Nasce Uma Estrela poderia ser apenas mais um filme onde uma artista ascende ao estrelato, após conhecer um astro consolidado, todavia, é mais que isto e vai além dessa linha de pensamento.
É a quarta vez que a história escrita por William A. Wellman e Robert Carson chega aos cinemas. A primeira foi em 1937 com Janet Gaynor e Fredric March, como o casal principal, mais tarde, em 1954, Judy Garland e James Manson estiveram na segunda versão e, em 1976, Barbra Streisand e Kris Kristofferson trouxeram outra cara a trama.
A iniciativa de 2018 se inspira na original, mas insere muito das versões de 54 e 76. Aqui, o papel da garçonete e aspirante a cantora é de Lady Gaga e Bradley Cooper vive o músico famoso que se apaixona por ela e a descobre como compositora e performer. Cooper assina a direção, está no time dos roteiristas e também produz o filme.
Trailer
Ao sair de um show, Jack (Bradley Cooper), um músico de sucesso, pede ao seu motorista (Greg Grunberg) que o leve a um bar na cidade em que estão. Para matar a sede, Jack decide parar em uma boate, mas nem sabe que é uma boate gay. Logo na entrada, conhece Ramon (Anthony Ramos) e este fica chocado em ver um artista tão famoso ali e o leva para dentro. O rapaz diz ao bartender para dar ao homem o que ele pedir e fica ao seu lado. Algumas Drag Queens estão se apresentando e dublando canções, porém é anunciado que haverá uma performance de uma cantora de verdade. Ramon avisa Jack que quem cantará será a sua amiga Ally (Lady Gaga) e ele decide prestar atenção.
Quando a moça sobe ao palco e entoa o hino françês ''La Vie En Rose'' deixa todos encantados, inclusive, Jack. Ao fim do pequeno show, Ramon introduz a amiga ao músico e ele não perde tempo a convidando para sair para tomar um drink. A noite os leva a perceber que eles tem bastante química, porém, mais que isso Jack vê quem Ally realmente é, uma estrela.
Você está pronta - Jack (Cooper)
Jack, é órfão e toda a sua vida teve o irmão Bobby (Sam Eliott)
para cuidar dele. Tanto é que seu tom vocal é totalmente idêntico ao do
irmão. Seu apego com o falecido pai vai além do amor fraternal e passa
para o copo de whisky. Além disso, o músico está começando a ter um
problema sério nos ouvidos e sua audição já não é mais a mesma. Ally
mora com o pai, um chofer que vive a cobrar dela mais posição na vida.
Os amigos dele estão sempre por perto e a casa vive cheia. No trabalho, a moça tem o amigo Ramon para contar, mas sofre uma perseguição acirrada
do chefe.
Pedra
cantada, o casal logo se forma e Ally deixa a vida turbulenta de
trabalho dobrado, como garçonete e cantora da noite, para ir atrás do seu
sonho e ainda viver um grande amor.
A trama é altamente envolvente. Temos um grupo de atores preparados e
uma trilha sonora que emociona. Os personagens tem backgrounds bem
construídos, o que dá a história uma caminhar estruturado e conflitos
dramáticos que são bem conduzidos.
O roteiro do trio Eric Roth, Bradley Cooper e Will Fetters deixa pouco a desejar se comparado ao filme de 76 ou 54, referência primordial. Além disso, trazem ótimos diálogos e conseguem manter comunicação com as músicas apresentadas sem exatamente fazer do filme um musical na essência. Assim, assistimos muito mais um drama do que um musical em si. Aqui, contudo, o tom de 'relacionamento abusivo' que os filmes anteriores tem, ganha leveza e o que sê vê é um homem amargurado consigo mesmo saindo de cena para que a mulher possa realmente brilhar. Há também uma boa crítica ao jeito como as cantoras deixam os managers mudarem como são para que fiquem sim famosas - as mudanças de Ally lembraram um pouco o que ocorreu a cantora Shakira quando escolheu entrar na indústria norte-americana.
Não é a primeira vez de Gaga nas telas. A moça esteve em ''Machete
Mata'' de Robert Rodriguez (2013) e participou ativamente da quinta
temporada de 'American Horror Story', chegando a ganhar um globo de ouro
por sua atuação. A presença marcante aqui, todavia, diria sim que é de Cooper. O ator faz uma brilhante apresentação de seu personagem. Como precisa entoar a voz como Sam Elliot, seu sotaque muda e fica com um ar mais do sul sublinhando a semelhança entre os irmãos. As dores que Jack vive em estar caindo como artista, devido a sua debilidade no ouvido, também se destacam. Ademais, o personagem se mostra um caipirão romântico que é apaixonante.
Como diretor, Cooper se mostra dinâmico. Usa takes diferentes, busca o íntimos dos personagens e consegue mostrar as características deles sem julgá-los. Com a ajuda dos tons da fotografia e com a boa edição, a produção faz, no geral, um ótimo trabalho.
A trilha sonora inteira é original e todas as composições tem ou Gaga na escrita ou Bradley. O álbum já está disponível no spotify (ouvir aqui) e em diversas outras plataformas.
Recomendadíssimo!
Ficha Técnica: A Star Is Born, 2018. Direção: Bradley Cooper. Roteiro:Eric Roth, Bradley Cooper e Will Fetters - baseado no longa de 1954 com roteiro de Moss Heart, no longa de 1976 com roteiro de John Gregory Dunne, Joan Didion e Frank Pierson. Elenco: Lady Gaga, Bradley Cooper, Sam Elliott, Dave Chapelle, Alec Baldwin, Anthony Ramos, Rafi Gravron, Greg Grunberg, . Gênero: Drama, Romance, Musical. Design de produção: Karen Murphy. Supervisoras Musicais: Julianne Jordan e Julian Michels. Fotografia: Matthew Libatique. Figurino: Erin Benach. Edição: Jay Cassidy. Distribuidor: WARNER BROS. Nacionalidade: Estados Unidos. Duração: 02h37min.
Avaliação: Quatro plateias extasiadas (4/5).
See Ya!
B-
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