Roma - 42ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo


De quando em vez somos presenteados com filmes tão incrivelmente bons que é difícil explicar exatamente o que fazem eles se apresentarem tão maravilhosamente bem. Logo, tentar explicar a ideia do filme talvez não faz justiça ao alto nível de sua qualidade. Ele simplesmente vai muito além do que uma sinopse ou trailer conseguem exibir. E é rara a situação onde todos os fatores fazem uma produção ser exaltada pelo seu conjunto e se revela uma obra prima.

Roma, um filme de Alfonso Cuarón (Gravidade), é um desses filmes que se enquadram na denominação 'fantástico. O longa conta a história de Cleo (Yalitza Aparicio), uma empregada doméstica que está extremamente envolvida na vida da família para qual trabalha, as crianças ali a amam e ela é sempre convidada para viagens. Ou seja, ela tem muita intimidade com a família e até parece ser um deles, mas não o é, pois em certos momentos ela é lembrada disso pelos pais dos meninos.

A trama segue praticamente um ano da vida de Cleo, neste decorrer ela descobre que está grávida e seu namorado foge, ao mesmo tempo que a os país das crianças que a empregam começam a ter problemas em seu relacionamento. Baseada na história da babá de Cuarón, Roma revela os percalços da vida de mulheres que precisam cuidar de si mesmas. Aliás, em certo momento, ouvimos Sofia (Marina de Tavira), mãe das crianças, dizer ''não importa o que os homens digam, nós mulheres estamos sozinhas''. O filme também nos mostra um México sofrendo os horrores de uma ditadura e cenas muito tensas nos fazem retornar ao nosso próprio passado.


Ficha Técnica

Título original e ano: ROMA, 2018. 
Direção e Roteiro: Alfonso Cuarón. Elenco: Yalitza Aparicio, Marina de TaviraeMarco Graf. NacionalidadeMéxico. Gênero: Ficção. Produção e Distribuição: Netflix. Duração: 135 min.
Roma, aparentemente, é dividido em duas partes. A primeira dando notabilidade as mulheres e sua lida com os diversos problemas que as fazem ainda mais fortes, enquanto a segunda traz as consequências das ações tomadas. O tom da película, a príncipio, se mostra tranquila e divertida, mas ao longo do tempo vai ficando cada vez mais pesada e extremamente emocional. O que também faz o expectador perceber a beleza como um todo da obra. Cuaron nos entrega uma película muito necessária e que todos deveriam assistir, seja pelo seu valor social seja pela qualidade artística que é arrebenta. Realizado em preto e branco e com uma trilha sonora simples, não há destaque em exato pelo o roteiro ou por uma atuação incrível, todavia, a experiência audiovisual é única. 

Muitos vão querer compará-lo a o outro destaque sem cor da Mostra SP (Guerra Fria) e ambos tem em si muitas qualidades dando talvez um ou dois mais pontos a Guerra Fria. Por fim vale dizer que as decisões técnicas do filme fazem dele mágico e ele deve sim entrar na sua lista de “must watch” deste ano, aliás, se você gosta de maratonar as produções que vão se candidatar ao Oscar, este aqui vai entrar sim, pois foi a escolha do México para a categoria de ''Melhor filme estrangeiro'' e é quase impossível que Roma não esteja entre os indicados.

Com produção da NETFLIX, o filme deve estrear na plataforma em um futuro próximo e certeza que alcançará um público enorme.       

Informações sobre a mostra:
Twitter: @mostrasp
Instagram: @mostrasp
A programação oficial e mais completa pode ser acessada aqui.

Escrito por Lucas Pereira

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