Sue Ann guarda terríveis traumas do ensino médio. Tendo sofrido uma grande humilhação pública em uma cidade pequena, ela se tornou uma adulta sem autoestima, sem amigos e que não inspira respeito nem em sua chefe. Vivida magistralmente por Octavia Spencer, a mulher vê uma oportunidade de mudar essa realidade quando ganha a simpatia de um grupo de adolescentes após comprar bebidas para eles.
Adotando medidas inconsequentes, Sue Ann conquista de vez o carinho do grupo ao passar a dar festas semanais em seu porão, com direito a bebidas compradas por ela e comida a vontade. Aos poucos, outros adolescentes passam a frequentar o local. Assim, se torna uma figura conhecida pelos jovens e admirada pela maioria. Algo que ela nunca vivenciou.
Apesar do tom de terror que sugere a homofonia da palavra em português, o título “Ma” é uma contração informal da palavra “senhora” em inglês. É como a personagem passa a ser conhecida por seus novos colegas.
Não há dúvidas de que Ma está presa ao passado, incapaz de superar seu trauma. Mas se no início ela usa a situação para viver o que nunca pôde, quando ela percebe que não faz parte do grupo como uma igual, outras maneiras de lidar com o passado virão à tona.
Se optamos pela definição de suspense o ato de indicar a chegada de uma ação somente para, quando este se concretizar, guardá-lo para mais tarde… então temos aqui uma obra sublime na construção do gênero. Talvez isto frustre os espectadores mais fanáticos pelo formato cru do terror, pois o filme segue como um drama durante seus dois primeiros atos e só abraça um tom exato no final. No entanto, para quem quer ver mais que jump scares e cenas de violência, a decisão do diretor Tate Taylor é bastante acertada. Uma pena que a divulgação do filme não tenha tido o mesmo cuidado e entregue inúmeros spoilers da produção no trailer e também em um dos pôsteres. Portanto, meu conselho é que você não assista ao vídeo antes da sessão.
Se até aqui eu falei apenas de Ma/Sue Ann, é porque a protagonista Maggie (Diana Silvers) consegue ser a personagem mais insossa da trama, perdendo em carisma para Ma e para sua colega Haley (McKalley Miller). O elenco juvenil é bastante mal aproveitado e isso influencia em como recebemos os momentos de tensão.
Além disso, não posso deixar de chamar a atenção para o fato de que a narrativa contribui para o mito de que pessoas que sofrem bullying crescem como adultos violentos e vingativos, sendo que temos provas de que as minorias são sempre alvo de chacota e normalmente são pessoas sensíveis e inteligentes e a violência parte daqueles que cresceram acreditando que têm direito a tudo.
À exceção dessas falhas, Ma é um filme eficiente e prazeroso de assistir.
Além disso, não posso deixar de chamar a atenção para o fato de que a narrativa contribui para o mito de que pessoas que sofrem bullying crescem como adultos violentos e vingativos, sendo que temos provas de que as minorias são sempre alvo de chacota e normalmente são pessoas sensíveis e inteligentes e a violência parte daqueles que cresceram acreditando que têm direito a tudo.
À exceção dessas falhas, Ma é um filme eficiente e prazeroso de assistir.
Trailer
Título original e ano: Ma, 2019. Direção: Tate Taylor. Roteiro: Scotty Landes. Elenco: Octavia Spencer, Diana Silvers, Juliette Lewis, McKalley Miller, Corey Fogeklmanis, Gianni Paolo, Dante Brown, Tannyel Waivers, Luke Evans, Missi Pyle. Gênero: Drama, Terror, Thriller. País: EUA. Direção de Fotografia: Christina Voros. Edição: Lucy Donaldson e Jin Lee. Duração: 1h39min. Distribuição: Universal Pictures.
30 de maio nos cinemas
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