quinta-feira, 11 de julho de 2019

Inocência Roubada


Odette é uma garotinha de 8 anos que têm paixão por desenho e dança. Em sua infância, fase doce e inocente da vida, não desconfia quando um amigo da família a convida para "brincar de fazer cócegas". Já adulta, por volta dos seus 30 e poucos anos, Odette Le Nadant se transforma em uma mulher de personalidade forte, determinada, e acima de tudo, focada em sua carreira de bailarina. 

Belo dia, na sessão de terapia, a mulher revela ter sofrido abuso na infância. E pela primeira vez encara seu passado. O que a leva a uma jornada de descobrimento e faz perceber que sua vida nem sempre foi tranquila.

Inocência Roubada é um filme forte e real, apesar de tratar de um assunto tão avassalador com leveza e esperança. Baseado na peça teatral de Andréa Bescond e Eric Métayer, a produção traz a real trajetória de vida e a dolorosa experiência pela qual passou a própria Andréa. Aliás, a diretora, roteirista e atriz,conta que falar sobre o abuso sexual do qual fora vítima na infância a ajudou a se sentir bem e a perceber que seu testemunho vem para ajudar outras pessoas que passaram pela mesma violência. Escrever e encenar também preencheu uma lacuna em sua vida de extrema solidão.
Trailer

O filme se passa como um quebra cabeça de memórias traumáticas. O presente se dá nas conversas com a terapeuta e nas lembranças de Odette que surgem desconexas, além de diversas camadas temporais.

Com um elenco composto por Andréa Bescond, Karin Viard, Clovis Conillac, Pierre Deladonchamps, Grégory Montel, Carole Franck e Cyrille Mairesse, o drama francês chega aos cinemas do Rio de JaneiroBelo HorizonteBrasíliaPorto AlegreVitoria,SalvadorTeresina e São Luís esta quinta-feira (11) depois de ter recebido vários prêmios enquanto peça teatral, um deles o Molière de 'Melhor Solo Cena'.


A intenção do filme é  relatar o abuso e fazer pensar a respeito da reação dos membros familiares para com o fato onde uns encaram ou negam o ocorrido. Também traz à luz um dado especifico, pois o abusador, geralmente, é alguém próximo e conhecido.

A mãe ao saber do fato entra em um processo de negação e em momento algum oferece um abraço de carinho ou um pedido de desculpas a filha por não tê-la protegido. Embasa suas atitudes com falas medíocres onde diz ''ter sofrido coisas piores''. O pai não assume seu papel de adulto que zela pela cria e a pequena Odette sente medo e prefere não contar à ele o que está acontecendo. Quando o faz, já adulta, vê o quanto àquele se atormenta por não ter feito nada e por não ter notado a situação já que fez vistas grossas.

Logo, a violência que a menina sofreu é encoberta não só pelo ambiente em que vive, mas também pela pouca segurança que sente para poder se abrir com adultos. E todo este trauma guardado traz sérios traumas. Este últimos que só são trabalhados com a ajuda da terapia e da dança. Assim, sua dor e raiva se transformam em arte e são aparentes em suas coreografias.


Ficha Técnica


Título Original e ano: Les Chatouilles , 2018. Direção e roteiro: Andréa Bescond, Eric Métayer. Elenco: Andréa Bescond, Karin Viard, Clovis Cornillac. Gênero: Drama. Nacionalidade: França. Trilha Sonora: Clment Ducol. Edição: Valérie Deisene. Fotografia: Pierre Aïm. Figurino: Isabelle Pannetier. Distribuição: A2 Filmes. Duração: 108min.

Segundo o parceiro de Andrea na direção, Eric, eles "não queríam fazer um filme clínico e encenar uma vida assustadora com o peso da tristeza. Queríam manter uma forma de poesia e humor com uma lufada de ar fresco. E a dança consegue trazer isto."

Os adultos tem responsabilidade para com as crianças e devem fazê-las sentirem-se confortáveis para conversar sobre tudo. Caso contrário, casos assim vão se tornar cada vez mais frequentes e já o são uma praga do nosso tempo. Algo triste e revoltante. E o filme denuncia e até dar voz a muitas pessoas de forma eloquente. 

Neste aspecto "Inocência Roubada", apesar de abordar um tema denso, consegue tratar tudo com delicadeza e trazer poesia e emoção.

Nossa dica da semana!

HOJE NOS CINEMAS.

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