O regalo que Michel Hazanavicius deu ao cinema mundial com 'O Artista', em 2011, será sempre lembrado e aplaudido. Lá a produção exaltava o inicio do cinema e o homenageava fazendo com que as suas transições e evoluções fossem um conflito para um artista muito famoso da época.
Em 'O Formidável', o cineasta volta a exaltar o universo audiovisual quando recorta um pequeno pedaço da vida de um dos maiores diretores franceses, o inestimável Jean-Luc Godard (sim aquele da canção do Legião e também do Paralamas). A principio, até onde se sabe, o próprio Godard chamou a idéia do projeto de 'idiota', porém ao público cinéfilo a obra pode sim parecer interessante e de bom gosto.
No elenco, o sempre necessário Louis Garrel e as atrizes Stacy Martin e Bérénice Brejo.
Trailer
Jean-Luc Godard se casou três vezes. Aqui o espectador é posto a acompanhar um pedaço da jornada do cineasta ao longo de sua relação com Anne Wiazemsky (Martin), sua segunda esposa e estrela do longa 'A Chinesa' - produção dirigida por ele que narra a história de um grupo de jovens que tentam incorporar princípios maoistas ao seu cotidiano. É durante as filmagens que os dois se apaixonam e criam um forte vínculo.
Godard aparece como um cara extremamente politico e presente nos acontecimentos da sociedade. Fazendo sua voz se valer por um cinema revolucionário e crítico. Não importando se perdia ou ganhava amigos.
Mas além de tudo vemos aqui o quão necessário para ele é Anne e o cinema.
A produção tem uma narração firme da personagem de Martin. Vemos Godard por seus olhos e,muitas vezes, ele não aparenta ser um cara muito legal. Apesar de ser uma pessoa ativa na sociedade, soa dependente da esposa para tal e vira um menino sem chão quando ela se ausenta para trabalhar.
Seu comportamento também não é dos melhores com os amigos. Pois ao invés de criar soluções para os problemas que vê nos trabalhos deles os critica sem dó e com bastante crueldade. Não aceita que o cinema seja vendido, fala mal com voracidade de uma das maiores vitrines de cinema do mundo 'O Festival de Cinema de Cannes'. E não vê que de lá saia mensagem alguma. (Não é aqui que vemos ele e Truffaut digladiarem e eng a amizade, mas ele critica o amigo e muitos outros).
A relação de Anne e Godard é bela e conturbada e Hazanavicius faz uma imagem do casal que em nenhum momento é caricata ou destruidora. Entrega realmente um roteiro limpo e com diálogos estupendos entre os dois e não nega que o centro do estudo aqui é a estranheza de Godard em um universo que o clama.
Uma das melhores cenas do longa exibe a coletiva do filme 'A Chinesa' e perspicaz mente de um homem que não se deixava abalar por nada e trucidava a todos com seu humor preciso.
Vida real: Jean-Luc Godard e Anne Wiazemsky em outubro de1960
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É extremamente dificil se fazer uma biografia, quanto mais retratar uma pessoa ainda viva e 'O Formidável' - título que casa com a poesia da vida de um gigante e alcança o seu sentido literal - consegue ambientar uma época e trazer personagens a vida de um jeito incrivel,
Vale destacar que não é um filme para qualquer pessoa. Mas para aquelas que AMAM saber mais sobre cinema e que aguentam uma boa dose de aprendizado dos ídolos do cinema com a exemplar ótica de um bom diretor ( La fora, a produção passou pro inúmeros festivais, inclusive, o de Cannes. No Brasil, o filme teve espaço no Festival do Rio e o diretor veio conversar com a imprensa brasileira).
O casal de protagonista é sim estupendo em atuação. Se complementa. Se joga e faz valer toda e cada ângulo direcionado a eles. A caracterização de ambos é fenomenal e muito similar a Jean-Luc e Anne. Garrel tem uma filmografia invejável e fez parte de excelentes filmes (Os Sonhadores é o meu predileto). Já Martin não conhecia e fica a vontade de o fazer. Bérénice Bejo, esposa de Hazavicius faz algumas participações como amiga do casal e tem seu charme.
É notável o trabalho de figurino adentrando uma época em que a mulher parecia ter um guarda-roupa menor e o fazia enorme. O vermelho é usado aqui com uma repetição complementar a paixão vista e a fotografia consegue retratar corpos nus e vestidos com a delicadeza necessária. A edição, geralmente, para este gênero de filme tem uns minutos mais longos, mas aqui caiu certinha.
Ficha Técnica: Le Redoutable, 2017. Direção: Michel Hazanavicius. Roteiro: Michel Hazanavicius o baseado na biografia de Anne Wiazemsky. Elenco: Louis Garrel, Stacy Martin, Bérénice Brejo, Micha Lescot, Grégory Gardebois, Guido Caprino, . Gênero: Biografia, Comédia. Figurino: Sabrina Riccardi. Edição: Anne-Sophie Bion e Michel Hazanavicius. Distribuidora: Imovision. Nacionalidade: França. Duração: 01h47min.
O cinema merece sempre estar no cinema e por isto a dica é confira!
Avaliação: Quatro atos políticos e vinte e cinco choros de carência (4,25/5).
26 de outubro nos Cinemas!
See Ya!
B-
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