Não é de hoje que o australiano Hugh Jackman, famoso por dar vida a Wolwerine, personagem dos quadrinhos X-Men, demonstra que sabe cantar e sapatear como ninguém. Com um pé no cinema desde 1994 e atuante em shows da Broadway, a partir de 2003, Jackman conseguiu mostrar que é um ator completo. Aliás, por seu papel em 'Boy From Oz', chegou a levar um Tony e também um Emmy - premiações que destacam os melhores no teatro, musicais e no ramo fonográfico. Também apresentou o Oscar em 2009 e diversas vezes o Tony. Em 2012, estrelou o musical Les Miserables com Russell Crowe e Anne Hathaway.
Pois bem, a contar de 2009, o ator esteve envolvido na pré produção de 'O Rei do Show', trama que conta um pedaço da jornada do showman P.T. Barnum, idealizador do Ringling Bros. and Barnum & Bailey Circus. E para Hugh, estar efetivamente no filme, era um dos seus grandes sonhos.
A película com tom divertido, dançante e emblemática pela mensagem positiva têm direção do estreante Michael Gracey, roteiro da dupla Jenny Bicks e Bill Condon (Chicago e Dreamgirls: Em Busca de Um Sonho), canções de Justin Paul e no elenco estão, além de Hugh Jackman, Michelle Williams, Zac Efron, Zendaya, Rebecca Ferguson e Keala Settle.
Indicado a três Globos de Ouro: 'Melhor Filme - Comédia ou Musical, Melhor Canção Original por 'This is Me', composição de Justin Paul, e Melhor Performance por um ator - Comédia ou Musical' para Jackman.
Indicado a três Globos de Ouro: 'Melhor Filme - Comédia ou Musical, Melhor Canção Original por 'This is Me', composição de Justin Paul, e Melhor Performance por um ator - Comédia ou Musical' para Jackman.
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Jackman como P.T. Barnum, ao seu dispor. |
Inspirado pela imaginação de Barnum em criar um mundo mágico, e, nesse meio tempo lucrar com isto, 'O Rei do Show', é um musical original que celebra o inicio de toda a arte do entretenimento e revela o olhar visionário de alguém que surgiu do nada e criou um espetáculo que atravessou todas as fronteiras possíveis. Aqui, ainda vemos um recorte da vida pessoal do empresário que desafia as barreiras sociais e se casa com a filha do patrão de seu pai e mesmo com dificuldades constrói uma linda família.
Trailer
A produção tem a criatividade de se iniciar já no futuro, onde o garoto Barnum já é um adulto e apresenta o seu grande show artístico. Logo após a cena, voltamos ao passado e somos apresentados a realidade difícil de Phineas Taylor Barnum. Morando com o pai e o ajudando no trabalho, ele leva os dias sendo maltratado e correndo atrás de uma vida melhor. Constrói uma linda amizade com a linda Charity (Michelle Williams), filha dos patrões do pai, que logo vira amor e os dois acabam se casando e tendo duas filhas - ainda mais sonhadoras que o casal. Por fim, quando uma crise assola o país e Barnum perde o emprego ele decide correr atrás de seus sonhos criando então um museu de curiosidades. O lugar acaba virando centro das atenções na cidade e o empresário tem a chance de dar luxo a família. Visionário, inclui em seu show números exóticos com artistas que vão desde a gigantes, a anões, mulheres barbadas a trapezistas e homens lobos. Recebe protestos sobre a bizarrice de seu empreendimento, mas é com ele que acaba gerando capital para idealizar outros projetos como trabalhar com o coreografo e teatrólogo Philip Carlyle (Zac Efron) e a cantora Jenny Lind (Rebecca Ferguson).
O enredo segue o esquema conhecido da 'jornada do herói' - apresentação, crescimento, decaída e redenção. É simples, no entanto, amplamente belo, bem coreografado, emocionante, dramático, engraçado e a cara da broadway. Aliás, esta que já foi palco de outro projeto que contava a vida de Barnum e era estrelado por Jim Dale e Glenn Close, mas com perspectiva e equipe distinta.
Os roteiristas de O Rei do Show, Jenny Bicks e Bill Condon, tem carreira na indústria e experiência para dar e vender. Ela já participou de inúmeras equipes, como a de Sex and The City, e ele é roteirista e diretor de Chicago, longa considerado por muitos a volta aos musicais na era dos anos 2000. Aqui a dupla prefere seguir um caminho óbvio e repleto de conveniências para irem direto ao ponto e exibirem mais o showman em ação. Assim, assistimos em uma velocidade feroz o seu crescimento, casamento e estabelecimento econômico para chegarmos aos conflitos com a esposa, a cantora Jenny Lind, com os funcionários e amigos do circo e também com as filhas. Eles pecam também em explicar demais as ações decorrentes dos personagens ou as que estão por vir - se o Burnum está pensando em ganhar dinheiro ele expressa em palavras isto e soa muito repetitivo.
Já na preparação para o filme se percebe que a equipe passou por grandes emoções para realizar o musical
Gracey escapou do departamento de animação, supervisão de efeitos visuais e composição digital para vir dirigir este mega projeto. Como ficou comprometido em muitas cenas, recebeu ajuda do diretor James Mangold (Logan) para assistência-lo na condução - Mangold é classificado como produtor executivo nos créditos finais do filme. Portanto, temos uma direcionamento consistente e no ponto. Câmeras com movimentos vivos, como as cenas pedem. Takes dinâmicos e cortes acertados. Certa hora o filme tem uma caida, por conta do drama, mas logo recupera o fôlego. Gracey diz ter usado referências aqui de 'Mary Poppins, Amor Sublime, Amor e A Noviça Rebelde' e para alguns vai ser muito fácil reconhecer.
Michelle Williams e Hugh Jackman trabalham juntos pela segunda vez - a primeira foi na película 'A Lista: Você Está Livre?'. O papel de Charity, na verdade, quase foi de Anne Hathaway, pois Jenny a escreveu com Anne em mente. Porém Michelle encarna a esposa de Barnum com delicadeza e um ar sútil. Ganha, de certa forma, função mais efetiva quando conflitos amorosos surgem mais para o meio do filme. Jackman é o astro e reina com maestria por todo o longa. Entrega um tom calmo em muitas canções, diferente de outros musicais que fez, todavia, tem seus momentos de explosão. Dança, sapateia e evidencia um gingando que precisa aparecer muito mais por ai. Zac Efron e Zendaya têm no filme, como os personagens de Hugh e Michelle, diferenças de classe, mas vivem um romance ainda mais forte, pois a personagem de Zendaya é do circo e é tida como uma freak pela alta sociedade e os pais do rapaz, claro, não querem o romance. Os dois são responsáveis por cenas lindíssimas e deixam o expectador vidrados na tela pelas coreografias com o uso dos trapézios. Zendaya, inclusive, não usou dublê em suas cenas e é, francamente, uma das melhores em cena junto com Keala Settle, a mulher barbada, ou ainda o anão Tom, vivido por Sam Humphrey (que sofre algumas alterações digitais para parecer mais novo). O dilema do não tenha medo de ser quem você é, é o carro chefe destes personagens. Rebecca Ferguson interpreta a cantora Jenny Lind e sua beleza e perfeição combinam com as características magnânimas da musicista. A personagem ainda é responsável por um dos importantes conflitos do filme e o ponto de partida para a queda de Barnum e talvez sua ascensão definitiva, pois ele muda seu modo de pensar após o sofrimento que causa.
A parte técnica do filme é, sem dúvidas, de um trato finíssimo e agrega muito ao musical. O figurino é específico para a época em que a trama tem palco, a fotografia revela tom sombrio nos momentos difíceis e se modifica para cores quentes quando a glória e o sucesso chegam. A edição não é enrolada e também consegue agradar.
Por fim, vale dizer que O Rei do Show é um filme que pode dar bons momentos aos fãs de musicais, tem bons alívios cômicos e duas ou três canções que grudam na sua mente, todavia, não há um grande plot twist nele ou algo que lhe fará sair do cinema extasiado.
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Zac Efron encena lindas coreografias com Zendaya. Efron participou não sou de uma trilogia musical **High School Musical** como também de Hairspray, filme com John Travolta. |
Uma das canções principais do filme, ''This is Me'' (escute aqui), foi selecionada para ser o tema da produção e a cantora pop Ke$ha empresta sua voz para entoar este belo hino a aceitação de quem se é, pois os conflitos do filme se direcionam exatamente para o que já conhecemos como o 'seja você mesmo que seja bizarro' e tenha orgulho disso.
É impossível sair da sessão e não correr para sua conta de streaming para escutar o disco completo da trilha sonora original que tem composição de um quarteto especialista. Entre eles, Justin Paul, o mesmo compositor das canções de 'La La Land'.
Ficha Técnica
Título original e ano: The Greatest Showman, 2017. Direção: Michael Gracey . Roteiro: Jenny Bicks e Bill Condon. Elenco: Hugh Jackman, Michelle Williams, Zac Efron, Zendaya,Rebbeca Ferguson, Austyn Johnson, Cameron Seely, Keala Settle, Sum Humphrey, Ellis Rubin, Skylar Dunn. Gênero: Musical, comédia e drama. Trilha Sonora Original: John Debney, Benj Pasek, Justin Paul e Joseph Trapanese. Fotografia: Seamus McGarvey. Figurino: Ellen Mirojnick. Edição: Tom Cross, Robert Duffy, Joe Hutching, Michael McCusker, Jon Poll e Spencer Susser. Distribuidor: 20th Century Fox. Nacionalidade:Estados Unidos. Duração: 01h45min.
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