“Todo dia ela faz tudo sempre igual…” mas se “Lucky” fosse uma música, acredito que “Boa Sorte”, de Vanessa da Mata e Ben Harper, a representaria bem. Pois bem, hoje vamos falar desta obra que já está disponível nas plataformas digitais e é o último trabalho de Harry Dean Stanton.
Lucky é um senhor por volta dos 90 anos e vive em uma cidade desértica com algumas outras pessoas. Veterano de guerra e de independência sem tamanho, ele passa o tempo seguindo sua rotina de maneira metódica a fim de buscar o sentido para ainda estar vivo após tanto tempo.
Este é um filme maduro!... não apenas pelo elenco mais velho que, além de Harry Dean Stanton (Alien), tem David Lynch (Twin Peaks), Ton Skerritt (Contato), Barry Shabaka (O Terminal), Beth Grant (Donnie Darko) e outros, mas pela maneira sóbria com a qual a vida do protagonista é retratada. A seriedade e o humor ríspido de Lucky são mostrados sem nenhuma máscara e é capaz de fazer o espectador se aproximar e afastar conforme as coisas vão acontecendo.
As atuações não são memoráveis, exceto Stanton, mas são muito boas. Você consegue aceitar as histórias contadas, as situações de vida demonstradas em tela, as relações interpessoais… e quando chega no protagonista, tudo é elevado e ele realmente dá um show.
Trailer
O roteiro fica por conta de Logan Sparks e Drago Sumonja e, apesar de não ter me agradado muito, devido a alguns diálogos que me pareceram não acrescentar nada e só aumentar o tempo em tela, funciona bem, os personagens apresentam motivação e alguns diálogos podem trazer lágrimas e sorrisos.
Já a direção de John Carrol Lynch (Jackie) me agradou bastante em diversos momentos. Os planos fechados contribuem para que se partilhe o que o protagonista sente, os planos mais abertos funcionam bem para compreender melhor a cena, o posicionamento de câmera nas conversas, o foco no rosto ajudam na sensação de angústia que muitas vezes é demonstrada por Lucky.
Tim Suhrstedt apresenta uma fotografia bastante interessante e bem composta. O tom amarelado nas vestimentas do protagonista e de seus pertences trazem a sensação de alguém realmente metódico e que mantém suas coisas por muito tempo. Os ambientes externos são bastante coloridos e o árido da cidade é bem representado pela exposição solar e belíssimas paisagens. Há também momentos em que utiliza-se o vermelho para momentos de angústia ou discussão.
Em resumo: Lucky é um filme que trata bem sobre a velhice e funciona incrivelmente como uma homenagem póstuma a Harry Dean Stanton, que faleceu antes da estreia mundial. Aborda a velhice, o metodismo e o “ser ranzinza” de maneira real e honesta, apresentando um personagem que pode ser caricato, com muitas razões de si, mas que ainda busca um sentido para estar vivo após tanto tempo. As atuações são bacanas, a fotografia é bonita e serve como um bom momento de reflexão.
Nota: 3/5
ServiçoO filme está disponível, desde o dia 22 de março, em diversas plataformas digitais.
LUCKY
Classificação: 16 anos
NOW (R$ 14,90) / VIVO PLAY (R$ 11,90) / Google Play (R$ 9,90) / iTunes (R$ 11,90) e Youtube (R$ 9,90).
Por Leandro Lisbôa
Sobre o autor:
I’m Batman (Bem que gostaria). Chamo-me
Leandro, tenho 27 anos e sou jornalista desde 2012. Atualmente estudo
Design de Interiores e Letras Língua Inglesa. Gosto de games, de livros e
não dispenso uma boa conversa. A cultura pop é um interesse que tem
crescido cada vez mais em mim e, por isso, tenho buscado entender mais e
falar sobre.Adoro séries e fazer maratona não é nada difícil para mim. E
por falar em maratona, também sou apaixonado por esportes. =D
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