O envelhecimento populacional é uma realidade em muitos continentes e com o aumento da expectativa de vida, há também um aumento nas doenças degenerativas como a demência (declínio progressivo das funções cognitivas). Esta que por último esta correlacionada ainda a Doença de Alzheimer.
E no filme "Tudo O Que Tivemos", é dado ao espectador a chance de conhecer o impacto gerado pela enfermidade, aspectos dos seus transtornos psíquicos e as mudanças decorridas de sua presença diretamente em um ambiente familiar.
Trailer
Em uma noite fria de inverno, Ruth (Blythe Danner) se arruma e sai porta afora durante uma forte nevasca. O marido Burt (Robert Forster), ao perceber que a esposa não retornou em tempo, se desespera e aciona o filho Nick (Michael Shannon). Este imediatamente liga para a irmã Bridget (Hilary Swank), que arrasta a filha Emma (Taissa Farmiga), e juntos ele tentam então localizar a matriarca da família.
O acontecimento consegue se tornar a gota d'água para que todas as questões psicológicas de cada um venha à tona. Ademais, o impacto emocional criado pela situação faz o clã cair em si e ser obrigado a aceitar que a esposa/mãe/avó já não consegue conviver socialmente e necessita de atenção constante. Portanto, os indivíduos ali passam a rever suas prioridades na vida para então encaixarem agora uma primordial: cuidar de Ruth.
Nick (Shannon), Emma (Farmiga), Bridget (Swank), Ruth (Danner) e Burt (Forster)
Casos assim, obviamente, sabemos que doença não afeta apenas a pessoa idosa e sim os parentes mais próximos e até seu circulo de amigos e as atitudes decorrentes da demência provocam um grande trauma, trazendo angústia, medo, depressão e desespero a este conjunto de pessoas que se sente inútil frente ao avanço da doença.
Dirigido por Elizabeth Chomko e com um elenco conhecido, a trama destaca um tema relevante, mas que, vista por um certo ponto, é clichê. Contudo, a retratação ganha um formato humanizado e realista, e os atos finais chegam a surpreender.
Blythe Danner está muito bem no papel de Ruth que, alheia às crises que a rodeiam, por vezes ri e zomba de seus próprios esquecimentos e atitudes inadequadas. No seu mundo particular criado pela doença, ela ainda é jovem, romântica e aguarda o momento de voltar para casa e rever sua mãe. A partir desta perspectiva, quem já conviveu com alguém que apresenta o mesmo quadro de demência, irá se emocionar e perceber várias atitudes semelhantes entre os pacientes com Alzheimer.
Bridget (Swank) precisa viajar de volta para casa com a filha adolescente Emma (Farmiga) e como tutora da mãe tomar a difícil decisão de colocá-la ou não em uma casa especializada. Bridget mora longe e encara um momento delicado em seu casamento, tem que lidar com a crise existencial da filha adolescente e ainda tem administrar as cobranças do irmão Nick (Shannon) que se sente sobrecarregado nos cuidados com os pais idosos. O homem também tem questões não resolvidas com a companheira e a profissão e necessita de um tempo para se re-estabelecer. O pai (Forster) de 75 anos, cardíaco e teimoso é o principal entrave na decisão quanto a casa de repouso. Para Burt não há mágica nas relações, você tem que encontrar alguém que te suporte e ter o compromisso de cuidar dela. Ele sempre tomou as decisões pela família e luta para continuar a ter as rédeas da situação.
Ficha Técnica
Título Original e ano: What They Had, 2018. Direção e Roteiro: Elizabeth Chomko. Elenco: Blythe Danner, Robert Forster, Hilary Swank, Michael Shannon, Josh Lucas, Taissa Farmica, Aimee Garcia. Gênero: Drama. Nacionalidade: EUA. Trilha Sonora Original: Danny Mulhern. Fotografia: Roberto Schaefer. Edição: Tom McArdle. Distribuição: Diamond Films Brasil. Duração: 01h41min.
Por outro lado, Bridget que sempre foi submissa ao pai também reproduz o comportamento na criação da filha. E a doença traz à baila todas as questões que por anos foram empurradas para debaixo do tapete.
O período de Natal com toda a carga emocional que carrega também colabora para desencadear as crises, acusações, lágrimas e brigas. Mas a mensagem do filme lembra claramente que amar é, antes e acima de tudo, assumir compromissos.
Um drama que trata temas relevantes e se finaliza com bastante coerência.
HOJE NOS CINEMAS
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