quinta-feira, 27 de julho de 2017

Dunkirk (2017)


Talvez uma das estreias mais esperadas do ano (e absurdamente divulgada pela mídia) chega aos cinemas. Dunkirk é o novo filme do aclamado diretor britânico Christopher Nolan - que dirigiu sucessos como Amnésia, A Origem, Interestelar e a última trilogia do Batman.

A trama acompanha a história de 400 mil soldados ingleses e franceses que, durante a Segunda Guerra Mundial, foram encurralados na cidade de Dunquerque (França) e tentam evacuar o local. No entanto, os alemães tentam impedir que eles voltem para casa.



No elenco, estão Fionn Whitehead (Him), Damien Bonnard (Na Vertical), Aneurin Barnard (Citadel), Mark Rylance (Ponto dos Espiões), Jack Lowden (England Is Mine), Tom Hardy (Max Max: A Estrada da Fúria), Tom Glynn-Carney (Casualty), Barry Keoghan (Traders), Kenneth Branagh (Operação Valquíria), James D'Arcy (Mestre dos Mares: O Lado Mais Distante do Mundo), Cillian Murphy (A Origem), Harry Styles (One Direction) e mais trocentos homens e algumas raras mulheres.

Quem não tem um conhecimento prévio a respeito da Segunda Guerra Mundial pode ficar perdido em certos pontos. Por exemplo, é utilizado frequentemente o termo "inimigos", que neste caso são os alemães, mas isso demora a ser destacado na trama. Dunkirk é contado por uma visão muito unilateral de acontecimentos, o que prejudica o filme.



Um ponto interessante de Dunkirk é que vários núcleos de personagens são apresentados. De um lado, os civis que saem em um barco relativamente pequeno na tentativa de resgatar soldados; do outro, ingleses que tentam sobreviver enquanto perambulam por várias embarcações; no ar, pilotos tentam destruir as aeronaves inimigas; e assim vai.

Com uma sonoplastia perturbadora, que mexe profundamente com o espectador e o envolve na história. No entanto, parece não haver um momento sequer de silêncio - apesar de os personagens não conversarem em diversos momentos (mais do que o necessário), o barulho continua o tempo todo. Realmente senti alívio ao sair da sala de cinema e poder desfrutar dos sons do ambiente.

Quando a montagem opta por seguir uma cronologia não linear, eu costumo gostar e elogiar. Mas não é o caso de Dunkirk. O vai e vem temporal só deixa o filme ainda mais confuso. Além disso, não é fácil perceber de imediato que ocorre essa mudança de tempo. Até o espectador perceber, a compreensão já foi afetada em alguns momentos.


O ótimo elenco é fortemente desperdiçado com um roteiro bagunçado e com pouco aprofundamento de personagens. O fantástico Tom Hardy, por exemplo, tem uma participação que poderia ter sido feita por qualquer um. Um dos únicos dramas realmente elaborados é o do soldado interpretado por Cillian Murphy. A trilha sonora é outro ponto baixo e nem parece ter sido feita pelo usualmente brilhante Hans Zimmer. Pelo contrário, ela parece estar desconexa do filme.

Dunkirk foi uma decepção. Apesar da maestria em vários aspectos técnicos, a história não alcança as expectativas previamente criadas pela mídia e pelo nome do diretor. Nolan, eu sou uma grande defensora sua e adoro os seus filmes, mas não foi desta vez.

Em Ritmo de Fuga (2017)


Quando é anunciado que vai estrear um novo filme do Egdar Wright, um vasto público imediatamente fica ansioso, principalmente o nerd. Afinal, ele é nada menos que o diretor e co-roteirista de Scott Pilgrim Contra o Mundo. Para quem não está familiarizado com o trabalho do cineasta, ainda assim - com base na propaganda - é esperado um bom filme de ação, com carros, roubos e toda aquela combinação que o grande público tanto gosta.

O filme é  tanto dirigido quanto escrito por Edgar Wright (Todo Mundo Quase Morto). Fazem parte do elenco os atores Ansel Elgort (A Culpa é das Estrelas), Jon Hamm (Mad Men), Kevin Spacey (House of Cards), Lily James (Cinderela), Jamie Foxx (Django Livre), Jon Bernthal (O Lobo de Wall Street) e Eiza González (Um Drink no Inferno). O diretor de fotografia é Bill Pope, que exerceu o mesmo cargo na trilogia Matrix.


Em Ritmo de Fuga acompanha o motorista de fuga Baby (Elgort) e os grupos com quem trabalha para assaltar diversos lugares, tudo comandado por Doc (Spacey). O jovem só aceita dirigir com esse propósito pois deve dinheiro ao líder, que usa as suas habilidades na direção para quitar a dívida. No entanto, o personagem de Elgort visa sair do mundo do crime, desejo que fica ainda mais intenso depois que conhece Debora (James), garçonete por quem se apaixona.

Desta vez, o país acertou no título em português, coisa que tem sido cada vez mais rara. Sério, imaginem o quanto podia dar errado traduzirem 'Baby Driver'! Comentários aleatórios à parte, Em Ritmo de Fuga é um filme fantástico. Em um momento que várias produções medianas têm sido lançadas com frequência, ele veio como um ótimo colírio para os olhos dos espectadores.


O novo longa-metragem é um espetáculo visual. A fotografia é maravilhosa - viva o Bill Pope e o Edgar Wright juntos! - e apresenta planos sequências fantásticos. Os movimentos de câmera saem do padrão, e raccords são diversas vezes utilizados. Se os elementos individualmente já funcionam, juntos... Ficam lindos!

A primeira arte é de grande importância para a trama. Baby, por ter sofrido um acidente na infância, tem um "zumbido" no ouvido e, para melhorá-lo escuta músicas frequentemente. Em quase todo o filme ele está com fones de ouvido, enquanto alterna entre os diversos iPods que estão diretamente ligados ao humor que apresenta no momento. Os mais diversos gêneros estão presentes nas playlists.



A trilha sonora do filme é uma das melhores que ouvi nos últimos tempos. Cometo o risco de colocá-la no patamar de Guardiões da Galáxia. Para vocês verem como é boa! Tem Beach Boys, Queen, Ennio Morricone, Commodores, Beck, Barry White, Simon & Garfunkel, Blur e posso continuar citando exemplos por um bom tempo e muito mais, tudo isso em um só longa-metragem! Vocês precisam conferir:




VIVA O SPOTIFY E A PESSOA LINDA QUE CRIOU ESSA PLAYLIST!

Oh, Debora, always look like a zebra
Your sunken face is like a galleon
Clawed with mysteries of the Spanish Main
Eles citam essa música (Debora, do T. Rex) e o meu nome é Deborah, logo, não tinha como não ficar na cabeça.

Ensel Elgort está ótimo no papel do protagonista e convence até nas partes mais dramáticas. O personagem Baby é encantador e trabalhado de modo devidamente aprofundado e envolvente. Kevin Spacey, como é típico dele, está muito bem, assim como Jamie Foxx e Jon Hamm, que são dois grandes atores. As duas atrizes também fazem um bom trabalho, mas...

Uma crítica negativa por que é preciso ter alguma também, né? tange as construções das personagens femininas, que estão muito mais vinculadas aos homens do que com as próprias personalidades aprofundadas. Darling (González) e Debora são personagens interessantes que mereciam ser mais trabalhadas. A primeira ainda tem um pequeno momento de glória, mas não é suficiente para recuperar o que poderia ter sido feito antes. Já a outra, quando parece que vai ter mais atitude, acaba se submetendo às vontades do amado Baby. Logo, o trabalho das atrizes não foi tão valorizado quando poderia.

Ainda assim, a impressão que fica da nova obra de Edgar Wright é muito positiva. O roteiro, a montagem (com direito a flashbacks), a fotografia e as atuações se juntam em uma obra memorável. É definitivamente um dos melhores lançamentos do ano. Você, que por algum motivo resolveu não ir ao cinema para conferir Em Ritmo de Fuga, saiba que está perdendo (e muito) um ótimo programa!

Bônus!
Preciso compartilhar com vocês o pôster maravilhoso do filme:

Essas cores, esses traços, essas expressões, esses detalhes... Eu estou apaixonada por ele!

Tá, ok, juro que ia ser apenas aquele, mas aí achei mais um que tá um arraso. Legal, né?

E mais um... Achei esse bem lindão e explosivo, o povo com uma cara de mau, o fogo... Destaque para o "El aprendiz del crimen". Vejam só como os brasileiros também poderiam ter estragado com um subtítulo pra lá de brega.

E outro... (mas esse é o último!) Aaaai, olha que minimalista e conceitual esse em português. Amei também!



Já nos cinemas de todo o país!



Na esperança de que assistam,
Deborah

sexta-feira, 21 de julho de 2017

Saint Amour - Na Rota do Vinho


Sabe quando você cria expectativa sobre algo, achando que será ótimo e que irá curtir muito?😞 E se decepciona! Assim foi com este filme. Li a sinopse, li sobre os atores... vinho, França, lindas paisagens. E parou por aí!
O gênero do filme é comédia, mas, na verdade, foram poucos os momentos realmente engraçados, ficando mais para um besteirol com cenas um tanto sem razão de existir. Está mais para um documentário mostrando a 'Rota de produção de Vinho na França' permeado por um humor gálico bem sem graça e absurdo.

Trailer

Na história, Jean (Gérard Depardieu) é viúvo e pai de Bruno (Benoît Poelvoorde), um rapaz feio e na meia idade, com sérios problemas com o consumo exagerado de vinho e não muito realizado com as mulheres. Infeliz com o trabalho pesado na criação de gado para exposição e com a rotina que o leva a viver para uma única semana do ano (quando vão a Paris para uma feira). Bruno sonha com uma viagem fantástica para conhecer a produção de sua bebida predileta mais a fundo, claro, na esperança de que tudo mude em sua vida sem graça.


Jean contrata então o taxista Mike (Vicent Lacoste) para viajarem pela Rota dos Vinhos Beaujolais, a fim de se reaproximar do filho e tentar uma reconciliação nesta relação complicada.
Uma sucessão de episódios bizarros e alguns encontros sexuais (e não sexuais) poucos prováveis compõem o filme.
E o que tinha tudo para ser um filme interessante acaba se tornando cansativo e sem grandes atrativos.

Ficha Técnica 
Título Original: Saint Amour. Nacionalidade: França, 2016 | Duração: 102 min. Gênero: Comédia. Direção e roteiro:
Benoît Delépine e Gustave Kervern. Elenco: Yolande Moreau, Gérard Depardieu, Benoît Poelvoorde, Celine Sallette Gustave Kevern, Ana Giradort. Distribuição: Imovision.

Não recomendado para menores de 14 anos
Ponto positivo para as belas paisagens e explicações sobre vinhos, daí o nome Saint Amour, nome de um vinho tomado por eles.
Mas esta é somente minha opinião. Espero que vocês vejam o filme e comentem por aqui.

27 de Julho no cinemas.


Até o próximo,

Helen Nice
@n.dacoruja


😊

segunda-feira, 10 de julho de 2017

A Luta de Steve


Como você reagiria se logo após ser diagnosticado com uma doença rara e fatal você descobrisse que seu primeiro filho está prestes a nascer? Preparem os lenços, pois uma linda lição sobre a vida é o que podemos esperar da história real do ex-jogador de futebol americano Steve Gleasson em A Luta de Steve (2016), nos cinemas a partir do dia 13 de Julho.


Quem aqui se lembra do Ice Bucket Challenge?  Aquele desafio do balde de gelo que viralizou alguns anos atrás? Além de ter sido um sucesso na internet, o desafio tinha a ideia de conscientizar as pessoas sobre a Esclerose Lateral Amiotrófica ou ELA, em sua sigla em português.


Desafio Balde de Gelo: 



Essa é uma doença considerada rara e ainda são poucos os estudos sobre como ela surge e como podemos tratá-la. De acordo com a Associação Brasileira de Esclerose Lateral Amiotrófica (ABrELA), a ELA é uma doença neurológica degenerativa que afeta progressivamente a habilidade de se movimentar, falar e até mesmo respirar… Infelizmente ela ainda é uma doença fatal.

E é a partir do diagnóstico de ELA que o filme “A Luta de Steve” começa. O documentário dirigido por Clay Tweel reúne os arquivos pessoais de Steve Gleason, um atleta renomado no futebol americano que se tornou famoso após ter garantido a vitória do New Orleans Saints em 2006. Pouco tempo depois de se aposentar dos campos, Steve, aos 34 anos descobre que sua vida está prestes a mudar drasticamente ao se deparar com o resultados de seus exames.

Trailer

Seis semanas após receber os diagnósticos de que está com ELA, Steve e sua esposa, Michel Viscário, descobrem que terão seu primeiro bebê. A partir dessa notícia, Steve decide que estará presente na vida de seu futuro filho, mesmo que a doença não o permita. Para superar seu as incertezas que vem com o diagnóstico ele começa a gravar pequenos vídeos caseiros como uma forma de poder conversar com o filho que ainda nem nasceu.

O documentário então começa a nos mostrar como que é a rotina do casal nesse momento de se prepararem para serem pais e no embate diário de não saber quanto tempo mais eles terão juntos. É impressionante como que o diretor Clay Tweel conseguiu organizar mais de 1.500 horas de vídeo em um filme de quase duas horas. Tudo isso feito de uma maneira totalmente intimista, que nos coloca realmente em contato com a vida dos dois. Com uma característica de vlogs, que já estamos acostumados a acompanhar em canais do YouTube, Steve e Michel nos deixam fazer partes de todos os momentos de suas vidas.

Para além de tratar apenas sobre a questão de como é a rotina de alguém com ELA, dos desafios e dos aprendizados, o filme retrata lindamente a relação entre pais e filhos. 



No longa, acompanhamos o relato real de Steve, pouco a pouco perdendo suas capacidades de andar, se comunicar e, por fim, de respirar normalmente. Vemos a gestação de Michel, a viagem do casal até o Alaska, a criação do Team Gleasson (um instituito voltado para a melhoria da qualidade de vida das pessoas com ELA); o nascimento de seu filho, Rivers, as tentativas de aproximação entre Steve e seu pai e a transformação de astro do futebol para Steve, o herói da luta contra a ELA. 

Um dos aspectos mais importantes desse documentário é tratar de temas tão fortes com uma simplicidade, realismo e bom-humor. Ele nos faz chorar, a dica é levar um lencinho (porque realmente precisamos), mas também nos faz ver a vida de uma maneira diferente. Nos faz perceber que mesmo com as adversidades ainda temos como descobrir nossa função nesse mundo, como podemos deixar um legado e de como encarar os desafios inesperados com bom-humor é a melhor saída.



O filme é uma ótima pedida para nos motivar a encarar a vida de uma maneira mais leve e valorizar coisas simples e corriqueiras. Não desistir dela é a mensagem principal desse documentário, como Steve fala, “no white flags!” (sem bandeiras brancas em tradução livre).

Não bastasse essa mensagem emocionante o documentário possui uma qualidade técnica muito apurada! A trilha sonora realmente vai fazer com que você precise daqueles lenços que recomendamos no início. 

As imagens, mesmo com um tom caseiro adicionam uma outra atmosfera para o filme, o da realidade! Produzido pela Amazon Movies e com uma equipe que se formou ao longo da trajetória de Steve após o diagnóstico, o filme já foi premiado em diversos festivais! Aqui no Brasil, o documentário estreia no dia 13 de julho, lançado pela distribuidora Elite Filmes!

Para quem se interessar sobre a ELA, vale a pena conhecer o trabalho da Team Gleasson e de algumas instituições brasileira que estão contribuindo para se chegar a uma cura dessa doença que ainda é muito misteriosa.

Link Team Gleasson: www.teamgleason.org/
Link ABrELA: www.abrela.org.br/
Link IPG: www.ipg.org.br/ipg/instituto-paulo-gontijo/lan/br

Avaliação: 4 lenços e meios de muita emoção! (4,5/5)


quarta-feira, 5 de julho de 2017

Homem-Aranha: De Volta ao Lar


O amigo mais irônico e nerd da vizinhança nova-iorquina volta esta semana aos cinemas para uma jornada solo, depois de um bom tempo sem soltar as teias entre os arranhas-céus da big apple (fazem, na verdade, quinze anos que o primeiro filme sobre o super-herói foi lançado e, por coincidência, este ano, o aranha também comemora o seu 55º aniversário). 

Com direção de Jon Watts (A Viatura), Homem-Aranha: De Volta ao Lar marca ainda a repaginada que Spiderman ganhou, após  a Sony Pictures finalmente ''liberá-lo'' para participar da iniciativa Vingadores. Logo, novo elenco, novo diretor e novo tom, emplacam 'De Volta ao Lar' como um filme para fãs e para toda a família. Provavelmente, com um certo exagero de intervenções do mundo Marvel, entretanto, graciosamente divertido. 

A película é estrelada pelo ator britânico Tom Holland (O Impossível) e conta com Marisa Tomei, Michael Keaton, Robert Downey Jr., Zendaya, Jennifer Connelly, Donald Glover, Jacob Batalon, Laura Harrier,  Tony Revolori, Bokem Woodbine e Logan Marshall-Green.

A aventura entra em cartaz nesta quinta-feira (06).


Peter Parker (Holland) ainda não acredita que está trabalhando lado a lado com o time de Tony Stark (Downey Jr.). Aliás, ainda não está. Viveu apenas uma aventurinha em terras europeias. Todavia, o jovem insiste em deixar claro que fará de tudo para ajudar Stark e o resto dos Vingadores a manter a paz mundial. Enquanto isso, Peter vai levando a vida em pequenas missões no próprio bairro e defendendo a população dos criminosos da região. Também coloca em prática seu lado cidadão ajudando idosas e orientando os turistas perdidos. Na escola, o garoto sempre é motivado por seus professores a se dedicar mais, porém, seu novo ''estágio'' nas Indústrias Stark, ou melhor, o que ele fala para a tia (Tomei) que faz em seu tempo livre anda o desgastando bastante e Peter acaba tendo que largar o clube de matemática. A história fica ainda mais conturbada quando uma gangue de criminosos, liderada por Adrian Toomes/Abutre (Keaton), começa a aterrorizar a região e o Aranha decide enfrentá-los sozinho. Só que, obviamente, a tarefa exigirá muito mais que os seus poderes, cobrará responsabilidades.


O roteiro do projeto tem a mão de um batalhão, entre eles, Jonathan Goldstein, John Francis Daley, Christopher Ford, Chris Mckenna e Erik Sommers, além do próprio diretor, Jon Watts. A narrativa que escolhem é dinâmica, atual e faz jus ao personagem. Há uma preocupação em ambientá-lo ao mundo teen ao qual pertence ao mesmo tempo que deixá-lo seguir seu instinto de herói. O jovem Peter ganha características de um adolescente qualquer, imaturo, ansioso, inquieto, mas deveras altruísta e bem intencionado. O público conhece novos personagens na trupe escolar de Peter, ao invés de vermos novamente as carinhas clássicas de Harry Osborn, Mary Jane e Gwen Stacy.

Ned, vivido por Jacob Batalon, encarna o amigo que idolatra Peter (temos cenas muito repetitivas desse ato de amor) e é baseado em personagens que estão nos quadrinhos bem como o interesse amoroso do aranha, Liz, interpretada por Laura Harrier ou ainda uma mini versão da atriz Rosario Dawnson. Ainda somos introduzidos a Flash (Toni Revolori) e Michelle (Zendaya). Esta última que aparece sempre para questionar o nosso herói e dá a entender que terá grande importância na vida de Peter após revelar seu apelido.


A tia May da gatérrima Marisa Tomei vem com um tom mais leve entre todas as May's que já vimos. Sim, há espaço para o seu cuidado e preocupação com sobrinho, contudo, sem o melodrama exagerado comum dos outros filmes.

O pecado que o roteiro tem, sem sombras de dúvidas, é que o universo Marvel é muito reverenciado ali e interfere no mundo de Peter Parker demais. É preciso sim que haja conexão, pois ele estará também nos próximos filmes do famoso grupo de heróis, mas o aranha merecia mais mérito. Afinal, sabemos que ele não é um nerd qualquer. Assim, por mais que a proposta seja que Tony Stark esteja tãaaaaao presente como mentor, na verdade, ele vem de babá e isto irrita um pouco. Até porque além dele outro Avenger aparece por ali, porém consegue se encaixar com mais consistência no enredo.

Bom, mas e o vilão?  O vilão é na medida! O nosso Michael Birdman/Batman-agora Abutre- Keaton aparece logo nas cenas iniciais dizendo o que vai fazer no filme e faz bem. Inclusive, há uma cena de luta entre ele e o Aranha que remete bastante ao filme de 2004, dirigido por Sam Raimi. O personagem de Keaton reúne ainda uma equipe de bandidos que tem outro vilão, o Shocker, todavia, ele ganha funções menos importantes.

Nos quadrinhos a primeira aparição do personagem ''Abutre'' foi na segunda edição de ''O Espetacular Homem Aranha (1963).
Trailer


Com ''De Volta ao Lar'', vemos a jornada do aranha chegar ao seu terceiro projeto e ganhar sim um tom distinto dos anteriores. 


A trilogia iniciada pelo diretor Sam Raimi, em 2002, contava com a atuação de Tobey Maguire, no papel principal, e teve sucesso nas bilheterias, apesar do seu final desastroso. A propósito, há de se reconhecer que a visão de Raimi tem lá sua importância, pois é na sequência de 2004 que o personagem alcança um tom humano e Maguire encarnou Peter muito bem até ali e o filme é sim um dos mais conceituados sobre o herói.

Por outro lado, as produções conduzidas por Marc Webb e estreladas pelo ator Andrew Garfield, são bem desniveladas em acertos e, claramente, o primeiro longa desbanca o segundo em número, grau e quantidade de palmas.

Com Watts, continuamos no mundo adolescente, porém seu Homem-Aranha vem com a preocupação em crescer, pois ainda não tem o preparo suficiente para lutar grandes batalhas e a atuação de Holland casou bastante com a proposta. Ele vem juvenil, desbocado, fazendo vlogs e mais vlogs e com seu poder irônico, característica emblemática do Aranha - mas faltou colocar o sentido aranha em ação mais.


O mundo pop adiciona muito aqui. Em certa hora, há até referência a John Hughes com ''Curtindo A Vida Adoidado''. A trilha sonora insere um Ramones aqui e ali e o figurino usa e abusa do vestuário juvenil que vemos nos filmes teens. A fotografia segue as características divertidas da trama e abusa dos tons mais diversos.

 Os efeitos especiais são, claro, ainda melhores que os primeiros filmes do personagem e fica bonitão ver Spiderman-teen se jogar pelo Queens.
Ficha Técnica: Spiderman: Homecoming, 2017. Direção: Jon Watts. Roteiro: Jonathan Goldstein, John Francis Daley, Jon Watts, Christopher Ford, Chris Mckenna e Erik Sommers - baseado nos personagens criados por Stan Lee e Steve DitkoElenco: Tom Holland, Marisa Tomei, Jennifer Connelly, Michael Keaton, Donald Glover Jacob Batalon, Zendaya, Laura Harrier,  Tony Revolori, Bokem Woodbine e Logan Marshall-Green. Gênero: Comédia, Ação,Aventura. Nacionalidade: EUA. Trilha Sonora Original: Michael Giacchino. Fotografia: Salvatore Totino. Direção de arte: Brad Ricker. Efeitos especiais:Lindsay MacGowan. Figurino:  Louise Frogley. Edição: Debbie Berman e Dan Lebental. Distribuidora: Sony Pictures Brasil. Duração: 02h14min.
Tem cameo de Stan Lee, claro, e, sobre as cenas pós-créditos: Fica que vai ter bolo e sobremesa.

Não recomendado para menores de 12 anos

Avaliação:  Três puxadas de orelha da babá sabichona (3/5).

06 de Julho nos cinemas!

See Ya!

B-

segunda-feira, 3 de julho de 2017

Difícil Decisão (Rock and a Hard Place)


Documentário original da HBO com The Rock, Dwayne Johnson

Todo mundo sabe o valor de uma segunda chance… Mas será mesmo? O que você faria se pudesse transformar uma sentença de 60 anos de prisão em alguns meses em um campo de treinamento? É com essa questão que o novo documentário da HBO levanta o debate sobre escolhas na vida e reabilitações criminais.

Com um apelo inicial à imagem do astro do cinema de Hollywood, Difícil Decisão (Rock and a Hard Place) foi co-dirigido por Jon Alpert e Matthew O'Neill, produzido pelo famoso The Rock (Dwayne Johnson) e estreia hoje, 03 de julho pela HBO às 22hrs.

Olha, é até um pouco difícil de descrever como é a sensação de assistir à esse documentário. É um misto de incômodo, angustia, alegria, raiva, incômodo de novo, alívio, tristeza… nossa é muita coisa.

Trailer


Acho que um dos aspectos mais marcantes de Rock and a Hard Place são as suas imagens. O documentário é feito com gravações reais de uma turma de reabilitação do Boot Camp, algo como um campo de treinamento para detentos em Miami, relatando todos os processos e semanas que eles passam.

Para gente entender mais, esse é um programa implementado nos EUA que possibilita que alguns detentos do sistema carcerário possam alterar suas penas, de vários anos, para alguns meses. Em troca dessa liberdade, o grupo seleto passa por um rígido programa de treinamento quase militar. A ideia é oferecer uma segunda chance aos jovens que se envolveram em crimes das mais variadas tipologias.

O que o documentário tenta nos passar, e é algo que chega a incomodar, é que as ações praticadas no Boot Camp seriam justificadas. Ficamos horrorizados com as imagens iniciais de como os detentos são tratados. Nesse ponto, o documentário faz questão de ressaltar que um tipo agressivo de tratamento é necessário para quebrar as barreias e bloqueios dos homens que chegam ao local. Agressão verbal, humilhação e exaustão física são algumas das práticas comuns naquele lugar.

O documentário prossegue com o andamentos das semanas. Aos poucos, alguns detentos são dispensados do programa por não se adequarem às regras de obediência total, outros desistem e alguns continuam. De semana em semana, acompanhamos a rotina pesada e enlouquecedora desses cadetes em formação.



Na maioria das vezes em que as pessoas falam diretamente com a câmera vemos apenas os depoimentos do staff do acampamento Raramente vemos os detentos conversaram com a equipe de maneira mais direta, o que acaba incomodando um pouco.

De qualquer maneira, é um documentário forte. Em momentos, especialmente os que se relacionam com as famílias dos detentos, podemos experimentar um pouco de como que é a realidade por trás de cada pessoa, ficamos sabendo um pouco de sua história. Mesmo assim, ainda dá para se questionar qual é o direcionamento do documentário, quem é de fato o sujeito de fala.

Tudo está interligado com uma mensagem de valorização da segunda chance e de que essa segunda chance no acampamento, com todos os pesares, seria totalmente válida. Sentimos isso na maneira de editar, na ordem dos depoimentos e, especialmente, na trilha sonora. É uma produção muito bem-feita e sem dúvidas, podemos esperar momentos de grandes emoções.

Apesar de tudo, ainda estamos falando de um documentário que trabalha com questões importantes na nossa sociedade. Acho que é válido assistir a ele e se deixar questionar sobre esses pontos.

 
Avaliação: Depois de uma segunda chance, a sentença é de 3,5 meses para esse documentário (3,5/5)

domingo, 2 de julho de 2017

Oh, Broadway! Você precisa conhecer esses musicais


Se tem algo que eu amo nessa vida, que consegue tocar minha alma e que me ajuda a expressar os sentimentos mais profundos e caóticos é a música. Todo mundo meio que tem uma trilha sonora da sua vida, neh? Aquelas canções que te lembram um momento (ou alguém) marcante. Eu sempre vejo gente falando sobre como a música os salvou do tédio, da solidão, até mesmo da depressão ou do crime e às vezes pode até parecer exagero, mas eu acredito de verdade que a música tem poder! Talvez seja por que isso eu amo musicais. Desde os filmes de princesa da Disney que eu sonho em, como elas, poder do nada irromper em canções quando estivesse com dificuldade de expressar o que se passa na minha cabeça. Sério, a vida seria tão mais legal se fosse um musical!

Mas não é. É aquele ditado, vamo fazê o que? Mas a gente ainda pode apreciar boas histórias em que isso acontece. Infelizmente, os maiores palcos do mundo que recebem esse tipo de produção (que geralmente é grandiosa e bastante cara) é bem longe e por isso eu passo horas conferindo as novidades do mundo do teatro e sofrendo porque não terei a oportunidade de vê-los pessoalmente. Para nossa felicidade ou muitos viram filmes (a Nanda até falou de muitos que tem filme nesse post aqui) ou disponibilizam a gravação de suas trilhas sonoras, o que é um dos elementos mais importantes de um musical e já dão uma boa ideia da história. De qualquer forma, trago a vocês hoje 10 que vocês PRECISAM conhecer!

Obs: montei um pequeno glossário com alguns termos particulares do mundo do teatro que talvez não saibam o que significa. Quando vir um *, é só ir ao fim do post para conferir o significado. 

Anastasia

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Minhas músicas preferidas: Journey to The Past, Once Upon A December, Learn To Do It e My Petersburg. 

O filme Anastasia de 1997 é uma das minhas animações preferidas. Imagina como fiquei animado quando descobri que um musical baseado nele ia ser produzido para a Broadway! Acompanhei com interesse cada anúncio, revelação de elenco, entrevistas, vídeos de bastidores e finalmente a divulgação da trilha sonora. Queria saber se as músicas escritas especialmente para o musical seriam tão boas quanto as originais do filme. E são! Para quem não conhece ta perdendo tempo, a trama é baseada na lenda de que a princesa Anastasia teria escapado com vida da execução da família real durante a revolução Russa de 1917, mas se perdido. Assim, a história do musical começa com a jovem (agora conhecida como Anya) sem nenhuma memória de seu passado, abandonando o orfanato em que cresceu para embaçar em uma jornada em busca de quem realmente é. É então que ela conhece o vigarista Dimitry que treina meninas para se passarem pela princesa e assim ganhar a recompensa oferecida pela Imperatriz Consorte do Império Russo, avó de Anastasia, para quem encontrar a moça. Mesmo sem estar convencida de que é mesmo a princesa perdida, Anya e Dimitry partem em uma viagem cheia de aventuras para Paris. 

Curiosidade! Uma das mudanças mais significativas do musical em relação à animação é que o vilão Rasputin foi trocado pelo general bolchevique Gleb Vaganov, abandonando assim todo o aspecto sobrenatural que a animação possuía. Será que esse toque mais realista não tirou um pouco do charme da trame? Rasputin era um dos personagens mais divertidos! Gostaria de saber. 


Annie

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Minhas músicas preferidas: Tomorrow e It's the Hard Knock Life

Minha segunda indicação é um verdadeiro clássico. A produção sobre uma pequena menina órfã estreou em 1977, ganhando 7 Tony Awards e ficando em cartaz por seis anos. Depois disso, ela foi levada para palcos te todo o mundo, além de ganhar dois revivals* na Broadway e três adaptações cinematográficas. O musical conta a história da pequena Annie, que foi abandona quando bebê na porta de um orfanato em New York, portando apenas um medalhão e um bilhete. Onze depois, Annie decide fugir das garras da maléfica Srta Hannigan, diretora do orfanato, e vai procurar os pais. Porém, tudo muda quando ela cruza o caminho do bilionário Oliver Warbucks. Não tem como se emocionar com essa história fofa!

Uma curiosidade: a protagonista foi baseada nos quadrinhos “Little Oprhan Annie”, que eram publicados periodicamente em jornais. Porém, após analisar anos de produções do quadrinho Thomas Meehan não conseguiu extrair delas uma história coerente, apenas alguns personagens. Ele então se inspirou em Oliver Twist de Charles Dickens para criar o livro* do musical.



Dear Evan Hansen

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Minhas músicas preferidas: You Will Be Found, Only Us e Requiem. 

Minha obsessão mais recente! Torci como louco por ele nos Tonys* deste ano. E acabou que levou mesmo o maior número de prêmios, inclusive “Melhor Musical”. UHULL. Eu me identifico demais com a história e com as canções, que são de uma sensibilidade ímpar. A peça lida com temas muito atuais como ansiedade, suicídio e o impacto das redes sociais. A história é protagonizada por adolescentes, mas acredito que ressoa com pessoas de todas as idades. Gosto inclusive, como eles exploram as inseguranças e conflitos dos “pais”, algo que não é muito comum em produções teen. O musical conta a história do solitário Evan Hansen, que sofre de ansiedade social. Para aumentar sua auto-estima, a mãe de Evan o faz ver uma psicóloga que recomenda que ele escreva cartas para si mesmo. Uma dessas cartas acaba em posse de Connor, um garoto “problemático” que comete suicídio. Quando a carta é descoberta no bolso de Connor, todo mundo acha que ele e Evan eram melhores amigos. Evan então começa a ganhar muita atenção e se vê envolvido em uma mentira que sai do controle. 

Uma curiosidade: as canções foram compostas pela dupla de amigos Pasek & Paul, que este ano também receberam um Oscar pelas letras das músicas de La La Land. Eles agora estão muito próximos de entrarem para a lista EGOT*, e em tempo recorde.



Finding Neverland

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Minhas músicas preferidas: When You’re Feet Don’t Touch The Ground e Neverland

Provavelmente você já viu o filme “Em Busca da Terra do Nunca”, estrelado por Johnny Depp e Kate Winslet. Pois bem, ele, juntamente com a peça “The Man Who Was Peter Pan”, serviram de base para esse musical emocionante que fala sobre a importância da imaginação para superar os desafios que a vida nos lança. Com musicas compostas pelo cantor Gary Barlow (que faz parte da boyband Take That e já foi jurado do X Factor), o musical conta a história de J.M. Barrie, escritor e dramaturgo que enfrenta uma crise, pois não consegue mais produzir nenhuma peça de sucesso. É quando ele conhece a família Davies, composta pela viúva Sylvia e seus quatro filhos, que vem passando por mal bocados. Ele então vira amigo da família e dessa convivência vem a inspiração para sua mais famosa história: Peter Pan. 

Uma curiosidade: além da trilha gravada pelo elenco da peça, foi liberada também uma versão comercial com as canções sendo cantadas por artistas como Ellie Goulding, Christina Aguilera, Bon Jovi, Jennifer Lopez e Nick Jonas.


Hamilton

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Minhas músicas preferidas: Alexander Hamilton, You’ll be Back, It's Quiet Uptown e Wait For It

Hamilton é considerado um dos maiores sucessos da história da Broadway. Ele causou um verdadeiro frenesi quando estreou no começo de 2015 e até hoje é bem difícil conseguir ingressos para uma de suas oito apresentações semanais. Todo esse sucesso não só atraiu a admiração de figuras importantes como Hilary Clinton e o presidente Barack Obama, como consagrou Lin Manuel Miranda (que além de interpretar o protagonista é o responsável por livro, letra e música) como um dos nomes mais importantes do show biz atual. Sendo quase todo cantado, o grande trunfo do musical é contar a história de um dos mais importantes políticos da historia americana de forma inovadora: com hip-hop. Devo confessar que musicais 100% cantados não me agradam muito. Prefiro quando há equilíbrio entre números musicais e diálogos, mas as canções são realmente excelentes! Por mais que você não saiba nada sobre a história política dos Estados Unidos, vale a pena conhecer. Na verdade não só pela qualidade musical, pois a trajetória de Alexander Hamilton é muito interessante. Nas palavras do próprio Miranda: “Hamilton foi um filho bastardo, órfão, que deixou a ilha caribenha em que nasceu para migrar e se tornar um dos líderes da fundação do país. A trajetória dele é como a dos ícones do rap. Eles têm a cara dos Estados Unidos de hoje, que são um país mais diverso, com mudanças de cores, um país em transformação. Essa conexão entre o presente e os fundadores do país guiou tudo. É a essência da história do hip-hop unida à essência da história americana. Histórias de aventura, superação de adversidades e desafios”. 

Uma curiosidade: Hamilton se tornou o musical com o maior número de indicações ao Tony Awards, com 16, tendo vencido 11 (inclusive melhor musical). Um verdadeiro fenômeno!


How to Succeed in Business Without Really Trying

Resultado de imagem para How to Succeed in Business Without Really Trying 2011

Minhas músicas preferidas: Been a Long Day e Coffee Break

A produção original de How To Succeed (a gente encurta porque o nome é muito grande haha) é de 1961, mas a montagem que eu trago com carinho no coração é o revival de 2011. Por que? Porque essa eu vi ao vivo na Broadwaaaaaaaay (teve post contando essa viagem aqui)! Ai gente, que experiência maravilhosa. Juro que não to exagerando quando digo que foram as duas horas e meia mais mágicas da minha vida toda (ta,talvez esteja exagerando um pouco). Foi tudo tão perfeito! O cenário, as canções, a orquestra, as atuações (encabeçada pelo astro de Harry Potter, Daniel Radcliffe. Ele é tão pequeninho e branquelo que parece um gnomo da neve, mas é muito talentoso. Fez um excelente trabalho)... fiquei o tempo todo com os olhos brilhando. E é uma peça muito descontraída e divertida. Tanto, que uma das canções mais divertidas é sobre café, acredita? A peça conta a história de J. Pierrepont Finch, um lavador de janelas muito ambicioso que após ler um livro de auto-ajuda decide conseguir um emprego em uma grande corporação e com as dicas do livro – que nem sempre são muito éticas – começa a subir a escada em direção ao topo da empresa. A produção original de 61 ganhou 7 Tonys e um Pulitzer*. A montagem de 2011, recebeu 8 indicações ao Tony, mas levou só 1 (melhor ator coadjuvante de musical para John Larroquette). 

Uma curiosidade: em 1967 a peça ganhou uma adaptação para o cinema, mas eu nunca consegui encontrar :(



Rent

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Minhas músicas preferidas: Seasons of Love e Take Me Or Leave Me

Rent foi criado por Jonathan Larson, que infelizmente não pôde desfrutar do sucesso de seu trabalho, pois faleceu poucos dias após a esteia da peça em 1996, vitima de uma doença rara, a síndrome de Marfan. Impactante ao lidar com temas como desemprego, drogas e AIDS, o musical ganhou diversas versões ao redor do globo. A trama mostra os desafios que enfrenta um grupo de boêmios dos anos 80 no bairo East Village, em New York. Mark é um cineasta apaixonado pela bela Maureen, que por sua vez gosta da advogada Joanne. Mark mora com Roger, um viciado em drogas e portador de HIV que se apaixona pela dançarina Mimi, colega de quarto do gênio da computação Tom, que se encanta pela drag queen Angel. Rent pode ser um tanto emocionalmente pesado de assistir, mas passa uma linda mensagem. Uma coisa muito legal e que foi bastante elogiada pela critica é que ele mostra personagens que são tradicionalmente marginalizados pela sociedade como pessoas normais, felizes e apaixonadas. 

Uma curiosidade: A peça, ganhadora de 4 Tonys e 1 Pulitzer, virou filme em 2005 com quase o mesmo elenco da musical original! Vale muito a pena ver. 


Spring Awakening

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Minhas músicas preferidas: Left Behind, The Guilty Ones, My Junk e Totally Fucked

Eu conheci “Spring Awakening por causa de Glee, já que o elenco da montagem original conta com Lea Michelle e o mozão Jonathan Groff nos papéis principais. As músicas são super cheias de atitude e sentimento e expressam com vivacidade todo o caos emocional que é crescer em um ambiente conservador quando não se concorda com esses ideais. Não sei como essas canções ainda não se tornaram verdadeiros clássicos do rock! O musical é baseado em uma peça alemã de 1891 e conta a história de jovens que enfrentam o peso da repressão e do conservadorismo nos mais diversos níveis sociais. A história é focada em dois adolescentes: Melchior Gabor, um jovem brilhante e rebelde que ousa questionar os dogmas vigentes, e Wendla, integrante de uma família de classe média alta que foi educada por uma mãe com rígidos princípios morais e religiosos. A produção trata de temas polêmicos como abuso sexual, violência doméstica, gravidez na adolescência, prostituição, suicídio e homossexualismo. A montagem original foi indicada a 11 tonys em 2007 e ganhou 8 (incluindo “Melhor Musical”) 

Uma curiosidade: Jonathan e Lea se conheceram na peça e até hoje são melhores amigos. Eles vivem postando fotos fofinhas. Melhor amizade que você respeita! 


Waitress

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Minhas músicas preferidas: She Used to be Mine, You Matter to Me e Opening Up

Mais um musical baseado em um filme, dessa vez “Garçonete” (2007), dirigido por Adrienne Shelly. Eu amo esse filme! É uma história de empoderamento feminino encantadora, doce... e deliciosa! Inclusive já testei alguma das receitas de torta que tem no filme e que recebem nomes muito divertidos como “torta odeio meu marido” e “torta estou me apaixonando de chocolate”. Fiquei surpreso quando ele virou uma peça da Broadway, porque achava que era uma pérola indie que tinha passado despercebida. Tanto o filme quanto o musical contam a história de Jenna, uma garçonete do interior e talentosa confeiteira que sonha em abandonar o marido abusivo e montar sua própria loja de tortas. Só que seus planos são frustrados quando ela engravida e acaba engatando um affair com seu obstetra. As canções do musical foram compostas pela cantora Sara Bareilles e são absolutamente LINDAS. Me emociono de verdade com algumas. O musical foi indicado a quatro Tonys, mas não ganhou nenhum... sabe como é, deu azar de ser indicado no mesmo ano de Hamilton. 

Uma curiosidade: antes de cada seção, são servidas tortas para o público. Que delicia! 


Wicked

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Minhas músicas preferidas: Defying Gravity, What is This Feeling e For Good

Outro musical que eu tive a oportunidade de assistir, mas a versão brasileira, que ficou em cartaz durante 2016 em São Paulo. E posso falar? Acredito que nossa versão não deixou nenhum porquinho a desejar em comparação a montagem original gringa. Foi tudo tão lindo! Os efeitos especiais e as atuações me impressionaram demais. Eu estava bem nervoso com a tradução das músicas, que são icônicas mas achei que foram competentes também nesse sentido. Enfim, “Wicked” é baseado no livro homônimo de Gregory Maguire que trás uma reviravolta na história do famoso “O Mágico de Oz” ao contar a visão da Bruxa do Má do Oeste sobre os eventos. Acontece que ela nunca foi tão má assim. Tendo nascido com uma incomum pele verde, Elphaba cresceu sendo maltratada por todos, inclusive por seu pai. Ao ser mandada para a universidade para cuida da irmã, ela conhece a popular Glinda. Tendo personalidades muito diferentes, inicialmente as duas entram em conflito, mas logo formam um laço forte de amizade e decidem embarcar em uma jornada para conhecer o grande Oz. Só que as coisas não vão bem como elas esperavam e logo Elphaba cai em desgraça, se tornando a bruxa que todos em Oz temem. “Wicked” é uma linda história sobre amizade, superar as diferenças e entender que toda história realmente tem mais de um lado. Recomendo demais! 

O musical foi escrito por Winnie Holzman, com músicas compostas por Stephen Schwartz. A produção original de 2003, que contava com as maravilhosas Idina Menzel e Kristen Chenoweeth no elenco, foi indicada a 9 tonys e venceu 3. Em 2019 ele será finalmente adaptado para a telona. Espero que façam um bom trabalho, porque realmente é um dos meus musicais preferidos. 

Uma curiosidade: Wicked é uma das peças de maior longevidade da Broadway, nunca tendo saído de cartaz desde sua estréia em 2003.


Glossário

*Não é raro você encontrar nos créditos nomes diferentes atribuídos a “Music” e “Lyrics” de um musical. Parece estranho, mas é que muitas vezes um compositor fica responsável por criar as melodias das canções (music), enquanto outra compõe as letras (lyrics)

*O livro/livreto (em inglês conhecido de “book”) nada mais é que toda a parte não cantada de um musical. É a estrutura narrativa, com diálogos e direções de palco, que dão coesão á história. É um elemento por vezes negligenciando, mas fundamental, afinal sem ele o musical não passaria de um monte de músicas soltas. 

*O “Tony Awards” é a principal premiação do teatro norte-americano. Está para o teatro como o Oscar está para o cinema e o Grammy está para a produção musical dos EUA. O prêmio recebeu esse nome em homenagem a Antoinette Perry, uma atriz, produtora e diretora muito importante para a história do teatro do US. 

*EGOT é um termo usado para se referir aos artistas que ganharam todos os quatro principais prêmios do entretenimento norte-americano: Emmy (televisão), Grammy (música), Oscar (cinema) e Tony (teatro). Até o momento apenas onze artistas fazem parte da lista de EGOT. Entre eles estão as talentosas atrizes Audrey Hepburn e Whoopi Goldberg.

*é muito comum um musical ou peça de teatro de sucesso, após algum tempo que saiu de cartaz, ganhar uma nova montagem, que recebe o nome de “revival”. Os tonys inclusive tem categorias especificas para tais revivals. 

*Pulitzer: premiação de prestígio administrada pela universidade Columbia, em Nova York, e entregue para pessoas que realizem trabalhos de excelência na área do jornalismo, literatura, teatro e composição musical.