Vez ou outra, um filme brasileiro recebe reconhecimento internacional e ganha destaque em grandes festivais de cinema mundo afora. Em território nacional, nem sempre as produções são recepcionadas da mesma forma. Logo, chega a ser obsceno como as gemas brasileiras não são bem sucedidas dentro da própria casa e é preciso que estrangeiros nos reconheçam para que possamos dar algum crédito para o trabalho de uma indústria gigantesca e que respira talento. Cidade de Deus, Tropa de Elite, Carandiru e Central do Brasil, são alguns dos poucos que chegaram as telas mundiais e foram ovacionados, e não atoa estes últimos são fantásticos.
Bacurau, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, pode-se assim dizer, é o mais novo integrante desta lista honrosa. O longa fez um grande barulho no Festival de Cannes, em maio deste ano, e saiu ganhador do 'Prêmio do Júri' por lá. Também entrou na reta final para representar o Brasil no Oscar, mas acabou não sendo selecionado. A crítica internacional teceu comentários incríveis da produção que a Vitrine Filmes lança hoje (29) nos cinemas, mas que já está em horário especial de pré estréia por todo o pais e teve sessões esgotadas nos dois últimos fins de semana. Uma atenção linda de se ver, pois a película não só apresenta uma mensagem de identificação quase que mundial, ainda que seja direcionada em especial aos brasileiros, mas por ser de fato um filme que merece muitas estrelas.
Trailer
Ficha Técnica
Título original e ano: Bacurau, 2019. Direção e Roteiro: Kleber Mendonça Filho & Juliano Dornelles. Elenco: Sonia Braga, Udo Kier, Bárbara Colen, Thomás Aquino, Silvero Pereira, Wilson Rabelo, Carlos Francisco, Karine Teles, Antonio Saboia, Rubens Santos, Luciana Souza, Eduarda Samara, Lia de Itamaracá, Jonny Mars, Alli Willow, James Turpin, Julia Marie Peterson, Charles Hodges, Chris Doubek, Brian Townes, Rodger Rogério, Jr. Black, Zoraide Coleto, Jamila Facury, Ingrid Trigueiro, Edilson Silva, Thardelly Lima, Buda Lira, Fabiola Liper, Marcio Fecher, Val Junior, Uirá dos Reis, Valmir do Coco, Suzy Lopes, Clebia Sousa, Danny Barbosa. Nacionalidade: Brasil. Gênero: Drama S . Diretor de Fotografia: Pedro Sotero. Diretor de Arte: Thales Junqueira. Figurino: Rita Azevedo. Montagem: Eduardo Serrano. Som: Nicolas Hallet. Design de som e montagem de som: Ricardo Cutz. Mixagem: Cyril Holtz e Ricardo Cutz. Casting: Marcelo Caetano. 1° assistente de direção: Daniel Lentini. Direção de Produção: Cristina Alves & Dedete Parente. Música Original: Mateus Alves e Tomaz Alves Souza. Caracterização e Efeitos: Tayce Vale. Produtores: Emilie Lesclaux, Saïd Ben Saïd et Michel Merkt. Produtora Executiva: Dora Amorim. Produtor Associado: Carlos Diegues. Produção: CinemaScopio, SBS. Coprodução: Globo Filmes, Simio Filmes, Arte France Cinema, Telecine e Canal Brasil. Distribuição: Vitrine Filmes. Duração: 02h12min.
Bacurau se passa em um futuro não muito distante, em uma pequena cidade do sertão brasileiro, em Pernambuco, e está enfrentando dilemas um tanto quanto 'atuais'. Isto porque não há água no vilarejo e é necessário que um dos moradores tenha o trabalho diário de conduzir um caminhão pipa até a região mais próxima e abastecer a população. Enquanto isso, o prefeito da cidade, que deveria resolver a situação, prefere aparecer de quatro em quatro anos para conseguir votos, ser eleito e sumir novamente.
O porém é que o conflito se estende para algo muito maior do que se imagina. Aliás, sua amplitude causa surpresa e é impremeditada, logo, vale dizer que é mais divertido descobrir assistindo até porque a construção da trama anda por víeis muito consistentes e assusta ver o quão magnifico é o resultado final: um faroeste dramático com pitadas de ficção científica e inúmeras possibilidades.
Esta qualidade única de Bacurau é um dos pontos fortes da produção e afirma-se isto quando há ali ainda um mar de particularidades positivas para se observar. O elenco, desde Sônia Braga a Suzy Lopes, é todo fenomenal. Trazem personagens acreditáveis e que se relacionam bem com a misticidade no filme. A cinematografia também auxilia as imagens a ganharem contexto e não só fazendo jus à vila de Bacurau quanto abraçando a mudança drástica de tom que o filme toma em certo momento. A trilha sonora é de um bom gosto impecável já que joga Caetano, Sérgio Ricardo e do nada inclui uma tensão à la John Carpenter (A Coisa, Halloween), algo que faz Bacurau ser ainda mais especial.
Sendo assim, senhoras e senhores, meninos e meninas, este é um daqueles filmes que todo brasileiro têm de assistir e deve ser comentado por anos afora. Uma história de como o viver no sertão nordestino, um Brasil diferente que acaba sendo esquecido por outras partes do país, é essencial para se entender um pouco mais da vida brasileira. Uma crítica enervada ao sudeste e sul que, muitas vezes, acabam diminuindo a importância de outra regiões do país e se colocando como os únicos que contribuem para a construção da nação.
Validado por uma leva de pessoas mundo afora como um dos melhores filmes do ano nossa dica é não perder essa super estréia que vem 'quase' como um dever de casa para todo cidadão e também para qualquer um que apoie a arte.
Validado por uma leva de pessoas mundo afora como um dos melhores filmes do ano nossa dica é não perder essa super estréia que vem 'quase' como um dever de casa para todo cidadão e também para qualquer um que apoie a arte.
Não recomendado para menores de 16 anos
HOJE NOS CINEMAS
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