"A vida é uma impossibilidade coletiva."
O diretor franco-argentino Gaspar Noé segue sua linha autêntica e provocativa, já conhecida de trabalhos anteriores, como Irreversível (2002) e Love (2015). Segundo o próprio Noé, presente na coletiva de imprensa, nesta última terça-feira (29), em São Paulo, ele sempre foi um fã do cinema catástrofe dos anos setenta e isto o inspirou a realizar sua obra atual.
Seus filmes são para um público que frequenta o cinema em busca de fortes emoções, evocando o lado selvagem que existe em nós. Em Clímax, não poderia ser diferente. O longa é um mergulho sensorial no que há de mais louco e bizarro no ser humano. E, portanto, é natural que o instinto animal se revele.
No enredo, um grupo de dançarinos, e diga-se de passagem - que grupo!! - se reúne em um espaço próximo a uma floresta para ensaiarem seu próximo e importante ato. Decidem também realizar uma festa e comemorar a vida e a dança. Todavia, algo de diferente começa a rolar na atmosfera do espaço e logo eles percebem que foram drogados e assim se inicia uma loucura coletiva que leva alguns ao paraíso e outros ao inferno.
É a partir das cenas iniciais da produção que o espectador ganha a apresentação do grupo em forma de uma entrevista. A partir dai seguimos o núcleo de dançarinos e podemos vê-los dançando juntos e se movimentando em uma coreografia incrível. A canção 'Born to be alive' toca ao fundo e é reveladora!
Mas, claro, que quando chegamos ao momento em que o efeito do cansaço, do stress, do álcool e
de um pressuposto alucinógeno (talvez LSD) colocado na bebida começa a
fazer efeito, a viagem desse grupo sem igual começa. E ela se evidencia prazerosa para alguns e total bad trip para outros. E o mesmo pode rolar com o público, caso não sejam fãs de filme arte.
Ainda
na coletiva, Noé nos contou que o grupo se formou, se reconheceu e o
resultado podemos assistir na tela. Não são atores e atrizes profissionais, exceto
por dois deles, no qual identificamos Sofia Boutella ( ex-dançarina da cantora Madonna que esteve em filmes como Kingsman e a recente trilogia StarTrek ) que interpreta Selva e também Romain Guillermic que vive David.
O
grupo teve liberdade para improvisar e algumas cenas foram gravadas
diversas vezes até atingir a perfeição. E as reações são bem intensas. A
alucinação é praticamente real. Porém, segundo o diretor, nenhum tipo
de droga foi utilizada durante as filmagens. O que vemos ali, na verdade, foi inspirado
em relatos sobre experiências com drogas e também distúrbios mentais.
São
emoções, muitas vezes, difíceis de encarar e lidar com elas. Assim, Noé nos contou que alguns atores preferiram que seus familiares nem assistissem ao filme. Um exemplo desta fala, é um possível incesto que pode vir a rolar durante o filme.
Trailer
Ficha Técnica
Climax
é, de fato, um projeto simples que se deu rapidamente e com um custo
baixo. Inspirado em um grupo de teatro que foi transformado em um grupo
de dança e que segundo o próprio diretor só aconteceu pelo surgimento da ideia, das poucas páginas escritas para realizar o projeto e também pelo aparecimento de pessoas dispostas a concretizá-lo.
Diálogos improvisados foram então tomando
forma e resultou na obra que chega aos cinemas esta quinta-feira (31). Cores fortes, muito
vermelho, som alto e a câmera invertida causam o desconforto necessário
para entendermos o transe pelo qual as personagens estão passando.
Propositalmente não vemos o que se passa no inconsciente de cada um, contudo, conseguimos captar a experiência com o alucinógeno como uma imersão e, sinceramente, é possível que você saia da sessão com a sensação de ter participado do produção.
Por fim, vale dizer, que Gaspar Noé virou sinônimo de provocação e se você está disposto a encarar essa vibe e sair da sua zona de conforto, corra para o cinema!
31 de Janeiros nos Cinemas.
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