quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Pela Janela, de Caroline Leone


Em ''Pela Janela'', a atriz Magali Biff, conhecida por um histórico extenso de trabalhos na tevê e no teatrovive Rosália. Uma funcionária aplicada de uma fábrica de reatores da periferia de São Paulo que um belo dia recebe a notícia de que seus serviços não serão mais necessários. Impactada com a despensa seu mundo imediatamente perde todo o sentido e esta forte mulher entra em depressão. A fábrica fora seu local de trabalho e vivência por quase 30 anos e a operária se conformava com aquela vida. Em casa, ela acaba ganhando o carinho e consolo de seu irmão José, interpretado por Cacá Amaral, e junto com ele pega a estrada para Buenos Aires para clarear as idéias e não ficar sozinha.

Ganhador do 'Juri da Crítica Internacional' do Festival de Rotterdam, em 2017, a produção participou ainda de diversos outros festivais de cinema e chega aos cinemas na data de hoje marcando a estréia de Caroline Leone na direção e no roteiro. 

Uma história simples que traz a libertação de uma mulher presa ao conformismo de uma vida de dedicação ao outro. 

Trailer



Este é o terceiro longa de Magali Biff, mas o primeiro como protagonista. Já a vimos atuar com diversas faces, vilã, mocinha, amiga, mãe, e etc, mas esta é a primeira vez que conhecemos um lado singelo e simples. Sem muito reboco e necessidade de esforços. A jornada de uma mulher para a liberdade. Um empurrão que muitas vezes muita gente precisa e Rosália, aos 65 anos de idade, teve.

A principio, a operária encara tudo como o fim do mundo. Quer se trancar. Não quer comer. Mas a boa oportunidade que o irmão lhe proporciona de viajar e esparecer a traz de volta ao mundo. José, na verdade, nem tinha como levá-la, mas sabe que naquele estado ele não poderia deixar a irmã e o seu pequeno esforço traz muitas coisas novas a vida de Rosália.


Em certo ponto da viagem, eles passam pelo sul do país para chegar a fronteira com a Argentina e José leva Rosália para conhecer as cataratas de foz do iguaçu. Resistente e sempre na dela, Rosália nem queria ver de perto a beleza que é todo aquele mundaréu de água. Todavia, suas feições vão mudando quando ela sente o frescor e a força que o lugar têm. Eles ainda param em alguma cidadezinha na Argentina e a irmã de José até se assusta. Pois não vê tanta diferença nas paisagens.
Ele, claro, explica que jajá ela verá nas palavras e logo menciona algumas para que ela compreenda.

''Sabe como chama fogo aqui?'' ''- Fuego!''

Ao passar dos dias, Rosália vai conhendo mais da cultura portenhas e dos Argentinos. Em grande parte, o elenco mais velho, contudo, alguns jovens também aparecem por ali e tem bons papos com ela.
A personagem de Magali começa o seu processo de liberação quando chega a Foz do Iguaçu
Há na condução de Leone uma singularidade que se perpetua por todo o longa. Não há intenção de termos uma movimentação e muitos conflitos, pois todos estão acontecendo dentro da personagem principal e ela escolhe captar e seguir Rosália. Se atentar somente a ela. A ligação com o irmão é talvez o que dê ao filme um andamento maduro e consistente. Pois em ''road movies'' sempre vemos os personagens caminhar e seus dramas ficarem para trás.  

Percebe-se uma boa integração com a equipe argentina e o tom do filme não sofre alterações bruscas e tudo ocorre passo a passo. A escuridão da fotografia, por exemplo, vai se tornando claridade e chegamos a tons mais quentes e quando chegamos ao possível retorno de Rosália e José ao Brasil podemos ver como a experiência a mexeu e a mudou. 


''Pela Janela'' é sim um filme maduro e com uma beleza que merece reflexão. Assim, atentem-se aos seus detalhes para que a aborção dele na sua alma seja melhor a cada vez que olhar novamente para estes personagens em sua memória.

Ficha Técnica
Direção e roteiro: Caroline Leone. Elenco: Magali Biff e Caca Amaral, País: Brasil. Ano: 2018.Gênero: DramaDireção de Fotografia: Claudio Leone. Direção de somMartin Grignaschi. Técnico de SomFederico Billordo. Figurinista: Cassio Brasil e Julieta Gantov. Direção de Arte: Juan Giribaldi. Montagem: Anitta Remón e Carolina Leone. Distribuição: Vitrine Filmes. Produtoras: Dezenove Sons e Images e Rizoma Films. Duração: 01h27min.
Avaliação: Três viagens libertadoras e meio abraço apertado (3,5/5).

18 de janeiro nos Cinemas!

See Ya!










B-

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