quinta-feira, 28 de março de 2019

Gloria Bell


Em 2014, o mundo conheceu 'Gloria', o quarto longa do diretor e roteirista Sebastián Lelio. A película chilena que trazia uma mulher depois dos cinquenta vivendo suas vontades e curtindo os anos pós casamento e filhos passou por uma dezena de festivais de cinema e chegou a ser indicada a dezenove prêmios, levando quatorze destes. Não chegou a ganhar um Oscar, como aconteceu ao argentino 'O Segredo dos Seus Olhos', porém como este último também chamou a atenção e , portanto, abriu caminho para que uma versão norte-americana fosse pensada. 

Ano passado, a trama idealizada por Sebastian Lelio e Gonzalo Maza se transformou em um roteiro adaptado por Alice Johnson Boher onde o próprio Lelio foi o condutor - o que colaborou para que a essência de Glória não seja despedaçada. O papel que fora de Paulina García, em um primeiro momento, é passado aqui para Julianne Moore. E esta se sai tão bem quanto García. O elenco se completa com John Turturro, Michael Cera, Sean Austin, Alan Ubach, Brad Garrett, Jeanne Tripplehorn, Rita Wilson, Holland Taylor e Barbara Sukowa.


Glória é uma mulher divorciada passando pelos cinquenta anos sem sequer perceber. Super ativa no trabalho e na vida pessoal, ela passa suas noites de folga indo se divertir em clubes de dança, em Los Angeles. Os filhos, Veronica (Alana Ubach) e Peter (Michael Cera), já estão criados e com suas vidas próprias e não a dão nenhum tipo de preocupação. Vez ou outra ela se encontra com eles ou com a mãe (Holland Taylor) e assim vai levando. Amante de música, ela sempre tem um bom tune em alto e bom som nos passeios de carro ou em casa mesmo. Certo dia, Gloria conhece Arnold (John Turturro) e os dois começam a ter noites quentes. Porém, as filhas de Arnold e a ex-mulher ainda o são bastante co-dependentes dele e este não sabe levar uma vida sem estas também - o que põe o relacionamento em cheque e logo começa a andar pra trás. 


















A temática pode até atrair um público mais maduro aos cinemas. Contudo, o conjunto da obra em si vale a pena para o espectador que quer sair da rotina ou fugir dos blockbusters. Até mesmo porquê fica fácil se interessar por essa mulher tão dona de si e altamente disposta a se doar. E o roteiro busca trabalhar a personagem não como uma coitada, mas como uma mulher independente e sensata. Que se entrega, é amiga, solidária e, como qualquer outro ser humano, corre o risco de ser enganada. Ainda assim Glória não deixa de viver e se joga mesmo na pista. Sai com amigos, tenta vencer novos desafios, como fazer uma aula experimental de yoga com a filha que é professora, e até se empenha para não estressar com o vizinho barulhento. 

Lelio experimenta aqui cenas parecidíssimas com a do original (se atente para o momento em que os personagens estão no elevador ou até os segundos em que Gloria passa observando um esqueleto marionete) e por mais que uma ou outra não se adequem a realidade norte-americana muitas delas conservam a narrativa e o tom da história. O que de certa forma é positivo. Se aquele vinha em tons mais pastéis e também quentes, este se joga para vibe mais moderna e trabalha o rosa, o azul e o roxo. A caracterização da personagem, aliás, é similar e tem todo sentido em ambas as versões. Aqui vemos atores de diferentes universos atuando juntos, mas em sintonia, pois muitos deles se destacam em filmes alternativos como a própria Moore ou Turturro. Aliás, o casal que se forma tem exatamente a sintonia que se pede. 

 O filme se movimenta com uma trilha sonora (escute aqui) regular, mas é sua lista de canções (escute aqui) que o faz ganhar vida. A música tema da personagem leva, inclusive, seu nome e se as escolhas na versão original ajudavam a trama, esta aqui a á brilho. Por fim, temos uma edição bem contornada e sem exageros e não há motivos para achar este menor ou pior por ser um remake. Pelo contrário, ele chega para uma tarde divertida com você e é capaz de deixar leveza por sua boa mensagem.

Trailer


Ficha Técnica

Titulo original: Gloria Bell. Direção: Sebastián Lelio. Roteiro: Alice Johnson Boher e Sebastian Lelio - baseado em roteiro de Sebastián Lelio e Gonzalo Maza. Elenco: Julianne Moore, John Turturro, Michael Cera, Sean Austin, Alan Ubach, Brad Garrett, Jeanne Tripplehorn, Rita Wilson, Holland Taylor e Barbara Sukowa. Gênero: Romance, comédia dramática. Nacionalidade: EUA. Trilha Sonora Original: Matthew Hebert. Fotografia: Natasha Braier. Edição: Soledad Salfate. Figurino: Stacey Battat. Distribuição: Sony Pictures. Duração: 01h41min.
O remake consegue trazer boa parte da essência do original e é uma boa pedida para fugir dos filmes populares.

Avaliação: Três potes de disposição para dançar pela vida (3/5).


HOJE NOS CINEMAS

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quarta-feira, 27 de março de 2019

Dumbo, de Tim Burton


O clássico dos estúdios Disney, baseado no livro de Helen Aberson e Harold Pear, com direção da dupla Ben Sharpstein e Samuel Armstrong e roteiro da também dupla Joe Grant e Dick Huemer, foi considerado uma obra prima do cinema em 1941. A produção acabou vencendo o Oscar no ano seguinte e retorna agora totalmente repaginado e com a marca fenomenal dos dedos de Midas do criativo diretor, roteirista e produtor Tim Burton.

Desconsidere a fantasia original onde animais falam e tem sentimentos maldosos, esqueça o ratinho falante e que age como um orientador ou ainda os corvos que fazem papel de psicólogos auxiliando o pequeno elefante separado da mãe e sofrendo por ter orelhas grandes a acreditar em si próprio. Não compare mesmo com àquela trama na qual até o trem adquire características humanas. 

Nada disso aparece no universo muito mais adulto escrito por Ehren Kruger e realizado pela genialidade de Tim Burton. Mas espere ver um paquiderme perfeito em computação gráfica, fofo com grandes e expressivos olhos azuis capazes de preencher seu coração de afeto.

A primeira versão, lançada durante os anos quarenta, traz cegonhas entregando bebês e uma futura mãe elefanta aguarda ansiosa por sua encomenda - que sim é Dumbo. E quando este finalmente chega,com suas longas orelhas, as outras elefantas imediatamente o julgam e o excluem. Mas a mãe o defende e o protege com um amor incondicional chegando às vias da loucura.

 Trailer


Agora o remake revela um circo rodando por vários estados norte-americanos e a trama apresenta novamente uma locomotiva que caminha a (e com) história. Todos os elementos circenses estão presentes e ganham nuances espetaculares em um universo Burtoniano riquissimo. Quanto aos personagens, temos o dono do circo, Max Medici, o sempre hilário Dany de Vitto. Este lidera o circo e tira água de pedra para enfrentar a crise e continuar a levar o espetáculo adiante. Uma de suas principais atrações, o número dos cavalos, acaba sofrendo uma baixa inesperada e os animais são postos à venda. A outra estrela do show, Holt Farrier (Colin Farrel) foi servir na guerra e retorna incapacitado. Meio a toda tragédia decorrente, estão seus dois filhos que sofrem com a ausência do pai. O pequeno Joe (Finley Hobbins) e a irmã mais velha Milly (Nico Parker). A mocinha que, aliás, rejeita a ideia de ser artista de circo e quer estudar ciências.

Como vemos, o drama preenche a narrativa e esta se torna consistente. O senhor Medici, ganancioso e esperando conseguir um novo show, compra então uma elefanta prenha. Nasce o bebê Jumbo com suas enormes orelhas de abano, que por ironia do destino, virá a ser chamado de Dumbo.


Ficha Técnica
Titulo original: Dumbo, 2019. Direção: Tim Burton. Roteiro: Ehren Kruger - baseado no personagem criado por Helen Aberson e Harold Pearl. Elenco: Colin Farrell, Danny DeVito, Eva Green, Michael Keaton, Alan Arkin, Nico Parker, Finley Hobbins. Gênero: Ação, aventura, drama, famíliaNacionalidade: Eua. Trilha Sonora: Danny Elfman. Fotografia: Ben Davis. Figurino: Colleen Atwood. Edição: Chris Lebenzon. Distribuição: Disney/Buena vista. Duração: 01h52min.
Décadas e décadas depois de chegar as telas, a fábula está ainda mais atual com sua bela mensagem de aceitação daqueles que são diferentes e do respeito ao próximo. Também diz não ao preconceito, a intolerância e a qualquer forma de discriminação e coloca como relevante a superação frente às adversidades. 

Assim, quando tudo parecer estar perdido é a força interior que fará a diferença. Por fim, um amuleto, uma pena que pode ser considerada "mágica" faz o pequeno elefante superar suas limitações e mostrar ao mundo seu poder. E a platéia boquiaberta vê um elefante voar!

Entre o colorido de balões e um visual de encher os olhos, o pequeno Dumbo dá um show de carisma e fofurice e nos faz perdoar Burton por escolhas incertas em sua carreira. 
O longa também toma tempo para mostrar as vilanias do empresário V.A. Vandevere, personagem do ator Michael Keaton, e sua assistente Collete Marchant, a belissima e talentosa Eva Green. Os dois representam a empresa Dreamland, um parque artístico à altura de uma Disneyland que estão de olho ao que acontece pelas redondezas. 


Outra vertente interessante que a película decide abordar, porém discretamente, é a mensagem de respeito aos direito dos animais. Deixa subentendido que não defende exatamente a ideia de que circos e parques utilizem de animais em seus espetáculos, o que é bem legal.

Reforça também a perspectiva do trabalho em grupo, já que uma família também vira o centro das atenções nesta versão.

Dumbo cresceu em qualidade, em mensagens de auto estima e respeito. Os humanos passaram a ter papel importante. Mas o principal é que Dumbo manteve a doçura, o charme e o carisma de antes.

Logo, encantador é a palavra certa para definir o filme e surge a dúvida se o público sairá da sala com os olhos secos ou marejados.

[Nota da editora: A trilha sonora do filme (escute aqui) é assinada por Danny Elfman e a banda indie Arcade Fire gravou a música ‘Baby Mine’ para a lista de canções da película. Tá Imperdível.]

28 de Março nos cinemas. 

Happy Hour - Verdades e Consequências



Horácio (Pablo Echarri) é um argentino residente do Rio de Janeiro que, professor universitário, lamenta a carreira frustrada como escritor. Vera (Letícia Sabatella), de sotaque paulista, é uma deputada estadual da câmara carioca que preza pela verdade acima de tudo. O casamento de 15 anos dos dois ilustra aqui a coprodução de Brasil e Argentina em Happy Hour - Verdades e Consequências.

Como uma boa narrativa latino-americana, o filme tem um quê de realismo fantástico. O mundo comum (Joseph Campbell, A Jornada do Herói) é abalado quando um misterioso bandido-aranha cai de um prédio sobre o capô do carro do protagonista. Devido à queda, o infrator - que costuma entrar na casa das pessoas e atar com cordas vermelhas quem quer que encontre - é hospitalizado. Ao fim do filme, quando ele se recupera dos ferimentos e consegue escapar em liberdade, a ordem das coisas é restabelecida.

Não se preocupe com spoilers. O destino do aranha de nada importa para a história. Ele apenas serve como elemento fantástico para ditar uma abertura no tecido da realidade e tecer sua teia de estranheza sobre todos os personagens. Com a sua queda, três grandes eventos acontecem na vida do casal protagonista. Primeiro, Horácio se torna um herói reconhecido em toda a cidade por ter “capturado” o bandido. A mídia local explora o caso à exaustão e não dá sossego ao homem, que passa a odiar a repentina fama.



Não menos importante, ele decide propor à esposa uma abertura do relacionamento para que ambos possam sair com outras pessoas. Vera reage mal ao pedido, que além de indesejado, vem no pior momento: quando ela fez alianças com seus desafetos políticos e se lançou como candidata a prefeita. Esses três conflitos, três mudanças na vida desta família vão servir de fio para o desenrolar de temas como verdade e mentira, desejo, destino, pertencimento e o machismo. Um homem vira herói por coincidência. E uma mulher, com toda a capacidade para a liderança, se vê dependente da imagem desse 'herói por acaso' para chegar ao poder.

É uma pena que todos eles sejam muito mal representados. Muitos dos temas ficam rasos e vemos tudo sob o ponto de vista da figura do narrador-personagem que é Horácio, empobrecendo a discussão. A comicidade pontual não ajuda o filme. Pelo contrário, ajuda a torná-lo apalermado. Principalmente quando evoca Ricardo, personagem de Luciano Cáceres.

Infelizmente, mesmo o debate sobre a quebra da monogamia, que é o que o longa se dedica mais diretamente, se dá de maneira fraca. Clara (Aline Jones), aluna de Horácio, quer se mostrar tão aberta e evoluída e, no entanto, é incapaz de demonstrar empatia à esposa dele. E sua personagem é tão mal desenvolvida e tão desinteressante que, através dos olhos do professor, não conseguimos entender a atração dele por ela.

Nos 105 minutos, se salvam as atuações do casal principal, a trilha sonora e os diálogos. A despeito do roteiro ser narrativamente ruim, as falas dos personagens despontam. Quem quiser apostar nesses elementos, poderá conferir o filme a partir do dia 28 de Março.

Trailer


Ficha Técnica
Título Original/Ano: Happy Hour - Verdades e Consequências. Direção: Eduardo Albergaria. Roteiro: Eduardo Albergaria, Fernando Velasco e Carlos Artur Thiré. Colaboração: Ana Cohan. Elenco: Letícia Sabatella, Pablo Echarri, Luciano Cáceres, Aline Jones, Pablo Morais. País: Brasil/Argentina. Gênero: Comédia. Direção de Fotografia: Marcelo Camorino, ADF. Direção de Arte: Marcos Figueiroa. Direção de Produção: Paulão Costa (negra). Figurino: Valeria Stefani. Maquiagem: Mari Pin. Cabelereiro: Claudia Cruz (negra). Música: Darío Skenazi. Desenho de Som: Martín Grignaschi, M.P.S.E. Som direto: Marcel Costa. Montagem: Karen Akerman, EDT. Produção Executiva: Adriana Konig e Raúl Aragón. Produção: Leonardo Edde e Vanessa Ragone. Distribuição: Imovision. Duração: 105 minutos. Classificação: 14 anos.

quinta-feira, 21 de março de 2019

Chorar de Rir


Chorar de Rir é o típico filme que começa bem e se perde por completo. Dirigido por Toniko Melo, o longa chega hoje aos cinemas e tem como protagonista o rei das comédias clichês Leandro Hassum. Ali Leandro vive o apresentador de sucesso Nilo Perequê. Um humorista que um belo dia se cansa de fazer graça e resolve investir na carreira dramática, contudo, uma maldição é lançada contra ele e seu sonho de se provar um ator completo cai por terra.

Bem produzido e com toda uma parte técnica impecável, o filme não consegue se salvar de seu roteiro mesclado de gêneros e mesmo com boas intenções o resultado final é trágico e desorientado.

Ainda no elenco, Natália Lage, Otávio Müller., Caito Manier, Rafael Portugal, Monique Alfradique, Felipe Rocha, Fulvio Stefanini e Jandira Martini.

Trailer

A comédia tem uma apresentação inicial interessante. Conhecemos o dia a dia do personagem e também sua aflição por ter reconhecimento, mas ser apenas 'o cara que sabe fazer rir' e não pode ser levado a sério como ator, pensamento comum e que até soa aqui como crítica - até porque Leandro usa do tempo em cena para jogar frases que muita gente tem falado depois que o humorista apareceu bem mais magro em frente as câmeras. 

Há então a busca do protagonista por se mostrar e um conflito fantasioso que quebra algumas expectativas e voa por caminhos longínquos. Algo que até poderia soar como reflexão, mas as muitas conveniências do longa e a inserção de um tom mais bobo faz com que ele nade no raso e queira ser muito quando não consegue nem convencer com o tom família ou romântico que também tenta emplacar. Ademais, entrega um ou outro personagem caricato e desce a ladeira da frustração quando até rir em algumas cenas é difícil.


Assim, apesar de uma qualidade incrível tecnicamente, seja no design, no figurino e até na escolha do elenco e das participações - exceto som que em algumas horas parece apresentar falas redubladas, Chorar de Rir tende ao óbvio e infelizmente não entrega um desenvolvimento notável.

Vemos sim uma cena ou outra engracada, mas as esquetes  aliás, mais fazem rir nem estão por conta de Leandro e sim dos personagens de Caito e Carol que estão a frente de um programa de fofocas e soam como uma mistura de TV Fama com Cidade Alerta apresentados por Rogerinho do Ingá (Choque de Cultura). E nem o sempre excelente Rafael Portugal conseguiu se sobressair aqui. Felipe Rocha, contudo, é em cena a cereja desse bolo murcho.


Ficha Técnica

Direção: Toniko Melo. Roteiro: José Roberto Torero e Luciano Patrick. Argumento: Caco Galhardo e Toniko Melo. Elenco: Leandro Hassum, Otávio Müller. Monique Alfradique, Natália Lage, Rafael Portugal, Caito Mainier, Carol Portes , Mariana Loureiro, Felipe Rocha, Fulvio Stefanini, Jandira Martini, Perfeito Fortuna, Sérgio Mallandro e Sidney Magal. Direção de fotografia: Ulisses Malta Jr. Direção de arte: Marghe Pennacchi. Figurino: Kika Lopes. Som direto: Guilherme Ayrosa. Direção de Pós-Produção: Nicole Weckx. Montagem: Gustavo Giani, AMC. Música: Alexandre Guerra. Desenho de Som: Martín Grignaschi, MPSE, ASA. Produção: Geórgia Costa Araújo. Produção Executiva: Luciano Patrick e Andrezza de Faria. Produtor Associado: Toniko Melo. Distribuição: Warner Bros Pictures. Duração:01h43min.


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Cine Holliúdy 2 - A Chibata Sideral


Em Cine Holliúdy, de Halder Gomes, lançado em 2013, o mundo conheceu Francisgleydisson (Edmilson Filho), um homem simples do interior do Ceará que não só sonhava em ter seu próprio cinema como lutou com todas as forças para estabelecer um pelas redondezas. Casado com Maria das Graças (Miriam Freeland) e pai do pequeno Francin, Francisgleydisson o mundo de uma forma diferente e acredita no poder de contar histórias em telas maiores que a de uma tevê. 

E por um certo tempo ele conseguiu levar muita alegria ao povo de sua região. Contudo, com o passar dos anos, o filho (Ariclenes Barroso) cresceu e o cinema não parou de enfrentar problemas para se manter vivo. Logo, ele teve de abandonar seu adorado cinema e falido teve de ir morar na casa da sogra (Gorete Milagres) em Pacatuba e aturar muita humilhação por parte daquela. Passado alguns dias, Francisgleydisson assiste um amigo ser abduzido por seres de outro planeta e é então ali que tem a ideia de produzir um filme de scifi e narrar uma guerra intergalática entre Lampião e Ets feíssimos. Para a equipe técnica e o elenco, sai contratando todos os conhecidos como o Cego Isaías (Falcão), Padre Mesquita (Jorge Ritchie), o Véi Góis (Chico Diaz) e até o valente Zé Coveiro (Milhem Cortaz) a quem o agora diretor deve dinheiro. Aliás, para angariar fundos para a produção, Francisgleydisson não só atende a pedidos da futura prefeita Justina Ambrósio (Samantha Schmütz) e do atual prefeito Olegário (Roberto Bomtempo) em contratar um sobrinho daquela para trabalhar no filme como também sai em busca de investimento de fiéis da igreja do pastor Esmeraldo (Edmilson Filho novamente) quando as coisas começam a dar para trás devido a uma troca do ator que interpretaria o protagonista. Óbvio que tudo ali se mostra hilário e o bom uso da cultura nordestina acoplada ao universo cinematográfico faz do longa uma divertida opcao entre o leque de estreias. 

A sequencia de Cine Holliúdy ganhou o título de '' A Chibata Sideral'' e tem distribuição da Downton Filmes.

Fazer um filme de ficção científica não é mole, mas essa turma consegue ir além do que se pede.

O primeiro filme teve domínio completo de Halder, afinal, o diretor foi também roteirista do projeto. Aqui ele participa da escrita, além do ator Edmilson Filho, mas o roteiro é assinado por L.G. Bayão, responsável por Shaolin do Sertão (filme também dirigido por Halder), DPA 2, Duas de mim e entre outros) e temos um tom cômico nesta sequência ainda mais forte. As expressões 'cearenses', o palavreado cultural e todo um jeito estranho de colocar os personagens em tela são por demais cativantes e o exagero cabe muito bem aqui. Como no primeiro, há muita homenagem ao cinema envolvida e o resultado final da produção é agradabilíssimo.

Há tempo para a ampliação das narrativas dos personagens conhecidos no primeiro filme e a relação de pai e filho entre Francisgleydisson e Francis ganha ainda mais destaque. Todos os estereótipos que se apresentam acabam fugindo de si mesmo. Os políticos ambiciosos se transformam, os cobradores vilões se mostram talentosos, e os feios, os feios são fundamentais. Além claro de uma família que se une em todo e qualquer momento.


O gracejo técnico do filme vai desde o empenhado design de produção, até as escolhas musicais, a boa performance do elenco inteiro e ainda a centrada edição da película que ainda fica riquíssima com a possível ida de Francisgleydisson a Hollywood conhecer um cineasta em inicio de carreira chamado Steven Spielberg. 

Como no antecessor, Halder faz um cameo e mostra que essa história criativa saída de sua mente com legendas tem tudo para ganhar uma terceira apresentação. E nossa torcida é de que faça bonito nas bilheterias.

Trailer

Ficha Técnica
 
Direção: Halder Gomes. Roteiro: L.G Bayão. Colaboração no Roteiro: Halder Gomes e Edmilson Filho. Elenco: Edmilson Filho, Miriam Freeland, Ariclenes Barroso, Roberto Bomtempo, Samantha Schmütz, Gorete Milagres, Falcão, Milhem Cortaz, Chico Diaz, Bolachinha, Ana Marlene, Amadeu Maya, Francisco Gaspar; Denis Lacerda, Fernanda Callou, Guilherme Santos, Haroldo Guimarães, Jorge Ritchie, Tomas de Aquino, Roberta Wermont, Solange Teixeira, Tibério Guimarães, João Netto, Murilo Ramos, Sérgio Malheiros, Luciano Lopes, Rainer Cadete, Sophia Abrahão, Reginauro Sousa, Renato Fontenelle, Jarrod Bryant e Pedro Azevedo. Gênero: Comédia. Nacionalidade: Brasil. Tr, Produtor Associado: Carlos Diegues. Produtor: Mayra Lucas e Halder Gomes. Produtora Executiva: Patrícia Baia / Paulo Serpa. Distribuidora: Downton Filmes. Duração: 01h40min.

Se você não acha graça em nada, faça o teste e dê uma chance a Cine Holliúdy 2 - A Chibata Sideral, você pode acabar tendo que ir ao hospital de tanto rir.

Avaliação: Quatro gargalhadas de outro mundo (4/5 ).
See Ya!

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