No
longa alemão O Manicômio (Heilstätten, 2018), um grupo de youtubers se desafia a
passar 24 horas dentro de um hospital nazista abandonado e postar o resultado
para seus seguidores em seus respectivos canais. O filme segue o estilo found footage, usando as câmeras
pessoais dos personagens como ferramentas diegéticas e extradiegéticas. Como
cada personagem tem a sua própria câmera, contamos com vários tipos de imagem:
umas mais “limpas” e profissionais, outras filmadas a partir de um aparelho de celular, algumas com modo noturno
e até infravermelho.
As primeiras horas de estadia no local, supostamente
mal-assombrado, são tranquilas. O grupo estabelece sua base, coloca as câmeras a
postos e começa a ficar a vontade, fazendo pegadinhas uns com os outros o tempo
todo. Mas quando a noite cai e o gerador misteriosamente deixa de funcionar,
presenças sinistras começam a se revelar e os youtubers logo se arrependem de
terem ido brincar com algo tão sério. Principalmente quando se descobrem presos
ali.
Marnie, a garota sensível e sensitiva do grupo, logo associa
os acontecimentos à famosa Paciente 106 – uma mulher que foi usada como cobaia
de diversos experimentos médicos até morrer nesse mesmo prédio. Enquanto seus
amigos vão desaparecendo e sendo feridos, a garota entende as ações da fantasma
como uma forma de se comunicar e, usando a lógica, tenta ajuda-la para fazer o
pesadelo parar.
Marnie é a única que está ali para algo além de filmar um
desafio e ganhar visibilidade com isso. É também o papel menos raso. Nesse
sentido, o filme tenta construir uma crítica acerca dos jovens fúteis que
consomem entretenimento barato, só ligam para fama e fazem qualquer coisa para
consegui-la. O outro personagem que foge disso é Theo, ex-namorado de Marnie,
que não está interessado em produzir conteúdo de humor. Todos os demais
(Charlie, Finn, Beth e Emma) parecem ser a mesma pessoa em termos de
personalidade.
O diretor (Michael
David Pete) se vale do pretexto da falta de iluminação no prédio para usar
ainda mais facilmente o recurso dos jump scares
a todo momento. O escuro e a câmera móvel e trêmula são usados para confundir o
espectador quanto ao que está acontecendo e onde os protagonistas estão. Apesar
de numerosos, com o tempo os sustos se tornam cansativos. E não há cenas
violentas ou gráficas, pois tudo é mostrado muito rapidamente justamente devido
ao movimento constante da câmera na mão. Portanto, sentir medo com esse filme é
uma tarefa um tanto árdua.
De todos os pontos fracos, o roteiro definitivamente é o
pior. Há um grande plot twist perto do fim, mas ele serve mais para deixar a
audiência confusa que para surpreendê-la ou assusta-la. Além disso, a motivação
do vilão é apresentada, mas não convence. O ponto alto poderia ser a imersão,
visto que a claustrofobia da construção e da escuridão nos aproxima um pouco
dos personagens. Mas a distribuição do filme no Brasil se deu apenas em sua
versão dublada e as vozes falsas não transmitem qualquer empatia ou sensação de
perigo real.
Trailer
Ficha técnica
Título Original: Heilstätten, 2018. Direção: Michael David Pete. Roteiro: Ecki Ziedrich e Michael David Pete. Elenco: Nilam Farooq, Farina Flebbe, Senja Gerhardt, Maxine Kazis, Lisa-Marie Koroll, Emilio Sakrava, Tim Oliver Schultz, Davis Schultz, Timmi Trinks. Nacionalidade: Alemanha. Gênero: terror. Trilha Sonora Original: Andrew Relch. Fotografia: Pascal Schmit. Edição:Michael David Pete. Distribuição: Paris Filmes. Duração:01h29min.
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