É o sonho de muita gente ver um filme com a liga de heróis da DC. Dos estúdios Warner, propriamente falando, esse desejo passou a ser verdade em 2007. Na época, George Miller (sim o idealizador de Mad Max e suas sequências) foi pensado para diretor de um roteiro que eles tinham e o elenco do projeto incluía Armie Hammer e Adam Brody como Batman e Flesh, respectivamente. Mas no fim o próprio estúdio engavetou a ideia e só muito tempo depois a retomou com a ajuda de Zack Snyder.
Responsável por entregar ao público um Homem de Aço consistente, em 2013, Snyder se comprometeu a colocar a Liga da Justiça na tela e ano passado conhecemos finalmente quem seriam os nossos heróis através do longa 'Batman x Superman: A Origem da Justiça'. Ali, Batman e Superman travaram um confronto (meio sem eira e nem beira) e o resultado disso foi muito positivo para Clark Kent. Assim, quase um ano depois, chega então aos cinemas, o filme que mostra todos eles lutando lado a lado e buscando a paz no planeta terra.
Retornam ao seus papéis de Batman e Mulher Maravilha os atores Ben Affleck e Gal Gadot e aparecem em tela como Aquaman, Flash e Cyborg o trio Jason Momoa, Ezra Miller e Ray Fischer. A direção é assinada por Snyder e tem alguns toques de Joss Whedon devido o afastamento do diretor para tratar de assuntos pessoais.
Trailer
Após a morte de Superman (Cavill), a terra é tomada pela escuridão. Decidido a formar uma aliança pela justiça, Bruce Wayne (Affleck) convoca Diana Prince (Gadot) para juntos recrutarem um time poderoso de meta-humanos e defenderem a população mundial do recém-despertado Steppenwolf (Ciáran Hinds). Se juntam então a Batman e Mulher Maravilha, o jovem Barry Allen (Miller), um rapaz que se tornou extremamente veloz, após ser atingido por um raio, e tem uma trágica história familiar, pois viu a mãe ser morta quando criança e o pai ser declarado culpado pelo assassinato sendo inocente, o ex-atleta de futebol americano Victor Stone - sobrevivente de um grave acidente que perdeu grande parte da massa corporal e se tornou um Cyborg com ajuda de seu pai, que é cientista, e construiu para ele um corpo robótico - e também o rei dos mares marrentão Aquamen aka Arthur Curry.
O roteiro de Whedon e Terrio tem argumentos de Snyder e adapta para as telas a formação da Liga com base nos quadrinhos ''Os Novos 52'' e ''Novos Deuses'' da DC Comics. Há a busca por dramaticidade em grande parte da trama, mas o dedo de Whedon aqui deixa claro que a fórmula de Zack foi revestida com mais comédia e menos seriedade.
O tempo que temos para a construção de cada personagem é sucinto e talvez até pouco para revelar mais deles. Afinal, apenas a chamada 'aliança da trindade' ganharam jornadas nas telas - formação entre Batman, Superman e Mulher Maravilha.
Cyborg talvez seja o único que tenha ganhado um reforço dramático sólido, no que diz respeito a sua transformação robótica. Há o conflito com as escolhas que o pai tomou por ele, a perda de entes queridos e a nova vida que lhe parece estranha e impossível. E Diana tenta se conectar com ele para não só o ajudar como engrandescer o time. Já Flash e Aquaman tem tons mais irônicos e ganham espaço para fazer rir. De Flash pouco é conhecido ali, mas sua relação com o pai, vivido por Billy Crudup, é simbólica. O que preocupou foi o tom exagerado de comédia dado ao personagem. Não exatamente o fazendo parecer inteligente e gerando mais risos nervosos do que qualquer outra coisa. O Aquaman de Momoa (que ganha filme o ano que vem) deixa a desejar em diversos momentos. Seja pela atuação que se foca 'em ser o cara legal da turma', mas que não pode deixar de ser bad boy, seja por não ter os superpoderes tão bem desenvolvidos e só parecer forte. Quando conhecemos sua casa Mera (Amber Heard) faz uma curta aparição. A melhor gaitada que talve você dará aqui vem de uma das melhores piadas do filme inteiro e foi ali que Momoa cresceu.
O Batman de Affleck é o Batman de Affleck, apenas ok. Nada melhor. Ele é visto ainda em bons momentos com o Alfred de Jeremy Irons. Gadot mostra aqui caras e bocas como em sua primeira aparição, em 2016, mas consegue fazer mais e lidera bem um time que tem um jogador em falta, na verdade, um super jogador. Temos a presença das Amazonas por alguns minutos e é maravilhoso. Diane Lane e Amy Adams chegam aos pouquinhos e o mesmo ocorre com J.K. Simmons.
Sim, temos que falar de Clark! E talvez seja um pouco 'spoiler', então se quiser parar por aqui e voltar no parágrafo pós gif, é bom.
Bem, a última vez que foi visto Superman estava em um caixão e a iniciativa é sim um pouco prejudicial a formação da liga, afinal, ele é um dos fundadores. Não só o Batman. Como aparenta nos filmes. Nos trailers apresentados, claramente, vemos imagens de Cavill e o longa começa a partir dessa 'saída de cena' do super-herói. Talvez a pouca 'divulgação' da presença do ator no longa seja, inclusive, para não dar o spoiler do seu 'possível retorno'. Porque sim, nos quadrinhos isso acontece (mesmo que altamente diferente) e nas telas seria chato não ver.
Portanto, os pontos se conectam e essa possível volta se torna interessante e faz valer também as aparições de entes queridos do homem de aço. O vilão - que nem dá muito medinho - é chamado de 'Steppenwolf', ou lobo estepe, em tradução livre, e é interpretado pelo ator Ciarán Hinds (Game Of Thrones). O cabulosão tem uma parcela de culpa em quase todo esse processo. Ele havia sido preso por um aliança entre amazonas, homens e até os lanternas ( essa cena me lembrou as guerras do senhor dos anéis) e volta para causar assim que sabe que a terra está desprotegida.
A direção se ajusta aqui a mão de dois realizadores e, apesar de não machucar tanto a película, é óbvio o controle de cada um nos tons que o filme tem. Mesmo que Whedon tenha tido uma porcentagem menor de trabalho.
Sua participação, aliás, mudou o compositor que Zack tem utilizado em seus últimos filmes. Saiu Junkie LX e entrou Danny Elfman. E o fato ocorreu a mando de Whedon. #treta
Assim, Danny Elfman assina a trilha que conta ainda com uma seleção orgástica de músicas famosas em versões por Gary C. Clark Jr e Gang of Youths. Mas também utilizada de temas dos outros filmes já lançados.
O tom sério e obscuro que Snyder, geralmente, abusa em seus filmes ganha um retrato leve pouco a pouco.
A preocupação em agradar o público e vender o projeto bem é talvez um dos grandes dilemas que o 'Snyderuniverse' tem enfrentado. Como algumas cenas precisaram de refilmagem, o orçamento inicial aumentou em 25 milhões e o pé atrás com o filme começou dai. Contudo, não tivemos aqui um Suicide Squad (amém) e chegamos a superar o mediano BatmanxSuperman. Só não peça comparação com Mulher-Maravilha. Que é impossível pelo bom resultado alcançado lá.
Liga da Justiça é sim divertido - mesmo com tom de exagero - e soa razoável para quem não for esperando muito. Os efeitos especiais deixaram a desejar aqui (repare na cena inicial onde precisaram mexer na face de Cavill ou ainda nas cenas tosca do Aquamen nadando) e o 3D nem tá lá essas coisas.
Há duas cenas pós-créditos. Uma é uma referência muito boa aos quadrinhos da relação entre dois dos membros da liga e a outra é sobre a formação da 'Legião do Mal' que conta com a presença do exterminador.
Há duas cenas pós-créditos. Uma é uma referência muito boa aos quadrinhos da relação entre dois dos membros da liga e a outra é sobre a formação da 'Legião do Mal' que conta com a presença do exterminador.
Ficha técnica: Justice League, 2017. Direção: Zack Snyder. Roteiro: Chris Terrio e Joss Whedon - argumento de Zack Snyder e Chris Terrio baseados nos personagens criados por Bob Kane, Bill Finger, William Moulton Marster, Joe Shuster e Jerry Siegel. Elenco: Ben Affleck, Gal Gadot, Henry Cavill, Ray Fisher, Jason Momoa, Ezra Miller, Jeremy Irons, Diane Lane, J.K. Simmons, Robin Wright, Connie Nielsen, Amy Adams, Amber Heard, Billy Crudup, Ciarán Hinds. Gênero: Ação, Aventura, Comédia e um pouquinho de Drama. Trilha Sonora Original:Danny Elfman. Fotografia: Fabian Wagner. Figurino: Michael Wilkinson. Edição: David Brenner, Richard Pearson e Martin Walsh. Distribuidor: Warner Bros. Pictures. Nacionalidade: Estados Unidos. Duração: 02h00min.
Avaliação: Dois laços da verdade e noventa sentimentos mistos (2,90/5).
Não recomendado para menores de 12 anos
Em cartaz!
See Ya!
b-
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