''Sem Mover os Lábios, A Composição e Zoe'', Filmes da Mostra Competitiva do Brasilia International Film Festival 2016


Durante a semana conferi mais três filmes da mostra competitiva do #BIFF, por uma feliz coincidência, todos os três maravilhosos e ambos com protagonistas únicos e extremamente expressivos. Confira os comentários.


Sem Mover Os Lábios (Quinto dia de Festival)
Mostra Competitiva de Ficção
AvaliaçãoQuatro bonecos falando e meio quilo de cocaína (4,5/5).
Em 'Sem Mover os Lábios', o espectador é apresentado ao ventriloquista Carlos (Chiappe), um homem excêntrico que ainda vive com a mãe e não sabe muito de suas origens paternas. Pouco ouvimos sair de seus lábios, mas muito entendemos com suas feições. A mãe do personagem é tão ótima quanto ele e todos aqueles que estão em papéis menores também conseguem se sobressair. 
O filme só apresenta cores quando sai da realidade do personagem para adentrar 'a apresentada pelas novelas' que aquele assiste com a mãe e a namorada. Aliás, a atuação de Chiappe é digna de ovação pela determinação e expressividade do ator. Em vários momentos do longa, inclusive, ele é capaz de lhe fazer lembrar de Charles Chaplin. O roteiro do projeto é bem sólido e aprofunda um tom cômico/sádico sem fazer força. A direção consegue somar e se faz viva. Principalmente, quando não escolhe caminhos previsíveis. Nos minutos finais, a trilha sonora é ressoante e muito precisa.


SEM MOVER OS LÁBIOS/SIN MOVER LOS LABIOS – Ficção, Drama, 93 min, Colômbia, 2015. Direção/ Director: Carlos Osuna. Roteiro/ Screenplay: Carlos Osuna, Juan Mauricio Ruiz. Elenco/ Cast: Giancarlo Chiappe, Álvaro Bayona, Consuelo Luzardo, Marcela BenjumeaProdução/ Production: Malta Cine. Produtor/ Producer: Juan Mauricio Ruiz. Fotografia/ Cinematography: Guillermo Santos and Nicolás García Ruiz.


Sinopse: Carlos é um ventríloquo talentoso que ama sua mãe tanto quanto a odeia. Com a morte dela, Carlos finalmente vê uma chance de sucesso, mas sua mente começa a falhar.
EXIBIÇÃO
  • CINE BRASÍLIA: DIA 07, 17h 
  • CINE CULTURA LIBERTY MALL SALA 3: DIA 08,20h/ DIA 09, 16h/DIA 11,18h 


A Composição (Sétimo Dia de Festival)
Mostra Competitiva de Ficção
AvaliaçãoTrês pedidos de ajuda e meio (3,5/5).





Um longa que entrega uma personagem em busca de inspiração para compor sua peça musical e se formar na faculdade de música. Mas não só se formar, fazer também um trabalho de significado e se sentir satisfeita. Durante a jornada de Malorie (Jensen) a vemos se desprender de julgamentos e de qualquer outro tipo de preconceito. A moça se entrega ao momento e dele tira o melhor que pode. Seus sentimentos são um protagonista a parte, durante sua jornada pelo filme, e todos os seus dramas aumentam ao passar dos minutos e parecem que vão eclodir a qualquer momento. O diretor mostra takes intimistas dos personagens e pede ao espectador atenção. O roteiro constrói a trama passo a passo e vai bem no que propõe, principalmente, por dar a Malorie um caminho desregrado. A trilha sonora é divina e amplifica os sentimento da protagonista com louvor.


A COMPOSIÇÃO/HER COMPOSITION – Ficção, Drama, 93 min, Estados Unidos/Alemanha, 2015. Direção/ Director: Stephan Littger. Roteiro/ Screenplay: Stephan Littger. Elenco/ Cast: Joslyn Jensen, Heather Matarazzo,Lulu Wilson, John Rothman, Margot Bingham . Produção/ Production: Picturetrain Company. Produtor/ Producer: Stephan Littger, Isabel Kleber, Leah Chen Baker. Fotografia/ Cinematography: Andres Karu.
Sinopse: Uma estudante e talentosa compositora começa a se prostituir depois de não conseguir uma bolsa de estudos. Os sons dos encontros sexuais trazem inspiração para compor novas obras enquanto o dinheiro paga suas contas.
EXIBIÇÃO
  • CINE BRASÍLIA: DIA 11, 17h 
  • CINE CULTURA LIBERTY MALL SALA 3: DIA 07,16h/DIA 10, 20h

ZOE (Oitavo dia de Festival)
Mostra Competitiva de Documentários
AvaliaçãoTrês castanhas e meia (3,5/5).

Zoe é uma espécie diferente de documentário, pois, na verdade, é uma ficção, contudo, seu formato de filmagem é idêntico ao modelo daquele. Assim, se faz um filme belíssimo que traz a pequena menina Zoe (Gavira) e sua mãe Gemma (Galán) passando por maus bocados em uma Espanha em crise. Gemma está desempregada como muitos dos jovens europeus. Contudo, seu status de mãe a inibe de ficar parada e não correr atrás de dinheiro para sustentar a filha. Se por um lado ela não tem assistência de familiares ou do pai da criança, um amigo ou outro está lá para ajuda-lá nas necessidades. Só o que Gemma não quer é ter que se separar de Zoe, devido as suas condições financeiras irem de mal a pior. 
Ander Duque, diretor do filme, consegue proporcionar, com um elenco minimo e uma história delicada, o que muitos longas dramáticos por ai não foram capazes de fazer, emocionar pra valer. Ele mesmo revela (o diretor estava no debate pós sessão do filme) que a pequena atriz nem consegue ver mais a película, pois suas memórias dela são muito intensas. No mais, Zoe é atual e muito bem recortado.


ZOE – Documentário, 89 min, Espanha, 2016. Direção/ Director: Ander Duque. Roteiro/ Screenplay: Ander Duque. Elenco/ Cast:Rosalinda Galán, Zoe Gavira. Produção/ Production: UVEME A.V.C.E., S.L.Produtor/ Producer: Elco Vieberink.Fotografia/ Cinematography: Aldo Chacón.
Sinopse: Gema está desempregada e sua filha, Zoe, sonha em ter asas. Ambas imaginam um novo lugar pintado de vermelho, longe de ruídos e mais perto delas mesmas.
EXIBIÇÃO
  • CINE BRASÍLIADIA 08 , 20h30 / DIA 11 ,19h
  • CINE CULTURA LIBERTY MALL SALA 3: DIA 05,16h 


A consoante entre três as películas é sim como o papel da mulher se revela dentro de cada história. Mãe, filha, mulher, compositora, todas têm grande efeito até mesmo naquelas em que o homem tem grande protagonismo.

See Ya!
B-

Escrito por Bárbara Kruczyński

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