quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Um Amor Impossível


Um Amor Impossível, baseado no best-seller de Christine Anjot, dirigido por Catherine Corsini, conta a história da vida de Rachel, papel de Virginie Efira. E as cenas a seguem desde os seus vinte e cinco, no final dos anos 50, em Châteauroux, na França, até seus setenta anos. Uma moça judia, modesta, funcionária de escritório, que cega de paixão se envolve com o jovem Philipe (Niels Schneider), um homem inteligente e de família abastada. A relação, desde o início, aparenta ser apenas uma casinho qualquer para ele, pois o rapaz deixa claro que não pretende se casar com alguém que não tenha dinheiro e classe social relevante. Essa diferença de mundos é um tema muito importante na trama.

A princípio, Philippe foi honesto ao afirmar que o amor entre eles era apenas algo fugaz e passageiro. Mas Rachel, ingênua e encantada com o nível cultural do rapaz, só tem olhos para ele e desta relação nasce a pequena Chantal. Nem Philippe, muitos menos sua família, reconhecem a criança que cresce com os cuidados da mãe, apenas. Para a mulher, a filha é uma grande felicidade e ela luta para que nada lhe falte. Contudo, esta insiste que o pai dê seu nome a pequena e, durante um período de 10 anos, força um relacionamento entre pai e filha.





A vida de Rachel é um mundo inteiro em si e durante a passagem do tempo temos o retrato social e político do universo feminino na década de 50. A sociedade não via com bons olhos mulheres que tinham filhos "sem pai" e, após os vinte e tantos, a mulher  já estava passando da hora de se casar e, talvez, por isso tenha se submetido a aceitar um relacionamento abusivo. Aliás, era preferível estar em um relacionamento infeliz a ser malvista por sustentar uma criança sozinha ou permanecer solteira.

Mas Rachel assume a filha e não se envergonha disto. Desepenha o papel de provedora e a responsabilidade de criar Chantal mesmo sob o olhar crítico da sociedade. Ela sabe que a menina tem um pai e quer a qualquer custo que Philippe reconheça a paternidade. Esta obsessão a torna cega para tudo que a pequena está enfrentando no convívio com o pai. Seu complexo de inferioridade não a deixa ver de onde vem a dor da filha.

E é aí que o filme toma outro rumo e nos surpreende. A relação entre mãe e filha tem grande peso na trama, porém a história se aprofunda e a narrativa cresce.



A ótima Virginie Efira retrata cada fase da vida de Rachel de forma convincente. Com o auxílio de um trabalho de maquiagem e figurino espetaculares, o filme nos situa bem na passagem do tempo. Neils Schneider dá a devida ambiguidade e autenticidade ao personagem de Philippe. A beleza e a inteligência escondem a cara do mal, o caráter perverso e também  manipulador.

Quatro atrizes (fora os bebês), interpretam Chantal, dando destaque para Estelle Lescure que faz a fase adolescente e Jehnny Beth que interpreta a menina já adulta.



O filme é dividido em várias fases: a conquista e o romance, a desilusão, a espera, o controle, a fase dolorosa e o processo de percepção. Narrado pela filha sob o ponto de vista da mãe, há momentos em que Chantal não sabe sobre os fatos e os inventa. É objetiva quando estes podem ser comprovados e omnisciente em alguns momentos. Isto torna o desenrolar da trama bem interessante e prende a atenção.

Um Amor Impossível fala de um tempo onde a mulher não podia denunciar seu agressor e vivia sob o peso da culpa. É a real história da mãe da escritora Christine Anjot e sua terrível experiência de vida. 

É ainda uma linda declaração de amor entre filha para sua mãe.


Trailer


Ficha Técnica

Título Original e ano: Un Amour Impossible, 2018. Direção:  Catherine Corsini. Roteiro: Catherine Corsini, Laurette Polmanss - Baseado no bestseller de Christine Angot. Gênero: Drama, romance. Nacionalidade: França e Bélgica.
Elenco: Virginie Efira, Niels Schneider, Jehnny Beth. Distribuição: A2 Filmes. Duração: 135min.

HOJE NOS CINEMAS

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