Filmes são uma maneira de se conhecer e olhar para outras culturas - o que faz com que, por algumas horas e minutos, tenhamos uma leitura de como os seres humanos em determinada região vivem seus dias. Neste momento, reconhecemos as
similaridades e destacamos as diferenças.
Em 'Yomeddine' isto ocorre facilmente, pois temos ali a oportunidade única de apreender um pouco mais sobre cultura
egípcia e os efeitos das várias religiões presentes e vivos nela, mas ainda melhor do que estes fatores podemos adentrar um mundo que pouco vemos falarem sober: as colônias de leprosos.
Dirigido e roteirizado pelo estreante A.B Shawky, a película conta a história de Beshay (Rady Gamal), um homem de quarenta anos
que reside em uma destas colônias desde criança - que foi quando sentiu a doença. Ele leva uma vida simples vendendo quaisquer coisa que encontra no lixão mais próximo. E assim segue contente com o jeito que as coisas se configuram.
Porém, um acontecimento envolvendo sua esposa acaba fazendo com que
Beshay se pergunte sobre o bem estar de sua família. E homem então recorda que menor seu pai
o prometera que o tiraria dali e o levaria para casa deles. Claro, assim que este se curasse da doença. Contudo, o pai de Beshay não se deu ao trabalho de o procurar novamente e o homem acaba saindo em busca do paradeiro de
sua primeira família para entender se houve realmente abandono ou algo que os impossibilitaram de reencontra-lo.
Ficha Técnica
Título Original: Yomeddine, 2018. Direção e Roteiro: A. B. Shawky. Elenco: Rady Gamal, Ahmed Abdelhafiz, Shahira Fahmy. Gênero: Aventura, Comédia, Drama. País: Egito, EUA e Áustria. Fotografia: Federico Cesca. Edição: Erin Greenwell. Música: Omar Fadel. Produção: Dina Emam. Classificação: 10 anos. Distribuição: Imovision. Duração: 97 minutos.
Junto com Obama (Ahmed Abdelhafiz), uma
criança que mora em uma creche próxima e quer por que quer fugir de lá, pois se sente
discriminado por sua nacionalidade, Beshay viaja de carroça para a
cidade onde a família deste último morava antes de o abandonarem. Durante o percurso, a dupla acaba vendo com os próprios olhos os efeitos do forte controle daquela cultura nos arredores da colônia.
Uma crítica comum de Yomeddine é que ele reduz o sofrimento dos personagens, produzindo assim um filme onde “tudo acaba bem”, e que talvez não tenha muito
peso no comparativo aos temas que decide abordar. Porém, tal ideia não só ignora o fato de que a produção apresenta muitas críticas para a sociedade,
principalmente egípcia e de uma maneira mais discreta, mas insere também, e propositalmente, um contexto rico. Desta forma, avalia-se que nem todo obra necessita caminhar para um lado trágico ou se apresentar com muitos simbolismos e no final das contas a análise que se faz é extremamente relevante. E ainda assim, ele não ignora os
problemas da sociedade; pelo contrário, ele deixa bem claro que esta tem a necessidade de evoluir muito para aceitar as pessoas que são vistas como diferentes.
Yomeddine é um ótimo filme. Triste em certos momentos, feliz em outros. Nunca corre muito com um gênero e acaba contando uma história que precisa ser
contada. Revela atuações incríveis dos dois atores centrais e que talvez nunca mais vejamos
nas telas - um uma criança e uma homem com lepra.
Trailer
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