O Chamado do Mal



Um casal se muda para uma casa afastada, perto de uma floresta. A casa é antiga, toda de madeira e repleta de quadros sinistros. O marido, Adam, (Josh Stewart) passa o dia inteiro dando aulas de matemática na faculdade em que leciona e é obrigado a deixar sua esposa grávida, Lisa, (Bojana Novakovic) sozinha em casa. Após ela perder o bebê, a casa e a família passam a ser alvo de aparições de uma entidade maligna. Para entender o que ela é e como derrota-la, o casal vai contar com a ajuda do professor de parapsicologia da universidade (Delroy Lindo). Essa é a trama de O Chamado do Mal.

Trailer

O mito envolvendo a aparição da entidade e a razão dos seus atos é bastante interessante. O problema é que essa parece ser a única boa ideia do roteiro (de Michael Winnick), se alicerçando em um pano de fundo clichê e em uma história de desenvolvimento fraco.

Um dos pontos fortes do filme é a fotografia. Não chega a ser extraordinária, mas cumpre bem o seu papel de fotografia de filme de terror, brincando com espelhos e o contraste de claro e escuro. Infelizmente, a direção (também de Michael Winnick) sacrifica a verossimilhança da obra para aproveitar a beleza dessa iluminação. Os personagens fazem tudo na penumbra, mesmo quando não há nenhum motivo para isso. Não acendem as luzes da casa nem para ler ou para sair pela casa procurando a origem de um barulho.


Outro dos pontos fortes é a personagem de Lisa. Apesar de ser apresentada no filme como esposa e mãe, ela é tatuada, tem um humor afiado e não anula sua sexualidade por estar grávida (e como toda mulher sexualmente ativa em filmes de terror, acaba sendo punida por isso). Enquanto o filme foge dos estereótipos ao moldar essa personagem, se entrega com força a eles em todos os outros. Por exemplo, o professor de parapsicologia que é cego e, por isso, consegue “enxergar além”; e a irmã de Lisa, uma jovem “gostosa”, doidinha, meio espiritualizada e uma das fortes concorrentes a pior atuação do ano.


Ficha Técnica


Título Original: Malicious, 2018. Direção e Roteiro: Michael Winnick. Elenco:Bojana Novakovic, Josh Stewart, Delroy Lindo, Ben VanderMey, Luke Edwards, Melissa Bolona, Yvette Yates. Gênero: Thriller, terror. Nacionalidade: Eua . Música: Jeff Cardoni. Edição: Michael Trent. Direção de Arte: Caitilin Lynch. ProdutoresShaun Redick, Ali Jazayeri, Raymond Mansfield, Yvette Yates, Viviana Zarragoitia.  Distribuição: Imagem Filmes. Duração: 01h50min. 

De resto, arrisco dizer que tudo é ruim. O roteiro não gera envolvimento o suficiente, conta com falas horrorosas e não-naturais e tem uma reviravolta final na última cena que não faz o menor sentido. A direção de arte é absolutamente impessoal. Ela aposta nas convenções do gênero e enche a casa já mobiliada do casal de uma decoração antiga e macabra, mas não coloca um único objeto pessoal em local aparente. Com isso, a casa tem cara de cenário e não conseguimos acreditar que alguém realmente mora ali. O figurino apresenta um aspecto interessante na personagem de Lisa, trazendo ela sempre vestida de tons de azul e roupas largas depois do aborto, evocando a maternância que a entidade constrói nela. No entanto, o figurino dos outros personagens se reduz a arquétipos rasos: o professor universitário, o paranormal, o aluno sarado, a “piriguete”. Os efeitos especiais computadorizados são tão mal feitos que chegam a parecer um recurso de máscara de aplicativos de foto.

O Chamado do Mal é um filme de terror genérico em todos os seus aspectos e estreia nos cinemas brasileiros a partir do dia 6 de dezembro, distribuído pela Imagem Filmes.

Escrito por Luana Rosa

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