O Primeiro Homem, de Damien Chazelle


Saindo da sua zona de conforto, Damien Chazelle aparece pela primeira vez dirigindo um projeto que não escreveu o roteiro. Na verdade, ele entra para suprir a ausência de Clint Eastwood que originalmente estava cotado para dirigir a produção responsável por trazer um pouco da vida do astronauta Neil Armstrong e sua jornada até a lua.

Interpretado pelo ator Ryan Gosling, Armstrong, ganha um ar de norte-americano persistente e que consegue o quer por mérito e batalha. Vemos aqui a luta dos astronautas em realizem as missões e também voltarem a salvo para suas famílias. O filme traz ainda Claire Foy como Janet Armstrong, esposa de Neil, Jason Clarke como o astronauta Edward Higgins White, Patrick Fugit como o astronauta Elliot See, Corey Stoll como o astronauta Buzz Aldrin e Pablo Schreiber como o astronauta Jim Lovell e Kyle Chandler e Ciáran Hinds como membros da Nasa.


Trailer

Na trama, assistimos Neil enfrentar a si mesmo ao lidar com as condições necessárias para realizar as missões que o delegam. Uma vida de sacrifícios longe da família e podendo perdê-la a qualquer momento. Neil é astuto, corajoso e para ajudar em casa decide se inscrever em um programa que pode o torná-lo herói. 

Passa por inúmeras provações para aprender a sobrevier no espaço e durante esse processo não se deixa abater pela perda dos amigos Elliot (Fugit) e Edward (Clarke), mas ainda assim se mostra emotivo e combatente. 

A relação com a mulher e os filhos é abalada pela morte precoce da filha mais nova. Contudo, a família ganha novos membros e tenta apoiar Neil em suas escolhas.

Ryan Gosling como Neil e o próprio

A ênfase que se procura fazer na trama é realmente a relação familiar de Neil e como ele tenta não se afetar pelas perdas, mas sim continuar lutando e alcançando seus objetivos. Em certa cena, ele está tão apreensivo com a ida para a Lua que responde as perguntas da  família como se estivesse em uma coletiva de imprensa e ali percebe-se o cuidado em que o engenheiro tem com os amados por não querer causar dor à eles explicando tudo com mais detalhes e falando dos riscos.

Sua relação com os colegas de trabalho também é vista como algo que ele considera importante. E sua ética em não querer estar a frente de ninguém vibra, até porque sua vontade em poder colaborar vibra por diversas vezes. Isto se vê na cena em que Robert (Hinds) e Deke (Chandler) o delegam a liderança da Apollo 11 no lugar do amigo falecido Edward e pela crítica que faz ao astronauta bobão Buzz (Stoll).




O roteiro de Josh Singer não tenta em si fazer Neil um herói, mas sim explorar a vida do astronauta e passar a percepção de que ele tinha sim muitas capacidades e era justo. Há tempo para o drama da esposa que não sabe notícias e exige da Nasa respostas e também momentos em que ela se solidariza com outras esposas de astronautas. Em suma, a família ganha grande destaque e as caracterizações dos atores são exemplares.

Sobre a polêmica da cena em que Neil coloca a bandeira norte-americana na lua e que não entrou no livro, mas que o autor do livro comenta na obra, a produção explicou no Festival de Cinema de Venza que o filme deve atingir uma plateia global e não queria endemonizar o Neil e nem torna-lo um herói intocável.

Chazelle traz aqui parte de sua equipe de La La Land - o diretor de fotografia, Linus Sandgren, o compositor da trilha original, Justin Hurwitz, o editor, Tom Crom e a figurinista Mary Zophres. E juntos eles geram um resultado ok, nada que supere ou nada que seja inferior ao filme anterior em que colaboram.




É a quarta vez que Chazelle trabalha com Justin Hurwitz na composição de trilhas dos seus filmes. Hurwitz que sempre entrega sons marcantes ao mesmo tempo que delicados escolheu aqui o mesmo tom. Porém, sem tanta força. Já que não temos em si um musical. (Escute a trilha aqui)

A edição faz um filme de duas horas parece ainda maior. Mas tem cortes acertados. Fotografia do filme trabalha o azul e seus tons para falar das mil e uma adversidades que uma profissão só pode ter que conviver. Design de produção são essenciais e o resultado é maravilhoso. O figurino e a direção de arte andaram juntinhos aqui para nos fazer lembrar do velho ''american way of life'' das décadas passadas''.

Steven Spielberg aparece na produção executiva do filme e talvez o filme tenha um resultado acertadinho como as suas próprias produções, mas nada que se fale merecedor de muitos prêmios.


Ficha Técnica: First Man, 2018. Direção: Damien Chapelle. Roteiro: Josh Singer - baseado no livro de James R.Hansen. Elenco: Ryan Gosling, Claire Foy, Jason Clarke, Kyle Chandler, Corey Stoll, Patrick Fugit, Ciáran Hinds, Lukas Haas, Olivia Hamilton, Christopher Abott, Pablo Schreiber. Gênero: Drama, Biografia. Trilha Sonora Original: Justin Hurwitz. Fotografia: Linus Sandgreen. Edição: Tom Cross. Distribuidora: Universal Pictures do Brasil. Duração: 02h22min. 

Avaliação: Três viagens inesquecíveis (3/5)!

18 de outubro nos Cinemas!

See Ya!


B-

Escrito por Bárbara Kruczyński

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