A terceira noite da Mostra Competitiva do Festival de Brasilia, mais uma vez, se iniciou com atraso. Mas compensou pela competência excepcional dos longas apresentados. Ambos trouxeram sotaque, força e muita brasilidade e levaram emoção e simplicidade ao público presente. Aliás, este só pôde emitir uma reação ao final da sessão: aplausos de pé e elogios aqueles trabalhos.
Sem resquício de dúvidas, os filmes vieram muito alinhados por trazerem jornadas dinâmicas e consistentes. ''As Melhores Noites de Veroni'', curta-metragem do alagoano Ulisses Arthur, se fez valer pela vivacidade de uma mulher que é esposa, mãe e aspirante a cantora. Já o longa de Ary Rosa e Glenda Nicácio, 'Café Com Canela' trabalhou a perspectiva da cumplicidade entre duas mulheres e também o laço de amizade criado entre um grupo de pessoas, moradores do recôncavo baiano.
Confira os comentários das obras.
MOSTRA COMPETITIVA (CURTA)
AS MELHORES NOITES DE VERONI, de Ulisses Arthur.
Ficção, 16min, 2017, AL, 12 anos.
Sinopse:
Enquanto seu marido passa os dias na estrada, Veroni encontra nas noites uma forma de transcender e responder seus dilemas amorosos.
Exibição:
18 de setembro | 21h | Cine Brasília
18 de setembro | 20h | Teatro da Praça (Taguatinga), Espaço Semente (Gama), Teatro de Sobradinho e no Riacho Fundo (em frente à Administração)
19 de setembro | reprise às 15h | Museu Nacional da República
Veroni é uma mulher que não mede esforços para ter o amado ao seu lado. Também quer o melhor para a filha e se esforça bastante nas aulas de canto. É mulher que acredita veemente nos sonhos trágicos que lhe passam na mente, enquanto dorme, mas não deixa de ser dona de seu próprio nariz.
Há muita poesia na personagem. Sonhadora e amável, ela rebate qualquer julgamento de ser uma mulher comum e se revela encantadora.
O elenco é diverso e aparece bem. Há destaque cômico para atriz mirim que interpreta a filha da protagonista e também para a própria.
Arthur exibiu ao público trabalho que concluiu logo após graduação e injeta curiosidade no que pode produzir pela frente, pois soube contextualizar um mundo muito real e próximo das mulheres brasileiras. A trilha sonora de Yuri Costa é bastante viva e preenche muito bem o tom do filme.
Avaliação: Três tons simpáticos da canções bregas (3/5).
MOSTRA COMPETITIVA (LONGA)
CAFÉ COM CANELA, de Ary Rosa e Glenda Nicácio.
Ficção, 102min, 2017, BA, Livre.
Sinopse:
Recôncavo da Bahia. Margarida vive em São Félix, isolada pela dor da perda do filho. Violeta segue a vida em Cachoeira, entre adversidades do dia a dia e traumas do passado. Quando Violeta reencontra Margarida inicia-se um processo de transformação, marcado por visitas, faxinas e cafés com canela, capazes de despertar novos amigos e antigos amores.
Exibição:
18 de setembro | 21h | Cine Brasília
18 de setembro | 20h | Teatro da Praça (Taguatinga), Espaço Semente (Gama), Teatro de Sobradinho e no Riacho Fundo (em frente à Administração)
19 de setembro | reprise às 15h | Museu Nacional da República
A equipe do longa o apresentou de uma forma sensacional. Evocou cantos simbólicos e emplacou muita identidade, antes do inicio da sessão.
E que filme esplêndido. A cara de um Brasil cheio de dor, mas também amigo e parceiro nas horas difíceis. Cômico, dramático e ambientado em um espaço longe do centro que demanda atenção por n motivos. Cheio de transições acertadas e amplamente bem colocado.
Na trama, vemos uma mulher lutar contra a dor da perda, enquanto outra passa seus dias trazendo vida aos amigos e familiares. A primeira, Margarida, perdeu o gosto pela vida com a tragédia do falecimento de seu único e pequeno filho, Paulinho. Seu esposo não lida bem com a triste fase da mulher e a abandona. A segunda, Violeta, trabalha vendendo salgados nas redondezas e cuida não só do esposo, como da filha e da voinha dela <3. A jovem mora próximo a espevitada, engraçada e necessária Cida e a um jovem médico, vivido pelo ator Babu Santana. O rapaz tem uma relação homo afetiva com Adolfo, um homem mais velho, e juntos criam um cachorrinho. Eles viram um grupo de amigos, após algum tempo, mas antes há a construção de uma forte corrente de ajuda entre Margarida e Violeta.
A montagem é a grande responsável pelas boas surpresas de Café Com Canela e a trama vem em três doses ou fases. Conhecemos a vida de nossos protagonistas e antagonistas por seu passado, presente e um 'quase futuro'.
Visualmente, as metáforas entregam um forte lirismo. A religião e o universo afro é empregado de forma bela e poderosa. Há realmente muito afeto ali.
Um trabalho em equipe precioso que se destaca como um todo. Trilha retumbante, fotografia no tom certo, atuações dignas de prêmios e direção com foco e boas intenções.
Avaliação: Três doses de uma bebida quente e noventa gramas de açúcar (3,90/5)
See Ya!
b-
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