quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Calmaria



Calmaria começa bem. Baker Dill (Matthew McConaughey) vive em função de seu barco homônimo ao filme (em inglês, Serenity). É ele o seu sustento e a sua obsessão. Morador de uma pequena cidade pesqueira na ilha de Plymouth, o personagem deixou tudo o que importava para trás junto com seu passado e leva uma vida medíocre com o dinheiro sempre contado. Suas únicas companhias são Duke, seu ajudante na embarcação (Djimon Hounsou); Constance, uma moradora com quem mantém uma relação casual (Diane Lane); o dono do único bar da cidade e o uísque.

Sua rotina é balançada quando sua ex-esposa (Anne Hathaway), com quem tem um filho, chega à cidade trazendo uma proposta: atirar ao mar o atual marido dela (Jason Clarke) em troca de 10 milhões de dólares.

O longa tem o trunfo de prender de cara a atenção do espectador com tantos mistérios. Outro ponto forte que faz a primeira metade do filme ser promissora é uma estética extravagante, a começar pelas paisagens paradisíacas e uma fotografia com movimentos de câmera que chamam a atenção para si, passando por personagens excêntricos e caricatos. Um deles é um vendedor engomadinho (Jeremy Strong) que parece seguir Baker Dill onde quer que ele vá sem, no entanto, conseguir alcançá-lo nunca. Outra é a própria Karen (Hathaway), que surge com os cabelos platinados e impecáveis e roupas praianas com grandes chapéus. Um figurino que parece compor a própria paisagem litorânea.

Em menor escala, toda a vila é composta por personagens caricaturescos. Uma mulher que sempre observa as coisas através de sua janela, um cliente do bar que está sempre sentado no mesmo lugar… pequenos elementos que fazem com que Plymouth realmente pareça um cenário de filme. E isso não é demérito. Aliás, é este aspecto que ajuda a criar o clima de estranheza que tanto nos cativa.



No entanto, quanto tudo está nos trilhos para que a trama se desenrole de forma interessante, há um grande plot twist. E dessa vez, esse recurso narrativo só serve para deixar a história… boba. Todas aquelas representações estranhas que pareciam funcionar como uma alegoria divertida e inteligente ganham explicações literais. Acabou o mistério e nada mais é uma metáfora. Tudo é milimetricamente justificado.

O plot twist, inclusive, até poderia ser interessante se fosse introduzido aos poucos, de forma sutil. Mas ele é simplesmente explicitado ao protagonista pela boca de outro personagem. E o filme passa a sua outra metade esfregando isso no nariz do público, como se uma só elucidação melindrosa não fosse o suficiente para entender a história.

Esse está longe de ser o único problema de Calmaria daí por diante. Isto se deve a uma mudança encaixada junto a reviravolta central e que empobrece o roteiro, pois agora não conseguimos mais nos importar com os personagens, pois nada em Plymouth parece ser relevante.

Assim, o  encerramento vem com com uma resolução previsível, sucedida de uma cena final pra lá de brega. Mas nem tudo são espinhos: para os fãs dos atores, pelo menos temos Anne Hathaway e Matthew McConaughey com um bom desempenho, tentando manter a peteca no ar e segurar a trama. É inegável que os dois juntos têm química.

Trailer


Ficha Técnica

Título original: Serenety, 2019. Direção e roteiro: Steven Knight. Elenco: Jason Clarke, Anne Hathaway, Matthew McConaughey, Dijmon Houson, Diane Lane. Nacionalidade: EUA. Gênero: Drama, Thriller, Sci-fi. Trilha Sonora: Benjamin Wallfisch. Fotografia: Jess Hall. Edição: Laura Jennings Designer de produção: Andrew McAlpine Figurino: Danny Glicker Casting: Moonyeenn Lee e Jon Rabaud  Distribuição: Diamond Films. Duração:107min.


28 de Fevereiro nos Cinemas

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