Meu Bebê, de Lisa Azuelos


A cineasta, produtora, roteirista e atriz francesa Liza Azuelos tem a arte no sangue. Filha da atriz Marie Laforêt, Azuelos dirigiu seu primeiro filme em 1995, mas ficou internacionalmente conhecida  em 2008 com o incrível 'Rindo à Toa' (leia nossos comentários aqui). Ali a jovem Lola se metia em altas encrencas juvenis e após um termino doloroso acabou se enamorando do melhor amigo de seu ex. Não só os conflitos na escola da garota eram tema, aliás, as neuras da mãe e as relações desta última também se valiam na trama. O filme ganhou versão hollywoodiana com Miley Cyrus e Demi Moore nos papeis anos depois.

Azuelos lançou outras películas nestes quase doze anos de jornada, mas agora retorna a falar de da juventude e da maternidade de um jeito que só ela sabe o fazer. Em 'Meu Bebê', filme que fez parte da programação valiosa do Festival Varilux de Cinema Francês, em junho passado, conta como a jovem mãe Helóïse (Sandrine Kiberlain), após criar e educar três filhos se sente despedaçada com a partida da mais nova, Jade (Thaïs Alessandrin). A menina está indo morar no Canadá para estudar em uma universidade de prestigio.  

O longa-metragem estreia nos cinemas de Brasília (DF), Santos (SP), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), nesta-quinta, 1 de agosto, e deve chegar em Florianópolis (SC) no próximo dia 8.



Trailer

Ficha Técnica

Título original e ano: Mon Bébé, 2019. Direção: Liza Azuelos. Roteiro: Liza Azuelos com colaboração de Thaïs Alessandrin e Thierry Teston. Elenco: Sandrine Kimberlain, Thaïs Alessandrin, Victor Belmondo, Mickäel Lumière, Camile Claris, Kyan Khojandi, Arnaud Valois, Patrick Chesnais, Yvan Attal. Gênero: Drama, Comédia. Nacionalidade: França, Bélgica. Trilha Sonora: Yael Naim. Fotografia: Antoine Sanier. Edição: Baptiste Druot. Figurino: Emmanuelle Youchnovski. Distribuição: Bonfilms. Duração: 01h27min. 
Lisa nos entrega uma narrativa leve, mas repleta de afeto. Conhecemos a vida de Helóïse em cenas que voltam ao passado e que caminham pelo presente. Assistimos com admiração uma mulher apaixonada pela vida dar tudo de si aos filhos, trabalhar, passar tempo com as amigas e ainda arrumar um tempinho para vez ou outra conhecer alguém. A separação do marido, papel de Yvan Attal, ainda que dura, ganha pouca atenção, e toda a força de Helóïse é motivada pelo amor dos filhos e também pelo pai que vive próximo à ela.

Paralela ao arco da personagem temos ainda as aventuras amorosas de Jade com o melhor amigo do irmão. Paixão juvenil que começa sem intenção de nada e vai vivendo os dias que pode enquanto ambos ainda moram no mesmo pais. A jovem também é sempre vista correndo atrás dos estudos e tem uma super ajuda da mãe para qualquer coisa que necessita. Lindo assistir isso. Os outros irmãos aparecem vez ou outra. Auxiliam a mãe quando esta perde o celular, uma das cenas mais fofas do filme, comemoram seu aniversário com inúmeras pessoas no apartamento bagunçado da família e não deixam por um minuto de se amar. 

A liberdade com que Helóïse educou os filhos não vem em nenhum momento a atrapalhar o crescimento deles. Pelo contrário, a entrega dela como mãe a deixa amiga de cada um. Seu medo ao vê-los crescer nunca barra a vontade dos mesmos de terem experiências e diferente de muitos pais ela topa qualquer parada para realizar os sonhos das crias. 


Nessa gostosa trama familiar, o embalo musical dos personagens é feito por Yael Naim (escute aqui a trilha sonora do filme) e tudo fica muito bem harmonizado. Fotografia, figurino e direção de arte nos entregam simplicidade, mas demarcam os tempos atuais. Os tons do filme escurecem em momentos mais densos e ficam vivos em momentos mais alegres. As vestimentas das personagens são sempre modernas e estilosas e toda ambientação traz uma classe média francesa à luz.

A edição é muito positiva aqui. Os takes no passado vem em sitonia com os do presente e os cortes são feitos de forma acentuada. Lisa nos embebeda com sua direção calorosa. Se em 'LOL', vimos tudos pelos olhos da filha, aqui vemos tudo pela perspectiva da mãe e esse mundo é tão interessante quanto qualquer outro. 

Não deixem de assistir e se puderem levem a família inteira.

Avaliação: Três corações batendo fora do peito e oitenta mães protetoras (3,80/5)

See Ya!


B-

Escrito por Bárbara Kruczyński

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