Do
diretor e roteirista André Ristum, o brasileiro A Voz do Silêncio chega aos
cinemas para regar as telas com a melancolia do
dia-a-dia da vida urbana. Com uma narrativa multifocal, o filme traz os relatos
de uma mãe culpada por ter expulsado o filho de casa (Marieta Severo); uma
cantora que dança em boates para conseguir pagar as contas (Stephanie de Jongh);
um atendente de call center solitário (Arlindo Lopes); um advogado cuja esposa
está em coma (Marat Descartes); um trabalhador que faz jornada tripla e tem que
aguentar os abusos dos patrões (Cláudio Jaborandy); um radialista com câncer
terminal (Ricardo Merkin) e uma corretora de imóveis correndo contra sua
demissão (Marina Glezer).
Essa
teia de histórias diversas chega a lembrar, de alguma forma, filmes como
Magnólia, de Paul Thomas Anderson. Os personagens estabelecem contato uns com
os outros em algumas cenas, mas cada um tem a sua própria história e cada um
está tentando achar sua própria salvação.
Trailer
A
cidade de São Paulo entra quase como uma personagem também. Além de pano de
fundo para a narrativa, ela fala através de planos do trânsito e dos
transeuntes nas ruas, dando a sua colaboração para ornar o cenário solitário e
caótico do filme. É importante que as personagens sejam tão diferentes umas das
outras para mostrar que o sofrimento é inerente a qualquer um. Homens,
mulheres, ricos, pobres, velhos, jovens... ninguém escapa à solidão. Inclusive,
há três estrangeiros na trama. Aparentemente, não há motivos que justifiquem a
nacionalidade argentina e italiana desses. A princípio, se fossem personagens
brasileiros não faria a menor diferença. Mas a questão é que quanto maior a
diversidade das personagens, mais o diretor prova seu ponto de que ninguém está
imune.
Apesar
do que o título sugere, este não é um filme silencioso. Pelo contrário. O
barulho da urbanidade é constante e muitas das cenas são conduzidas por música.
Um dos pontos altos do filme, inclusive, é uma cena em que toca uma ópera e,
através dela, somos conduzidos a ver a intimidade de todas as personagens
através de uma sequência de cenas curtas. Quando chega à última personagem, a
música muda para uma batida eletrônica e então é feito o caminho inverso, até
voltar à primeira personagem. É uma obra cheia de ruídos sonoros. Os silêncios
estão nas relações.
No
entanto, é um filme sem grandes arroubos. Tanto narrativos quanto nas atuações.
Mas talvez a abordagem da direção peça essa linearidade. A monotonia é mais
importante que as grandes emoções nessas histórias cheias de feridas não
cicatrizadas.
22 de novembro nos cinemas.
22 de novembro nos cinemas.
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