A mente de Quentin Tarantino foi anteriormente analisada em um curta brasileiro com Selton Mello e Seu Jorge (assista aqui) e a teoria que se levanta ali acabou se tornando verdade: seus filmes são uma enorme teia e os personagens neles se conectam de alguma forma.
Este ano, Tarantino lança, depois de passar cinco anos escrevendo, o seu mais novo longa, 'Era Uma Vez Em...Hollywood'. Uma película que não só chama a atenção pelo elenco e por toda a técnica, mas outra vez pela ótima memória do diretor que insere dentro da narrativa inúmeras referências a produções da época de ouro da indústria. Entre elas, Bob, Carol, Ted e Alice (1969), Flor de Cacto (1969), Sem Destino (1969), O Segredo Íntimo de Lola (1969), A Batalha do Mar do Coral (1959), À Procura da Verdade (1970), Arma Secreta contra Matt Helm (1968), Encontro Fatal em Lisboa(1968), Sangue de Pistoleiro (1958), e Bandoleiros do Arizona (1965).
Este ano, Tarantino lança, depois de passar cinco anos escrevendo, o seu mais novo longa, 'Era Uma Vez Em...Hollywood'. Uma película que não só chama a atenção pelo elenco e por toda a técnica, mas outra vez pela ótima memória do diretor que insere dentro da narrativa inúmeras referências a produções da época de ouro da indústria. Entre elas, Bob, Carol, Ted e Alice (1969), Flor de Cacto (1969), Sem Destino (1969), O Segredo Íntimo de Lola (1969), A Batalha do Mar do Coral (1959), À Procura da Verdade (1970), Arma Secreta contra Matt Helm (1968), Encontro Fatal em Lisboa(1968), Sangue de Pistoleiro (1958), e Bandoleiros do Arizona (1965).
Com Leonardo DiCaprio, Brad Pitt, Margot Robbie e participações de Kurt Russell, Al Pacino, Dakota Fanning, Bruce Dern, Timothy Olyphant, Luke Perry, Rafal Zawierucha, Mike Moh, Margaret Qualley e muitos outros, o enredo entrelaça realidade com ficção, característica chave do seu aclamado Bastardos Inglórios, de 2009, e nos leva a conhecer um ator e seu dublê lutando para conseguir sucesso em um país passando por transformações sociais e econômicas, o que faz com que a sociedade alimente e ajude a crescer inúmeras comunidades hippies. Volta e meia também assistimos a dupla fictícia interagir com astros reais como Bruce Lee, Sharon Tate e James Stacy.
Trailer
Ficha Técnica
Título original e ano: Once Upon a Time...In Hollywood, 2019. Direção e Roteiro: Quentin Tarantino. Elenco: Leonardo DiCaprio, Brad Pitt, Margot Robie, Al Pacino, Damian Lewis, Timothy Olyphant, Emile Hirsch, Bruce Dern, Dakota Fanning, Lena Dunham, Margaret Qualley, Julia Butters, Austin Butler, Kurt Russell, Michael Madsen, Rebecca Gayheart, Zöe Bell, Maya Hawke, Rummer Willis, Harley Quinn Smith, Mike Moh, Luke Perry, Samantha Robinson, Nicholas Hammond, Damon Harriman, Madisen Beaty, Mikey Madison, James Landry Hébert, Victoria Pedretti, Sydney Sweeney, Cassidy Hice, Danielle Harris, Josephine Valentina Clark, Kansas Bowling, Parker Love Bowling, Dallas Jay Hunter, Rafal Zawierucha e Omar Doom. Gênero: Comédia, Drama. Nacionalidade: Eua. Supervisora Musical: Mary Ramos. Fotografia: Robert Richardson. Figurino: Arianne Philips. Direção de Arte: Richard L. Johnson. Design de Produção: Bárbara Ling. Edição: Fred Raskin. Distribuição: Sony Pictures. Duração: 02h41min.
Quando a tela se abre, nos deparamos com tons em preto e branco e um apresentador está nos bastidores de um show para tevê sobre um caçador de recompensas. Somos então introduzidos ao astro Rick Dalton (DiCaprio) e seu dublê Cliff Booth (Pitt) e estes nos contam um pouco da interação que a dupla tem na telinha. Após a entrevista, começamos a seguir de perto Rick e Cliff. O primeiro está com o ego ferido, pois tem conseguido papéis em inúmeras produções, mas nada que o destaque. O segundo está ali pela amizade e pelos trabalhos que vai arranjando na parceria com o Rick. Ainda que seja de seu 'motorista e faz tudo'.
Rick então se encontra com o agente Marvin Schwarz (Al Pacino) e este o acorda para a vida e diz que ele precisa sair em busca de novos papéis. Sugere até uma ida para Itália para atuar em filmes de diretores conhecidos pelo gênero 'Western' (Antonio Margheriti, Sérgio Leone e etc), algo que o homem encara como um disparate enorme, mas que deixa como opção na manga, pois decide continuar fazendo suas participações em séries como 'FBI e Lancer'. Enquanto a dupla perambula pela cidade, dão de cara inúmeras vezes com a atriz em ascensão Sharon Tate (Robbie) e seu marido, o diretor de cinema, Roman Polanski (Zawierucha). Também durante as filmagens diárias encontram astros da época. Em Lancer, Rick tem conversas sobre a indústria com o ator James Stacy (Olyphant) e no set de 'O Besouro Verde', Cliff consegue um extra com a ajuda do amigo e entra numa briga com ninguém mais, ninguém menos que um dos protagonistas, Bruce Lee (Moh).
Com o passar do anos e a decadência, Rick acaba indo parar na Itália e ganha algum dinheiro para voltar de lá e perceber que a vida que leva é realmente cara. Ainda mais se decide se casar. Portanto, ainda que a amizade dos dois homens seja forte é em uma noite decisiva 'de término da relação profissional' que ela se prova única.
Quentin nos entrega um texto muito divertido e que brinca com as palavras como ninguém. Trabalha bem o tom e faz a transição para o drama como consequência das escolhas dos personagens, mas nunca perde a graça. Em certa cena, Cliff Booth sai em uma mini caçada por um antigo conhecido em um terreno infestado de hippies estranhos e uma tensão gigantesca se evidencia na tela, precisão que o diretor entrega muito bem em seus filmes. Ele explora infinitamente a relação entre os protagonistas e nos faz entender seus dramas, um quer muito ser reconhecido e outro só precisar trabalhar. Nesse meio tempo, constrói uma linda homenagem ao oficio de diretores, figurinistas, atores, dublês, produtores, agentes e a indústria como um todo. O porém é que aqui e ali o texto vem perseguido pela 'moral', pouco, mas vem. Se atente a isto quando uma bela jovem sair toda se oferecendo a Cliff e este afirmar que não estava atrás de nenhum jogo de sedução. Também vai ser possível ouvir uma fala ou outra que já ouvimos em outros filmes do diretor e sentir as conexões entre os personagens.
'' - That's about right.''
A condução dos atores aqui é, claro, vem com muita expertise e até em cenas de improviso, algo raro nos longas do cineasta, ficamos o exaltando. A exemplo, DiCaprio sugeriu que seu frustrado ator brigasse consigo mesmo e a cena ficou ótima. Outra em que este brilha vem de um diálogo eloquente com a atriz mirim Julia Butters. Pitt tem crescimento em tela quando lida não só com DiCaprio, mas com um cachorro treinado e fofíssimo. Faz boa performance de lutas e ainda nos presenteia com um momento tirando a camisa.
Bruce Lee e James Stacy são algumas das estrelas que ganham representações. Bruce, que por muitos é visto como um super humano, é pintado como um astro arrogante e rimos de suas investidas contra Cliff inúmeras vezes. Mike Moh, seu interprete, entrega um jeito de falar idêntico ao de Lee (basta comparar com esta entrevista clássica para tirar suas conclusões). James Stacy tem em Timothy Olyphant um cara centrado e dedicado e é visto saindo do set em uma super moto, alusão que Tarantino faz ao acidente que o ator sofreria anos mais tarde com a namorada onde perderia os membros.
Bruce Lee e James Stacy são algumas das estrelas que ganham representações. Bruce, que por muitos é visto como um super humano, é pintado como um astro arrogante e rimos de suas investidas contra Cliff inúmeras vezes. Mike Moh, seu interprete, entrega um jeito de falar idêntico ao de Lee (basta comparar com esta entrevista clássica para tirar suas conclusões). James Stacy tem em Timothy Olyphant um cara centrado e dedicado e é visto saindo do set em uma super moto, alusão que Tarantino faz ao acidente que o ator sofreria anos mais tarde com a namorada onde perderia os membros.
De todas as aparições de celebridades, a que mais toma tempo é a de Sharon Tate. Apesar das poucas falas de Robbie, a vida de Tate aparece aqui como uma brisa serena e volta e meia é vista andando pela cidade com o marido, saindo com os amigos, indo a festas e em take específico esta nos leva para o cinema e assistimos pedacinhos de um de seus filmes. Aliás, a obra original se manteve, pois os produtores acharam melhor não refazer as cenas.
Como é sabido pelos mais fanáticos cinéfilos, a atriz e seus amigos foram mortos no fatídico 09 de agosto de 1969 pelos hippies da 'família Manson', uma ceita criada pelo famoso criminoso Charles Manson, e o filme dá sua versão dramatizada dos fatos com o auxilio dos nossos protagonistas Rick e Cliff. Adicional a isto, a 'sociedade alternativa' dos hippies de Los Angeles são duramente criticados aqui devido ao fato de que a maioria deles eram da classe média alta da cidade e se tornam improdutivos indo viver nas ruas e comendo lixo apenas para dar voz e seguirem algum 'líder' de filosofias radicais.
Em seus longas Tarantino, geralmente, nos magnetiza com uma baita trilha sonora, mas desta vez foi a lista musical que chamou a atenção (escute aqui) e ouvimos clássicos como Califórnia Dreamin, na voz de José Feliciano, e até Mrs. Robinson, de Simon & Garfunkel, e provavelmente jajá as músicas estarão entre as mais ouvidas nas listas de streaming.
Com uma ambientação super setentista e um design preocupado em nos levar de volta ao tempo, a estética é sublime. Figurino e caracterizações, obviamente, vem como um prato completo. A edição, que é assinada por Fred Raskin, é enorme, duas horas e quarenta e um minutos em tela, mas seu primeiro corte, na verdade, foi fechado em quatro horas e vinte minutos. Ainda assim, temos aqui e ali cenas desnecessárias. Como na época, 'fumar' era algo comum do mundo artístico e representativo de estilo, vemos DiCaprio a todo tempo com um cigarro na mão e há um um comercial maravilhoso como cena pós créditos (não saiam da sala antes de assistir).
As participações são muitas e algumas nem são tão rapidamente percebidas. As filhas de atores de sucesso, Rumer Willis, Maya Hawke, Harley Quinn Smith, são algumas que passam como um flash. Lena Dunham tem duas ou três falas, todavia, na hora é reconhecida. Dakota Fanning faz parte desse momento e faz a riponga misteriosa que tem um relacionamento com o velho George Spahn (Bruce Dern), dono de um rancho de filmagens antigo. A jovem Margaret Qualley faz uma hippie feminista e intrigante. Já Zöe Bell, protagonista de 'À Prova de Morte', vive aqui a produtora ferrenha Janet e é casada com o chefe de dublês Randy, papel de Kurt Russell. Aliás, Russel também esteve naquele longa. Luke Perry é visto atuando pela última vez já que o lançamento do longa acontece depois de seu falecimento. Austin Butler é 'Tex', membro da família Manson, o qual guia um grupo de moças ao condomínio de Rick. Seu líder, Charles Manson, vivido por Damon Harriman, aparece em uma cena minima perguntando algo ao Roman Polanski de Rafal Zawierucha.
O filme foi ovacionado em Cannes, este ano, e dá tanto a DiCaprio como a Pitt personagens super bem construídos. Além disso, há uma baita chance de serem lembrados na temporada de ouro ano que vem.
Assim, a carta de amor ao cinema escrita e dirigida por Tarantino, pode não ser a melhor de sua cartela, mas faz os cinéfilos mais atentos pirarem.
Avaliação: Quatro amizades construídas com muito trabalho (4/5)Assim, a carta de amor ao cinema escrita e dirigida por Tarantino, pode não ser a melhor de sua cartela, mas faz os cinéfilos mais atentos pirarem.
Classificação 16 anos
HOJE NOS CINEMAS
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