Vencedor
da Mostra Competitiva no 51º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro nas
categorias de Melhor Filme, Melhor Atriz (Grace Passô), Melhor Ator Coadjuvante
(Russo APR), Melhor Direção de Arte (Diogo Hayashi) e Melhor Fotografia (Wilsa
Esser), Temporada, de André Novais de Oliveira, busca estudar cada
detalhe do dia a dia de personagens que estão vivendo um período de transformação em suas vidas para que encontremos nestes detalhes
– por mais mundanos que possam parecer – o não extraordinário, ou o que nos faria
cair em uma possível idealização daqueles em cena ou ainda em um sentimentalismo
fácil, todavia, vemos o que há de mais humano e essencial neles.
Juliana
(Grace Passô) está se mudando de
Itaúna, no interior do estado de Minas Gerais, para a periferia de Contagem, na região
metropolitana de Belo Horizonte, onde irá trabalhar no combate às endemias na
região. Em seu novo trabalho ela conhece pessoas e vive situações pouco usuais
que começam a mudar sua vida. Ao mesmo tempo, ela começa a enfrentar dificuldades no
relacionamento com seu marido, que também está prestes a se mudar para a cidade
grande.
Trailer
Apesar
de tímida e reservada, Juliana parece encontrar um certo conforto quando conta
para algum outro personagem alguma história de sua vida. Além dela, outros ali presentes em cena tem a sua vez de narrar acontecimentos durante o filme e nesses
momentos a direção nos coloca imediatamente na posição de ouvintes a medida em
que a câmera direciona toda a sua atenção para o rosto de quem está com a fala. Um exemplo, é o take onde um morador mencionar o crescimento do bairro e somos então
levados a ver detalhadamente as casas do lugar.
Grace
Passô consegue, em cada uma de suas pausas e hesitações de quem conta uma
história pessoal para um novo amigo, dar vida a um roteiro que se preocupa a todo instante em retratar a naturalidade de uma conversa entre conhecidos.
Dentro dessas narrativas e diálogos, nós vamos descobrindo toda a tragédia, a
resiliência e a mundanidade dessa personagem que se revela justamente nos pormenores.
O
tempo do filme se revela como um período do cotidiano onde percebemos a rotina de Juliana
e de todos que trabalham com combate às endemias e também o tempo da memória que se
dilata quando as histórias do passado dessas personagens vem à tona. A
fotografia do filme reforça a diferença entre esses dois 'registros' na maneira com
a qual lida com os espaços ao redor de todos ali. Assim, se ouvimos alguém contar
um relato do passado, a câmera foca no rosto do narrador, já se estamos
acompanhando o tempo do dia a dia desses personagens, então a câmera se
distancia e nos mostra tudo que há ao redor.
Durante
o longa, assistimos Juliana entrando na casa de diversas pessoas, todas
desconhecidas a ela. E nestes domicílios, ela sobe no teto, revira garrafas,
pneus, vasos e baldes, abre piscinas cobertas, etc. É curioso notar que esse
movimento é recíproco; da mesma forma que Juliana representa uma pessoa
estranha dentro de um espaço privado de alguém, ela vai se abrindo para outras
pessoas e revelando mais sobre si. Além disso, a música do filme, composta por Pedro
Santiago, acompanha a trajetória da mulher e consegue dar forma a esse
movimento que a personagem faz tanto nas casas dos moradores do
bairro aonde trabalha quanto a sua trajetória pessoal no decorrer do período
de transmutação por qual acaba passando.
Ficha Técnica
Título original: Temporada, 2018. Direção e
Roteiro: André Novais Oliveira. Elenco: Grace
Passô, Russo APR, Rejane Faria, Hélio Ricardo, Ju Abreu, Renato Novaes, Sinara
Teles e Janderlane Souza. Gênero: Drama. País: Brasil. Fotografia: Wilssa Esser. Direção de Arte: Diogo Hayashi. Som: Tiago Bello, Marcos Lopes. Montagem: Gabriel Martins. Produtor Executivo: Thiago Macêdo
Correia. Diretora de Produção: Marcella
Jacques. Distribuição: Vitrine Filmes. Duração: 113
minutos.
@rsmrsrn
Não recomendado para menores de 12 anos
17 de Janeiros nos cinemas
/Nota da editora: a película entra em cartaz em 20 cidades brasileiras pelo projeto Sessão Vitrine Petrobras/
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