Vanessa Filho é uma roteirista, fotografa, cinegrafista, documentarista e musicista francesa que faz a sua estreia nas telas com 'Meu Anjo', longa estrelado pelas atrizes Marion Cotillard e Ayline Aksoy-Etaix. A película teve sua honra máxima ao debutar para o publico seleto do Festival de Cannes deste ano e competiu na seção 'Un Certain Regard' do evento.
O filme revela os dramas da relação entre a pequena Elli (Aksoy-Etaix) e a vivaz Marlène (Cotillard), sua mãe. Marlène não segue regras e tradições e acaba não sendo a progenitora responsável que a menina necessita, o que acaba fazendo com que a criança passe por conflitos sozinha e sem orientações de um adulto.
De uma sensibilidade incrível e altamente indicado as mamães e papais por ai, 'Meu Anjo', pode ser uma boa pedida para desviar dos blockbusters de plantão. Também pode agradar aqueles que não tem vergonha alguma de se emocionar, por algumas horinhas, em uma sala cheia de estranhos.
Trailer
Quando o longa se inicia, somos levados ao mundo de Elli e sua mãe e presenciamos o carinho entre as duas. Nas cenas seguintes, descobrimos que Marlène irá se casar novamente e ambas estão a todo vapor se aprontando para o evento junto com uma das amigas da dupla. A cerimônia acontece e tudo parece estar indo como nos conformes, porém, Marlène é pega no flagra traindo o novo marido nos bastidores do lugar.
A união se desfaz.
Isto abate profundamente a mulher e ali começamos a perceber a pouca atenção que ela dedica a filha. A mesma amiga que estava com ela no dia de seu casamento vem visitá-las e faz de tudo para animar a amiga e a convida para uma festa. Na balada e com a filha a tira cola, Marlène conhece um novo amor e o passado já não dói tanto. O homem solicita um taxi para deixar Elli em casa e dali em diante a menina passa a viver sozinha em casa, pois a mãe não retorna.
Elli, inteligente que só, se vira para comer e para ir a escola sozinha, mas seu brilho e doçura irrita as coleguinhas de classe e ela logo vira o alvo fácil de bullying infantil. Um dia vê um homem (Alban Lenoir) pelo olho mágico da porta chamando seu vizinho e grava seu rosto. Ao andar pelo bairro, avista o mesmo homem e fica amiga dele. O rapaz em questão se chama Júlio e fica instigado no porquê a criança vive andando sozinha e naturalmente começa a protegê-la.
Elli (Aksoy-Etaix) e a mãe (Cotillard) na primeira foto e, logo abaixo, com Julio (Lenoir).
É possível que corações gelados não se identifiquem com a história. Mas não há como negar que ela encanta e traz reflexão. Vemos dramas muito reais aqui. A pequena atriz Ayline revela no olhar mais do que pode pronunciar em cena e amplifica a dor de um abandono irresponsável. A conexão da personagem com um estranho deixa claro o pedido de socorro e as fantasias que ela vive mostram o quanto ela está sofrendo com as faltas da mãe e também com os ataques das colegas de classe. Ayline realmente impressiona.
Marion mostra facetas de uma mãe que muitos vão julgar e condenar. Até porquê fica óbvio que as motivações de Marlène não levam em conta aprender, mas errar. Lenoir interpreta alguém a salvação para Elli. O pai que ela sempre quis ter e não tem nem idéia de quem seja.
O roteiro é tocante. Traz doçura, mas não deixa de nos dar socos no estômago e no coração. Escrito por Vanessa, Diastème e Françõis Pirot, o texto vem repleto de conflitos e escolhe resolver tudo sem penalizar ninguém dando assim a oportunidade do público sentir todas as emoções possíveis que as situações presentes possam causar.
Na direção, Vanessa escolhe ser sucinta e conduz um drama pouco apelativo. Mira mais a câmera nos sofrimentos de Elli do que exatamente no porquê a mãe não faz o seu papel como tem de ser feito. Dá tempo em câmera para que Ayline brilhe até mais que Cotillard e engrandece a complexidade do que é ser criança quando não houve planejamento algum para sua chegada.
Os aspectos técnicos do filme como trilha sonora, figurino e fotografia contribuem muito para o seu caminhar de reflexão, mas não são o destaque aqui, e sim a trama.
Ficha Técnica:
Título Original: Gueule D’Ange, 2018. Direção: Vanessa Filho. Roteiro:
Vanessa Filho, Diastéme, François Pirot.
Elenco: Marion Cotillard, Alban Lenoir, Ayline Etaix, Amelie
Daure. Fotografia: Guillaume Schiffman. Edição: Sophie Reine. Música: Olivier Coursier e Audrey Ismael. Figurino: Ariane Daurat. Gênero: Drama. País: França. Produção: Carole Lambert. Distribuidora: Imovision. Duração: 108 min. Classificação: 12 anos
É provável que este filme lhe toque profundamente.
25 de outubro nos Cinemas!
See Ya!
B-
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