Baseado na obra original de Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha, Rasga Coração ganha um novo formato e se revela como uma obra atemporal. Estréia desta quinta-feira (06), a película se dá sob o olhar do magnífico diretor Jorge Furtado.
Escrito nos anos setenta, o texto está bem conservado e ganha frescor na atualidade surpreendentemente. Claro, feitas as devidas adaptações de linguagem e vestuário de época, os diálogos refletem os questionamentos e conflitos de qualquer geração e torna-se impossível não se identificar com algum fato ou personagem. E este é o segredo de Rasga Coração para se manter jovial e vivo para qualquer público e faixa etária.
Trailer
Na história temos Manguary Pistolão,vivido brilhantemente por Marco Ricca (João Pedro Zappa quando jovem) relembrando suas discussões com o pai no passado e vivendo os mesmos conflitos com o filho Luca -Luís Carlos- o ator Chay Suede no presente. Quem nunca teve na vida aquela sensação de "ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais"?
Quando jovem Manguary entra num embate com seu pai que quer vê-lo longe da agitação e manifestações da cidade grande, enquanto seu desejo é estar no meio disto tudo. No presente briga com o filho que quer ser médico no interior e ajudar os necessitados enquanto ele trabalha duro e economiza cada centavo para montar uma clínica na cidade.
Nena, a mulher de Manguary, vivida pela excelente Drica Moraes (Duda Meneguetti na fase mais jovem) que no passado foi pega com o namorado na casa do pai que reagiu violentamente, faz o mesmo no presente ao ver o filho com a namorada Mil (Luisa Arraes) que segundo seus padrões não se veste "de acordo".
Cria-se aí uma discussão de gênero, vivida de formas distintas em todas as épocas. Se antes um homem ter cabelo comprido era inaceitável, hoje vestir-se como desejar, com saia e unhas coloridas gera esse estranhamento e ''procurou-se trabalhar muito bem tal aspecto no filme'', diz Jorge Furtado em coletiva à imprensa. "Até Jesus Cristo usava saia".
O filme aborda questões atuais sobre identidade, cor de pele, adaptação ao sistema (nas cenas do personagem Castro Cott - Kiko Mascarenhas) e lutar por aquilo que acredita, sem criar heróis ou anti heróis, afinal, todos de alguma maneira tem razão nas suas imperfeições, são seres humanos, com contradições e conflitos. Somos frágeis e como tal revivemos aquilo que um dia abominamos.
Ficha Técnica
Título original: Rasga Coração, 2018. Direção: Jorge Furtado. Roteiro: Jorge Furtado, Ana Luiza Azevedo e Vicente Moreno. Elenco: Marco Ricca, Drica Moraes, Chay Suede, George Sauma, João Pedro Zappa. Luisa Arraes, Anderson Vieira, Nelson Diniz, Duda Meneghetti, Kiko Mascarenhas, Fábio Enriquez, Cinândrea Guterres. Gênero: Drama. Diretor de Fotografia: Glauco Firpo. Diretor de Arte: Fiapo Barth e William Valduga. Montagem: Giba Assis Brasil. Técnico de Som: Rafael Rodrigues. Música Original: Maurício Nader. Desenho de Som: Kiko Ferraz. Figurinos: Rosângela Cortinhas. Produção Executiva: Nora Goulart. Produtor Associado: Guel Arraes. Diretor de Produção: Bel Merel e Glauco Urbim. Produção: Casa de Cinema de Porto Alegre. Coprodução: Globo Filmes, Canal Brasil. Distribuição: Sony Pictures. Duração: 115 Minutos.
O longa chega aos cinemas em um momento muito propício em que vivemos grandes mudanças no País e serve como referência às nossas reflexões e posicionamentos. Nos faz rever a história de uma maneira realista e carregada de emoção ao acompanharmos a vida de pai, mãe, filho, marido,mulher e os laços de amizade que nos marcam de forma tão profunda, destacado pelo personagem Lorde Bundinha vivido por George Sauma.
Ademais, é um deleite acompanhar a história através da trilha sonora com traços de cada época.
E assim, fechamos o ano com chave de ouro para o cinema nacional. Estréia imperdível.
Hoje nos Cinemas!
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