Um filme com alma, repleto de afeto e representação de uma luta ainda interminável. Este é 120 Batimentos Por Minuto. Longa francês que passou por diversos festivais internacionais de cinema, incluindo o do Rio, e já ganhou cerca de 19 prêmios. Aliás, ele foi a escolha da França para submissão ao Oscar de 2018.
Na trama, vemos o desenrolar de milhares de conflitos dentro de um grupo ativista chamado ''ACT UP'' que, durante a década de 90, pressiona corporações farmacêuticas, governo e pessoas sobre a pouca atenção dada a causa da prevenção ao HIV.
Dirigido por Robin Campillo (Eastern Boys e Eles Voltaram), roteiro do próprio em parceria com Philippe Mangeot, e protagonizado por Nahuel Pérez Biscayart, Arnaud Valois, Ariel Borenstein e Antoine Reinartz, a película é o lançamento da Imovision para esta semana.
Trailer
Quando a tela se abre, vemos um grupo de pessoas se preparando para invadir uma conferência - e descobrimos mais a frente que aquele era um evento sobre saúde. Adentramos então uma reunião da ACT UP onde um de seus membros faz um panorama para novos voluntários e explica o trabalho feito ali e como os encontros são realizados. Dois dos novos membros são Nathan (Valois) e Jèremie (Borenstein), o primeiro engajado na causa por opção e o segundo por ser soropositivo. Ambos começam com o pé direito no grupo e já se engajam nas atividades de protesto e distribuição de panfletos. Durante um destes eventos, Nathan se aproxima do ativista Sean, um soropositivo de opinião forte e consistente. Os dois iniciam um relacionamento paralelo ao trabalho na Act up e a pressão em ambos vai aumentando com o passar dos dias. Por outro lado, o doce Jèremie dá a todos um pouco de sua luz e a doença começa a persegui-lo. O grupo de ativista tem como diretor Thibaut (Reinartz), um homem centrado e que baseia todas as decisões da Act up com cautela. Uma delas a de pressionar corporações farmaceuticas para liberar informações precisas da toxidade dos remédios usados nos tratamentos contra a AIDS.
'120 Batimentos Por Minuto' quer mais do que causar impacto, a produção quer e consegue também ser muito consciente. Revela um grupo de homens interessadíssimos em compreender mais sobre os remédios que devem tomar para conter o vírus da HIV e trabalham arduamente pela sua causa e dos que o cercam.
Os conflitos que se apresentam vem em dose. Conhecemos as jornadas de jovens que logo na primeira transa foram infectados , jovens que ao necessitarem de doação de sangue também o foram e jovens que estão ali como voluntários para ajudar, pois sabem que o mundo LGBT (a sigla foi alterada em 2008 para inclusão e novo olhar sobre o universo das lésbicas, mas por toda a década de 90 o G veio a frente) necessita de força para lutar contra os mais diversos preconceitos.
No meio disso tudo, surge uma história de amor entre Nathan e Sean. O
casal tem, inclusive, cenas quentes de sexo, contudo, com muito cuidado e
sempre pensando na doença. Sean é um ativista ferrenho do grupo e não
aceita tudo que a diretoria quer com facilidade. Bate de frente. Grita.
Sai as ruas. Mas não se deixa invisível. Nathan o nota exatamente pela
força que ele mostra, ao mesmo tempo que está tão doente. Claro que a
relação apresenta conflitos, porém ela engrandece a trama de um jeito
maravilhoso e nos faz ficar fãs destes personagens. Outro que se destaca
bastante é o diretor do grupo Thibaud. Aliás, os três atores, Arnaud
Valois, Ariel Borenstein e Antoine Reinartz, estão excelentes em cena.
A trilha sonora de Arnaud Rebotini (escute aqui) exalta dicumforça a ascensão da música eletrônica nos anos 90. Em certa cena na qual todo estão dançando e Sean já não está tão próximo do grupo, o embalo serve de reflexão, pois apesar de estarem um ao lado do outro, parece também que todos estão sozinhos. Sentindo suas dores e seus dilemas.
A fotografia do filme passeia por um mundaréu de sentimentos fortes e se faz quente quando se permite ser e sóbria quando deve.
Ficha Técnica
Titulo original e ano: 120 battements par minute, 2017. Direção: Robin Campillo. Roteiro: Robin Campillo e Philippe Mangeot. Elenco: Nahuel Pérez Biscayart, Arnaud Valois, Adèle Haenel, Antoine Reinartz, Ariel Borenstein, Félix Maritaud, Aloise Sauvage, Simon Bourgade, Catherine Vinatier, Coralier Russier. Gênero: Drama. Trilha Sonora Original: Arnaud Rebotini. Edição: Robin Campillo, Stephanie Leger e Anita Roth. Distribuidora: Imovision. Nacionalidade: França. Duração: 02h23min.
Pessoas sensíveis, seu coração vai ficar em pedaços!
Avaliação: Três gritos de atenção e noventa corpos calorosos (3,90/5).
Avaliação: Três gritos de atenção e noventa corpos calorosos (3,90/5).
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