La Llorona (A Chorona) ou 'A Mulher da
Meia-Noite' é uma entidade maligna presente no folclore mexicano cujas origens
remontam à cultura asteca. As versões variantes da lenda são muitas e bastante
dissonantes. Podemos dizer, no entanto, que a maioria envolve uma jovem mulher
bonita que chora por seus filhos perdidos/mortos e que caça crianças em busca
de substituí-los.
A Maldição da Chorona (2019),
dirigido pelo estreante Michael Chaves não é o primeiro a basear-se nesta
história. Adaptações da lenda existem desde 1933, como o filme La Llorona (Ramón
Peón). É uma pena que fora da contextualização cultural devida, como no filme
deste ano, o mito popular deixa de ser algo interessante e se torna uma versão pobre e
mal contada da história de Medeia.
O filme dá continuidade ao universo
de horror começado por Invocação do Mal (James Wan, 2013). e aqui vemos uma
mulher recém viúva (Linda Cardellini) tentando defender seus dois filhos da
mesma entidade maligna responsável pela morte das crianças que ela protegia
como assistente social. O ceticismo cobrou o seu preço quando ela não deu
ouvidos à mãe deles (Patricia Velasquez). E agora Patrícia (personagem
homônima) também quer cobrar seu preço.
Para defender os pequenos Chris (Roman Christou) e
Sam (Jaynne-Lynne Kinchen), Anna vai contar com a ajuda do ex-padre Rafael (Raymond Cruz) - o personagem acumula os papéis de mestre salvador e alívio cômico. No entanto,
nem o roteiro nem a atuação contribuem para que as piadas de Rafael sejam bem
sucedidas.
O que não chega a ser um problema, já
que o filme não consegue construir um clima assustador para precisar de um
alívio cômico. Como espectadores, não tememos pela vida das vitimas. E isso se
dá tanto por não termos empatia o suficiente com elas (personagens mal
construídos) quanto porque a ameaça não provoca medo o suficiente.
O design e a estética da Chorona como
monstro é bastante genérica. Pele acinzentada, unhas grandes e nojentas,
cabelos longos e sujos, olhos negros, líquidos escuros emanando de seu corpo
pútrido, dentes podres… nada remete à figura maternal que a entidade deveria
emanar. Aliás, o mal é bastante mais intimidador quando também possui
características atrativas.
Trailer
Ficha Técnica
Título original e ano: The Curse of La Llorona, 2019. Diretor: Michael Chaves. Roteiro: Mikki Daughtry e Tobias Laconis. Elenco: Linda Cardellini, Roman Christou, Jaynee-Lynne Kinchen, Raymond Cruz, Marisol Ramirez, Patricia Velazquez, Sean Patrick Thomas, Tony Amendola, Irene Keng, Oliver Alexander, Alden Lewandowski, Paul Rodriguez, John Marshall Jones. Gênero: Terror. Nacionalidade: EUA.Trilha Sonora Original: Joseph Bishara. Peter Gvozdas. Fotografia: Michael Burgess. Distribuidora: Warner Bros Pictures Br. Duração: 01h34min.
Os poderes sobrenaturais da Chorona
evoluem de maneira exponencial conforme o tempo de tela passa. Isso nos faz
perceber que ela poderia ter pegado as crianças para si na primeira tentativa,
o que demonstra um roteiro falho. Não sentimos pavor em momento algum. Apenas
nos assustamos com os jump scares. E
ainda assim, são raras as vezes. Já em outras, a música denuncia que devemos nos
preparar para algo surgindo bruscamente na tela.
Para provar a conexão entre todos os
filmes do universo, a equipe do filme nos mostra a boneca Annabelle. No entanto,
o que poderia ser um easter egg
interessante para os fãs, acaba sendo exibido de modo tão didático que chega a
ser brega. Aguardamos a redenção do universo e o retorno de um filme ao menos
empenhado em revelar algo novo.
Não recomendado para menores de 14 anos
18 DE ABRIL NOS CINEMAS
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