o mundo solitário de Joaquin (Leonardo Sbaraglia). Um cadeirante que é extremamente engenhoso e vive apenas com a companhia de um cachorro debilitado pela passagem dos anos. Ambos dividem uma casa assombrada por sentimentos de culpa. Algo que se evidencia em detalhes ínfimos pelo caminhar da trama. Uma intuição que, na verdade, se transforma em certeza: aquele homem vivera ali momentos felizes com a família, antes de perdê-la junto com os movimentos de seus membros inferiores.

Num piscar de olhos, adentram a cena Berta (Clara Lago) e sua filha Betty (Uma Salduende). As duas batem à porta da casa, pois um anúncio feito por Joaquín diz que há um quarto no terraço para ser alugado. Berta é rápida e tem certeza de que o cômodo será perfeito para ela e a filha. Sai por segundos e retorna com seus pertences. Não dá, sequer, tempo para que o dono da casa respire e diga não a ela. Seu charme e simpatia fazem um balé na cabeça de Joaquin e ele não resiste a ideia de que a chegada delas possa lhe causar uma mudança significativamente boa. O que fica claro com a alteração de ânimos também de seu cachorro. 

No entanto, uma pulguinha aparece no meio daquele conto de fadas e, antes mesmo que Joaquin se deixe levar pela sensualidade de Berta, descobre-se toda a farsa por trás do interesse da mulher em alugar aquele quarto. A moça costumava ganhar a vida como stripper e há pouco tempo conheceu Galereto(Pablo Echarri), um ladrão que está construindo um túnel para roubar um banco na rua em que Joaquin mora. Berta se aproxima do cadeirante então para se certificar de que ele não descubra nada do que está acontecendo, contudo, Joaquin fica a par da situação em todos os sentidos inimagináveis e coloca em prática um plano para acabar com Galereto e sua quadrilha.

Com boa pitada de suspense, a trama ousa, mas não se perde. Vinda diretamente da Argentina, 'No Fim do Túnel' chega aos cinemas para agradar o nosso imenso amor por boas histórias (e por que não pelos portenhos ❤?!).
A película tem direção e roteiro de Rodrigo Grande (Cuestion de Principios) e ganha força com a distribuição dos estúdios Warner Bros. No elenco, Uma Salduende, Clara Lago, Leonardo Sbaraglia, Federico Luppi e Pablo Echarri.


O roteiro de Rodrigo é inteligente, bem desenhado e prende nossa atenção. Nos impele uma leva de emoções e sensações. Agonia é talvez a maior delas, no meu caso. Todavia, aguça nosso faro de 'detetive' e raramente nos deixa saber qual o destino daqueles personagens. Ou seja, ele nos surpreende bem com tudo que joga em tela. Faz isso com uma direção detalhista que não entrega nada de graça e que pede que o espectador continue seguindo atento os conflitos da trama. O diretor guia seu elenco tão bem que é impossível não destacar os aspectos morais e éticos dos heróis e anti-heróis.

Leonardo Sbaraglia é precioso e domina o filme confortavelmente. O ator esteve em uma das melhores cenas do maravilhoso 'Relatos Selvagens', de 2014, (lembram do episódio dos motoristas?). Federico Luppi é magistral. Em certa parte, seu personagem vai a casa de Joaquin e se senta no escuro como um mafioso ridiculamente poderoso. Ali se tem uma fotografia de colocar os joelhos no chão e venerar. Clara Lago traz nuances muito bons a sua personagem 'dúbia' e a pequena Uma consegue expressar muito com pouquissimo. Pablo é daqueles atores que explode na vilania e ele nos brinda com um distinto grupo de ladrões que não só se encaixam no suspense como dosam comédia por ele.

A trilha sonora é uma parceria de dois monstros. Federico Jusid, responsável pela trilha do aclamado 'O Segredo dos Seus Olhos', e Lucio Godoy, compositor de milhares de trilhas, incluindo a de ''Um Conto Chinês''. A fotografia de Félix Monti consegue ser suja, escura e consolidar o drama da vida de Joaquin. A edição do trio Leire Alonso, Manuel Bauer e Irene Blecua é ainda pontual e acertadíssima.
 
Trailer


Uma obra cinematográfica que emplaca tensão, comédia, sensibilidade, drama, tesão e não foge do bom cardápio que a Argentina tem nos apresentado nos últimos anos. 

Imperdível! E altamente indicado!


Ficha Técnica: Al Final del Túnel, 2016. Direção e Roteiro: Rodrigo Grande. Elenco: Leonardo Sbaraglia, Clara Lago, Pablo Echarri, Federico Luppi, Uma Salduende, Walter Donado, Javier Godino, Daniel Morales Comini, Sergio Ferreiro, Ariel Nuñez Di Croce, Facundo Nahuel Giménez, Laura Faienza. Nacionalidade: Argentina, Espanha. Gênero: Suspense, Policial. Trilha Sonora Original: Lucio Godoy e Federico Jusid. Fotografia: Félix Monti. Edição: Leire Alonso, Manuel Bauer e Irene Blecua. Distribuidor: Warner Bros Pictures. Duração:  02h00min.


Avaliação: Quatro pulos da cadeira de muita agonia e meio gritinho de maravilhamento (4,5/5).
É tão ótimo que quase foi excelente!

Não recomendado para menores de 16 anos
Hoje em Cinemas seletos!

See Ya!
B-

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Kóblic


Seja a produção excelente, mediana ou razoável, é fácil ouvir por ai que qualquer filme com o ator monstro Ricardo Darín é uma boa pedida. Marca registrada portenha e consagrado até pelas principais mídias atuais do Brasil, o ator foi também agraciado com o Prêmio Platino de Honra do Cinema Ibero-Americano, em meados deste ano. 

Darín é protagonista de ''Kóblic'', trama dirigida por Sebastian Borensztein (Um Conto Chinês) que apresenta a história do capitão Tomás Kóblic. Um comandante da armada argentina que no ano de 1977, período da ditadura militar, foi responsável por liderar as operações aéreas conhecidas como ''voo da morte'' - situações de tortura onde pessoas perseguidas pelo governo da época eram jogadas ao mar. Contudo, decidido a começar uma nova vida longe da que conhece, Kóblic toma rumo a um povoado e encontra um amigo que o ajudará a encontrar um outro sentido para sua existência.

O filme estreou em alguns festivais de cinema ao longo deste ano, mas somente agora entra em cartaz. Ainda no elenco, Oscar Martínez e Inma Cuesta


 A história mostra abrangência. porém peca nos desdobramentos previsíveis. Os conflitos são interessantes e há profundidade dramática. Não obstante, a película tem um ritmo mais lento. Diferentes perspectivas e n questionamentos morais trazem uma história complexa. Aliás, o roteiro é assinado por Alejandro Ocon em parceria com, o também diretor da produção, Sebastian.

Os dramas vividos no passado pelo personagem central se misturam a um presente cheio de mal entendidos. Ele ganha e perde amigos e ainda encontra um novo amor, personagem de Inma Cuesta. Um romance que nasce do desejo de liberdade e da vontade de se livrar de abusos. 


Kóblic não é o personagem mais durão de Darín, mas está no Top 5 e é quase um James Bond. O jeito terno de dizer muito apenas com o olhar é um detalhe característico de sua atuação e a força de suas expressões o fazem encarnar com precisão personagens completamente distintos. É certo que aqui e ali fica batido. Mas o carisma de Darín ganha até o mais chato dos críticos. E ele tem uma força dramática e melancólica insubstituíveis.

O trabalho do diretor Sebastian aqui não é tão relevante quanto em ''Um Conto Chinês'', filme que também têm Darín como protagonista. A trilha de Federico Jusid se destaca e a edição da dupla Pablo Blanco e Alejandro Carrillo Penovi conseguem enxugar o filme.


Trailer


Ficha Técnica: Kóblic, 2016. Direção: Sebastían Borensztein. Roteiro: Sebastían Borensztein e Alejandro Ocon. Elenco: Ricardo Darín, Oscar Martínez e Inma Cuesta. Nacionalidade: Argentina, Espanha. Gênero: Policial, Histórico, Suspense. Trilha Sonora Original: Federico Jusid. Fotografia: Rodrigo Pulpeiro. Edição: Pablo Blanco e Alejandro Carrillo Penovi. Distribuidor: Paris Filmes. Duração:  01h55min.

Avaliação: Dois Daríns traumatizados e setenta e cinco atores na fila do casting de seu próximo filme(2,75/5) - Mediano

Não recomendado para menores de 14 anos
13 de Outubro nos Cinemas!

See Ya!
B-