quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Pedro e Inês: O Amor Não Descansa - 42ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo




De vez em quando aparece um ou outro filme de um gênero comum que surpreende pelo seu“plot twist”e se faz único. Essa virada, como traduzimos literalmente a expressão citada, pode ser essencial para que a sua resposta na hora do ''e ai gostou?'' seja, mais complexa que aquele simples ''sim, gostei''. Pode ser que a construção ali seja tão bem realizada que talvez você nem ame o filme de cara, mas ainda assim, ele ficará em sua memória.

E Pedro e Inês: O Amor Não Descansa, de António Ferreira, atinge essa meta. A co-produção Brasil-Portugal é um baita exemplo de longas fora do normal. Baseada no romance ''A Trança de Inês'' de Rosa Lobato de Faria, o enredo conta a história de Pedro (Diogo Amaral), um homem que acredita ter se casado com a mulher perfeita. Mas ai surge a bela Inês (Joana de Verona) e lhe rouba completamente coração. A partir de então, Pedro não consegue viver em um mundo onde os dois não estejam juntos.

A razão que esta breve sinopse é tão aberta é por que, de certo modo, ela fala tudo, mas ao mesmo tempo ela não fala nada. De fato, a base da trama é essa, porém, a película se destaca, pois usa a criatividade para narrar a mesma história três vezes em épocas e situações completamente distintas. Ah, e ainda dá tempo para trazer um universo paralelo, onde Pedro está em uma clínica para deficientes mentais.

Então, acabamos ganhando uma narrativa com quatro arcos e todos acontecendo quase ao mesmo tempo, só que três deles seguem uma estrutura parecida e o quarto se distancia um pouco. Talvez este seja um leve spoiler (sobre a técnica do filme), mas o susto é maior quando comparamos uma das cenas que se dá nos tempos atuais a que volta no passado e revela uma Portugal medieval. Uma reflexão que condiz com a experiência que o filme passa e lhe faz entendê-lo melhor. Até porque experimentamos sensações longas e vivemos as fortes emoções do romance presente aqui.


  Ficha Ténica:
Titulo nacional/ original: PEDRO E INÊS, O AMOR NÃO DESCANSA/A Trança de Inês. Direção: António Ferreira. Roteiro: António Ferreira - baseado no livro de Rosa Lobato de Faria. Elenco: Joana de Verona, Vera Kolodzig e João Lagarto. País: Portugal e Brasil. Ano: 2018. Trilha Sonora Original: Luiz Pedro Madeira. Fotografia: Paulo Castilho. Edição: António Ferreira. Figurino: Silvia Grabowski. Gênero: Drama. Duração: 120 min. Estreia comercial: a confirmar. Distribuição: Pandora Filmes.

Seria muito fácil dizer que o filme soa maçante por trazer uma certa repetição dentro dele, todavia, a competência do diretor e escritor Antonio Fereira, junto com as atuações fiéis de Diogo e Joana, interpretes de Pedro e de Inês, além da retratação fiel de cada época e situação, fazem com que mesmo que a estrutura da história seja a mesma, o jeito que ela é contada e as diferenças entre elas revelam um projeto muito prazeroso de se assistir. Tudo em cena te prende a atenção, ainda mais com o bom jogo de revelações feitos logo no ínicio do longa. É ali que temos a compreensão exata (ou imaginamos ter) do que veremos pela frente.

Talvez uma crítica à ser feita aqui é que os personagens vem ao mundo com poucas dimensões e a ênfase é direcionada apenas a relação entre os dois quando se sairiam melhor se fosse mais complexos. Por outro lado, a narrativa te dá com precisão o que você precisa para compreender a jornada desses personagens.
 
Portanto, seja você um romântico inconsolável ou apenas alguém que aprecia a criatividade de realizadores nos flmes, Pedro e Inês pode vir a te agradar. 

Exibições: 

SEXTA 19/10 :small_blue_diamond:18h50
Instituto Moreira Salles

TERÇA 23/10 :small_blue_diamond: 17h30
Espaço Itaú Frei Caneca

SÁBADO 27/10 :small_blue_diamond: 19h50
Caixa Belas Artes
(com presença do diretor e dos atores Diogo Amaral e Joana Verona)

QUARTA 31/10 :small_blue_diamond: 19h40
Espaço Itaú Frei Caneca




Informações sobre a mostra:
Twitter: @mostrasp
Instagram: @mostrasp
A programação oficial e mais completa pode ser acessada aqui.

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