quarta-feira, 20 de dezembro de 2017
Sora no Otoshimono – Tokeijikake no Angeloid
Falar sobre a animação Sora no Otoshimono – Tokeijikake no Angeloid pode ser extremamente complicado. É possível analisar um anime de forma isolada? Gosto de pensar que sim. Porém, em alguns casos, o contexto é necessário. Vamos falar de gêneros então. Se no cinema existe, por exemplo, a comédia e seus subgêneros (comédia de erros, comédias road movie, comédia de "maconheiro"), isso existe também nos animes, que possuem seus vários gêneros, entre eles Shoujo, Shounen, Seinen, entre outros. Deveríamos, então, julgá-los de acordo com suas propostas em seu
próprio gênero, em sua eficiência dentro das características inerentes a eles.
E o anime tem em si representações culturais distintas e específicas, que devem - na teoria - ser respeitadas. O que acontece, então, quando algumas dessas culturas possuem sua parcela de sexualização gratuita direcionada a mulher e uma imaturidade em si? São tradições de um gênero que tem seus milhares de adoradores, mas que ajuda a cimentar os esteriótipos das bizarrices asiáticas. E no contexto atual, onde o empoderamento é -com razão - o mote, fica difícil avaliar este filme, que é sem dúvidas ofensivo. Ora, se estamos numa época que ataca qualquer tentativa de desvirtuar uma cultura, que rotula, às vezes de forma apressada e errônea o "whitewashing", o ato de censurar a cultura do tipo de anime que este filme é não seria, também, um ato de repressão? São tempos complicados, onde um projeto tem que andar na linha tênue entre a ousadia e o respeito. Aquele velho ditado do "sempre haverá alguém ofendido" não pode existir mais.
A trama do filme de Sora no Otoshimono gira em torno de Sakurai Tomoki, um estudante que tenta levar sua vida em paz sem nenhuma preocupação, a não ser por um estranho sonho, que ao despertar, ele começa a chorar. Ele possui uma amiga de infância com o nome “Sohara” que possui um estranho soco assassino, e conhece criaturas estranhas que vêm do céu que não são humanas, são Angelóids.
Se houvesse um gênero para Sora no Otoshimono, seria uma mistura Harém (gênero de anime e mangá que apresenta um personagem masculino ou feminino, que vive rodeado por várias personagens do sexo oposto) com um leve Ecchi ( é um termo japonês que refere-se a relação sexual ou amostra de muita sensualidade). Dessa forma, o jovem Tomoki é rodeado dessas criaturas em forma de voluptuosas mulheres chamadas Angeloids, que o chamam de mestre e são ingênuas como uma criança.
Analisando como um filme, a obra não é muito eficiente em estabelecer este universo, já que esta produção é a sequência de uma série animada de duas temporadas. Se os fãs do anime devem ficar contentes, quem não tem afinidade com este mundo ficará, com certeza, insatisfeito.
Se há algum problema com este filme, então, é em sua própria cultura. São retratadas diversas punhetagens nerds, como as que não incomodam (as sequências de "pornô" de kaijus, monstros gigantes e armaduras robóticas que agrada o fã), e as mais questionáveis, como todo o teor sexual e exploração dessas personagens. Se há momentos de um nonsense e imaturidade interessantes, como a simples imagem de milhares de calcinhas voando - como numa migração de aves - por pontos turísticos mundiais, há também os momentos de vergonha alheia, contidos nesta mesma sequência, onde vemos as garotas que perderam a calcinha de ângulos baixos que ameaçam mostrar suas partes íntimas.
Nestes momentos, não há humor que salve, culturais ou não. No fim, fica a critério, como sempre, do próprio espectador. O trailer de Sora no Otoshimono – Tokeijikake no Angeloid o estampa como "o anime mais desprezado". O fato de isto soar mais como orgulho é preocupante.
Sora no Otoshimono – Tokeijikake no Angeloid faz parte da Anime Night da Cinemark e será exibido em 20 de dezembro nos cinemas participantes.
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