Real: O Plano Por Trás da História


O longa 'Real: O Plano Por Trás da História' se estabelece sem querer ser um drama político ao viés que circula ao espectador uma visão mais engrandecedora do time de acadêmicos formado para estabelecer a nova moeda brasileira no então governo do presidente Itamar Franco, durante a década de 90.

Adaptado do livro de Guilherme Fiuza3000 mil Dias no Bunker, a direção é de Rodrigo Bittencourt (Totalmente Inocentes) e o roteiro de Mikael de Albuquerque. No Elenco, Emílio Orciollo Netto, Guilherme Weber, Cássia Kis, Tato Gabus Mendes, Juliano Cazarré, Paola Oliveira e Mariana Lima 

Com distribuição da Paris Filmes, #Real chega esta quinta-feira (25) aos cinemas.

Trailer


A narrativa do filme se constrói durante presente (2003) e passado (1993). E, desde o seu inicio, sabemos quem é o protagonista. O economista Gustavo Franco (Emilio Orciollo Netto). Rigoroso, crítico e arrogante, Franco era ainda um professor universitário quando foi chamado pelo então Ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso (Norival Rizzo), para compor um time de especialistas que acabariam com a hiperinflação brasileira, na época em que Itamar Franco (Bemvindo Sequeira) governava o país. Altamente a favor de um maior controle fiscal como base para uma moeda forte, o economista condenava quaisquer meta de cunho social e os pensamentos políticos esquerdistas crescentes no país. Sem qualquer medo de perder amigos e a convivência de familiares, Franco aparece aqui como o cabeça do estabelecimento de um plano econômico que mudaria a vida do brasileiro. 

Eu não me formei em primeiro lugar da turma para ficar anos corrigindo prova de aluno comunista, ressalta Franco (Orciollo Netto) 
A trama elucida de forma simples que o país estava economicamente falido em 1993 e de como foi feita a transição econômica do plano cruzado para o real. Havia não só a pressão política como também da população. Cresce então a necessidade do governo de dar algo ao povo que fosse satisfatório e o acalmar de imediato. É quando Gustavo e os outros economistas entram na jogada. A partir disso, criam-se os conflitos que fazem a película caminhar.

Gustavo (Orciollo Netto) deixa claro suas intenções de buscar poder tanto quanto de estabelecer suas idéias de uma nova política econômica para o país. As defende a todo custo, mas não entra em cercos de alianças para isto. Segue como o planejado: chegar ao Banco Central e trabalhar. Em segundo plano (sempre) está a vida particular do economista. Ele mantem um relacionamento com Renata (Paola Oliveira) que é pontuado por idas e vindas. Além disso, com sua subida ao poder, a lista de inimigos aumenta.

O personagem crítica bastante a esquerda e seus discursos sociais enfatizando que  a elite desenvolvimentista come sushi e fala bem do Lula, mas vai morar fora do país. Também infere que a dignidade do brasileiro precisa da 'sua moeda' para ser revigorada. E é ali que vemos o economista se desdobrar para não perder a pose quando anos mais tarde é investigado por colaborar com desvios de divisa dentro do Banco Central. 

O diretor Rodrigo Bittencourt no set com Cassia Kis (Valéria) e Emilio Orciollo Netto (Franco)
O roteiro realmente engrandece o personagem de Gustavo e evidencia ainda sua relação com Pedro Malan (Tato Gabus Mendes) e Denise (Mariana Lima), sua assistente. Enfatiza sua rixa com Pérsio Arida (Guilherme Weber) e deflagra a oposição petista com a participação do deputado Gonçalves (Juliano Cazarré). Fernando Henrique (Norival Rizzo) tem pouca força na trama, mas lhe é cortada a devida parte do bolo. A construção da narrativa é dinâmica, contudo, alguns clichês fazem os personagens coadjuvantes parecerem rasos e não conseguem se manter ao nivel do protagonista.

Os planos filmados em Brasilia (sim, essa cidade que muita gente não acha bonita) estão lindões e não refletem em nada a feiura da política escrota decorrente. Há, inclusive, tomadas estratégicas em pontos turísticos da capital que fazem a cinematografia do filme ser maravilhosa. A direção de Rodrigo é bastante sagaz. Ele usa os espaços, conduz o espectador por boas imagens e faz isto com um bom ritmo.

A atuação que mais vai lhe chamar a atenção é sim de Emilio Orciollo Netto. Ele realmente faz uma ótima encarnação desse homem arrogante e inteligente que tomaria conta do país, se não lhe tivessem o retirado de sua posição (será mesmo?). Cassia Kis tem poucas cenas, mas quando aparece não há como não percebê-la. Juliano Cazarré faz uma espécie de deputado caipira que luta do lado oposto e insere um auto-olhar da esquerda na época. Tato Gabus Mendes e Fernando Eiras também são bons de bate bola e Mariana Lima é a força feminina aqui. Mais até que Paolla Oliveira.

Ficha Técnica: Real: O Plano Por Trás da História, 2017. Direção: Rodrigo Bittencourt. Roteiro: Mikael de Albuquerque. Elenco: Emilio Orciollo Netto, Tato Gabus Mendes, Guilherme Weber, Cassia Kis, Fernando Eiras, Juliano Cazarré, Norival Rizzo, Mariana Lima, Paola Oliveira, Klebber Toledo, Bemvindo Sequeira.Gênero: Drama, Histórico. Nacionalidade: BrasilTrilha Sonora Original: Maycon Ananias e Rodrigo BittencourtDireção de Arte: Chico Andrade. Fotografia: Fábio Butin. Montador: Lucas Gonzaga.  Distribuidora: Paris Filmes. Duração: 01h35min.
Um longa que sai um pouco das triviais comédias que vemos o Brasil produzir e adentra um espaço nebuloso. Só por isso já vale o nosso: FIKDIK!

Avaliação:  2 diplomas e cinquenta calculadoras (2,50/5).

Hoje nos cinemas!

See Ya!













B-

Escrito por Bárbara Kruczyński

    Comentários Blogger
    Comentários Facebook

0 comments:

Postar um comentário

Pode falar. Nós retribuímos os comentários e respondemos qualquer dúvida. :)