quinta-feira, 22 de março de 2018

A Melhor Escolha


Após receber a noticia de que seu filho fora morto em combate, durante a Guerra do Iraque, Larry Sherpherd (Steve Carell), decide visitar dois amigos dos tempos em que também era um jovem 'marine' para requisitar  a ajuda deles com o funeral. Primeiramente, Doc, como também é conhecido pelos buddies, contata Sal Nealon (Bryan Cranston), agora dono de seu próprio bar e um senhor sem papas na língua, e com o auxilio do mesmo encontra Richard Mueller (Laurence Fishburne), também colega de serviço militar dos dois e agora líder de um tempo religioso e pai de família.

A trama vem com aquele tom altamente 'patriota' estado-unidense e insere-se como um drama  salpicado aqui e ali com bom humor. O roteiro é uma adaptação do livro homônimo de Darryl Panicsan. Darryl assina o projeto em parceria com Richard Linklater (o queridinho dos filmes indies dos anos 90 - Jovens, Loucos e Rebeldes e o inicio da trilogia ''Antes do amanhecer'' - e que chegou aos anos 2000 ainda melhor do que se podia imaginar - Boyhood e a finalização da trilogia citada) que não só ajuda na escrita do filme como também o dirige.

Luto, amizade, guerra, velhice, estilo de vida, e o companheirismo masculino são alguns dos temas que aparecem aqui.

Trailer

Tido como uma resposta ou até sequência ao longa de 1973 ''A Última Missão'', estrelado por Jack Nicholson, Ottis Young e Randy Quaid, onde dois militares levam um também colega de serviço para curtir seu tempo livre antes de ser preso, 'A Melhor Escolha' embarca o espectador em uma jornada de homens, de ex-militares e de amigos que há muito tempo não se viam. O reencontro acaba trazendo reflexão sobre o período de serviço militar em que Sal, Richard e Doc compartilharam e traça uma linha em como ambos eram bem diferentes na juventude.

A dor de Doc (Carell), com o desenrolar do longa, sabemos que não é também só pela perda do filho.


A principio, Sal não encara bem a ideia de alterar seu dia-a-dia para ajudar o colega, no entanto, se mostra muito menos resistente que Richard, pois passa seu tempo administrando, sem muito zelo, o próprio negócio. Já Richard só aceita partir com a dupla após a esposa o convencer que não só como amigo, mas também como líder de uma comunidade cristã, era seu dever consolar aquele pai sem rumo. 

Por fim, os três seguem para a base militar onde será velado o corpo do filho de Doc e é durante todo o percurso que os três vão se reaproximando e se reconectando. Porém, não é ali que a saga do trio termina, não mesmo. Quando eles chegam a base é que conflitos importantes se deixam cair por tela e o personagem de Carell toma novas decisões sobre o funeral do filho. Assim a trama também se reconfigura e o que parecia ser, de certa forma, simples se torna um pouco mais complexo.


Linklater apresenta aqui um texto descomplicado com uma trama, talvez, muito norte-americana e, além de drama e comédia caminharem juntos, há uma clara direção para os referenciais de 'roadmovie'. Sua condução permite traçar o espaço e também o perfil de cada um dos personagens e suas características como diretor e roteirista se mostram com facilidade - histórias que se passam em um dia ou em determinado tempo e um cast ou equipe que já trabalhou com ele anteriormente. O roteiro determina a época em que a trama acontece e não só traz dados históricos do período, acompanhamos um pedacinho da prisão de Saddam Hussein e a morte de seus herdeiros, como assistimos os personagens vivenciarem o inicio da tecnologia 'MOBILE' e comprarem telefones celulares com planos de trocentos minutos para falarem com pessoas em Estados diferentes e não pagarem quase nada, ah, e George W. Bush ainda era o presidente da nação.

As atuações de Cranston, Carell e Fishburne estão afiadas e certeiras. Dos três, Carell é o que menos tem humor, e por ser visto em comédias, surpreende sempre que aparece em tom sério. Aqui encarna um ianque bem tipico, calmo, centrado e conformado com a vida. Cranston vive um solteirão, mulherengo e boca suja, certamente, o personagem que mais dá cor e movimento ao filme inteiro e Fishburne interpreta um religioso que nem sempre foi tão religioso assim e que tem lá seus metodismos e manias. Há também a boa participação do ator J. Quinton Johnson na película. Seu coadjuvante faz revelações aos protagonistas e tem um bom caminhar na cenas que lhe cabem.

'' - Homens fazem guerras e as guerras fazem os homens. Ciclo Vicioso. Talvez um dia tentemos algo diferente''. 

O tom denso da fotografia abraça o luto, mas também fica leve em takes mais descontraídos como os filmados durante a viagem ou dentro de estações de metrô.

Na lista de canções aparecem Eminem (este é até citado em uma cena hilária), Bob Helms, Albert King e os créditos chegam com o soar da voz rasgada de Bob Dylan com a canção 'Not Dark Yet'. A trilha sonora original é assinada por Graham Reynolds, parceiro de longa data de Linklater.

O figurino do filme é de Kari Perkins e há uma cena em questão onde os personagens falam sobre 'a farda oficial' que ganha notoriedade e casa com o desfecho do longa. 


Ficha Técnica: Last Flying Flag, 2017Direção: Richard Linklater. Roteiro: Richard Linklater e Darryl Ponicsan - adaptddo do roteiro do livro de Darryl Ponicsan. Elenco: Bryan Cranston, Laurence Fishburne, Steve Carrell, J. Quinton Johnson, Deanna Reed-Foster e Yul Vasquez.   Gênero: Drama, Comédia. Trilha Sonora Original: Graham reynolds (lista de músicas aqui)Fotografia: Shane F. Kelly. Figurino: Kari PerkinsEdição: Sandra Adair. Distribuidor: Imagem Filmes. Nacionalidade: EuaDuração: 02h04min.



Avaliação: Dois soldados mortos e cinquenta reencontros (2,5/5).
Não recomendado para menores de 12 anos
22 de Março nos cinemas

See ya!

B-

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