segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

Minha Vida Em Marte


Mônica Martelli é atriz, roteirista, produtora e mulher empoderada. Em 2005, Mônica levou ao teatro a peça “Os Homens são de Marte... E É Pra Lá Que Eu Vou” e atingiu um sucesso enorme de público. Com o aval da audiência, o texto chegou a tevê em série para o canal fechado GNT (assistir aqui) e logo virou filme. A trama trazia uma mulher na flor da idade revelando seus dilemas no trabalho e na vida pessoal. 

Com o tempo, veio a continuação da peça que foi titulada 'Minha Vida Em Marte', ali Fernanda, a protagonista da história mostrava como era o tão sonhado 'final feliz' que muitas mulheres querem viver. Agora, veremos como a jornada de Fernanda se dá também nas telonas do cinema e o filme chega em dia de natal para conquistar a família brasileira. 

Na condução, Susana Garcia, diretora do antecessor ''Os Homens são de Marte... E É Pra Lá Que Eu Vou'', e no elenco, Paulo Gustavo, Gabriel Braga Nunes, Marcos Palmeira, a própria Martelli e uma pequena participação da cantora Pop Anitta.

Trailer

O casamento de Fernanda (Martelli) e Tom (Palmeira) chegou em um momento que organizadora de eventos não pensou que pudesse acontecer quando sonhou tanto com seu final feliz: crise conjugal. Ambos trabalhando e se dedicando a criação da pequena Joana (Marianna Santos) nem notam ao certo como chegaram ali, mas enfim...chegaram. Fernanda logo acha que pode tentar apimentar a relação e dar um up na relação. Chama o amigo inseparável e sócio de negócios, Anibal (Paulo Gustavo) e vão ao Sex Shop tentar a sorte. Sai de lá preparada para arrasar em uma noite quente com o marido. Mas no dia o desencontro entre eles é maior do que a vontade de ficarem juntos. Cansada de tentar e querendo se resolver, Fernanda pede o divórcio e começa uma nova vida. Novamente, o amigo Anibal entra em cena e os dois saem por ai aprontando de um tudo e trabalhando muito também.  


Ficha Técnica
Título Original: Minha Vida Em Marte, 2018. Direção e Roteiro: Susana Garcia - baseada na peça de Mônica Martelli . Elenco: Mônica Martelli, Paulo Gustavo, Marcos Palmeira, Ricardo Pereira, Anitta, Gabriel Braga Nunes, Marianna Santos, Lucas Capri, Lucas Pelizzari. Nacionalidade: Brasil. Gênero: comédia. Música: Lucas Marcier. Fotografia: Rodrigo Guedes de Carvalho. Figurinista: Ana AvelarDistribuição: Downton Filmes. Duração:01h45min.
A continuação de ''Os Homens São de Marte...E É Pra Lá Que Eu Vou'' (2014), infelizmente, não agrada tanto. Vemos a vida da protagonista desmoronar em um segundo e destruir várias das boas sacadas que o primeiro filme teve. Na verdade, aqui. O roteiro baseia muito mais o andamento do filme nas aventuras de solteira de Fernanda com o amigo Anibal e não constrói um bom dialogo da personagem com ela mesma. 

Para dar mais espaço a comédia, deixa o ator Paulo Gustavo reinar em quase todo o filme - o que soa até um pouco repetitivo para quem não gostar do tipo de humor que ele é gênio em trazer ao público. E Martelli fica com uma deixa dramática sem graça e sem força. Seus pares românticos entram em cena apenas como 'paisagem bonita' e também não trazem muito. Nem mesmo Marcos Palmeiras que consegue ter uma construção mediana. 

Se na série produzida para a tevê fechada, a trama tem muito o que dizer, no cinema, ela fica aguada ou com apenas um foco: a amizade entre Fernanda e Anibal - unica coisa fofa da produção. E assim esquece um pouco do tom de terapia maravilhoso que ela tinha no outro espaço - e acredita-se que no teatro também - porém, aqui não foi o caso. 

AvaliaçãoDois casamentos perdidos  (2/5 ).

25 de Dezembro nos cinemas

See Ya!


B-

domingo, 23 de dezembro de 2018

Emma E As Cores Da Vida

Escuridão total e apenas vozes nos guiam por alguns minutos no inicio do longa italiano 'Il colore nascosto delle cose'', do diretor Silvio Soldini - no Brasil, o título ganhou a tradução para "Emma E As Cores Da Vida". Passando este primeiro momento, as cortinas se abrem e faz se luz.
Percebemos que o breu se devia a um tipo de evento às cegas onde pessoas que enxergam perfeitamente bem experimentam as sensações da privação da visão. Um homem elogia a bela voz de uma mulher e todos seguem  com suas vidas. Este último é o publicitário Teo (Adriano Giannini), um mulherengo sem noção, com uma vida confortável, uma bela noiva preparando um apartamento incrível para morarem juntos (que ele evita mantendo seu pequeno apartamento de solteiro onde leva a amante casualmente). Teo parece enfrentar uma crise existencial que afeta sua criatividade e o deixa improdutivo no trabalho.
Trailer
 A mulher que recebera o elogio é Emma (Valéria Golino). Cega desde os 16 anos, ela trabalha como osteopata e nada a impede de levar uma vida ativa, praticar esporte, se divertir com os amigos e aproveitar a vida de solteira, já que se separou recentemente. Aliás, a vida de Emma tem mais cores que a de Teo, sem dúvida alguma.
O destino une seus caminhos novamente e é claro que Teo, desafiado por um amigo, cria um jogo de sedução para envolver Emma em sua vida fútil. O ponto positivo do filme é não mostrar os deficientes visuais como pessoas dependentes ou diferentes e Emma, que também tem uma amiga cega, é ainda mais segura do que se pode imaginar e ambas vivem normalmente a rotina de casa/trabalho sem se mostrarem incapazes.
 Ficha Técnica
Título Original: Il Colore nascosto delle cose, 2017. Direção: Silvio Soldini. Roteiro: Davide Lantieri, Doriana Leondeff, Silvio Soldini. Elenco: Valeria Golino, Adriano Giannini, Arianna Scommegna, Laura Adriani, Anna Ferzetti. Gênero: Romance. Nacionalidade: Itália. Fotografia: Matteo Cocco. Edição: Carlotta Cristiani, Giorgio Garini. Música: Gianluigi Carlone. Distribuição:Arteplex FilmesDuração: 115min.

 
É essa atitude perante a vida e independência que atraem Teo. Até a maneira como Emma "vê" as cores o inspira para uma nova campanha publicitária e o faz começar a perceber as belezas do mundo. O homem insensível que evita a própria família e não se prende emocionalmente um dia percebe uma planta sem água! Mudanças à vista!
Palmas a atriz Valéria Golino que está maravilhosa no papel e foi indicada ao "Oscar" italiano, o prêmio David de Donatello. Direção é delicada e atinge o que precisa.
Emma é assim um longa apaixonante, pois a personagem tem em uma alegria de viver única e percebe as cores da vida para além de uma visão comum. Um sentimento que só aqueles de alma sensível entendem. E aqui temos em mãos um filme para os românticos de plantão. O que possivelmente é algo positivo e pode levar ao cinema qualquer pessoa que queira fugir dos blockbusters em cartaz.

Muitos filmes que estreariam previamente no dia 27 de dezembro tiveram sua estreia adiantada para o dia 25, pois os cinemas estarão abertos no dia de Natal para que as famílias possam ir se divertir. É o caso de Emma E As Cores Da Vida que já consta na lista e indicamos que pensem em ir conferi-lo sim.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Bumblebee



"And you're bringing me back to life (back)
I was looking for something that I couldn't find
It's a feeling you give me inside
"
Back to Life - Hailee Steinfeld, música tema de Bumblebee

Quando a gente achava que 2018 não podia ser um ano ainda mais estranho, eis que é lançado um filme da franquia “Transformers” ... que é realmente bom?! Pois é, amigos, o diretor Travis Knight - que até hoje só havia em seu currículo a bela animação Kubo e as Cordas Mágicas (leia os comentários da B aqui) -conseguiu realizar uma produção que mantém as cenas de ação repletas de lutas de robôs dos filmes anteriores, mas traz um uma emotividade e um senso de nostalgia que são inéditos na franquia. 

A película é um prequel, ou seja, a trama se passa antes do primeiro Transformers, sendo ambientada no ano de 1987. Durante o auge da guerra civil no planeta Cybertron, entre os Decepticons e a força rebelde Autobots, o jovem robô Bumblebee – até então chamado de B-127 - é enviado à terra para instalar uma base de operações onde seus aliados possam se reagrupar. Porém, agentes da força inimiga o perseguem e ele acaba derrotado, sem voz e assumindo a forma de um volkswagen beetle para poder se camuflar. É assim que ele é levado para um ferro velho, onde é encontrado por Charlie Watson(Hailee Steinfeld), uma adolescente que vem encontrando dificuldades em lidar com a morte repentina do pai. Os dois acabam desenvolvendo uma forte amizade e Charlie se vê envolvida no meio da guerra intergaláctica. 

Ficha Técnica 
Título Original: Bumblebee. 2018. Direção: Travis Knight. Roteiro: Christina Hodson. Elenco: Hailee Steinfeld, John Cena, Jorge Lendeborg Jr, John Ortiz, Jason Drucker, Pamela Adlon. Nacionalidade: Estados Unidos. Gênero: ação, aventura. Música: Dario Marianelli. Fotografia: Enrique Chediak. Produção: Di Bonaventura Pictures, Allspark Pictures, Tencent Pictures Distribuição: Paramount Pictures. Data de estréia: 25 de Dezembro. Duração: 1144 minutos. 
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Nunca fui um grande fã da franquia Transformers. Para mim, os filmes não trazem nada de interessante, além de bons efeitos especiais. É explosão demais, destruição demais, futilidade demais e desenvolvimento de personagem e emoção de menos. Por isso, fui assistir Bumblebee sem nenhuma expectativa e acabei me surpreendendo bastante. O triunfo do filme é justamente investir no relacionamento que é formado entre Charlie e o robô. É uma premissa que remete muito à clássicos como “E.T.” e “Gigante de Ferro” que aqui funciona muito bem. Aliás, foi uma sacada muito inteligente trocar a impessoal trama militar e sequencias de ação mecanizadas pela emoção humana. 

Charlie, como muitos adolescentes, se sente deslocada. Para piorar, em casa, ela precisa confrontar a amarga realidade de que o luto por seu pai é solitário, já que a mãe está perfeitamente feliz em seu segundo casamento. Já Bumblebee, se encontra em um planeta estranho, sem voz e sem condições de cumprir sua missão. A solidão dos dois os aproxima e é muito bonito ver como, mesmo sendo tão diferentes, eles conseguem formar um laço especial, apoiando-se mutualmente a superar seus problemas. Hailee Steinfeld mais uma vez se mostra uma atriz muito carismática enquanto seu parceiro de cena, é o robô mais fofo a dar as caras no cinema desde o Baymax, de Big Hero 6

A parte dramática é muito bem construída, mas a película também traz outros elementos que são fundamentais pra que ela caminhe tão bem. A nostalgia mais uma vez prova ser um elemento cativante e aqui, ela aparece principalmente na forma musical. A trilha sonora (escute aqui) é sensacional! The Smiths, Simple Minds, Duran Duran, Bon Jovi... E como Bumblebee acaba aprendendo a se comunicar usando música, se ela não fosse tão bem escolhida, prejudicaria muito o filme. 

Bumblebee : Foto Hailee Steinfeld, Jorge Lendeborg Jr.

Outra coisa que contribui para que a película seja uma sessão pipoca tão divertida é o excelente timing cômico. Diversas cenas conseguem arrancar risadas. E claro, preciso mencionar que as cenas de ação são muito bem orquestradas. Os únicos defeitos que consigo enxergar na película são algumas conveniências do roteiro (como entraram tão fácil em complexo mantido pelo governo?) e o destaque que a trama militar, encabeçada por John Cena, recebe. Nem de longe ela é tão interessante quanto o núcleo de Charlie, porém entendo porque ela é necessária. 

Então é isso... Neste natal, se estiver com a família, os leve para o cinema que Bumblebee vale muito a pena! 

Nota: Quatro beetles amarelos (4/5)

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Era Uma Vez Um Deadpool


A continuação de Deadpool não fez tanto sucesso quanto a produção que o antecede. BUT nem por isso o estúdio deixou de acreditar no potencial do personagem e sim já temos um terceiro filme a caminho, além de uma produção que contará com a presença da turma do ''X-Force''. Ademais, os burburinhos sobre a possível revisão do mundo marvel com a iminente junção de Fox e Disneyagora praticamente a mesma empresa desde o final de junho, diz que veremos muitos heróis e antiheróis juntos em um só lugar em breve.

E os estúdios que não são bestas nem nada lançam então o mesmo Deadpool 2 nos cinemas só que com uma proposta diferente. Novos cortes e adição de cenas que o faça parecer 'próprio para qualquer idade'. Afinal, como é sabido, a classificação do longa lançado em maio chegou a maioridade no Brasil, 18 anos, e depois teve uma redução para 16, devido a um recurso da Fox.  

Bem, esse novo recorte do filme, traz um Deadpool que revive sua própria aventura e a reconta ao ator Fred Savage, o astro da série de sucesso 'Anos Incríveis' que esteve no ar entre 88 e 93. Aqui a edição retira várias das cenas valiosas do longa e reduz o tom de violência - o que quebra quase por inteiro o clímax de 'conjunto' que a produção mostrou anteriormente.

É um filme família. E têm a questão do dinheiro. E também, agora somos Disney - Deadpool (Reynold) explicando o porquê da iniciativa de voltar ao cinema.

E basicamente isto acontece, pois Wade Wilson (Reynolds) - quase que forçado, mas sempre querendo aparecer, claro - quer sim provar que seu Deadpool 2 pode ser visto por toda a família e ninguém sairá da sessão com traumas. Assim, cenas em que se proferiram palavrões são exterminadas e se ocorre uma vez sequer um belo de um BEEP soa em larga escala. Às vezes, Pool até o faz provocando dualidade na interpretação das falas de seu colega de cena, o ator e diretor Fred Savage, que aqui ganha função de ouvinte e conecta as cenas adicionais a referências pop's do passado como 'A Princesa Prometida' ou ainda o clássico longa 'Louca Obsessão' que deu a  Kathy Bates seu Oscar de melhor atriz. Savage também faz críticas severas ao antiherói e nos provoca muitas risadas. Mas não o bastante para abraçarmos o retorno do filme as telas no período natalino. 

Trailer

Revemos então todo o dilema de Pool com a namorada, a luta com Cable, o chamamento de heróis para o X-Force e a missão em Salvar um jovem mutante (Julian Dennison) de seus próprios traumas. Sim há muita comédia e ação aqui como no filme original, mas o que ganha mais apreço é a bela homenagem que vemos ao fim dos créditos ao já saudoso Stan Lee - aliás, em Deadpool 2 há um grafitti com a imagem do criador de quase todos os heróis que conhecemos hoje e em 'Era Uma Vez Deadpool' repare no acréscimo de um R.I.P logo ao lado (que em tradução literal significa descanse em paz). 


 Fred Savage é usado, abusado e também abusa, mas tudo com muito respeito e em tom de famila

Algum dos materiais que não foram usados são adicionados no filme, ao total, vinte minutos, mas há uma leve redução de tamanho da película já que este vem com uma hora e cinquenta e seis minutos e outro chegava a duas horas cravado.

Uma das cenas adicionais revela uma homenagem a outro filme da Disney - Up, Altas Aventuras - e aparece exatamente quando o falastrão está deprimido com os rumos de sua vida. A boa sacada de cutucar os produtos fox também entraram e é um dos melhores diálogos do novo recorte.


 ''Somos Marvel - Deadpool (Reynolds)/ Sim, mas, você sabe, licenciados pela FOX que é como se os Beatles fossem produzidos pela banda Nickelback (Savage)''

É incrível como o mundo dá voltas e nem sempre idéias que, em um primeiro momento, pareciam criativas, em um segundo, são desastrosas. Por isso, vale dizer que talvez o projeto tenha valia, mas ele destrói as boas conquistas do seu original. E, sinceramente, talvez não conquiste a família como é o seu intuito. 

Fora que é quase certo que a volta dele ao cinema, vai tirar algum filme que merecia destaque por ser inédito.


Ficha Técnica

Título Original: Deadpool, 2018. Direção: David Leitch. Roteiro: Rhett Reese, Paul Wernick e Ryan Reynolds, baseados no personagem criado por Rob Liefeld e Fabian Nicieza. Elenco: Ryan Reynolds, Morena Baccarin, Josh Brolin, Zazie Beetz, Terry Crews, Julian Dennison, Rob Delaney, Karan Soni, Stefan KapicicBrianna HildebrandLeslie Uggams, T.J. MillerEdição: Craig Alpert, Elísabet Ronaldsdóttir e Dirk Westervelt. Trilha Sonora Original:  Tyler Bates. Gênero: Ação, aventura, comédia. Figurino: Kurt and Bart. Fotografia: Jonathan Sela. Nacionalidade: Eua. Distribuidor: Fox Filmes. Duração: 01h56min.

AvaliaçãoDuas rabanadas e noventa viagens no tempo (2,90/5 ).

25 de Dezembro nos cinemas

See Ya!









B-

quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Conquistar, Amar e Viver Intensamente



O romance entre um bem-sucedido escritor parisiense (Pierre Deladonchamps) e um jovem estudante bretão quinze anos mais novo (Vincent Lacoste) é o que conduz a narrativa de Conquistar, Amar e Viver Intensamente. No entanto, há diversos outros personagens envolvidos e diversos outros amores também, o que inclusive se torna um problema de foco na história.

O modelo narrativo do filme é daqueles que não explica nada ao espectador de início. Somos jogados no meio da história sem nenhum preparo e aos poucos vamos entendendo o contexto e a relação das personagens. A obra nos leva de volta à década de 1990. Estamos no auge da epidemia da AIDS e isso afeta diretamente a vida dos protagonistas.

No entanto, o longa tem uma delicadeza sublime para tratar de tais assuntos. Tanto os relacionamentos quanto a doença são mostrados de forma muito leve. Sem perder, porém, a sua gravidade. Por exemplo: apesar do protagonista estar infectado com o vírus HIV, isso não toma os holofotes do filme. E o diretor e roteirista Christophe Honoré não perde tempo de tela tentando explicar a atração de um homem pelo outro ou os personagens se descobrindo. Todos estão muito bem resolvidos com sua sexualidade. Inclusive o jovem estudante com tendências bissexuais.

Na obra, os envolvimentos funcionam com uma simplicidade de dar inveja. Amores nascem e acabam. E isso às vezes dói. Mas a vida segue. Carinho e afeto estão presentes de sobra também nas amizades, que não são ditadas pelos parâmetros convencionais. Em um momento, a personagem Isabelle explica com naturalidade: “Eu não sou a esposa dele. Sou uma amiga. O Loulou é filho dele e eu sou a mãe”. 

 
Apesar da grande paixão vivida pelos dois, Jacques (Pierre Deladonchamps) e Arthur (Vincent Lacoste) não são os únicos amores um do outro. Aliás, não temos na obra uma narrativa linear. Sem dar sinal, às vezes uma cena acaba e vemos começar outra que conta uma paixão de outra época. Assim, se estabelece um eixo temático interessante, mas deixa o longa com um aspecto de colcha de retalhos.

Outra característica que dita a simplicidade em questão é o ar “a vida como ela é” que o filme possui. Não há grandes arroubos dramáticos. Paixões, mortes, desentendimentos, sexo... tudo acontece com o despojamento da vida real. E se por um lado há a vantagem de não apelar para o sentimentalismo barato, por outro, há momentos apáticos e até desinteressantes. Faço um destaque para uma das grandes exceções: o belíssimo último plano do filme.

Essencialmente, é uma dramaturgia masculina. No entanto, se trata de uma masculinidade que sempre foi deixada de escanteio e que aos poucos vem ganhando espaço de discussão. Aqui vemos ternura e zelo não só em relações conjugais, mas em laços de amizade e parentesco, prática que ainda demonstra ser tabu. Por isso, os 132 minutos já valem.

Trailer

Ficha Técnica
Título Original: Plaire, aimer et courir vite. Ano: 2018. Direção e Roteiro: Christophe Honoré. Elenco: Vincent Lacoste, Pierre Deladonchamps, Denis Podalydès, Thomas Gonzalez, Adèle Wismes, Clémente Métayer, Tristan Farge, Sophe Letourneur, Marlene Saldana, Luca Malinowski. Gênero: Drama. País: França. Música: Frédéric Junqua. Fotografia: Rémy Chevrin. Edição: Chantal Hymans. Produção: Philippe Martin, Olivier Père, David Thion, Emmanuel Tenenbaum. Distribuição: Imovision. Classificação: 16 anos. Duração: 02h12min.

HOJE NOS CINEMAS

Brasília: Cine Cultura Liberty Mall
Curitiba: Cinépolis Patio Batel
Rio de Janeiro: Cinépolis Lagoon • Espaço Itaú • Estação Net Rio (dia 18/12)
Salvador: Cinépolis Bela Vista • Saladearte Cine Paseo (dia 16/12)
São Paulo: Cinépolis Jk Iguatemi  • Espaço Itaú Augusta  • Reserva Cultural

terça-feira, 18 de dezembro de 2018

D.P.A. 2 - O Mistério Italiano


Mês de dezembro. Um calor de rachar lá fora. As crianças de férias, jogadas no sofá da sala sem nada para fazer. Você sugere uma brincadeira no quintal, mas o calor tá escaldante. Um pé na rua e já sentem sintomas de insolação. Com o tédio, elas ficam impacientes, começam a implicar umas com as outras e você começa a se perguntar por que em nome do que é mais sagrado a escola não dura 12 meses ao ano! Ufa! O que fazer? Ué, não é óbvio? Coloca a turminha no carro e corre com elas para o cinema! 

E se você tem criança e TV a cabo em casa, provavelmente já ouviu falar de “D.P.A”. Porém, para quem não conhece, eu explico: “D.P.A”, ou “Detetives do Prédio Azul” é uma série infantil brasileira que estreou em 2012 no canal Gloob. Já são 11 temporadas e na 7ª aconteceu uma troca de elenco. Hoje, o show é protagonizado pelos pequenos Filippo Tomatini, Anderson Lima e Leticia Braga. São eles que ano passado estrelaram a adaptação da série para o cinema. A aventura agradou o público infantil e por isso, eles estão de volta! A continuação nomeada de “Detetives do Prédio Azul 2: O Mistério Italiano” já estreou em alguma cidades e capitais e chega esta quinta-feira (20/12) aos cinemas do resto do pais, incluindo, Brasília.


Ficha Técnica
Título Original: Detetives do Prédio Azul: O Mistério Italiano, 2018. Direção: Vivianne Jundi. Roteiro: Flávia Lins e Silva e L.G. Bayão. Elenco: Diogo Vilela, Fabiana Karla, Rolando Reis, Suely Franco, Antonio Pedro, Cauê Campos, Caio Manhente, Tamara Taxman, Leticia Pedro, Anderson Lima, Pedro Henriques Motin, Letícia Braga, Claudia Neto . Nacionalidade: Brasil. Gênero: ação, comédia, infantil. Figurinista: Marcelo Pies. Fotografia: Pedro Serrão. Direção de Arte: Yurika Yamasaki. Produção: Paris Filmes. Co-Produção: Globo Filmes, Gloob. Distribuição: Downton Filmes. Duração: 02h09min.

O filme junta muita aventura e magia, ao acompanhar os detetives juvenis Pippo (Tomatini), Bento (Lima) e Sol (Braga) em uma nova missão. Desta vez, os três formam uma banda e decidem entrar em um concurso musical. Eles são escolhidos para a última etapa da seleção, mas acabam sendo sabotados pela colega de prédio deles, a bruxinha Berenice, que rouba a vaga. O que ela não esperava, no entanto, é que o concurso fosse uma cilada dos bruxos Máximo e Mínima para sequestrar as crianças selecionadas. Agora cabe aos três detetives descobrir o paradeiro de Berenice e impedir que os malvados bruxos concretizem seu plano nefasto. 

Como dá para perceber, o enredo é aquele basicão de filme de aventura infantil. Por se tratar de uma trama de “detetives”, eu esperava que desenvolvessem um mistério interessante, no maior estilo Scooby Doo, sabe? Mas não é o que acontece! O público não é instigado em nenhum momento a tentar desvendar pista nenhuma. O mistério existe só mesmo para os personagens, que ficam andando de um lado para o outro em uma dinâmica que logo se torna bastante cansativa. Sinto te dizer, mas não é o tipo de película que vai entreter os pais. Então prepare-se para uma hora e meia de tédio.... porém as crianças, principalmente as que estão acostumadas a acompanhar os personagens na TV, vão se divertir. E isso que mais importa! Que bom que criança não é tão exigente, neh? Nem os efeitos especiais toscos pareceram incomodar minha irmã de 9 anos, que foi assistir ao filme comigo. Um tempinho de tédio é um preço pequeno a se pagar por mais de uma hora de paz e ar condicionado. 

Ps: as duas musiquinhas do filme vão ficar na sua cabeça a semana inteira. Aproveite para se fantasiar e fazer um show com a criançada em casa! 

Nota: 2 mistérios mal resolvidos.