Estás Me Matando Susana, de Roberto Sneider




Baseado no livro Cidades Desertas, do escritor José Agustin, e dirigido por Roberto Sneider, ''Estás Me Matando Susana'' tenta ser uma comédia para se refletir e falha em sua mensagem. A trama revela como o mexicano Eligio (Gael García Bernal), se sente ao descobrir que a esposa Susana (Verónica Echegui) saiu do país e viajou para uma conferência de escritores, nos Estados Unidos, sem avisá-lo.

Tudo se desenrola na película partir daí. Isto porque, um pouco desesperado, o homem vende o carro e pega um avião para se encontrar com ela, sem se quer avisar que está a caminho. Chegando lá, Eligio percebe que está sendo traido por Susana com um escritor polonês.

Trailer



Mas o conflito começa  a te perturbar quando você pára e pensa um pouco sobre o contexto da trama. Uma mulher fugindo do marido e ele correndo atrás dela. Quando ele chega ao local em que a esposa está, diz inúmeras vezes que vai agredi-la, mente para ela e ela o perdoa. No entanto, Eligio trai Susana e faz com que a mulher novamente tente fugir dele. Algo que se torna corriqueiro para que o casal continue dando círculos na própria história, tudo com um tom cômico e divertido.

Talvez o gênero de 'Estás Me Matando Susana' se equivoca e quando vemos ele se transforma em um terror psicológico ala a Trama Fantasma. Até porque a relação dos dois está muito mais próxima de um tom abusivo do que um amor fofo, mesmo que problemático como o filme tenta mostrar. Há uma tentativa óbvia aqui em tentar romantizar Eligio para o espectador e o diretor até diz se identificar com o personagem de Gael no livro, todavia, na telona, Eligio é, possivelmente, um dos protagonistas mais detestáveis no cinema, nunca aprendendo nada com os seus erros e tratando a mulher que ele diz amar com pouco ou quase nenhum respeito.


Ficha Técnica: 

Título Original: Me estás Matando Susana, 2016. Direção: Roberto Sneider. Roteiro: Roberto Sneider, Luis Cámara - Baseado no romance de José Agustín. Elenco: Gael García Bernal, Verónica Echegui, Ashley Hinshaw.
Nacionalidade: EUA, México e Canadá. Gênero: Comédia Distribuição: A2 Filmes | Mares Filmes. Duração: 100min.

Tanto no filme quanto em seu pré-release, a temática do egoísmo e também do machismo de Eligio revela que o personagem se atrapalha ao ter de confrontar o feminismo e a intelectualidade de Susana e isto também põe em cheque o amor da mulher por seu parceiro.

De fato, as atitudes do protagonista não conseguem se desvincular dessa imagem e é tão dolorosamente óbvio que ele sabe que seu comportamento é errado, mas não reconhece, pior ainda, ele não faz nada para mudar. Já o feminismo de Susana não é tão aprofundado para realmente entrar em confronto, o que é uma pena. Pois acaba saindo tudo muito raso e não joga em tela a questão real de como, em uma relação abusiva, a vítima muitas vezes têm dificuldade de confrontar seu abusador e prefere receber os maus tratos por não conseguir atingir as expectativas do outro ou ainda dizer que o ama.

Em suma, a produção se desequilibra por não ser uma comédia consistente e explorar de verdade o tema que apresenta. Poucas piadas são realmente boas, e algumas chegam a ser desconfortáveis. Além disso, ele não consegue ser um drama onde a visão do 'romântico-abusivo' se enquadraria com mais propriedade e o espectador torceria pela felicidade da vitima ao fugir de seu abusador.    

Não recomendado para menores de 14 anos.

HOJE NOS CINEMAS!

Escrito por Lucas Pereira

    Comentários Blogger
    Comentários Facebook

0 comments:

Postar um comentário

Pode falar. Nós retribuímos os comentários e respondemos qualquer dúvida. :)