quinta-feira, 31 de outubro de 2019

O Exterminador do Futuro - Destino Sombrio


They're back!!

Após os acontecimentos de Exterminador do Futuro (1984) e Exterminador do Futuro 2 - O Dia do Julgamento (1991), Sarah Connor, papel icônico vivido pela atriz Linda Hamilton, conseguiu garantir que o futuro da humanidade fosse preservado derrotando a Skynet, porém uma tragédia pessoal se abateu sobre ela.

Este novo filme, Exterminador do Futuro - Destino Sombrio, se encaixa perfeitamente a partir deste ponto, funcionando como uma resposta direta aos longas citados e fechando a trilogia. A produção é dirigida por Tim Miller, produzida por James Cameron e David Ellison, escrito por Billy Ray, David S. Goyer, Justin Rhodes e Josh Friedman com argumentação de Cameron.



Trailer


Título original e ano: Terminator: Dark Fate, 2019. Direção: Tim Miller. RoteiroBilly Ray, David S. Goyer, Justin Rhodes e Josh Friedman com argumentação de Cameron — baseado nos personagens criados por Cameron e Gale Anne Hurd. Elenco: Linda Hamilton, Arnold Schwarzenegger, Mackenzie Davis, Natalia Reyes, Diego Boneta, Tom Hopper, Gabriel Luna. Gênero: ação, sci-fi,aventura. Nacionalidade: Estados Unidos. Trilha Sonora: Junkie XL. Fotografia: Ken Seng. Edição: Julian Clarke. Direção de ArteLucienne Suren. Distribuidora: Fox Film/Disney Duração: 02h08min.

25 anos depois, um novo e aperfeiçoado exterminador, o Rev-9 (Gabriel Luna), é enviado do futuro. A missão deste espécime, composto de metal líquido, é encontrar e destruir Dani (Natália Reyes), uma jovem comum que vive no México com seu irmão e pai. Mas porque ela é a bola da vez? Porque é tão importante destruí-la?

Ao mesmo tempo, chega do futuro uma ciborg hibrida humana e altamente aperfeiçoada chamada Grace (Mackenzie Davis). Esta vem com o intuito de auxiliar Dani a escapar da perseguição do Terminator. Eis que surge também Sarah Connors (Hamilton) armada até os dentes e com conhecimento de causa para ajudar Grace e Dani. Ademais, como nada acontece por acaso, seus caminhos novamente se cruzam com T-800 (Arnold Schwarzenegger), a quem Sarah odeia com todas as suas forças.




Se depois de Terminator 2 ficamos órfãos de bons filmes que dessem sentido à saga, este se redime de forma espetacular. Ter de volta Linda Hamilton e Arnould Schwarzenegger é um verdadeiro presente para os fãs da história - e eu me incluo nesta!

Uma produção que dê nostalgia e mescla a aventura de novos personagens entregando uma trama bem amarradinha e efeitos especiais de primeira. A expectativa então cresce e a dica é que o filme lote as salas de cinema.



De certa forma, o enredo todo teve um desfecho bem condizente com explicações plausíveis, emoção e cenas bem trabalhadas. A química entre Sarah e Dani é transparente e não vemos nada forçado.

Com muita ação, explosões na terra e no ar e seres praticamente impossíveis de destruir tornam a mega produção uma boa investida para a ida ao cinema com os amigos - já que esta vem com muita diversão.

E para quem curtiu os dois primeiros filmes da franquia, deve sim assistir este e voltar aqui para contar o que achou!

Hasta la vista, Baby!!!

HOJE NOS CINEMAS

A Odisseia dos Tontos


Ricardo Darín e o filho, Chino Darín, juntos na mesma película já é motivo de grande interesse. Ainda mais quando a produção vem com o selo de 'provável candidato argentino' ao Oscar.

Por bem e por anos, o cinema portenho tem nos presenteado com filmes incríveis nos últimos tempos e A Odisseia dos Tontos vem para agregar uma lista enorme de exemplos (O Segredo dos Seus Olhos, Medianeras, A História Oficial, Evita e etc).

Com roteiro co-escrito por Eduardo Sacheri, autor do romance "La noche de la usina", obra que inspirou o longa, em parceria com Sebastian Boresztein, que também dirige o filme a película entra em cartaz esta quinta-feira (31).

Prontamente, conhecemos a definição d'o que é ser um tonto' ("gil" em espanhol). Tomada como uma pessoa lenta, com pouca experiência de vida. Alguém ingênuo. Essa expressão é muito usada na região do Río de la Plata.

Trailer

Título original e ano: La Odisea de Los Giles, 2019. Direção: Sebastián Borensztein. Roteiro: Sebastián Borensztein e Eduardo Sacheri — baseado na obra de Eduardo Sacheri. Elenco: Ricardo Darín, Chino Darín, Luis Brandoni, Verónica Llinás, Daniel Aráoz, Carlos Belloso, Marco Antonio Caponi, Rita Cortese, Andrés Parra, Federico Berón. Gênero: Aventura, Comédia, Crime. Nacionalidade: Argentina e Espanha. Trilha Sonora: Federico Jusid. Fotografia: Rodrigo Pulpeiro. Edição: Alejandro Carrillo PenoviDireção de Arte: Daniel Gimelberg. Distribuidora: Warner Bros Pictures. Duração: 01h56min.

A história se passa no ano de 2001, quando um grupo de moradores de uma pacata província decide se unir para formar uma cooperativa que dará empregos e trará nova vida ao local. Ingênuos, com certeza!

Fermín (Ricardo Darín) fica encarregado de guardar o montante de dinheiro que foi angariado entre amigos para a compra da propriedade do silo. Sua esposa Lidia (Verônica Llinás) o apoia e defende com uma força excepcional e é o grande papel feminino da trama. Todos colaboram como podem e é Carmem (Rita Cortese) que tem papel decisivo na cooperativa, tanto financeiramente como com seu espírito forte e decidido -  as mulheres estão super bem representadas na história.

O que ele não poderia imaginar é que da noite para o dia uma crise econômica denominada 'corralito' se instauraria no país e destruiria seus sonhos juntamente como o de grande parte da população. Um acontecimento que impactou negativamente a vida de milhares de famílias gerando desespero e desesperança. 


Todos os dólares guardados no banco são confiscados e este é o ponto X que dará início a uma série de situações trágicas, hilárias, bem humoradas, ou nem tanto, que irão prender a atenção do expectador e diverti-lo.

Logo eles descobrem que não foi só o banco que causou a tragédia, mas um golpe conjunto entre o gerente e o advogado Manzi (Andrés Parra). Algumas situações se dão ao estilo pastelão entre o grupo de amigos e esta junção de forças para reaverem seus dólares entregam momento engraçados. Na parte técnica, a trilha musical é bem animada e ajuda a construir o embalo de diversão. 

O personagem de Ricardo Darín chega ao fundo do poço e é apoiado pelos amigos que não perdem as esperanças e permanecem unidos. Decidem agir de forma radical apenas para obterem de volta o que é deles por direito. O filho Rodrigo, vivido por Chino Darín, retorna para ajudar o pai e participa da trama que envolve um cofre isolado no meio de um pasto e um alarme que toca insistentemente.



O filme fala de fatos reais e sérios ( a crise financeira Argentina) e em como o ocorrido refletiu nos pequenos produtores e trabalhadores. A grande mensagem ali gira em torno de como em tempos incertos, resta a união. E mostra que os "tontos como nós" nem sempre são tão ingênuos como aparentam.

Leve e divertido, merece ser visto!

HOJE NOS CINEMAS

Segredos Oficiais, de Gavin Hood


Segredos Oficiais (Official Secrets) é um drama baseado em fatos reais dirigido por Gavin Hood (vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2006 com o filme Tsotsi).

O longa retrata o episódio ocorrido no ano de 2003, no qual Katharine Gun (interpretada por Keira Knightley) coloca sob exposição um documento ultrassecreto recebido da NSA (Agência de Segurança Nacional Americana) pela GCHQ (Government Communications Headquarters), serviço de inteligência britânico, onde trabalhava como tradutora.

Inquieta com as informações ali contidas, as quais apontavam claramente para uma manobra com o intuito de conseguir mais votos para legitimar uma invasão americana no Iraque, Katharine entrega uma cópia do documento à uma amiga de confiança e pede para que aquilo seja investigado e chegue até a mídia. As informações acabam sendo publicadas integralmente por um grande veículo de comunicação. E, então, uma série de fatos posteriores ocorrem até que Katharine é levada a julgamento no tribunal.

Trailer

Título original e ano: Official Secrets, 2019. DireçãoGavin HoodRoteiro: Gavin HoodGregory Bernstein e Sara Bernstein— baseado no livro de Marcia MitchellElenco: Keira Knightley, Matt Smith, Matthew Goode, Rhys Ifanse Ralph Fiennes . Gênero: Drama, biografia, romance. Nacionalidade: Reino Unido e Estados Unidos. Trilha SonoraPaul Hepker e Mark Kilian. FotografiaFlorian Hoffmeister. Figurino: Claire Finlay. Edição: Megan Gill. Distribuidora: Diamond Films Brasil. Duração: 01h52min.
Desde o início, a mulher mostra uma imensa integridade e altruísmo admirável quando deixa de pensar nas consequências individuais de seu ato, isto é, sua vida pessoal e sua liberdade, para revelar uma verdade que deveria ser dita, numa tentativa nobre de tentar impedir uma guerra sem precedentes. 


O filme é definitivamente intrigante e, mesmo com o tom um tanto compassado, ele consegue prender o espectador do início ao fim e faz refletir sobre nossos próprios governos - e governantes - sobre quem tem a última palavra e, principalmente, sobre a coragem e humanismo pulsantes da protagonista. E, assim como a excelente obra O Jogo da Imitação, Segredos Oficiais traz questões éticas e morais à tona e é, sem dúvidas, um filme impactante. Tanto pela atuação excepcional de Keira, que transmite toda a agonia e sofrimento vividos pela personagem, quanto pelo roteiro, pelas questões levantadas e pela forma com que a narrativa e a evolução dos fatos são construídas ao longo da trama.

Também no elenco a nata masculina inglesa: Matt Smith, Matthew Goode e Ralph Fiennes. 

A produção foi destaque da última edição do festival de Sundance e também está sendo exibido na 43ª edição da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.


HOJE NOS CINEMAS

A Família Addams, de Conrad Vernon e Greg Tiernan


Ainda na onda de nostalgia dos anos 80, 90 (e até 2000) que o entretenimento está vivendo, a famosa Família Addams recebe um reboot pra embarcar na onda e se juntar a categoria como Jumanji e os remakes das Disney, por exemplo. Mas dessa vez o reboot não se bastou em adicionar novas tecnologias – que, inclusive, são muito bem utilizadas, tanto no humor quanto na trama – o filme de Conrad Vernon (responsável por grandes animações como Shrek 2 e Monstros vs Alienígenas) e Greg Tiernan escolhe o público infantil como audiência. 

A Família Addams conquistou no passado o status de ícone da cultura pop pela leveza e humor pra ser visto com os parentes: unindo todos em uma ida ao cinema ou até em uma sentada frente a tevê seja com o ultrapassado VHS ou no horário precioso da Sessão da Tarde. O fato da retomada ser uma animação com traços cartunescos e muitas cores deixa clara a intenção de reestabelecer todo o universo da franquia para seu novo público, já que as crianças que serão levadas para assistir ao filme não conhecem nem possuem memórias afetivas com esses personagens.

Mas a animação não se basta em pegar ícones populares e tentar vender para crianças. A Família Addams ainda é capaz de divertir o clã familiar com sua paródia do universo do terror e consegue entreter os adultos, muitas vezes com piadas que passarão batidas pelas crianças, mas vão colar com os que levaram os pequenos para a sessão. 

Depois de anos pulando de galho em galho por serem vítimas de preconceito, os Addams finalmente encontram um lar num manicômio abandonado no alto de uma colina. Simplesmente terrível, ou seja, perfeito para que Mortícia e Gomez comecem sua família. Mas quando Vandinha e Feioso crescem, ambos percebem que é tempo de transformação; ele têm medo, enquanto ela está ávida por conhecer o mundo fora do (des)conforto da casa em que foi criada. É quando todo o pântano em volta é alvo da especulação imobiliária e das reportagens televisivas que Mortícia e Gomez percebem que a mudança chega mesmo quando tentamos deixar tudo do modo mais seguro possível.


O filme, ao celebrar o amor em meio ao diferente, segue uma ideia de aceitação que não exclui ninguém. Todos, mocinhos ou vilões, percorrem um caminho de aprendizado quanto ao diferente que é interessantemente elaborado num enredo infantil, algo comum em animações, mas que recentemente tem se perdido, ora no maniqueísmo que sai pela culatra, ora pela roupagem enlatada que dá a alguns filmes uma cara de YouTube Kids

A escolha pela animação também traz a vantagem de criação de um humor físico muito difícil de replicar em live-action. O movimento dos personagens e dos objetos é esticado de maneira absurda e muitas gags se dão com essas novas possibilidades. A Família Addams é um filme divertido e com o coração no lugar certo que consegue atingir a muitos públicos, seja pelas piadas, pela nostalgia ou pela honestidade com que conta uma história já conhecida.

HOJE NOS CINEMAS

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Zumbilândia - Atire Duas Vezes


Em 2009, o mundo era outro, mas não exatamente haviam zumbis reais e em larga escala como agora, se é que me entendem. Trazer então de volta o universo de Zumbilândia e reavaliar o que houve se readequando ao momento atual fez bem a trama e sua sequência se mostra forte e redondinha - o que dá um sentido especial a espera desse segundo filme.

A temática, ao longo desses dez anos, ganhou diversas vertentes nas telas e também na tevê (Meu Namorado É Um Zumbi, Orgulho e Preconceito e Zumbis, The Walking Dead e IZombie), mas talvez nenhuma fora tão divertida. Dirigida por Ruben Fleischer e roteirizada por Rhett Reese e Paul Wernick, a produção trouxe um casting no ponto. Um ator experiente, Woody Harrelson, ao lado de três jovens que já estavam na mira do estrelato Abigail Breslin, Emma Stone e Jesse Eisenberg (ah, e não esqueçam da incrível participação de Bill Murray).

O enredo, simples e direto (estranhos de diferentes idades e origens se encontrando após um surto zumbi na humanidade), todavia, com uma apresentação detalhada e dinâmica vem com uma narração analítica da situação e um quadro de regras pelo mesmo narrador, este último que demonstrava o porquê alguns atos eram importantes para se manter vivo nessa era apocalíptica. 

Assim, a construção de um novo roteiro de aventuras para esse quarteto faria sentido se não esquecesse suas próprias demandas e 'Zumbilândia - Atire Duas Vezes' parte desse pressuposto e vence qualquer medo de continuações fajutas. Agora o texto tem colaboração de Dave Callaham e a presença de todo o elenco adicionado ao encontro de novos atores, entre eles, Luke Wilson, Thomas Middledicth, Zoey Deutch, Rosario Dawson e Avan Jogia, enfeitando novos personagens e nos presenteando com um dos melhores filmes para a época do Halloween.

Trailer




Ficha Técnica
Titulo original e ano: Zombieland- Double Tap, 2019. Direção: Ruben Fleischer. Roteiro: Dave Callaham, Rhett Reese, Paul Wernick. Elenco: Woody Harrelson, Abigail Breslin, Emma Stone, Ava Jogia, Zoey Deutch, Luke Wilson, Rosario Dawson, Thomas Middleditch, Bill Murray. Gênero: Comédia, terror. Nacionalidade: Eua. Trilha Sonora original: David Sardy. Fotografia: Chung-hoon Chung. Edição: Chris Patterson e Dirk Westervelt. Distribuição: Sony Pictures Brasil.Duração: 01h28min.
A retomada da história mostra Columbus (Eisenberg), Tallahassee (Harrelson), Wichita (Stone) e Little Rock (Breslin) enfrentando zumbis evoluídos, denominados 'T-800', uma clara referência aos filmes do Exterminador do Futuro, e ainda rindo litros dos famosos 'Homer's', sim zumbis a cara do patriarca da família Simpsons que deixam seu lado idiota proliferar à vontade e não metem medo em ninguém. 

A produção do filme anunciou a sequência em janeiro ao participar do 'Desafio dos Dez Anos'.

Não bastasse tal fator a convivência faz o casal Wichita e Columbus se desentenderem e, para piorar tudo, Little Rock está se sentindo muito protegida pelo 'modelo de pai' que Tallahassee põe em prática. Obviamente, as duas debandam e com essa partida adentram a cena Berkeley (Jogia) e Madison (Deutch). Ambos opostos um ao outro e ambos com teor de romance. Berkeley é um jovem hipponga que de cara encanta Little Rock e Madison é uma menina daquelas beem 'patricinhas' e saída diretamente dos famosos bairros riquinhos da Califórnia. Ela se joga em Columbus, que sem saída e sem Wichita por perto, se vê obrigado a cair na dela. Tallahassee, prático e genioso, não quer agrega-la a tribo, e quando eles reencontram Wichita, que vê a irmã partir com o pretendente, conflitos engraçadíssimos se formam enquanto o grupo decide que rumo tomar para encontrar a ovelha que se desgarrou. 

Ademais, a nova jornada os coloca de frente com 'doppelgängers' - versões de si mesmos - que eles nunca imaginariam existir, mas existem. Columbus conhece Flagstaff (Middleditch) e Tallahassee a Albuquerque (Wilson). E de embalo uma mulher de forte temperamento também entra em cena, Nevada (Dawson), e os dois cowboys perdem as estribeiras.












O próprio Harrelson disse em milhares de entrevistas que se falassem em 2009 que haveria uma sequência do filme, ele diria que não. E cá estamos. E com uma jogada incrível e inteligente. Algo raro de acontecer para uma continuação. Diz se isto porque o filme 'comeu a si mesmo e se digeriu bem'. Envelheceu bem. Seus personagens marrentos, medrosos, inteligentes e fortes crescem aqui e o que se mostra conveniente cai dois ou três segundos depois pelas surpresas que o texto consegue entregar. A estrutura é a mesma, mas vem arrojada e com boas sacadas. 

A inserção de novos personagens também é demasiadamente deliciosa. A que mais fortalece o elenco é a Paty de Zoey Deutch. De cara, sua burrice faz rir, mas é seu desenvolvimento na tela que nos deixa tonto em como ela representa a soma perfeita ao grupo. Dawson dá um sabor adulto e um novo olhar a vida para o cowboy de Harrelson, mas nada é perfeito, e seu ex, vivido por Luke Wilson, vem com características ainda mais caipiras que Tallahasse e entra em qualquer competição para ter o amor de Nevada. Completando o bonde, vem Flagstaff. Thomas Middleditch (Silicon Valley) entrega quase os mesmos tics que Jesse Eisenberg e os dois faltam sair de mãos dadas pelas cenas. O hippie de Jogia é abesteirado e tem sua função. 


A produção realmente surpreende e funciona até se você não tiver assistido o primeiro, mas cá entre nós, se você o tiver feito, tudo vai se interligar. A sonoridade, no primeiro é estupenda. Ouvimos logo no inicio 'For Whom The Bell Tolls' do Metallica e aqui 'Master of Puppets' ganha sua vez. Há mais referências culturais (Elvis ganha uma enorme) e não podendo deixar passar em branco a morte de Bill Murray no filme anterior ganha outra tonalidade, aliás, vira até expressão. E ah, o ator pode ser visto ao fim dos créditos, hein?! então não saia do cinema antes deles rodarem.

Fleischer pode ser perdoado por direções recentes em filmes de vilões com esta lindeza aqui. Afinal, seu trabalho está incansavelmente bom e nada no roteiro estraga a experiência do filme. 

Avaliação: Quatro zumbis evoluídos (4/5).

HOJE NOS CINEMAS

See Ya!
B-

Downton Abbey (Filme)


A série da televisão que acompanhou a vida da Família Crawley e seus serviçais na virada do século XX na famosa casa de campo eduardiana inglesa em Yorkshire denominada Downton Abbey chega às telas dos cinemas para alegria de seus fãs.

Novamente teremos os personagens que já ganharam nosso amor! Lord Grantham (Hugh Boneville) e sua esposa Cora (Elizabeth McGovern) com suas filhas Mary (Michele Dockery) eEdith (Laura Carmichael), o genro Tom (Allen Leech) e a mais apaixonante de todas, a mãe do Lord, a mordaz Violet (Maggie Smith). Esta é parte do núcleo aristocrático da trama.

Do lado dos empregados temos o jovem mordomo Thomas Barrow (Robert James- Collier), a governanta Sra Hughes (Phyllis Logan), as divertidas cozinheiras Sra Patmore (Lesley Nicol) e Daisy (Sophie McShera) e o mordomo aposentado, Sr. Carson (Jim Carter).

Você acompanhou a série da tv que em 6 temporadas ganhou seguidores fiéis por todo o mundo? Este filme é para você!! Mas se você não seguiu a série e ficou curioso e na dúvida se vai conseguir entender...Este filme é para você também! Porque eu também não vi a série toda e amei o filme. A história se passa exatamente após o término da série, como se fosse uma continuação, mas é fechada em si e perfeitamente compreensível.

Trailer
Ficha Técnica
Título original e ano: Downton Abbey, 2019. Direção: Michael Engler. Roteiro: Julian Fellowes — baseado nos personagens criado por Fellowes. Elenco: Hugh Bonnevill, eMichelle Dockery, Elizabeth McGovern, Maggie Smith, Tuppence Middleton, Allen Leech, Sophie McShera, Laura Carmichael, Joanne Froggatt, Imelda Staunton, Robert James-Collier, Brendan Coyle, Jim Carter, Phyllis Logan, Geraldine James, Simon Jones, Lesley Nicol, Mark Addy, Harry Hadden-Paton, Kevin Doyle, Michael Fox. Gênero: Drama, época. Nacionalidade: Reino Unido. Trilha Sonora Original: John Lunn. Fotografia: Ben Smithard. Edição: Mark Day. Direção de Arte: Mark Kebby. Distribuição:Universal Pictures do Brasil. Duração: 02h02min.
Estamos em 1927. O mordomo se aposentou e em seu lugar fica o jovem mordomo, porque o mundo mudou e a antiga propriedade que dá nome ao filme também precisa mudar. Aliás, sem dar spoiler, o final passa esta mesma mensagem.

O foco aqui será uma visita ilustre. O Rei George V (Simon Jones) e a Rainha consorte Mary (Geraldine James) irão passar um dia na magnífica residência. O fato causa grande agitação entre ricos e nobres que precisam decidir que roupas usar, que serviços serão usados no jantar e toda uma preocupação quanto à regras de etiqueta, afinal a realeza virá para jantar. 


Os serviçais da casa também ficam em polvorosa pois veem na ilustre visita uma honra e querem causar boas impressões, preparando as melhores comidas e serviços. O antigo mordomo é chamado para ajudar a colocar ordem nos preparativos. Mas os criados do Palácio de Bunckinghan tem prioridade e chegam impondo autoridade aos criados da residência, causando discórdia e insatisfação. E aí está a trama cômica da história...bem divertida, por sinal.

As divergências também imperam entre os ricos porque Lady Bagshaw (Imelda Stautom) quer dar privilégios e declarar sua dama de companhia Lucy (Tuppence Middleton) sua herdeira legítima e claro que Violet não aceita pacificamente. Fora da propriedade temos um retrato da sociedade da época onde homossexuais eram vistos como marginais, as mulheres ensaiavam suas primeiras demonstrações de liberdade e os ares de mudanças políticas começavam a soprar.

Sob a direção de Michael Engler, com seu criador e roteirista Julian Fellowes, o filme foi rodado no Castelo de Highclere e tem uma fotografia espetacular. A trilha sonora dá o tom nostálgico de um período cheio de glamour e romance em contraponto com a vida dura e os trabalhos árduos que enfrentavam os criados. 

Como na série que terminou com uma porta aberta para esta sequência do filme, este também deixa aberta a possibilidade de mais histórias.

Os fãs agradecem!

HOJE NOS CINEMAS

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Luta de Classes, Michel Leclerc


A inquietude entre a classe trabalhadora e a classe empresarial sempre preencheu as telas do cinema em contextos óbvios e inesperados oferecendo reflexões em que as camadas da elite rejeitam o incômodo ao se verem atingidas, vide alguns exemplos como em Deus e o Diabo na Terra do Sol, Mad Max, Jogos Vorazes, O Expresso do Oriente (ler comentários aqui) e até a animação excelente A Fuga das Galinhas.

Em Luta de Classes, do cineasta Michle Leclerc, percebemos um contexto ousado e bem debochado, onde o tema ''educação'' é escolhido para dar ênfase a esse embate entre classes sociais.  O enredo é sobre a pequena família de Sofia (Leïla Bekhti) e Paul (Edouard Baer), que se muda de um apartamento em Paris para uma modesta casa na pequena cidade onde a mulher cresceu. Ela, uma advogada bem-sucedida. Ele, baterista de uma banda Punk-Rock e com espírito anarquista. 

Trailer
Ficha Técnica

Título Original e ano: Battle Of Classes | La Lutte des Classes, 2019. Direção: Michel Leclerc. Roteiro: Michel Leclerc, Baya Kasmi. Elenco: Leïla. Bekhti, Edouard Baer, Ramzy Bedia, Tom Levy, Baya KasmiEye HaidaraOussama KheddamLaurent CapellutoClaudia TagboGênero: Drama, Comédia. Nacionalidade: França. Fotografia: Alexis Kavyrchine. EdiçãoChristel Dewynter. FigurinoElfie CarlierDistribuição: A2 Filmes. Duração: 103 min. 
Depois de anos de relação, Corentin (Tom Lévy) nasce e inicia sua vida acadêmica em uma escola pública local. Contundo, o menino se sente solitário quando todos os seus amigos abandonam a instituição e seguem para uma outra regulada pelo regimento Católico. Logo, o casal vê seus pilares ruindo ao perceberem que Corentin é o único aluno branco de uma escola de imigrantes. E sem conseguir se relacionar com ninguém, o menino é considerado pelos colegas um garoto rico e privilegiado, virando alvo predileto de bullying. 

No meio de discussões de como se portar em sociedade com o seu pensamento livre e sem amarras conservadoras, a família entra em crise com questionamentos de todas as partes. Buscando soluções para o problema eles precisam aprender a lidar com a cultura de pessoas ao seu redor.


24 de outubro nos cinemas 

quinta-feira, 10 de outubro de 2019

O Pintassilgo


O best-seller 'O Pintassilgo' de Donna Tartt (ver aqui) ganhou adaptação de um grande estúdio, mas nem por isso conseguiu ser melhor que seu livro de setecentas e vinte e oito páginas que passou trinta semanas consecutivas na lista dos mais vendidos e ainda conquistou um prêmio Pulitzer. Pelo contrário, a produção se atrapalha ao tentar ser mais inteligente que o espectador e ainda que entregue muitas subcamadas de uma mesma trama, não chega ao seu ato final com um resultado perfeito. 

Com direção de John Crowley (Broklyn) e um elenco repleto de estrelas como Nicole Kidman, Sarah Paulson, Ansel Elgort, Luke Wilson, Aneurin Barnard, Jeffrey Wright, além dos pequenos Oakes Fegley e Finn Wolfhard, Ryan Foust, a película fez sua estréia no TIFF (sigla para Toronto International Film Festival) deste ano e obteve uma das piores estreias da bilheteria nos Estados Unidos em 2019. 

A Warner Bros Pictures distribui o filme e ele deve estar em um cinema próximo a sua casa a partir de hoje.
Trailer

Ficha Técnica

Título original e ano: The Goldfinch, 2019. Direção: John Crowley. Roteiro: Peter Straughan - adaptação do livro homônimo de Donna Tartt. Elenco: Nicole Kidman, Sarah Paulson, Ansel Elgort, Luke Wilson, Willa Fitzgerald, Ashley Cummings, Aimee Laurence, Boys Gaines, Carly Connors, Rusty Foust, Hayley Wist, Jack DiFalco, Austin Weyant, Collin Shea Schirrmacher, Jeffrey Wright, Oakes Fegley e Finn Wolfhard. Gênero: Drama. Nacionalidade: EUA. Edição: Kelley Dixon. Fotografia: Roger Deakins. Trilha Sonora Original: Trevor Gureckis. Figurino: Kasia Walicka-Maimone. Distribuidora: Warner Bros Pictures Brasil. Duração: 02h29min. 

O pequeno Theodore Decker (Fegley) estava com a mãe no Museu Metropolitano de Arte, em Nova York, quando um atentado a bomba matou dezenas de pessoas. Sua mãe, infelizmente, estava entre a lista de mortos. Theo, como prefere ser chamado, acaba pedindo aos guardas que o levem para a casa da mãe de um colega (Ryan Foust) de classe, pois não faz ideia de onde o pai (Wilson) esteja - este último abandonou a família e mudou de Estado sem deixar qualquer registro de moradia. A família do amiguinho o acolhe e a matriarca, Mrs. Barbour (Kidman), apesar de se mostrar sempre distante, parece demonstrar certo afeto pela criança. 

Mais tarde revela-se que o garoto salvou uma das peças no museu trazendo a consigo. Aquele seria então um quadro refletindo um pequeno pássaro acima de um móvel. Ali, também teve contato com uma menina e um senhor que a acompanhava. Este o solicita algo especial em seus últimos minutos de vida. Entregar um anel ao dono de uma loja de antiguidades do bairro. O menino o faz e acaba criando vínculo com este senhor que se chama Hobie (Wright).

Com o passar dos dias, o pai do garoto acaba sabendo do ocorrido e vem buscá-lo para ir viver com ele e a atual esposa Xandra (Paulson). Theo se muda para um lugar deserto e pouco povoado onde conhece Boris (Wolfhard), um jovem russo com mil e tantas outras nacionalidades. Os dois acabam ficando muito amigos e iniciam dias de muitas descobertas. O que só muda quando Theo precisa deixar o lugar e voltar para Nova York onde é acolhido por Hobie e cresce para se tornar um especialista em antiguidades como seu mentor. 


O roteiro de Peter Straughan se mostra sensível, mas também atrapalhado. Isto se dê talvez pela vontade de não engolir personagens e arcos que Straughan considerou importante na hora de transportar a história do universo literário ao cinematográfico. Assim, ele acaba inserindo muitos detalhes desnecessários e deixando uma leva deles sem finalidade alguma. Por sua vez, constrói idéias que no livro soam distintas e aqui muitas das escolhas do protagonista tem um tom de dualidade enorme e se mostram contraditórias. 

A construção da história pela edição é dada ao espectador em um paralelo entre presente e passado. Logo, tudo que acontece na tela é o efeito presente de uma escolha prévia.  A vida de Theo também ganha um emaranhado de temas (romance, amizade, família, drogas) e talvez o principal deles, o que se refere a pintura que nomeia a película (e que de fato existe e foi assinada por Carel Fabritius, em 1654), não se torna significante ao fim dos créditos. Há por demais aqui conveniências que auxiliam nosso protagonista a se desenvolver e por mais que isto não seja ruim faz a qualidade do filme cair.


A direção sabe brincar com cada um dos personagens e extrai das atuações ótimas performances. Nicole nos revela uma mãe da classe alta sublime. Ela têm sim sua postura pomposa, mas demostra terno afeto ao olhar para Theo. Sarah Paulson vem como Uma madrasta maluquete e, mais uma vez , nos deixa admirados com sua precisão camaleônica. Ansel é correto no papel, mas é sua versão mirim, Oakes que brilha todo o tempo em que aparece. Finn e Aneurin interpretam também o mesmo papel, o russo Boris. O  primeiro mais jovem e o segundo com seus vinte e poucos. Finn dá um show, aliás. Sotaque, gesticulação e trejeitos de um adolescente estranho, mas que é extremamente carismático aos olhos dos que notam sua essência. Luke Wilson tem poucas cenas, mas seu pai canastrão é bom a ponto de um ódio crescente te dominar. Ademais, seu arco é outro que nos deixa apreensivos pelo futuro do pequeno Theo que desde o início da trama sofre tragédia atrás de tragédia e vai levando a vida como pode já que se culpa por muitos dos ocorridos, sem exatamente ter qualquer responsabilidade destes.

Não há aqui um conjunto maravilhoso, mas altos e baixos que se evidenciam por toda a experiência. Por se tratar de um filme que trabalha muito com o estilo da classe alta nova yorkina, sua direção de arte é belíssima e o trabalho da fotografia enaltece muito tais cenas, além de nos propor uma ótica interessante sobre a aura dos personagens. A trilha sonora também aparece (escute aqui) e em certas cenas canções da banda Radiohead ajudam a criar um clima super autêntico.
Avaliação: Dois pássaros perdidos 2/5

HOJE NOS CINEMAS