quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Guerra Fria



Antes dos créditos finais do indicado ao Oscar, na categoria de Melhor Filme Estrangeiro, Guerra Fria surgirem na tela, lê-se: “para os meus pais”. Com os mesmos nomes que os dois protagonistas do filme, Zula e Wiktor, os pais do diretor e roteirista do filme Pawel Pawlikowski tiveram indas e vindas ao longo de um relacionamento que durou 40 anos. 

No longa,  a cantora Zula (Joanna Kulig) e o músico Wiktor (Tomasz Kot) vivem um romance que parece fadado ao fracasso, não por conta deles, mas por causa de tudo que os cerca.

Trailer

Apesar de ser uma homenagem aos pais na superfície, o diretor de Guerra Fria consegue debater sobre a situação da Polônia dentro da União Soviética do Pós-Guerra e no período da Guerra Fria e as reverberações dessas questões nos menores detalhes das vidas de um músico e de uma cantora. 

Ao direcionar seu olhar para o micro ao invés do macro, Pawlikowski desenvolve uma história com diversas camadas que se revelam não somente na figura de Zula e de Wiktor, mas no que está ao redor deles. A imagem do coral de poloneses direcionados pelo emissário do governo Kaczmarek (Borys Szyc) a cantarem uma ode a Stalin, enquanto uma imensa bandeira com o rosto do político é exposta atrás deles, é talvez um dos maiores exemplos disso.  


A fotografia preto-e-branco poderia dar a produção uma impressão de ser antigo, mas os enquadramentos são incrivelmente modernos: assistir a este filme é como ver uma exposição de fotografias e a maneira com a qual os personagens são colocados em cena faz com que tudo pareça maior do que eles. Guerra Fria tem um aspecto quase que episódico na medida em que nós vemos os personagens se reencontrando e se despedindo ao longo dos anos e em diferentes países. O foco não é nas questões políticas de cada país, é no que acontece cada vez que Zula e Wiktor se cruzam.


Além da fotografia, um dos aspectos mais marcantes do filme são as músicas. Sempre melancólicas e sobre relacionamentos, as camções de cultura popular polonesa aparecem frequentemente no romance e servem como metáfora não só para o arco dos personagens, mas também para a perda da identidade de um país diante de um contexto mundial maior do que ele mesmo.

Ficha técnica

Título original: Zimna wojna, 2018. Direção: Pawel Pawlikowski. Roteiro: Pawel Pawlikowski, Janusz Glowacki e Piotr Borkowski.  Elenco: Joanna Kulig, Tomasz Kot, Jeanne Balibar. Duração: 84 minutos. Gênero: drama, romance. Língua: francês. País: França, Polônia, Reino Unido.  Fotografia: Lukasz Zal. Edição: Jaroslaw Kaminski. Distribuição: Califórnia Filmes.


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@rsmrsrn



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