quinta-feira, 19 de abril de 2018

7 Dias em Entebbe, de José Padilha


A história real do sequestro do voo 139 da Air France que se locomovia de Tel-Aviv à Paris, em junho de 1976, vira mais uma vez tema de uma produção cinematográfica - o ocorrido foi exibido anteriormente em longas como ''Resgate Fantástico'' (1976), Vitória em Entebbe (1976), Operação Thunderbolt (1977) e o documentário para a tevê ''Operação Thunderbolt: Enttebe (2000)''.  

Esta nova versão do trágico dia em que terroristas da 'Frente Popular Pela Libertação da Palestina ' e dois membros da Fração do Exército Vermelho, também conhecida como Grupo Baader-Meinhof, raptaram um avião, o pousaram na Líbia e depois o levaram até Entebbe, Uganda, para exigir do governo Israelense a liberação de presos é adaptada do livro escrito por David Saul (ver aqui), publicado em 2015, um dos muitos que relata o sequestro.

A película, que chega esta semana aos cinemas brasileiros, têm Rosamund Pike, Daniel Brühl, Eddie Marsan, Denis Ménochet e Nonso Anozie, no elenco. O filme conta ainda com o roteiro de Gregory Burke e direção do cineasta José Padilha.

Trailer

 

A produção consegue ser bastante informativa. Detalha dia a dia do sequestro, constrói um background para os dois alemães (Brühl e Pike) que estão ajudando os terroristas palestinos, tenta dar vida a alguns dos 'reféns' mostrando seus traumas e também exibe o outro lado: o governo israelense. Ali, o primeiro ministro Yitzhak Rabin, papel de Lior Ashkenazi, e o Ministro da Defesa do país, Shimon Peres, vivido pelo excelente Eddie Marsan, entre outros, tentam a todo custo pensar em uma saída que não seja negociar com os sequestradores. Chegam a um plano e o executam. 

A ação foi bem sucedida e é de um todo histórica exatamente pela força militar que não se deixou levar por demandas de outrem chegando a ter poucas baixas no exército de Israel bem como entre o grupo de reféns. Aliás, um dos militares atingidos, Yoni Netanyahu, ou talvez o único, virou herói nacional e, sem querer, construiu a escada para o irmão mais novo, Benjamin Netanyahu, entrar na política e se tornar primeiro ministro.


O livro de Saul ganhou um ótimo review do New York Times (ler aqui). Fala-se não só das novas informações que ele conseguiu ter acesso como também em como foi necessário que aqueles personagens ganhassem vida e detalhes específicos. Ademais, revela como Saul entrega um apanhadão consistente do resgate.

No filme, há uma certa dose de detalhes, mas vemos uma ótica perturbadora em que os sequestradores alemães tentam não serem julgados por estarem ali colaborando com a prisão de judeus. Além disso, força-se uma barra gigante para coloca-los como 'bodes expiatórios', quando claramente eles foram essenciais para o deslanchar da operação. O roteiro também peca em não explorar tanto a ligação dos terroristas com o ditador Idi Amin, afinal, ele tomou o poder dias antes do ocorrido e já tinha uma fama horrenda de seus atos cruéis.

A atuações de Daniel Brühl, Rosamund Pike e Eddie Marsan se destacam, apesar da ótica defasada que o diretor dá a história. O filme poderia ser motivo de orgulho, afinal traz uma equipe cheia de brasileiros - a edição é de Danizel Rezende (diretor de Bingo: O Rei das Manhãs), a fotografia é assinada por Lula Carbalho e a trilha sonora do músico foi composta por Rodrigo Amarante (membro do grupo Los Hermanos) - porém, só reflete o quão longe estamos de entender as guerras alheias e as nossas próprias.


Ficha Técnica: 7 Days In Entebbe, 2018Direção: José Padilha. Roteiro:Gregory Burke. Elenco: Daniel Brühl, Rosamund Pike, Eddie Marsan, Denis Ménochet, Nonso Anozie, Mark Ivanir, Lior AshkenaziGênero: Biografia, Suspense. Trilha Sonora Original: Rodrigo AmaranteFotografia: Lula CarvalhorFigurino: Bina Daigeler. Edição:Daniel Rezende. Distribuidor: Diamond Films. Nacionalidade: Reino Unido. Duração: 01h47min.


Avaliação: 2 mil civis sangrando (2/5).


19 de Abril, nos cinemas!

See Ya!


B-

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