Todo o Dinheiro do Mundo, de Ridley Scott

O ricaço John Paul Getty foi o fundador da Getty Oil Company e ganhou bilhões no ramo petrolífero. De postura rígida e sempre a frente dos seus negócios, se casou diversas vezes e teve quatorze netos. Um deles, John Paul Getty III, foi sequestrado aos 16 anos, quando vivia com a mãe na Itália, e chegou a ter uma orelha decepada pelos bandidos, pois o avô se negava a pagar a quantia do resgate.

Uma biografia sobre toda a família e o caso completo foi escrita pelo autor John Pearson (ver livro aqui). Agora a trama chega aos cinemas com roteiro de David Scarpa, direção de Ridley Scott e protagonizada por Michelle Williams, Christopher Plummer, Andrew Buchan, Charlie Plummer e Mark Wahlberg. 

''Todo O Dinheiro do Mundo'' traz a ganância, a frieza, a avareza em pessoa, mas nunca um avó de verdade e atuação de Plummer é tão notável que esquecemos os problemas do desenvolvimento do longa.

Trailer

 O filme apresenta seus personagens com voltas no tempo e idas ao futuro. Conhecemos um pouco da trajetória do poderoso J. Paul Getty, interpretado por Plummer, e logo então a família de um de seus filhos, John Paul Getty II (Buchan). Casado com Gail Harris (Williams) - que na trama não é apresentada como ex-atriz, mas no livro sim - desempregado e pai de dois filhos, o herdeiro pouco contato têm com o pai, porém quando surge a oportunidade de trabalhar na empresa da família ele a agarra e a todos se mudam para a Itália. Quando lá chegam, logo vemos os belos carros da moda setentista (e alguns  modelos que nem tinham sido lançados na época também, gafe básica). Com o poder nas mãos, Getty segundo acaba se desvinculando da família e se divorcia da esposa com regras ditadas pelo pai. Ela aceita e segue a vida com os filhos. Mas é quando um inesperado sequestro ocorre que ela precisa recorrer a ajuda financeira do avô das crianças para ter o filho de volta. O magnata se exime de qualquer responsabilidade, contudo, envia um homem de sua confiança, o ex-espião Fletcher Chase (Wahlberg) para colaborar no caso e tentar descobrir o que realmente aconteceu ao neto. Aos poucos o cerco vai se fechando e a única solução é realmente pagar o resgate, pois os bandidos enviam um pedaço do rapaz a um jornal local e ocorrido vira noticia no mundo.

Plummer aos 88 anos de idade dá show - seu personagem era oito anos mais novo na época do ocorrido

A produção sofreu uma interessante modificação, após declarações ridiculas do ator Kevin Spacey na mídia, e este foi demitido do longa. Com um filme completo e um mês antes de seu lançamento, o diretor Ridley Scott decidiu chamar então Christopher Plummer, que havia lido o roteiro  anteriormente, para refilmar as 22 cenas em que Kevin aparecia como Getty. E não é que deu certo?

Primeiro que Plummer não necessitou de modificações para mostrar a idade do personagem e segundo que sua atuação vem em tons duais. É fria, mas sabe passar aquele 0000000,1%  de carinho.

A força de seu trabalho foi tamanha que também foi lembrado nas indicações ao globo de ouro e ao  Oscar 2018 na categoria de melhor ator coadjuvante.

 O elenco central, Williams e Wahlberg - que também necessitou refilmar cenas - também aparecem bem, mas nada super maravilhoso de se falar 'uau'. Uma mãe aflita ok e um ex-expião ok. O jovem Charlie Plummer, que mesmo com esse sobrenome, não é parente de Christopher é frágil como seu personagem pede e também dribla desafios do enredo.

Há uma subtrama por trás de tudo que conta de um jeito desleixado o trabalho dos bandidos e o da policia para solucionar o sequestro. O arco dos bandidos se modifica, se movimenta e até traz um pouco da relação de um deles com o herdeiro, mas o da policia é totalmente frouxo e pouco vemos eles fazerem algo. 

O neto de Getty viva uma vida boêmia na Roma setentista

Com a modificação do orçamento do filme, Williams e Wahlberg voltaram ao set para refilmar algumas cenas, mas a atriz não recebeu o mesmo tanto que o colega de cena. Recentemente, o valor a mais recebido por Wahlberg foi doado para a causa do Time's Up - movimento que cresceu nos últimos meses devido aos abusos sofridos por mulheres na indústria cinematográfica.

Direção de Scott faz um recorte bravo e grandioso destes personagens tão reais, mas o terceiro ato vem de um jeito raso e simplório. Edição é realizada por Clairse Simpson.

O filme não perde força na parte técnica. O figurino  de Janty Yates é o grande destaque e nos transmite realidade da época do ocorrido.  Trilha sonora (escute aqui) tem composição de Daniel Pemberton.

 Artes do filme

Ficha Técnica: All The Money In The World, 2017. Direção: Ridley Scott. Roteiro: David Scarpa  - adaptação da obra homônima John Pearson. Elenco: Mark Wahlberg, Michelle Williams, Christopher Plummer, Andrew Buchan, Charlie Plummer. Gênero: Drama, suspense. Trilha Sonora Original:Daniel Pemberton. Fotografia: Don Burgess. Figurino: Janty Yates . Edição:Claire Simpson. Distribuidor: Diamond Films . Nacionalidade:Estados Unidos. Duração: 02h13min.

Não recomendado para menores de 16 anos.

 

Avaliação: Três empresas petrolíferas ao léu (3/5).

01 de Fevereiro, nos cinemas!

See Ya!

B-

Escrito por Bárbara Kruczyński