Curiosamente, esses três dias de Mostra Competitiva nos deram tons bem alinhados entre curtas e longas. No Domingo, houve poesia, na segunda, regionalidade, e ontem um teor politico forte e super atual.
A apresentação do evento foi conduzida por Rocco Pitanga e seu filho, Antônio Pitanga. O primeiro exaltou a força e a continuidade do festival e também agradeceu o convite para estar ali presente com o filho. Animadíssimo chamou ao palco as equipes das produções que veríamos a seguir e logo demos tchau a essa figuraça.
De praste, iniciamos pelo curta-metragem, titulado 'Mamata'. O filme tem direção do baiano Marcus Curvelo e revela de forma fidedigna as frustrações dos jovens brasileiros frente a nossa crise socio-econômica atual. Um curta que exprime tragédia e comédia maravilhosamente bem e fez a platéia gargalhar em diversos momentos. Posteriormente, subiu ao palco a diretora Heloísa Passos e sua equipe, totalmente feminina (que poder), para apresentar o seu documentário ''Construindo Pontes''. Ali, a diretora exibe um pouco de sua vida pessoal e as conversas ardentes que tem com o pai sobre a história da politica brasileira. Ambos com perspectivas bastante partidárias e fervorosas mostram um pouco do sul do país e tentam nos fazer refletir sobre nossa política.
Confira os comentários das obras.
Ficção, 30min, 2017, BA, 12 anos.
Sinopse:
Brasil, 2017. Eu desisto.
Exibição:
19 de setembro | 21h | Cine Brasília
19 de setembro | 20h | Teatro da Praça (Taguatinga), Espaço Semente (Gama), Teatro de Sobradinho e no Riacho Fundo (em frente à Administração)
20 de setembro | reprise às 15h | Museu Nacional da República
Mamata traz um jovem indeciso sobre a vida, sobre os tempos atuais no Brasil e sem perspectiva de um futuro melhor. Frustrado, sem emprego e com a namorada residindo nos Estados Unidos, ele decide ir atrás de um antigo conhecido, pois descobriu que o mesmo deve se lançar a candidato político. Vê a oportunidade do contato lhe conseguir um emprego, mas nada é certo. Contudo, ele está realmente pensando em ir embora do país. Na verdade, só fala disso.
Sempre ligado no mundo virtual e deveras preguiçoso, o jovem reflete uma geração que muito fala e pouco produz e o interessante do curta é como a tragédia se torna hilária em trocentos momentos. A reflexão é óbvia e se dá sem ser sem levantar bandeiras azuis ou vermelhas, sem soar pedante e sem maniqueísmos.
Toda a desesperança do personagem torna tudo muito bom aqui e ganha um fundo ainda melhor quando se lança da rampa do congresso ao som do Hino Nacional, entoado pela cantora Vanusa, retirado do vídeo que se tornou um clássico, desde que lançado na internet.
Há uma crítica feliz sobre como o esperançosos e otimistas também se tornaram pequenos e o quase monologo do protagonista é perfeito.
O diretor revelou em sua apresentação que todos da equipe fizeram tudo, então, palmas para eles pela criatividade e pela maestria de fazer o brasileiro rir da própria angústia.
Avaliação: Cinco jovens rindo da própria desgraça com maestria (5/5).
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MOSTRA COMPETITIVA (LONGA) CONSTRUINDO PONTES, de Heloisa Passos.
Documentário, 72min, 2017, PR, Livre.
Sinopse:
O filme retrata a relação entre a cineasta e seu pai, um engenheiro que teve seu momento de glória durante a ditadura civil-militar brasileira. Projeções, mapas e fotos são usados como primeiras pontes para se chegar ao passado. Mas é o inevitável presente que golpeia Álvaro e Heloisa quando, diante da conturbada situação política do Brasil de hoje, cada um se coloca em um ponto oposto.
Exibição:
19 de setembro | 21h | Cine Brasília
19 de setembro | 20h | Teatro da Praça (Taguatinga), Espaço Semente (Gama), Teatro de Sobradinho e no Riacho Fundo (em frente à Administração)
20 de setembro | reprise às 15h | Museu Nacional da República
Documentário, 72min, 2017, PR, Livre.
Sinopse:
O filme retrata a relação entre a cineasta e seu pai, um engenheiro que teve seu momento de glória durante a ditadura civil-militar brasileira. Projeções, mapas e fotos são usados como primeiras pontes para se chegar ao passado. Mas é o inevitável presente que golpeia Álvaro e Heloisa quando, diante da conturbada situação política do Brasil de hoje, cada um se coloca em um ponto oposto.
Exibição:
19 de setembro | 21h | Cine Brasília
19 de setembro | 20h | Teatro da Praça (Taguatinga), Espaço Semente (Gama), Teatro de Sobradinho e no Riacho Fundo (em frente à Administração)
20 de setembro | reprise às 15h | Museu Nacional da República
O documentário chama atenção para a vida da diretora e sua relação com o pai, o engenheiro aposentado Álvaro. Um dos responsáveis pelas diversas construções de rodovias no Estado do Paraná - estas que para ele tiveram extrema importância para o crescimento econômico do sul do país.
O trabalho fora realizado no período em que o Brasil era governado por militares. Um tempo que para o engenheiro, e para muitos outros brasileiros, representou um projeto revolucionário, hoje desabitado. O fervor de Álvaro sobre a época tem som de massacre para os ouvidos de Heloísa e, na realidade, fere o nome daqueles que foram torturados e viveram dias obscuros.
Sempre combatente dos pensamentos do pai e com evidentes referências aos pensamentos de esquerda, ela revela que em sua família 'o não conversar' era normal e que pelos constantes constrangimentos, que chegam a sua opção sexual, achou por bem sair de casa e se mudar para São Paulo.
A diretora faz uma interessante conexão entre o trabalho e os argumentos do engenheiro com a destruição das sete quedas que existiam no Estado e foram e deixaram de existir para desviar a rota da água e ajudar na construção da hidroelétrica de Itaipu. Questiona o resultado daquele ato e do não funcionamento efetivo de muitos dos projetos daquela época. Ideia que faz muito sentido para ela e pouco para ele.
Por sua vez, a melhor das tiradas entre eles é sobre a narrativa que a diretora não constrói. Pois, como documentarista, ela escolhe visualizar antes e estruturar depois. Opção que faz o filme se perder um pouco. Porém, reconhece-se a o bom manejo de imagens, até por usar metáforas que ilustrem a narração recorrente.
Em suma, o embate aqui não faz crescer ou não altera nossas opiniões. Apesar de seguir um caminho criativo. Reverencia a beleza de algumas figuras do cenário nacional - o que soa engraçado e revoltante - e faz uma jornada um pouco longa demais para não achar um pote de ouro.
Avaliação: Dois caixotes de explosivos e meio (2,5/5).
See Ya!
b-
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