quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Ta Rindo De Quê? - Humor e Ditadura


O humor no Brasil tem inúmeras fases e talvez a estrutura que hoje vemos ai montada e celebrada foi idealizada por aqueles que foram corajosos o suficiente para trabalharem e fazerem rir em uma época em que vigorava a ditadura militar, ou seja, a tensão e o medo. Diante disso, comediantes, atores e a própria imprensa passou por um enfrentamento não só por parte da censura como também correu riscos inimagináveis de não sobreviver àqueles árduos anos apenas por resistirem a opressão e continuarem a levar consciência e cultura ao povo brasileiro.

Assim, no documentário 'Tá Rindo De Quê? - Humor e Ditadura'' Cláudio Manoel, Álvaro Campos e Alê Braga, se unem para seguir 'a trajetória' ou até 'a escalada' do gênero e dos vários profissionais que ascenderam dele, entre 64 e 85, em tais obscuros tempos em que a criatividade era obrigatória para que o riso não saísse de cena. Vemos então o papel claro e crítico dos jornalistas e cartunistas como Millôr Fernandes e de humoristas hoje consagrados como Chico Anysio, Golias, Os Trapalhões e Jô Soares. Sem esquecer, claro, de trupes de teatro como  a 'Asdrubal Trouxe O Trombone' da qual Evandro Mesquita, Regina Casé, Patrycia Travassos e muitos outros saíram.

O filme documental que remonta todo este cenário e conta com dezenas de depoimentos da classe artística brasileira passou pelo Festival do Rio e chega agora ao circuito comercial com previsão de passagem por Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Porto Alegre, Curitiba, Salvador, Recife e Belo Horizonte.


O documentário traz um recorte interessante ao revelar entrevistas diversas com humoristas, apresentadores, atores e diretores da tevê Brasileira. Aparecem aqui Fafy Siqueira, Bruno Mazzeo, Carlos Alberto de Nobrega, Daniel Filho, Silvio de Abreu, Paulo César Pereio, Agildo Ribeiro e muitos outros. Todos relembrando como tudo começou e como os cortes da censura se deram. 

A principio, os comentários são basicamente sobre 'o golpe de 64', logo se fala da censura aos programas e a como a classe reagiu a isso - fazendo 'n' versões do seu próprio trabalho para tê-lo aprovado. Há então a ilustração de como a mídia, até mesmo a 'poderosa' rede de Roberto Marinho, passou por tal opressão. Logo então, retrata-se como cada humorista foi se evidenciando antes ou depois do golpe: o sucesso de Chico Anysio, de Jô Soares e Golias, na família Trapo, os Trapalhões e etc, são exemplos. 

O grupo de entrevistados também é perspicaz ao falar como sofriam por tomarem ou não lados políticos e ai vemos o apresentador da 'Praça É Nossa', Carlos Alberto de Nóbrega revelar como 'ele não se encaixava' as ideologias comunistas por ter uma vida mais branda. Ou ainda pelo tipo de humor que ele ou outro grupo possa ter vindo a realizar. Esta ótica que se apresenta também toma tempo para falar do papel da mulher humorista na época e destaca, óbvio, o talento de Dercy Gonçalves.

Comenta-se as ainda as prisões de jornalistas do Pasquim e como Millôr Fernandes conseguiu ser crítico mesmoe correndo risco de ir a cárcere. Para falar da juventude e de um teatro que se dizia 'alienado', porém trazia sim representatividade, entram em cena Patrycia Travassos, Evandro Mesquita, Regina Casé e Luis Fernando Guimarães. Ambos relembrando a força de uma trupe que rodou o país com uma fala desligada e com o tom lhes agradava.

Trailer


Tá Rindo De Quê? é altamente ilustrativo e chega em tempo de calar quem não lembra da história do país. Não há aqui 'bandeira política', mas sim falas que se atentam a buscar o passado e mostra-lo sem muita firula, por mais dolorido que ele tenha sido. E seu desfecho exalta quem mesmo passando por uma leva de dificuldades conseguiu trazer leveza a alma de uma nação tão necessitada.

A montagem do filme vem no ponto certo e com o tamanho certo. As colocações de cada entrevistado ficam bem encaixadas e o que pode parece um papo descontraído com os diretores joga na tela a verdade escrachada de um tempo que não devemos esquecer.

Cláudio, Alvaro e Alê são ambos diretores e produtores. Cláudio tem um perfil notável. Participou ativamente de programas humorísticos como TV Pirata, Casseta & Planeta Urgente!, além de dirigir quadros e filmes sobre lendas brasileiras como Simonal e Chacrinha. Alvaro dirigiu 'Altas Expectativas', em 2017, e tem no currículo atividades em diversos programas da MTV, Multishow e na tevê Record. Alê também esteve na tevê a cabo dirigindo o program 'Chegadas e Partidas' com Astrid Fontenelle e realizou dois documentários. Um trio que realmente sabe do que fala e se mantem consistente aqui.





Ficha Técnica

Título original: Tá Rindo de Quê, 2019. Direção: Claudio Manoel, Álvaro Campos, Alê Braga. Entrevistados: Agildo Ribeiro, Alcione Mazzeo, Ary Toledo, Bem Vindo Sequeira, Boni, Bruno Mazzeo, Carlos Alberto de Nobrega, Carmem Veronica, Chico Caruso, Daniel Filho, Evandro Mesquita, Fafy Siqueira, Hamilton Vaz Pereira, Jaguar, Juca Chaves, Kate Lyra, Lucio Mauro Filho, Patrycia Travassos, Paulo Cesar Pereio, Regina Case, Roberto Guilherme, Silvio de Abreu. Produção e coprodução: Emoções Baratas, Homem de Lata, 2Moleques, Globo Filmes, Globo News e Canal Brasil. Produtores: Álvaro Campos, Alê Braga, Claudio Manoel e Manfredo G. Barretto. Dir. Fotografia: Marcela Bourseau. Montagem: Gabi Paschoal, edt. Arte: Luva. Trilha sonora: Eugenio Dale. Edição e finalização de som: Bernardo Uzeda. Distribuidor: Bretz Filmes. Duração: 01h26min.
Ao fim do filme, percebe-se que há uma iniciativa para falar da próxima década, a dos anos 80 em 'Rindo Atoa - Humor Sem Limites'.

AvaliaçãoQuatro aulas sérias de história sem perder a graça  (4/5 ).
28 de Fevereiro nos cinemas

See Ya!













B-

Calmaria



Calmaria começa bem. Baker Dill (Matthew McConaughey) vive em função de seu barco homônimo ao filme (em inglês, Serenity). É ele o seu sustento e a sua obsessão. Morador de uma pequena cidade pesqueira na ilha de Plymouth, o personagem deixou tudo o que importava para trás junto com seu passado e leva uma vida medíocre com o dinheiro sempre contado. Suas únicas companhias são Duke, seu ajudante na embarcação (Djimon Hounsou); Constance, uma moradora com quem mantém uma relação casual (Diane Lane); o dono do único bar da cidade e o uísque.

Sua rotina é balançada quando sua ex-esposa (Anne Hathaway), com quem tem um filho, chega à cidade trazendo uma proposta: atirar ao mar o atual marido dela (Jason Clarke) em troca de 10 milhões de dólares.

O longa tem o trunfo de prender de cara a atenção do espectador com tantos mistérios. Outro ponto forte que faz a primeira metade do filme ser promissora é uma estética extravagante, a começar pelas paisagens paradisíacas e uma fotografia com movimentos de câmera que chamam a atenção para si, passando por personagens excêntricos e caricatos. Um deles é um vendedor engomadinho (Jeremy Strong) que parece seguir Baker Dill onde quer que ele vá sem, no entanto, conseguir alcançá-lo nunca. Outra é a própria Karen (Hathaway), que surge com os cabelos platinados e impecáveis e roupas praianas com grandes chapéus. Um figurino que parece compor a própria paisagem litorânea.

Em menor escala, toda a vila é composta por personagens caricaturescos. Uma mulher que sempre observa as coisas através de sua janela, um cliente do bar que está sempre sentado no mesmo lugar… pequenos elementos que fazem com que Plymouth realmente pareça um cenário de filme. E isso não é demérito. Aliás, é este aspecto que ajuda a criar o clima de estranheza que tanto nos cativa.



No entanto, quanto tudo está nos trilhos para que a trama se desenrole de forma interessante, há um grande plot twist. E dessa vez, esse recurso narrativo só serve para deixar a história… boba. Todas aquelas representações estranhas que pareciam funcionar como uma alegoria divertida e inteligente ganham explicações literais. Acabou o mistério e nada mais é uma metáfora. Tudo é milimetricamente justificado.

O plot twist, inclusive, até poderia ser interessante se fosse introduzido aos poucos, de forma sutil. Mas ele é simplesmente explicitado ao protagonista pela boca de outro personagem. E o filme passa a sua outra metade esfregando isso no nariz do público, como se uma só elucidação melindrosa não fosse o suficiente para entender a história.

Esse está longe de ser o único problema de Calmaria daí por diante. Isto se deve a uma mudança encaixada junto a reviravolta central e que empobrece o roteiro, pois agora não conseguimos mais nos importar com os personagens, pois nada em Plymouth parece ser relevante.

Assim, o  encerramento vem com com uma resolução previsível, sucedida de uma cena final pra lá de brega. Mas nem tudo são espinhos: para os fãs dos atores, pelo menos temos Anne Hathaway e Matthew McConaughey com um bom desempenho, tentando manter a peteca no ar e segurar a trama. É inegável que os dois juntos têm química.

Trailer


Ficha Técnica

Título original: Serenety, 2019. Direção e roteiro: Steven Knight. Elenco: Jason Clarke, Anne Hathaway, Matthew McConaughey, Dijmon Houson, Diane Lane. Nacionalidade: EUA. Gênero: Drama, Thriller, Sci-fi. Trilha Sonora: Benjamin Wallfisch. Fotografia: Jess Hall. Edição: Laura Jennings Designer de produção: Andrew McAlpine Figurino: Danny Glicker Casting: Moonyeenn Lee e Jon Rabaud  Distribuição: Diamond Films. Duração:107min.


28 de Fevereiro nos Cinemas

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Querido Menino


Steve Carell sofre do mal que todos os bons atores com personagens icônicos sofrem. Aqui em Querido Menino, ele representa David Sheff, protagonista e pai de Nic (Timothée Chalamet), um jovem lutando contra a correnteza da dependência química. Seu trabalho é rico em nuances e o maior responsável por deixar o espectador tenso e desesperado do início ao fim. No entanto, é impossível não notar a sombra de Michael Scott (The Office - 2005-2013) vez ou outra quando ele sorri ou tem um rompante.

Carell não é a única estrela. A atuação de Timothée também contribui para que nos importemos tanto com o desenrolar da história, já que ele cria um Nic extremamente carismático, mesmo em seus momentos mais afetados pelas drogas.

Apesar dessa temática, o filme é muito mais sobre a relação de pai e filho. Nic é o primogênito de David e vive com seu pai, a madrasta e os dois irmãozinhos em um lar aconchegante e permissivo. É um adolescente carinhoso com a família e inteligente o suficiente para ser aprovado em seis universidades. Por muitas vezes o observamos através da câmera subjetiva dos olhos preocupados de seu pai.

Então é uma grande surpresa para David quando este percebe que o filho está com problemas e que não está apenas “abusando” da maconha, mas viciado em metanfetamina. A partir desse ponto, começa a derrocada de Nic e também a de David. Através do tempo e dos diversos tratamentos, melhoras e racaídas, vemos Nic se tornar a imagem clássica de um viciado: magro, doente, vivendo nas ruas, furtando para se drogar, tendo overdose atrás de overdose.

Enquanto isso, David não dorme, não produz mais, negligencia a esposa e os outros filhos para viver em função de tentar salvar Nic. É angustiante acompanhar uma história para a qual não vemos solução, já que o filme não traz nenhum discurso de salvação ou de que “tudo é possível para quem quer”. Pelo contrário. Através das pesquisas de David, somos apresentados a dados que explicam por que é biologicamente improvável que viciados em metanfetamina se recuperarem.


Mas como começou tudo isso? Por que Nic tinha uma depressão e uma sensação de não-pertencimento fortes a ponto de buscar drogas tão pesadas? David tenta entender onde foi que errou. É um pai presente. Tem uma relação de amizade com o filho. Não faltam demonstrações de afeto. A questão é: ele não errou.

A única pista que ele tinha de que o filho não ia bem era o fato dele passar horas trancado no quarto lendo autores misantropos. A depressão não aparece em apenas em pessoas quebradas, com vidas desestruturadas. Na busca de um sentido e de preencher o vazio, o amor não basta. Dinheiro não basta. Mesmo com Nic vivo e sóbrio, as coisas não estão maravilhosamente bem. Sempre vai faltar alguma coisa a ele. E a possibilidade de voltar a se drogar sempre estará por perto. Sabemos isso pela boca do próprio garoto, quando ele está sóbrio a quase um ano e, aos olhos alheios, bem.

Após vivenciar tantas emoções ao lado dos personagens, somos largados com um final anticlimático. Ser baseado em fatos reais (e em dois livros autobiográficos) não exime os roteiristas de criarem artifícios dramáticos para entregar um final catártico. Ou melancólico. Ou surpreendente. Qualquer coisa que não apático.

Contudo, a direção e a montagem não desapontam. A despeito do prólogo desnecessário, o filme costura a história de forma não-linear de maneira bastante interessante. Flashbacks não didáticos como os que aparecem aqui são cada vez mais raros no cinema.


Ficha Técnica


Título original: Beautiful Boy, 2018. Direção: Felix van Groeningen.  Roteiro:  Luke Davies e  Felix van Groeningen - baseado nos livros 'Beautiful Boy' e ‘Tweak’, escritos por David Sheff e Nic Sheff. Elenco: Steve Carell, Timothée Chalamet, Maura Tierney, Amy Ryan. Nacionalidade: EUA. Gênero: Drama. Trilha Sonora: Arturo Sandoval. Fotografia: Ruben Impens. Edição: Nico Leunen. Casting: Francine Maisler Distribuição: Diamond Films. Duração:120min.


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HOJE NOS CINEMAS

A Morte Te Dá Parabéns 2


Tree Gelbman (Jessica Rothe) mal sonhava que após vivenciar um aniversário bastante reflexivo e mortal em 'A Morte Te Dá Parabéns' (2017), voltaria a ficar presa no mesmo dia devido a um experimento científico que aparentemente deu errado e foi o start do feitiço temporal que ocasionou suas mortes. Agora ao lado de Carter (Israel Broussard), Ryan (Phi Vu), Samar (Saraj Charma) e Andrea (Sarah Yarkin), a jovem lutará contra o tempo e até um novo assassino para desfazer o ciclo e solucionar de vez esse 'feitiço temporal'.

Dirigido por Christopher Landon, condutor do primeiro longa, a continuação de 'Happy Death Day' investe em um subgênero e consegue agradar e divertir ainda mais. Scott Lobdell é novamente roteirista e Landon é seu parceiro na escrita.

Com produção da Blumhouse Produções e distribuição da Universal Pictures, o longa entra em cartaz hoje.


AVISO: Estes parágrafos podem conter spoilers
Em 'A Morte Te Dá Parabéns' 2 conhecemos a causa dos ocorridos no primeiro filme. Aliás, aquele é novamente revisitado, afinal, Tree volta a repetir suas mortes e isto se deve ao fator chave chamado Ryan, o  jovem colega de Carter que sempre os interrompia quando ela acordava logo após morrer e morrer e morrer. Ryan, na verdade, fez um experimento com os amigos Andrea e Samar e isto atingiu Tree, porém, aqui chega a atingir Ryan, já que a loura havia resolvido a sua parte na história. Contudo, logo ela se vê envolvida novamente na corrida pela sobrevivência e presa no mesmo dia de aniversário no qual tanto sofreu para sair. 

A novidade é que agora ela compreende mais o que está acontecendo e cientificamente faz muito mais sentido, afinal, se da primeira vez os eventos pareceram obra do destino para obriga-la a melhorar nas suas relações com outras pessoas e viver a vida com mais cuidado esta premissa se desfaz ou por outro lado se modifica, pois somos levados a analisar a situação com a ajuda das teorias do multiverso. Neste momento a protagonista também ganha outro momento de decisão e tudo que antes parecia mais certo ganha um novo ponto de vista.


O roteiro vem ainda mais costuradinho. Entrega comédia, suspense, um cadin de terror e de scifi e também está com uma leva maior de drama para poder dar subcamadas a trama. A reviravolta para o conflito criado no primeiro filme mexe na linha do tempo daquele e não faz feio e a continuação não estraga nada do que vimos por lá. Soltam-se referências aqui a franquia ''De Volta Para O Futuro'' como também é fácil conectar o longa a produção com Bill Murray 'Feitico No Tempo''. O texto está ainda mais inteligente e diverte muito nos primeiros atos. Já no último embarca o espectador no drama familiar da protagonista e consegue agradar mesmo assim.

O elenco jovem e ainda com poucos trabalhos conhecidos faz muito bem seu papel. Jessie Rothe lembra muito Blake Lively pela beleza e é uma atriz a se prestar a atenção. Israel Broussard tem o típico rostinho de bom moço e cai perfeitamente no papel. Phi Vu, Saraj Sharma e Sarah Yarkin fazem aquele típico trio de amigos nerds e a turma não decepciona. Rachel Matthews, Ruby Modine e Gregory Aitken tem uma nova roupagem aqui e até mais forte que no primeiro filme. Rubi, por exemplo, vive Lori e se em outro universo ela tinha 'inveja' de Tree aqui ela é mais amiga. Os pais de Tree, vividos por Laura Missy Yager e Jason Bayle, também ganham uma função maior.

Como diretor Landon não deixa a peteca do filme cair e faz o espectador ficar atento e torcer pela protagonista segundo a segundo. Os takes podem parecer comuns, mas há sempre detalhes em cena que estão revelando algo. Nada em si poético, mas que ajuda demais a entender o que se passa. Com cinco longas nas costas, ele revelou que é provável que haverá um terceiro filme e as cenas finais dão a entender isso mesmo.

A trilha sonora vem com mensagens que casam perfeitamente com o longa. Em certo momento ouvimos a canção ''Hard Times'' (escute aqui) da banda Paramore que joga de um jeito divertido como a falante 'só queria acordar bem', claramente um desejo óbvio da protagonista do filme. Também há tempo para uma buzina com o toque de 'La Bamba' e ao fim ouvimos uma versão bem moderna da clássica 'Stayin Alive'. The Lumineers e James Blunt também aparecem aqui. 

Ben Baldhuin assina a edição da película e ela está no ponto.


Ficha Técnica



Título Original: Happy Death Day 2U, 2019. Direção: Christopher Landon.  Roteiro: Chistopher Landon e Scott Lobdell - baseado nos personagens criados por Scott Lobdell. Elenco: Jessica Rothe, Israel Broussard, Phi Vu, Suraj Sharma Sarah Yarkin, Rachel Matthews, Ruby Modine, Steve Zissis,  Charles Aitken, Laura Clifton, Missy Yager, Jason Bayle. Nacionalidade: Eua. Gênero: Terror, comédia. Trilha sonora original: Bear McCgreary. Direção de Arte: Jason Baldwin Stewart. Edição: Ben Baudhuin. Fotografia: Toby Oliver. Distribuição: Universal Pictures Filmes. Duração:01h40min.
Selo de diversão garantida.


Avaliação: Quatro cupcakes envenenados e deliciosos  (4/5 ).
21 de Fevereiro nos cinemas

See Ya!


B-

Todos Já Sabem



Depois de entregar obras de prestígio como O Apartamento (2016) e A Separação (2011), o diretor iraniano Asghar Farhadi chega ao cinema espanhol (após breve experiência no cinema francês com O Passado - 2013). Todos Já Sabem traz atores hispanohablantes de peso em um suspense dramático que, embora lento, consegue manter o espectador interessado e tenso até o fim da projeção.

Laura (Penélope Cruz) deixou a família para viver na Argentina há anos. Após muito tempo sem uma visita, chega a seu povoado natal na Espanha trazendo os dois filhos para o casamento de sua irmã. Alguns truques da direção já prenunciam que algo ruim vai acontecer. Por exemplo, a sequência em que o filho caçula da personagem tenta chegar à mãe em meio aos adultos bêbados que dançam sem percebê-lo.

Quando a tragédia se estabelece, arma-se uma verdadeira partida de detetive. Sabemos o que aconteceu. Falta descobrir como se deu e quem fez. Isso em um cenário em que todos são suspeitos. Desde os membros da numerosa família, até os amigos próximos e todos os habitantes do povoado, com seus constantes olhares silenciosos. Para os personagens, desvendar a situação é uma necessidade. Para o público, chegar à resposta antes deles é um desafio agradável.


Além da tragédia principal, várias outras tragédias pessoais surgem enquanto a família vai ruindo em estresse e desconfiança. O trunfo da direção é mostrar a conjuntura de acordo com vários pontos de vista. Os já mencionados olhares dos habitantes deixam tudo carregado de apreensão, enquanto ver as crianças pequenas rindo e brincando ao longo de todo o desenrolar, enquanto os adultos brigam entre si é um detalhe de ouro. É possível perceber que Laura é a mais afetada pela situação pois a câmera na mão se torna mais trêmula e evidente quando a enfoca.

ATENÇÃO: SPOILERS no texto após o trailer

Trailer



A resolução se dá nos últimos minutos do longa de 2h13. Isso mantém a curiosidade do público até o final. Aliás, a curiosidade não morre nem após o desfecho. Depois de uma última cena aberta e sublime, continuamos a nos importar com aquela história. Laura, Alejandro (Ricardo Darín) e seus filhos deixam o povoado e aquele pesadelo para trás. Mas apesar dos traumas causados na família, eles são os menos afetados ao final. Para os que ficaram o pesadelo não terminou.

Paco (Javier Bardem) ficou sem fazenda, sem dinheiro, com o matrimônio abalado. Foi usado para salvar sua filha e agora tem que lidar com a ausência dela. Com a ausência dessa relação, desse parentesco recentemente descortinado. Há também a questão familiar. O que vai acontecer a Marina? O que vai acontecer a seu marido? Paco, Laura e Alejandro algum dia saberão a verdade? São perguntas que ficam.

Aliás, Marina surge como uma “vilã” perfeita. Sempre a sombra de todos. Resiliente, sutil e calada. Sofrendo sua separação, cuidando da filha pequena, limpando a casa sob os gritos do avô. Não se faz importante o suficiente para que a notemos e não desperta nenhum um tipo de sentimento. Com certeza um mérito de sua atuação e, mais uma vez, da direção.



Ficha Técnica

Título Original: Todos Los Saben, 2018. Direção e Roteiro: Asghar Farhadi.  Elenco: Javier Bardem, Penélope Cruz, Ricardo Darín, Carla Campra, Iván Chavero, Irma Cuesta, Eduard Fernández, Elvira Mínguez, Ramón Barea, Sara Sálamo, Roger Casamajor, Sergio CastellanosNacionalidade: Espanha, França e ItáliaGênero: Drama, suspenseTrilha Sonora Original: Javier LimónFotografia: José Luiz AlcaneEdição: Hayedeh SafiyariDistribuição: Paris Filmes. Duração:02h13min.
  
HOJE NOS CINEMAS